SEMÁFOROS, PELO AMOR DE DEUS!

Clerisvaldo B. Chagas, 2 de setembro de 2014

Crônica nº 1.252

Foto: Ilustração

Foto: Ilustração

O trabalho sobre o trânsito feito ultimamente em Santana do Ipanema mereceu elogios, tanto de condutores quanto de pedestres. É impressionante como o trânsito da cidade alcançou essa dimensão motivada pelo poder aquisitivo dos trabalhadores. A “Capital do Sertão” recebe diariamente vans, ônibus e carros pequenos de mais de 30 municípios do interior, inclusive de estados vizinhos. É Arapiraca no Agreste, Santana do Ipanema no Sertão. Contamos ainda com o segundo lugar em número de motos de todo o interior do estado. Vamos somando a isso os inúmeros transportes de estudantes do próprio município e de outros que procuram os serviços de escolas de todos os níveis, inclusive UFAL, IFAL e UNEAL. O trânsito havia chegado a um ponto que só perdia para a Índia. Felizmente chegou-se a um ponto que até parece mentira em sua disciplina.

O que acontece, porém, com o “pé de burro” que enterraram no cruzamento da Ponte General Batista Tubino, Avenida Barão do Rio Branco e Ponte do Urubu? Não é possível continuar essa mancha grave no trânsito trabalhado e aplaudido. A falta de um semáforo no ponto mais crítico de Santana é uma vergonha. Até parece que um objeto luminoso desse custa o dinheiro todo que se gasta em um hospital de grande porte.

Levando o caso para os pedestres, não foram resolvidas ainda as duas travessias no Corredor do Aperto da Avenida Barão do Rio Branco, tanto no meio do corredor quanto no início. Não existe nada que facilite a travessia de pedestres que se arriscam perigosamente diante de um fila de carros nos dois sentidos, pior de que a Fernandes Lima, em Maceió.

O cruzamento da Avenida Pancrácio Rocha (BR-316) na altura da ponte sobre o riacho Camoxinga e o acesso ao Complexo Educacional é uma serpente à espreita de vítimas. Gravíssimo lugar de perigo e, finalmente a saída do Bairro Floresta para o acesso a Ponte General Batista Tubino que grita também por um sinal luminoso.

O interessante é que ninguém se mobiliza, nem Imprensa, nem sociedade organizada, nem edis e nem prefeitura.

Ficamos todos apenas aguardando um grito isolado de algum fantasma cavernoso: UM SEMÁFORO, PELO AMOR DE DEUS!

O Sinal e A Cruz (Parte 2)

Serra do Gavião, um colosso de lombo verde, sempre que agosto. A casa de Seu Antonio Tenório ficava no resvalo, do sopé. Ao bem da verdade, a casa, não passava de um ponto insignificante, diante daquele esplendor de cena. Um céu ameaçador, profuso, de nuvens carregadas. Angustiosamente carente de luz. E raramente, talvez, inimagináveis fios de relampejo rasgassem o tudo, que se lhe cobria de cinzento. Cá de baixo, facilmente assustaria qualquer menino. A imaginar ferocíssimo lobo gigante. Cuja cabeça estaria voltada pro poente. A qualquer momento poderia injetar horrendo par de olhos fosforescentes naquela direção. Enquanto de sua boca aberta, viscosa baba a verter dos caninos.

