AGRIPA, SÃO FÉLIX E UFAL

Clerisvaldo B. Chagas, 27 de agosto de 2010

Crônica Nº 1.248

Foto: Clerisvaldo

Foto: Clerisvaldo

Hoje, quarta-feira (27) a Associação Guardiões do Rio Ipanema – AGRIPA estará deslocando uma equipe de seus membros até o povoado São Félix. O deslocamento dos guardiões atenderá a solicitação oficial da Escola Municipal Básica Vereador João Francisco Cavalcante, através do seu diretor Aloísio Raimundo Gomes.

Os guardiões em parceria com a direção do Meio Ambiente ministrarão uma palestra naquela comunidade, a respeito da preservação do riacho Gravatá, afluente do Ipanema e que escorre pela região serrana deste município. A palestra será dirigida, notadamente para os alunos daquela unidade estudantil, quando os resíduos sólidos estarão em evidência.

Na última sessão a AGRIPA recebeu a visita do diretor escolar Aloísio Raimundo Gomes, abrilhantando assim, essa reunião ordinária semanal.

A AGRIPA também enviará alguns representantes para atender nova solicitação do CRAS, que tomou gosto pela natureza através das trilhas encantadas do Panema.

No próximo dia 10 de agosto, os Guardiões do Rio Ipanema, no turno vespertino, estarão atendendo outro convite cultural. É que o clube AABB, através do seu presidente Sebastião Malta, convidou a Associação para uma palestra sobre essa estrutura montada para lutar pelo rio Ipanema e o meio ambiente santanense. O público deverá ser alunos representantes de várias escolas, principalmente do Curso Médio.

A AGRIPA também registrou, ontem à noite, a presença de alunas da UFAL na sua sede provisória, Escola Estadual Helena Braga das Chagas, no Bairro São José. Láudia da Silva Nascimento e Edilânia Acióli Cavalcante do 1º período de Ciências Contábeis foram recebidas pelos guardiões Clerisvaldo Braga das Chagas e Marcello Fausto. As pesquisas das universitárias têm como alvo a região da Cajarana com seus problemas sociais.

Com o sistema de rodízio da direção da AGRIPA, deixa o cargo de presidente, Sérgio Soares de Campos, ao completar um ano à frente desse órgão educativo.

Na próxima sexta-feira, em sessão ordinária, A AGRIPA discutirá pela força estatutária e por consenso, sua nova estrutura e existência.

AS MORTES EM SANTANA

Clerisvaldo B. Chagas, 25 de agosto de 2014

Crônica Nº 1.246

Até o papagaio tem medo em Santana (Foto: Clerisvaldo)

Até o papagaio tem medo em Santana (Foto: Clerisvaldo)

Ultimamente a juventude brasileira vem sendo dizimada pelas drogas e pela violência das balas. Houve tempo em que as doenças tomavam conta do país, pois a Medicina andava em passos de jumento. As comunicações também não eram fáceis, sem falar nas péssimas estradas que cortavam a nação, baseadas no chamado barro ou terra. Não havia profissionais médicos o suficiente e nunca aconteceu um planejamento desses profissionais pelo interior, sempre relegado ao segundo plano.

Quem não se lembra moradores desse estado de Alagoas, das constantes viagens que se fazia transportando doentes para Palmeira dos Índios ou Maceió que, para o interior representavam o fim de mundo, em estrada de terra?

Lembro-me perfeitamente que a cerca de 20 anos atrás, o comércio santanense começava a se preocupar com os pequenos roubos no comércio. Advertências foram feitas que seria preciso cuidar da juventude periférica, sempre abandonada pelo pode público. Mas também a sociedade tinha sua parcela de culpa porque se isolava nos seus eventos particulares e coletivos e não chegava junto com nenhuma enxada para passar na erva daninha que crescia bastante.

Foi construída pela sociedade civil organizada um abrigo para velhinhos que lutando sempre ainda se encontra de pé. A rede de caridade que havia no Colégio Instituto Sagrada Família, trazida por irmãs holandesas, foi destruído por um padre que se julgava rei.

Continuou a sociedade aguardando apenas a assistência do poder público, como se ela existisse e fosse perfeita em toda sua plenitude. E o resultado é esse que lemos nos jornais de cada dia. Abandonada completamente, em todas as áreas, a erva daninha proliferou e hoje mostra o resultado do abandono, do descaso, do olhar enviesado que o centro lhe envia.

