AABB RECEBERÁ GUARDIÕES EM EVENTO CULTURAL

Clerisvaldo B. Chagas, 8 de setembro de 2014

Crônica Nº 1.256

Foto: Assessoria Agripa

Foto: Assessoria Agripa

A Associação Atlética Banco do Brasil, estará recepcionando os Guardiões do Rio Ipanema, na próxima quarta-feira, dia 10, no turno vespertino. O acontecimento faz parte do calendário de cultura anual que ocorre na tradição da casa, segundo seu presidente, Sebastião Malta.

A Convite da Associação Banco do Brasil, representantes dos guardiões estarão ministrando palestra naquela unidade sobre o tema: “AGRIPA, organização e meio ambiente”. O público alvo serão estudantes a partir do 8º ano e curso médio que representarão várias escolas do município de Santana. Esses alunos serão multiplicadores da luta pelo resgate do rio Ipanema, trecho urbano e seus afluentes, bem como da preservação geral da natureza.

Ultimamente a AGRIPA ministrou duas palestras com os mesmos objetivos sendo uma no povoado São Félix e outra no próprio leito do rio Ipanema, para os estudantes da Escola São Cristóvão. Três outras palestras estão previstas: Camoxinga dos Teodósios, dia 17, Escola Santa Sofia, dia 18, e povoado Areias Brancas, faltando apenas confirmações.

A Associação Guardiões do Rio Ipanema, esteve sexta-feira passada realizando sua Assembleia Geral para efetivar o rodízio anual da sua diretoria. A nova direção foi eleita ficando da seguinte maneira: Presidente: Clerisvaldo Braga das Chagas; vice-presidente: Ariselmo de Melo; secretário: Cícero Ferreira Barbosa; 2º secretário: Maria Vilma de Lima; tesoureiro: Marcelo André Fausto Souza; 2º tesoureiro: Sérgio Soares de Campos e, orador: Manoel Messias F. dos Santos. O Conselho Fiscal permanece com os mesmos conselheiros: Maria Joana da Silva, Maria Edilma Gomes e Jessé Alexandre Barros.

Os dias de sessões ordinárias da AGRIPA permanecem na segunda sexta-feira do mês e na última, iniciando às 17 horas, na sede provisória: Escola Estadual Professora Helena Braga das Chagas, Rua Marechal Castelo Branco, s/n, Bairro São José.

Na próxima sexta haverá, portanto, posse da nova diretoria e apresentação das metas para essa nova gestão.

ESTUDANTES PESQUISAM NO RIO COM OS GUARDIÕES

Clerisvaldo B. Chagas, 5 de setembro de 2014.

Crônica nº 1.255

FILA INDIANA NA TRILHA DE PESQUISA (Foto: Clerisvaldo)

FILA INDIANA NA TRILHA DE PESQUISA (Foto: Clerisvaldo)

Atendendo a ofício enviado pela direção da Escola Municipal de Educação Básica São Cristóvão, a AGRIPA procurou atender aquele estabelecimento de Ensino dentro das suas possibilidades. É que estudantes do 5º ano iriam pesquisar o rio Ipanema para elaboração de trabalhos em equipes com a finalidade de apresentações futuras. Vendo que a árvore de conscientização ambiental plantada há um ano com sua fundação em defesa do Rio Ipanema e mais, continua produzindo doces frutos, o presidente em exercício Clerisvaldo Braga das Chagas, consultou os guardiões.

FERREIRINHA DEIXA A PLATEIA ATENTA (Foto: Clerisvaldo)

FERREIRINHA DEIXA A PLATEIA ATENTA (Foto: Clerisvaldo)

Foram designados o próprio presidente, mais os guardiões Ariselmo Melo e José Cícero Ferreira, o Ferreirinha, para acompanharem a comitiva.