Telhas coloniais de barro vermelho cozido. O pouco de musgo que havia, a dizer que tão velho não seria o casarão. Quatro caídas d’água de alpendres guarnecida. Sapata alta, faltando pouco pra igualar-se em altura, a um homem mediano. A área coberta tinha parapeito de cobongós ornado de trepadeiras, acessível por espaçosos degraus. As paredes entremeadas de janelas e caqueiras ora fixas, ora suspensas. Bancos, cadeiras de vime, de rendinha e cipó entrançado. A dar-se a convite ao descanso, a uma rede de renda do Ceará. Peças do arreio de um cavalo sobejavam nos armadores, e pelos cantos. No terreiro um coqueiral rodeava todo alpendre. O terreiro forrado com imensas folhas maduras, e frutos púrpura de um pé de Castanhola. A raiz, feito jibóia emergira do solo, a não mais ameaçar a fundação da construção. O lado leste da casa era virado pra serra. Ali, era o lugar de pensar, de Seu Antonio. Já ia quase uma semana que o homem, não se arredava de lá. Só saindo dali pra fazer as refeições e recolher-se, quando o gigantesco lobo verde se cobria com um manto negro. Dando a perceber-se somente pelo contraste com o esfumaçamento do céu, pinicado de estrelas se oferecia. Não tirava o olho de lá da serra, o velho Antonio. Como que em transe hipinótica, ou como se de lá subitamente fosse sair a resposta pra sua inquietação: -Quem estaria interessado em matá-lo? De vez em quando abria um pequeno baú de umburana envernizada, com uma trinca dourada. Todo trabalhado, em pedras semi-preciosas. Donde tirava, empunhava. Mirava e atirava a ermo, com um revólver Taurus, calibre38.

Seu Domício convidou Enéas pra trabalhar no balcão, da loja de tecido, na Rua do Comércio. Logo no primeiro dia, foi encarregado de levar uma compra feita por Seu Antonio, que nunca mais aparecera. Depois do que passara o homem mal saía de casa. Evitava expor-se desnecessariamente. Aos domingos ia igreja. Tinha fé em Deus que por mais perverso fosse o assassino, talvez não fosse capaz, de atentar contra um homem dentro do templo santo. A serra, naquela tarde ganhou outro admirador. Agora dois a contemplá-la. Macambúzio Enéas disse, mais consigo mesmo que para o amigo: “-O sinal do apocalipse está aí, pra todo mundo ver. Não adianta a gente querer se enganar. Ainda semana passada, a rua ficou sabendo que o negro Bento, que morava no Sítio Caititu, amanheceu injuriado. Tomou vários litros de cachaça. Deu uma surra na mulher. Estuprou a filha de doze anos. Dum tiro de “soca tempero” matou o cavalo. Tacou fogo num silo de milho. Foi até um pé de jaqueira que tinha detrás de casa, e se enforcou. Tudo que fazia, aos gritos ia repetindo: “-Estou cumprindo minha promessa! Está satisfeito?” Seu Antonio continuava pensativo. Revirava e remoia o passado, tentando encontrar onde tinha deixado um inimigo, capaz de quer vê-lo morto.

E outros e mais outros acontecimentos do povo da vila contou Enéas amigo. Duma briga, que envolvera Chico de Ernesto e Júlia Honorato. Chico era metido a seresteiro. Sempre em alto estado de embriaguez, não parava de cantar. Tinha verdadeira devoção por uma das modas de Francisco Alves e Horácio Campos, “A Voz do Violão” que dizia: “Não queiras meu amor saber da mágoa/que sinto quando a relembrar-te estou/ atestam-te os meus olhos rasos d’água/ no espinho de tão negra solidão/ a dor que a tua ausência me causou/ porém nesse abandono interminável/ eu tenho um companheiro inseparável/ na voz do meu plangente violão.”

O porquê da briga, foi assim, vinha ele cantando no meio da feira. Parou diante de Júlia “Bêba” que além de alcoólatra, era muda e surda. Nada ouvia, porém entendia muito bem os sinais do povo. E percebeu que todos riam. Estavam rindo dela, e era por causa daquele bêbado idiota gesticulando em sua direção. Não deu outra, tacou o maior sopapo nas fuças do ébrio metido a cantor. A briga só terminaria na prisão. Contou duma burra que se assustou com um enxame de abelha que ia passando partiu em disparada derrubou um monte de bancas dos mascates. Cuminho, tempero e colorau, foram parar dentro da saca de farinha. Gás óleo, e creolina derramou-se nos atavios, candeeiros de pavios, cangalhas de capim, chapéus de couro cru e chocalhos tudo perdido.