O bairro Maniçoba/Bebedouro dá o toque de recolher a partir das 18 horas. Todas as portas são fechadas e ninguém transita por ali. Bairro Lajeiro Grande, Rua da Praia, Santa Luzia, Cajarana, conjunto Marinho, Bairro Domingos Acácio, Lagoa do Junco, Cohab Velha e mais, são lugares que vão ficando assombrado pela noite, onde pessoas de outras regiões procuram evitar. Até mesmo para se conduzir um doente ao Hospital, durante a noite, o receio toma conta de qualquer um que se aventure, mesmo de carro.

Enquanto isso, a droga, o assalto, o roubo, os tiroteios vão fazendo à cidade refém da insegurança e do medo.

Certamente, com tudo isso, Santana do Ipanema ainda é uma das melhores cidades de Alagoas para se viver. Mas já começou, de fato, a pagar a falta de mobilização pela vida e que sozinho o poder público não consegue resolver. Talvez ainda seja possível deixar de olhar para dentro de si mesmo e se organizar em mutirão permanente pela juventude pobre, paupérrima, faminta e sem opções das periferias.

O SUCESSOR DE LAMPIÃO

Clerisvaldo B. Chagas, 22 de agosto de 2014

Nº 1.245

Lampião em início de carreira

Lampião em início de carreira

Caso o amigo goste de histórias de cangaceiros e tenha lido o nosso livro “Lampião em Alagoas”, vamos rever um caso polêmico. No livro acima questionamos se Lampião iria mesmo deixar o Nordeste, no final do mês de julho de 1938. Não respondemos a pergunta que ninguém fez, se ele iria continuar no cangaço, implantando-o no estado em que deveria se refugiar.

Dizem alguns escritores que Lampião havia reunido seus cabras na fazenda Angicos, em Sergipe, para anunciar o seu sucessor e deixar o Nordeste. O sucessor seria aquele que dormisse fora do coito de Angicos. Lampião, naquela semana de 1938, deveria contar em torno de 80 homens no total, um pouco mais, um pouco menos. Desde, aproximadamente, 1934, que o bando total fora fatiado em pequenos grupos. Cada grupo tinha um chefe que comandava entre seis e dez pessoas.

Naquela noite/madrugada da hecatombe, na grota da fazenda Angicos, Corisco, cismado com o lugar, fora dormir em Alagoas com seu grupo. Labareda, também cismado, foi pernoitar longe com os seus. Português e seu grupo não estavam. Moreno e seu grupo também não estavam. Moita Brava retirou-se do coito (naturalmente com seus acompanhantes) alegando problema de saúde. Ninguém fala do grupo de Pancada, citado somente no dia18 de julho, quando tomou rumo deferente de Lampião, em Alagoas, isto é, estava com ele, mas não seguiu com o chefe para Angicos. Por quê? Não encontramos a resposta.

No coito estava o grupo de Lampião, Balão e Zé Sereno.

Quem iria substituir Lampião? Analisemos os chefetes de fora do coito. Poderia ser qualquer um no bater de asas do bandido, mas prorrogar o cangaço, quem teria tutano?

Livro lançado em 2012 (467 páginas)

Livro lançado em 2012 (467 páginas)

 

Corisco seria o mais indicado, certo, todos concordam. Mas Corisco não tinha experiência em comandar 80 homens. Sempre fora arredio e preferia atuar separadamente de Lampião com seu grupo em torno de dez comparsas. Além, disso não possuía os molejos com os grandes da sociedade civil, o traquejo, a diplomacia, a malícia, a astúcia que lucravam em armas, avisos, dinheiro, comida, paz, munição e trânsito. Somente a força bruta, valentia, perversidade e estratégia de ataque, não seriam bastante para a prorrogação do cangaço. 

Labareda era um cangaceiro mais humano e bastante corajoso, até mesmo pela sua história, contada por ele próprio, contudo, nos parece que não teria também condições de levar adiante o total de cangaceiros. Em nossa avaliação, tinha bastante confiança no chefe e, caso o perdesse, não se adaptaria a mais ninguém no comando e terminaria nas entregas. Foi o seu caminho.

Português, perverso como Corisco e falastrão. Nós o temos apenas como um “cobrador de impostos”. Não reunia às condições de grande chefe. Ninguém fala onde ele se encontrava no caso Angicos.