Numa curta e gratificante viagem em ônibus escolar, o alunado sob a responsabilidade das professoras Edilene, Jailma, Sílvia Maria e as coordenadoras pedagógicas, Vandete e Josilma e, os três guardiões, o transporte seguiu no meio da tarde ensolarada rumo ao rio periódico Ipanema, no dia de ontem (04). Além de cantos e cantos alegres dos estudantes no ônibus, as trilhas a pé visando atingir o ponto desejado foi motivo de festa.

TODOS QUEREM SABER SOBRE O RIO IPANEMA (Foto: Clerisvaldo)

TODOS QUEREM SABER SOBRE O RIO IPANEMA (Foto: Clerisvaldo)

Caderno de anotações ao alcance, os alunos perguntavam anotavam, tiravam fotos e recebiam instruções sobre a natureza viva e as ações do homem.

Quando o Sol baixou mais na serra da Remetedeira, as professores recolheram a garotada e todos voltaram às nossas bases com o dever cumprido.

ESCRITOR DISTRIBUI LIVROS GRATUITOS, DA SUA AUTORIA (Foto: Ariselmo)

ESCRITOR DISTRIBUI LIVROS GRATUITOS, DA SUA AUTORIA (Foto: Ariselmo)

E por falar em AGRIPA, o presidente em exercício Clerisvaldo Braga das Chagas, convocou para hoje à tarde, através de EDITAL, uma Assembleia Geral para deliberar sobre a renúncia do seu presidente Sérgio Soares Campos, a formação de nova diretoria e discussão sobre dias das sessões.

O encontro está previsto para logo mais às 17 horas na sede provisória da Associação Guardiões do Rio Ipanema – AGRIPA, à Rua Marechal Castelo Branco S/N, no Bairro São José, em Santana do Ipanema.

A SEDUTORA CAIXA DE FÓSFOROS

Clerisvaldo B. Chagas, 4 de setembro de 2014

Crônica nº 1.254

Foto: Ilustração

Foto: Ilustração

Sempre percebi um encanto todo especial na chamada caixa de fósforos. Falo do seu formato pequeno, quase quadrado, sendo bonita até dentro do bolso da camisa. Está certo que a palavra composta era outra beleza para a escrita no papel, mas mesmo com a nova ortografia caixa de fósforos mantém a formosura. É bem verdade que a palavra sem os hifens ficou igual à senhorita sem a flor que usava no cabelo, mas caixa de fósforos é caixa de fósforos, com hifens ou sem hifens.

Nunca fumei e nem pretendo, entretanto, achava o gesto uma verdadeira fantasia quando o cidadão iluminava o cigarro. Era como se um ato mágico estivesse acontecendo no clique do pauzinho na caixa, na chama do pequeno cilindro e nos gestos os mais variados do fumante para apagar o palito de fogo. Uns faziam um círculo no ar, outros agitavam a mão e outros ainda jogavam o palito ao solo com um fascínio especial em fazê-lo. E como eu apreciava esses gestos que pareciam ensaios teatrais!

Parece que os cangaceiros também gostavam de objetos ou coisas que ostentavam fogo: Lampião, Corisco, Candeeiro, Querosene e até Caixa de Fósforos, na época cangaceiro com hífen.

Foto: Ilustração

Foto: Ilustração

Caso o leitor tenha vivido no tempo sem energia elétrica, há de convir como eram bonitos esses objetos que iluminavam as trevas: lampião, candeeiro, artefato popular trabalhado em zinco e com pavio de algodão retorcido. Mas a caixa de fósforos que se tornou tão comum que você não enxerga o it continua sendo olhada por mim com olhar poético, para as cabeças de negros emparelhadas no interior; para o rótulo amarelo implorando leitura; para o seu formato sedutor; para o seu assento em qualquer lugar ou para os seus filhotes em chamas circulando na mão e lançados na mácula da rua.

É longa e bela a história do fósforo como nós o conhecemos. Vem paulatinamente se aperfeiçoando através de centenas de anos até passear no bolso dos homens e nas bolsas das mulheres. Nem mesmo o isqueiro mais tentador conseguiu derrubá-lo.