Não podiam deixar de falar do assassinato do governador João Pessoa à poucos dias ocorrido. A triste notícia Enéas ouviu no rádio de Seu Domício, lá na loja. Jamais esqueceria com que palavras o locutor, da Rádio Cruzeiro S/A: “O senhor presidente da Parahyba que chegou hoje a capital de Pernambuco. Em plena confeitaria Glória, a rua Nova foi assassinado pelo senhor João Duarte Dantas seu desaffecto, e chefe político de Teixeira, Estado da Parahyba. Seu corpo fora embalsamado no Recife e transportado para a capital paraibana de trem. Aguardado por uma multidão, o corpo chegou ao meio-dia do dia 28 de julho. Ficou exposto à visitação pública na Catedral Basílica de Nossa Senhora das Neves, até o dia 01 de agosto. Dali foi transportado ao Porto de Cabedelo para ser sepultado no Rio de Janeiro.” De repente um estouros como tiros, Seu Antonio instintivamente sacou o revólver. Os estouros vinha de muito longe. Deram-se conta que era meio-dia, eram fogos de artifícios nos céus da vila. Foguetes em louvor da novena de Nossa Senhora Assunção.

Mergulhando no vasto lago do tempo, Seu Antonio foi esbarrar em Águas Belas, a época que ainda rapaz. 30 anos voltados no profundo poço do rei Chronos, rei tempo. Afoito e destemido sempre fora. Perdera a conta das inúmeras brigas e contendas as quais se envolvera junto à peãozada. Pobre que fora no passado, ia pras frentes de serviço de plantio das lavouras de feijão, milho, algodão dos senhores donatários. Nas limpas de lotes de palma, de ricos fazendeiros da região ribeirinha. No corpo ainda guardava cicatrizes, facadas. Também furou bucho dum monte de negro, e tirou sangue de outro tantos arruaceiros. Nos festejos de fim de semana, nos forrós, nas peladas de futebol de várzea. A maioria, brigas banais, motivadas por embriaguez. Lembrou-se de uma, que poderia considerar um caso mais sério. Era o mês de dezembro, na Fazenda São José. Comemorava-se a festa de Nossa Senhora Conceição Aparecida. Havia uma moça, muito bonita que atendia pelo nome de Divina Engracia, trabalhava na cozinha da casa grande do coronel Pedrosa, irmão do capitão Bezerra, um dos que buscava com sua volante, acabar com Lampião e sua raça.

Engracia se engraçou pelo jovem Antonio, que lhe correspondeu o amor. Desse relacionamento, nasceu-lhes um filho. Porem Antonio só viria saber dezesseis anos depois. O rapaz a par dessas informações foi ao encontro do pai, mas não foi aceito, Antonio, então casado, não reconheceu aquela paternidade. A mãe do rapaz teve muito desgosto, portadora de moléstia séria, morreu. 30 anos agora separavam aquele, dos dias da novena. Antonio continuava olhando pra serra. A noite vinha chegando, por um momento a montanha pareceu dotar-se de ameaçador par de olhos de lobo. Pasmados os homens viram Rasgar a cortina negra da noite um terrível uivo.

Fabio Campos

CORISCO, CYRA BRITO E BALA

Clerisvaldo B. Chagas, 1º de setembro de 2014

Crônica Nº 1.251

Livro lançado em 2012 (467 páginas)

Livro lançado em 2012 (467 páginas)

Corisco e Dadá

Corisco e Dadá

Nem sempre o brilho do Sol forte de Piranhas, Alagoas, esquentava o heroísmo. Um delegado de polícia em debandada com seus comandados, mancha com o ridículo/cômico as ruas inclinadas da cidade. Nas águas velozes do “Velho Chico”, o terror de um juiz aciona uma reles canoa numa retirada febril que desonra a toga autoritária.

Lá vem ele, o diabo louro chefiando sua legião com dezesseis demônios. Vão entrando na rua trazendo o rastro incompleto de chacina na trilha do horror: riacho Pau de Arara a Piranhas. Corisco e seus asseclas encontram o primeiro da estrada. E o cidadão Lelinho é logo esquartejado vivo pelo bando. Cem metros adiante o agricultor Antônio Tirana, também é esquartejado a machado. É o raivoso Corisco cometendo os mais horrendos absurdos, apenas porque uma cangaceira fora presa.

Mais a frente, ainda não conformados com a sede de matar, Corisco, Gato e a turba de cangaceiros eliminam uma família completa que nem sabia por que estava morrendo, como os dois cidadãos anteriores.