Moreno, com seu reduzidíssimo grupo, não estava presente no dia. Sofrera vários reveses ultimamente e estava mais para fugir de que comandar alguma coisa.

Moita Brava, pouco se sabe a seu respeito. Apenas atuação própria de cangaceiro. Como foi dito, deixara o coito antes do ataque das volantes e ninguém fala sobre o seu rumo.

Pancada, também apenas um chefete a mais.

E se isso serve de consolo aos adoradores de VIRGOLINO, achamos que ninguém tinha quengo o suficiente para ser O SUCESSOR DE LAMPIÃO.

SÃO PEDRO E A SUA IGREJINHA (IV)

Clerisvaldo B. Chagas, 21 de agosto de 2014

Crônica Nº 1.244

Foto: Clerivaldo

Foto: Clerivaldo

O altar-mor da igrejinha de São Pedro abriga três imagens principais. Ao centro, apresenta-se Jesus, crucificado. Ao lado direito do Cristo, vamos encontrar a antiga e original imagem do titular e padroeiro do bairro. No lado esquerdo, a imagem de Nossa Senhora dos Prazeres, comprada pelo próprio pároco, Adauto.

Foto: Clerisvaldo

Foto: Clerisvaldo

Mais adiante, dois outros altares, cada um de um lado, parecem pedir a senha de entrada ao visitante. À direita, Santo Antônio que manteve a tradição do seu abrigo naquele templo. À esquerda a imagem de São João que quase faz o historiador pular de alegria ao encontrá-la. É que essa imagem é do santo original da igrejinha de São João, do Bebedouro/Maniçoba. A igrejinha de São João foi construída por José Grande e seus familiares em 1917, como promessa para debelar a gripe da I Guerra Mundial que matou muita gente no mundo (livro: “O boi, a bota e a batina, história completa de Santana do Ipanema”, da nossa autoria). Depois de profanada, a igreja ficou ao abandono e ruiu. A imagem de São João foi recolhida e restaurada em Bom Conselho, encaminhada pelo pároco local e, hoje faz parte do acervo da igrejinha de São Pedro.

Na sacristia está a exposição de fotos com a imagem do Papa Francisco, do bispo diocesano D. Lucênio Fontes de Matos, do pároco Adauto Alves Vieira e do vigário José Paulo Rosendo da Costa.

As cadeiras dos celebrantes são de mármore negro, como de mármores são os altares e uma bela placa de agradecimento na parede, próxima às portas de entrada.

Foto: Clerisvaldo

Foto: Clerisvaldo

As bancas para os fiéis são de madeira, bonitas, bem feitas e conservadas como novas.

Os vitrais são coloridos e belos, as paredes revestidas com peças decoradas, piso de cerâmica, teto em PVC com motivos católicos bem como símbolos em mármores e metal dourado, formando um harmonioso conjunto de gosto apurado de quem assim o fez. Aliás, o bom gosto e a harmonia interna e externa da igrejinha de São Pedro parecem ostentar uma nave classificada como padrão de alto luxo.

Finalmente o santo que conquistou o Nordeste e o Brasil foi honrado com a obra merecedora que o povo santanense lhe devia desde 1915.

· Visita e última pesquisa à igrejinha de São Pedro em 11.08.2014.

· “Faça o que pode, com o que tem, onde estiver” (Roosevelt).

SÃO PEDRO E A SUA IGREJINHA (III)

Clerisvaldo B. Chagas, 20 de agosto de 2014

Crônica Nº 1.243

BANCAS CONSERVADAS, PAREDES COM REVESTIMENTO MODERNO (foto: Clerisvaldo)

BANCAS CONSERVADAS, PAREDES COM REVESTIMENTO MODERNO
(foto: Clerisvaldo)

Após 76 anos vivendo com notória humildade, a igrejinha de São Pedro ─ como assim é conhecida pelos santanenses ─ conseguiu ser reformada para imensa alegria do povo católico do município.

Seu zelador da atualidade é o casal Vicente Silva Soares e Júlia Vieira Silva Soares, sua esposa. Vicente é mais conhecido como “Bouzo”. É atento, educado e sabe tudo relativo à reforma do prédio sob sua responsabilidade. O pároco da Paróquia de Senhora Santa Ana, Adalto Alves Vieira, natural do município de São José da Tapera, comandou as ações da reforma, juntamente com o vigário paroquial, José Paulo Rosendo da Costa, filho do povoado oliventino de Fazenda Nova.