Meus respeitos amiga e sempre SEDUTORA CAIXA DE FÓSFOROS

AS SANDÁLIAS DE CABECINHA

Clerisvaldo B. Chagas, 3 de setembro de 2014

Crônica Nº 1.253 

Foto: Ilustração

Foto: Ilustração

Em Santana do Ipanema, Alagoas, você pode chamá-lo Brito, Menininho ou Cabecinha, ele atende do mesmo modo. Homem folclórico que sempre acompanha as caminhadas cíclicas de um grupo santanense. Quando bebe, haja paciência para tolerá-lo. Mas Cabecinha é pacato cidadão e diverte bastante os companheiros das longas caminhadas.

Entre as suas narrat ivas de vantagens e desvantagens, Cabecinha aprendera não sei com quem a arte de sapateiro. Considerava-se então o ás da sola e do couro quando estava na tenda que o caracterizava. Mas, certa feita o tempo não estava para pescaria e Menininho resolveu espiar as nuvens, em busca dos seus caminhos. Tanto é que soube que em Paulo Afonso, cidade baiana, havia um sapateiro mor que estava contratando à vontade. Menininho resolveu não pensar duas vezes e partiu para a Bahia cheio de esperanças levando os picuás.

O disposto Cabecinha não falou se foi contemplar as cachoeiras famosas da cidade, mas que meteu os nós dos dedos na porta de madeira do homem procurado. Até que fora bem recebido ao apresentar-se como sapateiro. Sem perda de tempo, o talvez futuro patrão, mostrou-lhe um tipo de sandália, forneceu-lhe o material necessário e pediu para que ele confeccionasse uma sandália igual ao do protótipo. Enquanto isso iria resolver uns problemas mais adiante e voltaria logo. Cabecinha viu a grande oportunidade de mostrar-se o bamba de Alagoas. Danou o martelinho para cima e dentro de pouco tempo estava completamente pronta à sandália do homem.

Quando o dono do negócio chegou Cabecinha mostrou-lhe o artefato. O sujeito pegou a sandália, apertou aqui acolá, deu-lhe trancos e repuxos e indagou a Cabecinha com toda malícia acumulada na profissão: “O senhor garante fazer todas que eu mandar iguais a esta?” E Menininho, mais ancho de que pinto no lixo, respondeu com orgulho empregatício: “Garanto sim senhor”. Foi então que recebeu a amarga resposta: “Está despachado, isso não presta nem para brinquedo com bonecas”. E Cabecinha voltou ao seu estado mais triste do que urubu no inverno.

Sei não, compadre, mas as promessas políticas de campanha que se vê na televisão, não passam no teste das SANDÁLIAS DE CABECINHA.

SEMÁFOROS, PELO AMOR DE DEUS!

Clerisvaldo B. Chagas, 2 de setembro de 2014

Crônica nº 1.252

Foto: Ilustração

Foto: Ilustração

O trabalho sobre o trânsito feito ultimamente em Santana do Ipanema mereceu elogios, tanto de condutores quanto de pedestres. É impressionante como o trânsito da cidade alcançou essa dimensão motivada pelo poder aquisitivo dos trabalhadores. A “Capital do Sertão” recebe diariamente vans, ônibus e carros pequenos de mais de 30 municípios do interior, inclusive de estados vizinhos. É Arapiraca no Agreste, Santana do Ipanema no Sertão. Contamos ainda com o segundo lugar em número de motos de todo o interior do estado. Vamos somando a isso os inúmeros transportes de estudantes do próprio município e de outros que procuram os serviços de escolas de todos os níveis, inclusive UFAL, IFAL e UNEAL. O trânsito havia chegado a um ponto que só perdia para a Índia. Felizmente chegou-se a um ponto que até parece mentira em sua disciplina.