Avançam no terreno. Dois rapazes são feitos prisioneiros e sangrados, também sem motivos já dentro da rua de Piranhas.

CYRAGato quer a invasão da urbe para sequestrar dona Cyra, a esposa do tenente João Bezerra ─ o responsável pela captura da sua mulher (dele, Gato) Inacinha.

A cidade não tem um só policial. Mas alguns cidadãos formam uma improvisada resistência e quatro minúsculas frentes se defendem distribuídas pelo cemitério, um sobrado, a prefeitura e a casa de dona Cyra, a esposa de João Bezerra.

Estamos em 1936. A tropa do tenente está a 18 quilômetros da cidade, após capturar Inacinha, em ferrenho tiroteio com o grupo de Gato. Mas Bezerra não retorna logo a Piranhas onde a população e até sua esposa encontram-se em perigo. Enche-se de desculpas esfarrapadas para não enfrentar os bandoleiros. Os habitantes do lugar sentem a fraqueza do volante. Não importa, porém. O que o tenente deixou de fazer, sua esposa fez de sobra.

Gato e Inancinha

Gato e Inancinha

E dona Cyra Brito, que recebia em casa os feridos da campanha e deles tomava conta, virou heroína do sertão, enfrentando valentemente a Corisco e seus bestiais asseclas, à bala.

O tiroteio quadrado de Piranhas eliminou o bandido Gato, amarelou Virgínio, ex-cunhado de Lampião, esquentou o couro de Jacaré e botou para correr o famoso Diabo Louro. As balas mandadas por dona Cyra, bem assobiaram no pé do ouvido de Corisco, furando seus arreios.

Um combate para ninguém botar defeito e o dia em que o Corisco perdeu o fogo.

* Baseado no livro ”Lampião em Alagoas”. Encontrado na Livraria Toque Mágico, Santana do Ipanema – AL.

ALUNAS DA UFAL ENTREVISTAM ESCRITOR

Clerisvaldo B. Chagas, 29 de agosto de 2014.

Crônica Nº 1.250

Universitária Elenilda entrevista o escritor Clerisvaldo B. Chagas (Foto: assessoria)

Universitária Elenilda entrevista o escritor Clerisvaldo B. Chagas (Foto: assessoria)

Universitária Elenilda entrevista o escritor Clerisvaldo B. Chagas. Foto: assessoria.

Com a evolução das diversas ciências e as necessidades cada vez maiores dos trabalhadores, elas se foram ramificando e passaram a ser autônomas ou específicas. Assim falamos para diversos universitários sobre a matéria Sociologia, motivo de debate no momento. No estudo moderno a Sociologia complementa outras ciências afins ou é complementada por elas como a Antropologia, Economia, Política e mesmo Geografia e História.

Entrevistado por alunos da UFAL, entre eles Elenilda Vanderlei Pereira, natural da cidade de Carneiros, vamos navegando pelo mar da “agradabilidade” em nosso ambiente de trabalho, até porque entrevistar e ser entrevistado não deixa de ser uma simbiose.

E quando falamos em Sociologia o velho filme da falta de professores para a matéria, continua novo.

A Sociologia que vai ajudar o indivíduo a entender a sociedade em que vive, vem de longe com Augusto Conte (1798-1857) e dele saiu o título, em 1839. Como ciência, foi organizada por Emile Durkheim (1858-1917).

E indagado sobre as dificuldades para ministrar a Sociologia, vamos lembrando a nossa passagem por ela, pela Biologia, a Filosofia, a Arte, a História e o caso de amor eterno com a Geografia.

Não achamos que exista dificuldade para ministrar a disciplina, pois ela é fácil e se encontra em torno de nós. A própria escola já é um material rico para o estudo da Sociologia, com seus funcionários exercendo variadas funções, alunos e professores de diversos lugares e condições sociais diferentes. Talvez seja considerada matéria doce (água com açúcar) e ainda sem o devido reconhecimento.

O professor pode compensar a parte não valorizada ainda, com pesquisa constante, segurança e amor pela disciplina, bem como ser criativo e assim encontrar a chave do sucesso.