GALERIA COMPÕE A HISTÓRIA(Foto: Clerisvaldo)

GALERIA COMPÕE A HISTÓRIA(Foto: Clerisvaldo)

A reforma da igrejinha de São Pedro aconteceu entre os meses de fevereiro a junho de 2013, tendo o dia da reinauguração acontecido em 27 de junho de 2013. O desenho da nova igreja deveu-se ao jovem Naldo Magalhães ─ que fez às vezes de arquiteto ─ ficando a realização das ações com Seu Audálio, assim conhecido o mestre de obras, na comunidade.

Graças ao comando e determinação do pároco Adalto, tudo foi realizado com a arrecadação do dízimo, promoções do ECC (grupo de casais) e doações dos paroquianos.

BOUZO, ZELA O TEMPLO E CONSERVA A TRADIÇÃO (Foto; Clerisvaldo)

BOUZO, ZELA O TEMPLO E CONSERVA A TRADIÇÃO (Foto; Clerisvaldo)

Quem conheceu a antiga igrejinha de bairro, leva um reforçado choque com a diferença apresentada em alto luxo e bom gosto.

Iniciando pelos terrenos, havia dois becos laterais: o da direita não pertencia à Paróquia, o da esquerda sim. O da direita era da proprietária de nome Isaltina e, fora doado por ela à igreja através de um pedido realizado pelo comerciante das imediações, Carlos Gabriel da Silva, o Seu Carrito.

Pois bem, esse corredor lateral direito, foi transformado em jardim e mais acima em sacristia (vizinha ao altar-mor) e banheiro contíguo para o padre.

O corredor da esquerda foi aproveitado para construção de banheiro para os fiéis.

O pequeno, mas valente sino da igrejinha de São Pedro, por ser muito baixo e até perturbador para os frequentadores, ganhou uma bela torre, juntamente com toda a aparência moderna da parede exterior de entrada.

A PLACA DE MÁRMORE AGRADECE (Foto: Clerisvaldo)

A PLACA DE MÁRMORE AGRADECE (Foto: Clerisvaldo)

A igrejinha de São Pedro, defronte a Praça São Pedro e também no Bairro do mesmo nome do santo “porteiro do céu”, apóstolo de Jesus e primeiro chefe da Igreja Católica Primitiva, tornou-se o grande atrativo cristão e turístico, tanto pela fé no seu patrono, quanto pela beleza ostentada externa e internamente.

O seu vizinho “Bacurau” que também passou por fase de descaso, abandono e preconceito, agora virou biblioteca.

Parece até que o sino convida com mais robustez, os devotos de São Pedro para às missas semanais das quintas-feiras à noite.

*Continua amanhã.

SÃO PEDRO E A SUA IGREJINHA (II)

Clerisvaldo B. Chagas, 19 de agosto de 2014

Crônica Nº 1.242

Foto: Clerisvaldo

Foto: Clerisvaldo

Apelando para o nosso livro O boi, a bota e a batina, história completa de Santana do Ipanema, vimos que no Bairro São Pedro, existe uma praça que leva o mesmo nome do bairro. Defronte a ela está localizada também a igrejinha de São Pedro, o apóstolo de Jesus. Sua construção teve início em 1915, sendo paralisada após, ficando esquecida a obra durante dezessete anos. Somente em 1937, na gestão municipal do senhor Ormindo Barros (2º vez), a igrejinha teve reiniciados os seus trabalhos, através do patrocínio do comerciante Tertuliano Nepomuceno.

Foto: Clerisvaldo

Foto: Clerisvaldo

Serviu o pequeno templo de São Pedro no pequeno espaço físico entre dois estreitos corredores na parte da calçada alta do bairro. Tendo ao seu lado direito residências e no esquerdo uma também pequena escola denominada popularmente Bacurau, a igrejinha resistiu ao tempo. Periodicamente os padres ali celebravam missa, principalmente no dia 29 de junho. Na ocasião era distribuído o famoso pão de Santo Antônio, cuja imagem marca presença na igrejinha.

O pequeno templo pertence à Paróquia de Senhora Santa Ana e teve por muito tempo como zelador, o sargento reformado, Narciso Gaia, conhecido por Seu Gaia. Homem alto, fala pausada e morando próximo da igrejinha, Seu Gaia sustentara fogo contra o futuro Lampião no combate de Poço da Areia, como soldado, em 1921.