O que acontece, porém, com o “pé de burro” que enterraram no cruzamento da Ponte General Batista Tubino, Avenida Barão do Rio Branco e Ponte do Urubu? Não é possível continuar essa mancha grave no trânsito trabalhado e aplaudido. A falta de um semáforo no ponto mais crítico de Santana é uma vergonha. Até parece que um objeto luminoso desse custa o dinheiro todo que se gasta em um hospital de grande porte.

Levando o caso para os pedestres, não foram resolvidas ainda as duas travessias no Corredor do Aperto da Avenida Barão do Rio Branco, tanto no meio do corredor quanto no início. Não existe nada que facilite a travessia de pedestres que se arriscam perigosamente diante de um fila de carros nos dois sentidos, pior de que a Fernandes Lima, em Maceió.

O cruzamento da Avenida Pancrácio Rocha (BR-316) na altura da ponte sobre o riacho Camoxinga e o acesso ao Complexo Educacional é uma serpente à espreita de vítimas. Gravíssimo lugar de perigo e, finalmente a saída do Bairro Floresta para o acesso a Ponte General Batista Tubino que grita também por um sinal luminoso.

O interessante é que ninguém se mobiliza, nem Imprensa, nem sociedade organizada, nem edis e nem prefeitura.

Ficamos todos apenas aguardando um grito isolado de algum fantasma cavernoso: UM SEMÁFORO, PELO AMOR DE DEUS!

O Sinal e A Cruz (Parte 2)

Serra do Gavião, um colosso de lombo verde, sempre que agosto. A casa de Seu Antonio Tenório ficava no resvalo, do sopé. Ao bem da verdade, a casa, não passava de um ponto insignificante, diante daquele esplendor de cena. Um céu ameaçador, profuso, de nuvens carregadas. Angustiosamente carente de luz. E raramente, talvez, inimagináveis fios de relampejo rasgassem o tudo, que se lhe cobria de cinzento. Cá de baixo, facilmente assustaria qualquer menino. A imaginar ferocíssimo lobo gigante. Cuja cabeça estaria voltada pro poente. A qualquer momento poderia injetar horrendo par de olhos fosforescentes naquela direção. Enquanto de sua boca aberta, viscosa baba a verter dos caninos.

Telhas coloniais de barro vermelho cozido. O pouco de musgo que havia, a dizer que tão velho não seria o casarão. Quatro caídas d’água de alpendres guarnecida. Sapata alta, faltando pouco pra igualar-se em altura, a um homem mediano. A área coberta tinha parapeito de cobongós ornado de trepadeiras, acessível por espaçosos degraus. As paredes entremeadas de janelas e caqueiras ora fixas, ora suspensas. Bancos, cadeiras de vime, de rendinha e cipó entrançado. A dar-se a convite ao descanso, a uma rede de renda do Ceará. Peças do arreio de um cavalo sobejavam nos armadores, e pelos cantos. No terreiro um coqueiral rodeava todo alpendre. O terreiro forrado com imensas folhas maduras, e frutos púrpura de um pé de Castanhola. A raiz, feito jibóia emergira do solo, a não mais ameaçar a fundação da construção. O lado leste da casa era virado pra serra. Ali, era o lugar de pensar, de Seu Antonio. Já ia quase uma semana que o homem, não se arredava de lá. Só saindo dali pra fazer as refeições e recolher-se, quando o gigantesco lobo verde se cobria com um manto negro. Dando a perceber-se somente pelo contraste com o esfumaçamento do céu, pinicado de estrelas se oferecia. Não tirava o olho de lá da serra, o velho Antonio. Como que em transe hipinótica, ou como se de lá subitamente fosse sair a resposta pra sua inquietação: -Quem estaria interessado em matá-lo? De vez em quando abria um pequeno baú de umburana envernizada, com uma trinca dourada. Todo trabalhado, em pedras semi-preciosas. Donde tirava, empunhava. Mirava e atirava a ermo, com um revólver Taurus, calibre38.