Sociologia é como Geografia, na sala de aula é o bicho preguiça, na prática, na rua, no campo, ambas viram leoas.

E vamos trocando ideias online com outros universitários e deslumbrando para Elenilda, a cidade de Carneiros com um potencial enorme para se trabalhar a matéria doce.

No Brasil, naturalmente pela política do não saber o que se quer para a Educação, muitas léguas ainda terão de ser percorridas pela Sociologia para demonstrar o seu inestimável valor.

Curiosidade sobre a morte de Getúlio Vargas

tancredo-neves-e-getulio-01Tancredo Neves e Getúlio Vargas

Este mês completa-se 60 anos da morte de Getúlio Vargas, diante de uma grave crise política que acometia o Brasil. Os militares exigiam a renúncia imediata do presidente Getúlio Vargas.

Na última reunião de Getúlio com seu ministério, o então Ministro da Justiça, Tancredo Neves, na época com 44 anos de idade, recebe do presidente uma lembrança; uma linda caneta. Era uma Parker 51 de ouro, cravejada de brilhantes e rubis, com o nome do presidente gravado e uma história dramática. Foi com essa caneta que Getúlio assinara sua Carta Testamento. Ele teria dito a Tancredo: ” – Para o meu amigo certo das horas incertas. ” Horas depois, o presidente suicidava-se com um tiro. No seu enterro, Tancredo era um dos mais emocionados. Guardou com todo carinho a derradeira lembrança.

Trinta anos depois. Tancredo Neves, primeiro Presidente civil (ainda eleito pelo Colégio Eleitoral) desde o Golpe Militar de 1964, adoece gravemente no dia 14 de março de 1985, doze horas antes de sua posse. Durante os 38 dias de internação, se submeteu à 7 cirurgias. Faleceu no dia 21 de abril. Ele guardava consigo a caneta Parker, presente de Getúlio Vargas, e seria com ela que assinaria o termo de posse como Presidente da República.

Quem herdou a caneta foi o neto de Tancredo, Aécio Neves. Coincidência ou não, Aécio é candidato a Presidente. Fato, no mínimo, curioso… 

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ESCRITOR DISTRIBUI LIVROS EM POVOADO

Clerisvaldo B. Chagas, 28 de agosto de 2014

Crônica Nº 1.249

Foto: Assessoria Agripa

Foto: Assessoria Agripa

Ontem, quarta-feira (27), houve uma importantíssima palestra no povoado São Félix, a 12 km do centro de Santana do Ipanema. O evento aconteceu no ginásio de esporte da Escola Municipal de Educação Básica João Francisco Cavalcante. Os Guardiões do Rio Ipanema que fazem a AGRIPA, representados pelo escritor Clerisvaldo B. Chagas, Manoel Messias, Ariselmo de Melo, Sergio Soares de Campos (e sua esposa Sueli, representante municipal da Educação) e Cícero Ferreira foram surpreendidos pelo número de participantes. Entre 250 e 300 alunos aguardavam ali numa região circundada por famosas serras verdejantes que caracterizam o inverno sertanejo.

Foto: Assessoria Agripa

Foto: Assessoria Agripa

Na presença do diretor da escola, Aloísio Raimundo Gomes, professores e demais funcionários da unidade, o guardião Manoel Messias, que também é diretor municipal do Meio Ambiente, falou sobre resíduos sólidos e a importância da preservação do riacho Gravatá, afluente do rio Ipanema e que banha aquela região serrana.

A palestra do guardião Manoel Messias foi ilustrada também pela participação musical própria e do outro cantor Cícero Ferreira, o Ferreirinha, que mostrou o Xote dos Guardiões, sendo ambos bastante aplaudidos pela plateia.

Complementaram o evento os oradores Clerisvaldo B. Chagas, Sérgio Soares de Campos, Ariselmo de Melo e o diretor Aluísio Raimundo Gomes.

Foto: Assessoria Agripa

Foto: Assessoria Agripa

Enquanto o momento musical acontecia, o escritor Clerisvaldo B. Chagas distribuía gratuitamente 100 exemplares do livro “Santana do Ipanema, conhecimento gerais do município”, da sua autoria e lançado em 2011, pela Grafmarques.