Foto: Clerisvaldo

Foto: Clerisvaldo

A vizinha escola Batista Acciolly, formou dupla importante com a igreja de São Pedro, sendo quase do mesmo ano. Como foi fundada com o intuito de servir aos alunos que trabalhavam pelo dia, funcionando à noite, pegou-lhe em cheio o apelido da ave noturna, bacurau. Para informações, um prédio era sempre apontado como vizinho do outro.

E assim a igrejinha de São Pedro, discretamente, ia vendo passar a vida naquele bairro tranquilo, sem vocação para o comércio, contramão dos maiores movimentos de pessoas, lugar para quem quer viver em paz.

Estive no Bairro à fotografá-la para o nosso livro “227” (pronto para lançamento) a história de Santana através dos seus prédios, com apresentação dos escritores Fábio Campos e Marcello Fausto, quando me deparei com a reforma a que a igrejinha estava sendo submetida. Belíssima foto da parede da frente em ruínas e logo outra da igreja reformada são brindes, colírios quando for publicado o livro “227”.

· * Continua amanhã.

SÃO PEDRO E A SUA IGREJINHA (I)

Clerisvaldo B. Chagas, 18 de agosto de 2014

Crônica Nº 1.241

Foto: Ilustração

Foto: Ilustração

Santana do Ipanema – Esta série de 4 crônicas, refere-se à igrejinha de São Pedro, no Bairro do mesmo nome em Santana do Ipanema. Elas me foram espiritualmente solicitadas por quem tem o direito e o prestígio divino de fazê-lo. Para o bom entendedor, ”meia palavra basta” como diz o povo.

O Nordeste brasileiro é rico em religiosidade. Os mais diferentes santos são evocados pela sua população distribuída em nove estados desde o Maranhão ao pequeno solo sergipano. Destacam-se os santos José, Antônio, João e Pedro, com inúmeras histórias, lendas, festas e tradição que furam os tempos. No momento, porém, vamos restringir esse campo vastíssimo, sair do nordeste e voltar aos dias do Cristo, revisando São Pedro.

Pedro aparece nos Evangelhos com o nome de Pedro, Simão Pedro, Simão Barjona (filho de João ou Jonas). Dizem que seu nome, Simão, deveria ter sido Simeão, mas teria sido interrompido para Simão, por influência do grego, Símon. Quanto ao nome Pedro, é apelido dado pelo Cristo: Cephas que significa rocha e, que vem do grego: Pêtros.

Pedro nasceu na Galileia, era pescador e exercia o ofício com André (seu irmão) e mais João e Tiago, filhos de Zebedeu, segundo a Bíblia. Ao se falar em sua sogra, deduz-se que Pedro era casado. Ao se dirigir ao rio Jordão com seus colegas, por causa da fama de João Batista, André o apresentou a Jesus. O Mestre simpatizou com ele e disse que no futuro Simão iria ser pescador de homens.

Pedro é citado 182 vezes no Novo Testamento. Divididas por quatro, as citações ficariam assim: 23 vezes no Evangelho de Marcos, 24 no de Mateus, 27 no de Lucas e 39 no de João, mais uma.

Ninguém pode contestar a sua liderança no início da vida cristã, mesmo com algumas discordâncias com Paulo.

Não se encontra muita coisa sobre Pedro, fora dos Evangelhos. Paulo preocupava-se em propagar e Pedro em organizar.

Pedro foi preso duas vezes e ainda existem dúvidas sobre a sua morte, entre a crucificação e o falecimento por velhice.

Os festejos a São Pedro acontecem no dia 29 de junho, é comemorado como dia santo, com fogueiras, comidas e bebidas típicas e bastante folclore. Dizem que ele tem as chaves do céu. Pedro entra no anedotário popular com muita ênfase, piadas e brincadeiras de risos soltos, porém, sem ofensas ao santo considerado bonachão, inteligente e ingênuo pelos seus devotos. Pedro é santo de enorme prestígio diante do Senhor.

· * Continua amanhã.

Vicente e Nanete: do Litoral ao Sertão, uma história recíproca de amor

Foto: Arquivo Familiar

Foto: Arquivo Familiar

Recém convocado para compor as fileiras da Polícia Militar de Alagoas, o soldado Vicente Alves da Silva, recebe determinação do seu comando para fortalecer as tropas que prestavam serviços no Sertão do estado.