Seu Domício convidou Enéas pra trabalhar no balcão, da loja de tecido, na Rua do Comércio. Logo no primeiro dia, foi encarregado de levar uma compra feita por Seu Antonio, que nunca mais aparecera. Depois do que passara o homem mal saía de casa. Evitava expor-se desnecessariamente. Aos domingos ia igreja. Tinha fé em Deus que por mais perverso fosse o assassino, talvez não fosse capaz, de atentar contra um homem dentro do templo santo. A serra, naquela tarde ganhou outro admirador. Agora dois a contemplá-la. Macambúzio Enéas disse, mais consigo mesmo que para o amigo: “-O sinal do apocalipse está aí, pra todo mundo ver. Não adianta a gente querer se enganar. Ainda semana passada, a rua ficou sabendo que o negro Bento, que morava no Sítio Caititu, amanheceu injuriado. Tomou vários litros de cachaça. Deu uma surra na mulher. Estuprou a filha de doze anos. Dum tiro de “soca tempero” matou o cavalo. Tacou fogo num silo de milho. Foi até um pé de jaqueira que tinha detrás de casa, e se enforcou. Tudo que fazia, aos gritos ia repetindo: “-Estou cumprindo minha promessa! Está satisfeito?” Seu Antonio continuava pensativo. Revirava e remoia o passado, tentando encontrar onde tinha deixado um inimigo, capaz de quer vê-lo morto.

E outros e mais outros acontecimentos do povo da vila contou Enéas amigo. Duma briga, que envolvera Chico de Ernesto e Júlia Honorato. Chico era metido a seresteiro. Sempre em alto estado de embriaguez, não parava de cantar. Tinha verdadeira devoção por uma das modas de Francisco Alves e Horácio Campos, “A Voz do Violão” que dizia: “Não queiras meu amor saber da mágoa/que sinto quando a relembrar-te estou/ atestam-te os meus olhos rasos d’água/ no espinho de tão negra solidão/ a dor que a tua ausência me causou/ porém nesse abandono interminável/ eu tenho um companheiro inseparável/ na voz do meu plangente violão.”

O porquê da briga, foi assim, vinha ele cantando no meio da feira. Parou diante de Júlia “Bêba” que além de alcoólatra, era muda e surda. Nada ouvia, porém entendia muito bem os sinais do povo. E percebeu que todos riam. Estavam rindo dela, e era por causa daquele bêbado idiota gesticulando em sua direção. Não deu outra, tacou o maior sopapo nas fuças do ébrio metido a cantor. A briga só terminaria na prisão. Contou duma burra que se assustou com um enxame de abelha que ia passando partiu em disparada derrubou um monte de bancas dos mascates. Cuminho, tempero e colorau, foram parar dentro da saca de farinha. Gás óleo, e creolina derramou-se nos atavios, candeeiros de pavios, cangalhas de capim, chapéus de couro cru e chocalhos tudo perdido.

Não podiam deixar de falar do assassinato do governador João Pessoa à poucos dias ocorrido. A triste notícia Enéas ouviu no rádio de Seu Domício, lá na loja. Jamais esqueceria com que palavras o locutor, da Rádio Cruzeiro S/A: “O senhor presidente da Parahyba que chegou hoje a capital de Pernambuco. Em plena confeitaria Glória, a rua Nova foi assassinado pelo senhor João Duarte Dantas seu desaffecto, e chefe político de Teixeira, Estado da Parahyba. Seu corpo fora embalsamado no Recife e transportado para a capital paraibana de trem. Aguardado por uma multidão, o corpo chegou ao meio-dia do dia 28 de julho. Ficou exposto à visitação pública na Catedral Basílica de Nossa Senhora das Neves, até o dia 01 de agosto. Dali foi transportado ao Porto de Cabedelo para ser sepultado no Rio de Janeiro.” De repente um estouros como tiros, Seu Antonio instintivamente sacou o revólver. Os estouros vinha de muito longe. Deram-se conta que era meio-dia, eram fogos de artifícios nos céus da vila. Foguetes em louvor da novena de Nossa Senhora Assunção.