A palestra no povoado São Félix, complementa o projeto Lagoa Viva que vem sendo realizado naquela comunidade.

Satisfeitos, retornaram os guardiões à sede com mais uma missão cumprida voltada para a juventude, a Natureza e a qualidade de vida.

AGRIPA, SÃO FÉLIX E UFAL

Clerisvaldo B. Chagas, 27 de agosto de 2010

Crônica Nº 1.248

Foto: Clerisvaldo

Foto: Clerisvaldo

Hoje, quarta-feira (27) a Associação Guardiões do Rio Ipanema – AGRIPA estará deslocando uma equipe de seus membros até o povoado São Félix. O deslocamento dos guardiões atenderá a solicitação oficial da Escola Municipal Básica Vereador João Francisco Cavalcante, através do seu diretor Aloísio Raimundo Gomes.

Os guardiões em parceria com a direção do Meio Ambiente ministrarão uma palestra naquela comunidade, a respeito da preservação do riacho Gravatá, afluente do Ipanema e que escorre pela região serrana deste município. A palestra será dirigida, notadamente para os alunos daquela unidade estudantil, quando os resíduos sólidos estarão em evidência.

Na última sessão a AGRIPA recebeu a visita do diretor escolar Aloísio Raimundo Gomes, abrilhantando assim, essa reunião ordinária semanal.

A AGRIPA também enviará alguns representantes para atender nova solicitação do CRAS, que tomou gosto pela natureza através das trilhas encantadas do Panema.

No próximo dia 10 de agosto, os Guardiões do Rio Ipanema, no turno vespertino, estarão atendendo outro convite cultural. É que o clube AABB, através do seu presidente Sebastião Malta, convidou a Associação para uma palestra sobre essa estrutura montada para lutar pelo rio Ipanema e o meio ambiente santanense. O público deverá ser alunos representantes de várias escolas, principalmente do Curso Médio.

A AGRIPA também registrou, ontem à noite, a presença de alunas da UFAL na sua sede provisória, Escola Estadual Helena Braga das Chagas, no Bairro São José. Láudia da Silva Nascimento e Edilânia Acióli Cavalcante do 1º período de Ciências Contábeis foram recebidas pelos guardiões Clerisvaldo Braga das Chagas e Marcello Fausto. As pesquisas das universitárias têm como alvo a região da Cajarana com seus problemas sociais.

Com o sistema de rodízio da direção da AGRIPA, deixa o cargo de presidente, Sérgio Soares de Campos, ao completar um ano à frente desse órgão educativo.

Na próxima sexta-feira, em sessão ordinária, A AGRIPA discutirá pela força estatutária e por consenso, sua nova estrutura e existência.

AS MORTES EM SANTANA

Clerisvaldo B. Chagas, 25 de agosto de 2014

Crônica Nº 1.246

Até o papagaio tem medo em Santana (Foto: Clerisvaldo)

Até o papagaio tem medo em Santana (Foto: Clerisvaldo)

Ultimamente a juventude brasileira vem sendo dizimada pelas drogas e pela violência das balas. Houve tempo em que as doenças tomavam conta do país, pois a Medicina andava em passos de jumento. As comunicações também não eram fáceis, sem falar nas péssimas estradas que cortavam a nação, baseadas no chamado barro ou terra. Não havia profissionais médicos o suficiente e nunca aconteceu um planejamento desses profissionais pelo interior, sempre relegado ao segundo plano.

Quem não se lembra moradores desse estado de Alagoas, das constantes viagens que se fazia transportando doentes para Palmeira dos Índios ou Maceió que, para o interior representavam o fim de mundo, em estrada de terra?

Lembro-me perfeitamente que a cerca de 20 anos atrás, o comércio santanense começava a se preocupar com os pequenos roubos no comércio. Advertências foram feitas que seria preciso cuidar da juventude periférica, sempre abandonada pelo pode público. Mas também a sociedade tinha sua parcela de culpa porque se isolava nos seus eventos particulares e coletivos e não chegava junto com nenhuma enxada para passar na erva daninha que crescia bastante.