O ano era 1951 quando desembarcou em terras sertanejas o jovem Vicente Alves da Silva, oriundo da capital alagoana. O Estado era governado por Arnon Afonso de Farias Melo, enquanto isso Santana do Ipanema, a Rainha do Sertão, a qual se destacava como região promissora na economia agrícola, recebendo posteriormente o título de “Terra do Feijão”, se encontrava sob o comando político do prefeito Adeildo Nepomuceno Marques.

Com o coração cheio de esperança e obediente à sua corporação, o militar logo se enturmou com populares e, mesmo tímido, a cada momento construía novas amizades por todo o município, assim como fez ao longo de sua vida.

Na década de 1950 a juventude santanense se reunia nas imediações do Cine Glória, no bairro do Monumento. A casa de entretenimento vivia o auge da diversão, com exibições de grandes clássicos do cinema nacional e internacional, sempre aos sábados e domingos.

Naquele clima de trabalho e distração, o jovem militar enxergou pela primeira vez o olhar da sua amada. Ali o destino lhe reservou o que de melhor poderia ter acontecido em sua vida. Não demorou para que o moço se aproximasse daquela donzela que já arrematara o seu coração, fazendo com que nunca mais pensasse em voltar para a capital.

Filho de seu Antônio Plácido Silva e dona Valdomira Alves da Silva, Vicente Alves, que jamais tinha visitado o sertão, era natural da cidade de Viçosa, tendo ido morar ainda criança em Maceió, enquanto sua namorada, a jovem Maria Nanete Oliveira, havia nascido no Povoado Pedra d’Água dos Alexandres. No momento em que os seus olhares se cruzaram pela vez primeira, a jovem, que lecionava na zona rural de Santana do Ipanema, visitava a residência de sua tia Nina, na Avenida Coronel Lucena, como era de costume, sempre que tinha oportunidade.

Até que os dois estivessem enamorados e concretizassem as núpcias, tudo correu de acordo o protocolo tradicional da época e da localidade. Vicente cortejava a jovem Nanete, mas para que o seu sonho se tornasse algo concreto seria necessária a autorização dos pais da moça, Miguel Fernandes Oliveira e Francisca Fernandes Oliveira, residentes no Povoado Pedra d’Água dos Alexandres.

A data que marcou uma nova história na vida do casal foi outubro de 1953. Numa manhã ensolarada de terça-feira, a matriz de Senhora Santana testemunhou a cerimônia matrimonial do casal Vicente Alves e Nanete Oliveira: o único e eterno amor do “praça” oriundo da capital, que antes daquele momento distinto já agradecia ao comando da Polícia Militar o fato de tê-lo convocado para uma missão especial na região sertaneja.

Para o casal de sertanejos, que criou seus dez filhos a fim de que um dia pudesse vê-los formar suas famílias nos padrões educacionais da religião católica, a qual praticava, a simpatia foi recíproca com aquele que se tornaria um membro da família. Seu Miguel e Dona Francisca, carinhosamente chamada de “Dona Francisquinha”, não tiveram dificuldades para aceitar o galanteio do militar, que a essa altura já era bastante popular e muito querido na cidade.

Sob as bênçãos do padre Jeferson, pároco auxiliar do cônego Luis Cirilo da Silva, o casal Vicente Alves e Nanete Oliveira passa a viver os seus novos desafios. Inicialmente o casal morou na Rua Barão do Rio Branco, até realizar o sonho da casa própria, onde mora até hoje Dona Nanete, na Avenida Martins Vieira.

Sempre firme nas suas atividades laborais, com exemplo e retidão, Vicente Alves galgou o posto de 3º Sargento da Polícia Militar. Na década de 1970, com intuito de encaminhar os seus filhos para a vida profissional Seu Vicente dá suporte para o funcionamento de uma banca de revistas, o que lhe daria posteriormente o epíteto de “Seu Vicente da Banca de Revistas”.

O “Sargento Vicente”, como era mais conhecido por seus colegas de farda, entre outros hobbies, gostava de futebol.

Com todos os percalços, mas também aproveitando as bênçãos que a vida lhes reservou, o casal conseguiu educar e entregar para a o mundo seus oito filhos: Carlos Alberto, Miguel Antonio, Carlos Jorge, Ana Lúcia, Paulo Fernando, Adenilson, Roberto Cezar e Maria Élcia.