Mergulhando no vasto lago do tempo, Seu Antonio foi esbarrar em Águas Belas, a época que ainda rapaz. 30 anos voltados no profundo poço do rei Chronos, rei tempo. Afoito e destemido sempre fora. Perdera a conta das inúmeras brigas e contendas as quais se envolvera junto à peãozada. Pobre que fora no passado, ia pras frentes de serviço de plantio das lavouras de feijão, milho, algodão dos senhores donatários. Nas limpas de lotes de palma, de ricos fazendeiros da região ribeirinha. No corpo ainda guardava cicatrizes, facadas. Também furou bucho dum monte de negro, e tirou sangue de outro tantos arruaceiros. Nos festejos de fim de semana, nos forrós, nas peladas de futebol de várzea. A maioria, brigas banais, motivadas por embriaguez. Lembrou-se de uma, que poderia considerar um caso mais sério. Era o mês de dezembro, na Fazenda São José. Comemorava-se a festa de Nossa Senhora Conceição Aparecida. Havia uma moça, muito bonita que atendia pelo nome de Divina Engracia, trabalhava na cozinha da casa grande do coronel Pedrosa, irmão do capitão Bezerra, um dos que buscava com sua volante, acabar com Lampião e sua raça.

Engracia se engraçou pelo jovem Antonio, que lhe correspondeu o amor. Desse relacionamento, nasceu-lhes um filho. Porem Antonio só viria saber dezesseis anos depois. O rapaz a par dessas informações foi ao encontro do pai, mas não foi aceito, Antonio, então casado, não reconheceu aquela paternidade. A mãe do rapaz teve muito desgosto, portadora de moléstia séria, morreu. 30 anos agora separavam aquele, dos dias da novena. Antonio continuava olhando pra serra. A noite vinha chegando, por um momento a montanha pareceu dotar-se de ameaçador par de olhos de lobo. Pasmados os homens viram Rasgar a cortina negra da noite um terrível uivo.

Fabio Campos

CORISCO, CYRA BRITO E BALA

Clerisvaldo B. Chagas, 1º de setembro de 2014

Crônica Nº 1.251

Livro lançado em 2012 (467 páginas)

Livro lançado em 2012 (467 páginas)

Corisco e Dadá

Corisco e Dadá

Nem sempre o brilho do Sol forte de Piranhas, Alagoas, esquentava o heroísmo. Um delegado de polícia em debandada com seus comandados, mancha com o ridículo/cômico as ruas inclinadas da cidade. Nas águas velozes do “Velho Chico”, o terror de um juiz aciona uma reles canoa numa retirada febril que desonra a toga autoritária.

Lá vem ele, o diabo louro chefiando sua legião com dezesseis demônios. Vão entrando na rua trazendo o rastro incompleto de chacina na trilha do horror: riacho Pau de Arara a Piranhas. Corisco e seus asseclas encontram o primeiro da estrada. E o cidadão Lelinho é logo esquartejado vivo pelo bando. Cem metros adiante o agricultor Antônio Tirana, também é esquartejado a machado. É o raivoso Corisco cometendo os mais horrendos absurdos, apenas porque uma cangaceira fora presa.

Mais a frente, ainda não conformados com a sede de matar, Corisco, Gato e a turba de cangaceiros eliminam uma família completa que nem sabia por que estava morrendo, como os dois cidadãos anteriores.

Avançam no terreno. Dois rapazes são feitos prisioneiros e sangrados, também sem motivos já dentro da rua de Piranhas.

CYRAGato quer a invasão da urbe para sequestrar dona Cyra, a esposa do tenente João Bezerra ─ o responsável pela captura da sua mulher (dele, Gato) Inacinha.

A cidade não tem um só policial. Mas alguns cidadãos formam uma improvisada resistência e quatro minúsculas frentes se defendem distribuídas pelo cemitério, um sobrado, a prefeitura e a casa de dona Cyra, a esposa de João Bezerra.