Foi construída pela sociedade civil organizada um abrigo para velhinhos que lutando sempre ainda se encontra de pé. A rede de caridade que havia no Colégio Instituto Sagrada Família, trazida por irmãs holandesas, foi destruído por um padre que se julgava rei.

Continuou a sociedade aguardando apenas a assistência do poder público, como se ela existisse e fosse perfeita em toda sua plenitude. E o resultado é esse que lemos nos jornais de cada dia. Abandonada completamente, em todas as áreas, a erva daninha proliferou e hoje mostra o resultado do abandono, do descaso, do olhar enviesado que o centro lhe envia.

O bairro Maniçoba/Bebedouro dá o toque de recolher a partir das 18 horas. Todas as portas são fechadas e ninguém transita por ali. Bairro Lajeiro Grande, Rua da Praia, Santa Luzia, Cajarana, conjunto Marinho, Bairro Domingos Acácio, Lagoa do Junco, Cohab Velha e mais, são lugares que vão ficando assombrado pela noite, onde pessoas de outras regiões procuram evitar. Até mesmo para se conduzir um doente ao Hospital, durante a noite, o receio toma conta de qualquer um que se aventure, mesmo de carro.

Enquanto isso, a droga, o assalto, o roubo, os tiroteios vão fazendo à cidade refém da insegurança e do medo.

Certamente, com tudo isso, Santana do Ipanema ainda é uma das melhores cidades de Alagoas para se viver. Mas já começou, de fato, a pagar a falta de mobilização pela vida e que sozinho o poder público não consegue resolver. Talvez ainda seja possível deixar de olhar para dentro de si mesmo e se organizar em mutirão permanente pela juventude pobre, paupérrima, faminta e sem opções das periferias.

O SUCESSOR DE LAMPIÃO

Clerisvaldo B. Chagas, 22 de agosto de 2014

Nº 1.245

Lampião em início de carreira

Lampião em início de carreira

Caso o amigo goste de histórias de cangaceiros e tenha lido o nosso livro “Lampião em Alagoas”, vamos rever um caso polêmico. No livro acima questionamos se Lampião iria mesmo deixar o Nordeste, no final do mês de julho de 1938. Não respondemos a pergunta que ninguém fez, se ele iria continuar no cangaço, implantando-o no estado em que deveria se refugiar.

Dizem alguns escritores que Lampião havia reunido seus cabras na fazenda Angicos, em Sergipe, para anunciar o seu sucessor e deixar o Nordeste. O sucessor seria aquele que dormisse fora do coito de Angicos. Lampião, naquela semana de 1938, deveria contar em torno de 80 homens no total, um pouco mais, um pouco menos. Desde, aproximadamente, 1934, que o bando total fora fatiado em pequenos grupos. Cada grupo tinha um chefe que comandava entre seis e dez pessoas.

Naquela noite/madrugada da hecatombe, na grota da fazenda Angicos, Corisco, cismado com o lugar, fora dormir em Alagoas com seu grupo. Labareda, também cismado, foi pernoitar longe com os seus. Português e seu grupo não estavam. Moreno e seu grupo também não estavam. Moita Brava retirou-se do coito (naturalmente com seus acompanhantes) alegando problema de saúde. Ninguém fala do grupo de Pancada, citado somente no dia18 de julho, quando tomou rumo deferente de Lampião, em Alagoas, isto é, estava com ele, mas não seguiu com o chefe para Angicos. Por quê? Não encontramos a resposta.

No coito estava o grupo de Lampião, Balão e Zé Sereno.

Quem iria substituir Lampião? Analisemos os chefetes de fora do coito. Poderia ser qualquer um no bater de asas do bandido, mas prorrogar o cangaço, quem teria tutano?

Livro lançado em 2012 (467 páginas)

Livro lançado em 2012 (467 páginas)

 

Corisco seria o mais indicado, certo, todos concordam. Mas Corisco não tinha experiência em comandar 80 homens. Sempre fora arredio e preferia atuar separadamente de Lampião com seu grupo em torno de dez comparsas. Além, disso não possuía os molejos com os grandes da sociedade civil, o traquejo, a diplomacia, a malícia, a astúcia que lucravam em armas, avisos, dinheiro, comida, paz, munição e trânsito. Somente a força bruta, valentia, perversidade e estratégia de ataque, não seriam bastante para a prorrogação do cangaço. 