No dia 25 de julho deste ano, véspera do dia em que a cidade que o adotou homenageia sua padroeira Senhora Santana, Dona Nanete, filhos, netos, genros, noras e amigos receberam, com pesar e tristeza, a notícia do falecimento de Seu Vicente. Naquele momento ele acabara de cumprir sua missão aqui na terra. Este viveu 84 anos, sendo 63 deles dedicados a Santana do Ipanema e sua família.

ESCRITOR FARÁ PALESTRA NO CAIITE

O escritor santanense Clerisvaldo B. Chagas, será um dos palestrantes do Congresso Acadêmico Integrado de Inovação e Tecnologia – CAIITE.

O Escritor Símbolo de Santana do Ipanema, falará sobre “Rio Ipanema, fonte de vida para o município”. Chagas representará a AGRIPA e terá a árdua missão de comentar sobre a importância ecológica e financeira da corrente d’ água mais importante do sertão alagoano com suas características intermitentes.

A palestra do escritor Clerisvaldo B. Chagas, acontecerá na próxima segunda-feira (18) às 21 horas, na sala Órbita dos Cometas da UNEAL.

A Associação Guardiões do Rio Ipanema – AGRIPA – fará na sessão semanal na tarde de hoje, as últimas recomendações para que a palestra do seu representante tenha êxito garantido. Os guardiões já adiantaram que o palestrante será auxiliado por outros membros da Equipe, inclusive, coadjuvado pelos cantores e compositores Ferreirinha e MM o Imperador do Forró.

A propósito, o escritor terá como base o livro “Ipanema, um rio macho”, um paradidático da sua autoria, lançado em 2001, pela Grafpel e que tem alcançado enorme sucesso no Nordeste.

ABÍLIO PEREIRA DE MELO

Santana do Ipanema, 14 de agosto de 2014

Crônica 1.240

Foto: Domínio Público

Foto: Domínio Público

Revendo o mapa do comércio da minha terra, década de 60, (livro: O boi, a bota e a batina, história completa de Santana do Ipanema) vou me deter em armarinho, na “Casa Atrativa”. A Casa Atrativa estava localizada no antigo “sobrado do meio da rua”, demolido pelo prefeito Ulisses Silva, em sua 2º gestão (1961-1965). Ela ficava na esquina do prédio, mais próxima da subida pela Rua Coronel Lucena. Na parte de trás do prédio, no alto do sobrado, havia um alto-falante das notícias da rádio da prefeitura para o seu programa: “A voz do Município”.

Era ali, tendo como vizinhas outras casas comerciais como Arquimedes autopeças (no meio) e a Casa Triunfante de José e depois Manoel Constantino, na outra esquina. Entre essas duas últimas estavam sempre no seu ponto, o João Engraxate com sua cadeira-trono, muito procurado na época.

Abílio Pereira de Melo, que também fora vereador em Santana e presidente da Câmara em 1951, negociava com produtos de armarinho, possuindo mostruário no próprio balcão, em caixotes horizontais de madeira e cobertura de vidro.

Assumira a prefeitura com o afastamento do coronel José Lucena de Albuquerque Maranhão, prefeito, para se candidatar a deputado. O comerciante, também chamado de Seu Abílio passara apenas poucos meses no comando do município. Abílio Pereira também era fazendeiro nas imediações da Imburana do Bicho puxando para a Timbaúba, faldas da serra da Camonga.

Com a demolição do prédio do meio da rua e do sobrado do meio da rua ─ construídos nos tempos de vila para fins comerciais ─ Seu Abílio passou a negociar abaixo do atual prédio do Banco do Nordeste, ocasião em que ergueu o primeiro prédio de dois andares do comércio de Santana do Ipanema, três andares contando com o térreo. Ali no largo Senador Enéas de Araújo, Abílio Pereira de Melo passou a negociar com ferragens, auxiliado por seu filho Neilton Pereira. Neilton e sua irmã haviam sido ótimos colegas de turma, em nossos estudos no antigo Ginásio Santana, escola Cenecista.

Morando na primeira esquina da Rua Martins Vieira, por muitos anos, Abílio Pereira foi um dos destaques do município, entretanto, não anda bem visível uma homenagem pública aos saudosos Manoel Celestino das Chagas, Tibúrcio Soares ─ figuras importantíssimas na terra ─ e ABÍLIO PEREIRA DE MELO.