Estamos em 1936. A tropa do tenente está a 18 quilômetros da cidade, após capturar Inacinha, em ferrenho tiroteio com o grupo de Gato. Mas Bezerra não retorna logo a Piranhas onde a população e até sua esposa encontram-se em perigo. Enche-se de desculpas esfarrapadas para não enfrentar os bandoleiros. Os habitantes do lugar sentem a fraqueza do volante. Não importa, porém. O que o tenente deixou de fazer, sua esposa fez de sobra.

Gato e Inancinha

Gato e Inancinha

E dona Cyra Brito, que recebia em casa os feridos da campanha e deles tomava conta, virou heroína do sertão, enfrentando valentemente a Corisco e seus bestiais asseclas, à bala.

O tiroteio quadrado de Piranhas eliminou o bandido Gato, amarelou Virgínio, ex-cunhado de Lampião, esquentou o couro de Jacaré e botou para correr o famoso Diabo Louro. As balas mandadas por dona Cyra, bem assobiaram no pé do ouvido de Corisco, furando seus arreios.

Um combate para ninguém botar defeito e o dia em que o Corisco perdeu o fogo.

* Baseado no livro ”Lampião em Alagoas”. Encontrado na Livraria Toque Mágico, Santana do Ipanema – AL.

ALUNAS DA UFAL ENTREVISTAM ESCRITOR

Clerisvaldo B. Chagas, 29 de agosto de 2014.

Crônica Nº 1.250

Universitária Elenilda entrevista o escritor Clerisvaldo B. Chagas (Foto: assessoria)

Universitária Elenilda entrevista o escritor Clerisvaldo B. Chagas (Foto: assessoria)

Universitária Elenilda entrevista o escritor Clerisvaldo B. Chagas. Foto: assessoria.

Com a evolução das diversas ciências e as necessidades cada vez maiores dos trabalhadores, elas se foram ramificando e passaram a ser autônomas ou específicas. Assim falamos para diversos universitários sobre a matéria Sociologia, motivo de debate no momento. No estudo moderno a Sociologia complementa outras ciências afins ou é complementada por elas como a Antropologia, Economia, Política e mesmo Geografia e História.

Entrevistado por alunos da UFAL, entre eles Elenilda Vanderlei Pereira, natural da cidade de Carneiros, vamos navegando pelo mar da “agradabilidade” em nosso ambiente de trabalho, até porque entrevistar e ser entrevistado não deixa de ser uma simbiose.

E quando falamos em Sociologia o velho filme da falta de professores para a matéria, continua novo.

A Sociologia que vai ajudar o indivíduo a entender a sociedade em que vive, vem de longe com Augusto Conte (1798-1857) e dele saiu o título, em 1839. Como ciência, foi organizada por Emile Durkheim (1858-1917).

E indagado sobre as dificuldades para ministrar a Sociologia, vamos lembrando a nossa passagem por ela, pela Biologia, a Filosofia, a Arte, a História e o caso de amor eterno com a Geografia.

Não achamos que exista dificuldade para ministrar a disciplina, pois ela é fácil e se encontra em torno de nós. A própria escola já é um material rico para o estudo da Sociologia, com seus funcionários exercendo variadas funções, alunos e professores de diversos lugares e condições sociais diferentes. Talvez seja considerada matéria doce (água com açúcar) e ainda sem o devido reconhecimento.

O professor pode compensar a parte não valorizada ainda, com pesquisa constante, segurança e amor pela disciplina, bem como ser criativo e assim encontrar a chave do sucesso.

Sociologia é como Geografia, na sala de aula é o bicho preguiça, na prática, na rua, no campo, ambas viram leoas.

E vamos trocando ideias online com outros universitários e deslumbrando para Elenilda, a cidade de Carneiros com um potencial enorme para se trabalhar a matéria doce.

No Brasil, naturalmente pela política do não saber o que se quer para a Educação, muitas léguas ainda terão de ser percorridas pela Sociologia para demonstrar o seu inestimável valor.