Labareda era um cangaceiro mais humano e bastante corajoso, até mesmo pela sua história, contada por ele próprio, contudo, nos parece que não teria também condições de levar adiante o total de cangaceiros. Em nossa avaliação, tinha bastante confiança no chefe e, caso o perdesse, não se adaptaria a mais ninguém no comando e terminaria nas entregas. Foi o seu caminho.

Português, perverso como Corisco e falastrão. Nós o temos apenas como um “cobrador de impostos”. Não reunia às condições de grande chefe. Ninguém fala onde ele se encontrava no caso Angicos.

Moreno, com seu reduzidíssimo grupo, não estava presente no dia. Sofrera vários reveses ultimamente e estava mais para fugir de que comandar alguma coisa.

Moita Brava, pouco se sabe a seu respeito. Apenas atuação própria de cangaceiro. Como foi dito, deixara o coito antes do ataque das volantes e ninguém fala sobre o seu rumo.

Pancada, também apenas um chefete a mais.

E se isso serve de consolo aos adoradores de VIRGOLINO, achamos que ninguém tinha quengo o suficiente para ser O SUCESSOR DE LAMPIÃO.

SÃO PEDRO E A SUA IGREJINHA (IV)

Clerisvaldo B. Chagas, 21 de agosto de 2014

Crônica Nº 1.244

Foto: Clerivaldo

Foto: Clerivaldo

O altar-mor da igrejinha de São Pedro abriga três imagens principais. Ao centro, apresenta-se Jesus, crucificado. Ao lado direito do Cristo, vamos encontrar a antiga e original imagem do titular e padroeiro do bairro. No lado esquerdo, a imagem de Nossa Senhora dos Prazeres, comprada pelo próprio pároco, Adauto.

Foto: Clerisvaldo

Foto: Clerisvaldo

Mais adiante, dois outros altares, cada um de um lado, parecem pedir a senha de entrada ao visitante. À direita, Santo Antônio que manteve a tradição do seu abrigo naquele templo. À esquerda a imagem de São João que quase faz o historiador pular de alegria ao encontrá-la. É que essa imagem é do santo original da igrejinha de São João, do Bebedouro/Maniçoba. A igrejinha de São João foi construída por José Grande e seus familiares em 1917, como promessa para debelar a gripe da I Guerra Mundial que matou muita gente no mundo (livro: “O boi, a bota e a batina, história completa de Santana do Ipanema”, da nossa autoria). Depois de profanada, a igreja ficou ao abandono e ruiu. A imagem de São João foi recolhida e restaurada em Bom Conselho, encaminhada pelo pároco local e, hoje faz parte do acervo da igrejinha de São Pedro.

Na sacristia está a exposição de fotos com a imagem do Papa Francisco, do bispo diocesano D. Lucênio Fontes de Matos, do pároco Adauto Alves Vieira e do vigário José Paulo Rosendo da Costa.

As cadeiras dos celebrantes são de mármore negro, como de mármores são os altares e uma bela placa de agradecimento na parede, próxima às portas de entrada.

Foto: Clerisvaldo

Foto: Clerisvaldo

As bancas para os fiéis são de madeira, bonitas, bem feitas e conservadas como novas.

Os vitrais são coloridos e belos, as paredes revestidas com peças decoradas, piso de cerâmica, teto em PVC com motivos católicos bem como símbolos em mármores e metal dourado, formando um harmonioso conjunto de gosto apurado de quem assim o fez. Aliás, o bom gosto e a harmonia interna e externa da igrejinha de São Pedro parecem ostentar uma nave classificada como padrão de alto luxo.

Finalmente o santo que conquistou o Nordeste e o Brasil foi honrado com a obra merecedora que o povo santanense lhe devia desde 1915.

· Visita e última pesquisa à igrejinha de São Pedro em 11.08.2014.

· “Faça o que pode, com o que tem, onde estiver” (Roosevelt).