Curiosidade sobre a morte de Getúlio Vargas

tancredo-neves-e-getulio-01Tancredo Neves e Getúlio Vargas

Este mês completa-se 60 anos da morte de Getúlio Vargas, diante de uma grave crise política que acometia o Brasil. Os militares exigiam a renúncia imediata do presidente Getúlio Vargas.

Na última reunião de Getúlio com seu ministério, o então Ministro da Justiça, Tancredo Neves, na época com 44 anos de idade, recebe do presidente uma lembrança; uma linda caneta. Era uma Parker 51 de ouro, cravejada de brilhantes e rubis, com o nome do presidente gravado e uma história dramática. Foi com essa caneta que Getúlio assinara sua Carta Testamento. Ele teria dito a Tancredo: ” – Para o meu amigo certo das horas incertas. ” Horas depois, o presidente suicidava-se com um tiro. No seu enterro, Tancredo era um dos mais emocionados. Guardou com todo carinho a derradeira lembrança.

Trinta anos depois. Tancredo Neves, primeiro Presidente civil (ainda eleito pelo Colégio Eleitoral) desde o Golpe Militar de 1964, adoece gravemente no dia 14 de março de 1985, doze horas antes de sua posse. Durante os 38 dias de internação, se submeteu à 7 cirurgias. Faleceu no dia 21 de abril. Ele guardava consigo a caneta Parker, presente de Getúlio Vargas, e seria com ela que assinaria o termo de posse como Presidente da República.

Quem herdou a caneta foi o neto de Tancredo, Aécio Neves. Coincidência ou não, Aécio é candidato a Presidente. Fato, no mínimo, curioso… 

CLIQUE AQUI PARA VISITAR O BLOG

ESCRITOR DISTRIBUI LIVROS EM POVOADO

Clerisvaldo B. Chagas, 28 de agosto de 2014

Crônica Nº 1.249

Foto: Assessoria Agripa

Foto: Assessoria Agripa

Ontem, quarta-feira (27), houve uma importantíssima palestra no povoado São Félix, a 12 km do centro de Santana do Ipanema. O evento aconteceu no ginásio de esporte da Escola Municipal de Educação Básica João Francisco Cavalcante. Os Guardiões do Rio Ipanema que fazem a AGRIPA, representados pelo escritor Clerisvaldo B. Chagas, Manoel Messias, Ariselmo de Melo, Sergio Soares de Campos (e sua esposa Sueli, representante municipal da Educação) e Cícero Ferreira foram surpreendidos pelo número de participantes. Entre 250 e 300 alunos aguardavam ali numa região circundada por famosas serras verdejantes que caracterizam o inverno sertanejo.

Foto: Assessoria Agripa

Foto: Assessoria Agripa

Na presença do diretor da escola, Aloísio Raimundo Gomes, professores e demais funcionários da unidade, o guardião Manoel Messias, que também é diretor municipal do Meio Ambiente, falou sobre resíduos sólidos e a importância da preservação do riacho Gravatá, afluente do rio Ipanema e que banha aquela região serrana.

A palestra do guardião Manoel Messias foi ilustrada também pela participação musical própria e do outro cantor Cícero Ferreira, o Ferreirinha, que mostrou o Xote dos Guardiões, sendo ambos bastante aplaudidos pela plateia.

Complementaram o evento os oradores Clerisvaldo B. Chagas, Sérgio Soares de Campos, Ariselmo de Melo e o diretor Aluísio Raimundo Gomes.

Foto: Assessoria Agripa

Foto: Assessoria Agripa

Enquanto o momento musical acontecia, o escritor Clerisvaldo B. Chagas distribuía gratuitamente 100 exemplares do livro “Santana do Ipanema, conhecimento gerais do município”, da sua autoria e lançado em 2011, pela Grafmarques.

A palestra no povoado São Félix, complementa o projeto Lagoa Viva que vem sendo realizado naquela comunidade.

Satisfeitos, retornaram os guardiões à sede com mais uma missão cumprida voltada para a juventude, a Natureza e a qualidade de vida.