SURGIU O COMÉRCIO

Arapiraca, cidade comercial. (Foto: Ângelo Rodrigues)

Segundo Boulos, (História), “Com o aumento da oferta de alimento, a invenção do arado e de novas técnicas de irrigação passou a ocorrer a produção de excedentes, ou seja, as aldeias passaram a produzir mais alimentos do que consumiam. Consequentemente, seus membros puderam se dedicar a outras atividades como a carpintaria e a tecelagem. Ocorreu, assim, uma crescente divisão do trabalho: uns construíam casas, outros faziam tecidos, outros produziam armas, outros  modelavam potes e panelas de cerâmica, e havia ainda os que caçavam e pescavam.

Quem produzia trigo ou azeite, por exemplo, passou a trocar seus produtos por um vaso, um tecido ou uma arma. Nascia assim o comércio. Com o tempo, essas trocas deixaram de ser feitas pelos próprios produtores e passaram a ser efetuadas por um personagem novo naquela época: o comerciante”.

Com o tempo, algumas cidades passaram a se destacar como pontos comerciais que a continuação às transformou em importantes centros de comércio. Mas alguns povos aproveitaram o excedente para comercializar perambulando por outros povos. Outros ainda, de território difícil para a agricultura e pecuária, passaram a negociar com outras gentes, comprando e vendendo com as sobras, de territórios que produziam. Atualmente, em todos os lugares do mundo se encontra pontos famosos pelo que vendem. Aqui no Brasil, chamamos a essas cidades de cidades comerciais. Mesmo contando com inúmeras indústrias, a fama do comércio persiste sobre todas as outras formas econômicas. Para que os exemplos fiquem mais perto, temos Caruaru, no estado vizinho do norte e Arapiraca em Alagoas.

No caso da nossa cidade, Santana do Ipanema, localizada no Médio Sertão Alagoano, podemos classificá-la como cidade comercial, desde os tempos de vila. A vocação de comércio independe do tamanho do lugar. Uma pequena vila, um povoado ou um simples arraial, pode carregar essa vocação e até se expandir se tornando grandes centros como alguns que conhecemos como Sorocaba, Barretos e outros menores.

Atualmente o Comércio é um dos setores que mais emprega no Brasil.

Clerisvaldo B. Chagas, 28 de agosto de 2018

Crônica: 1.973 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

UMA NOVA SANTANA SE DESENHA

(ILUSTRAÇÃO/DIVULGAÇÃO)

Sempre tive o pensamento que se fosse puxado o asfalto desde a delegacia de polícia, rasgando até o sítio Barroso, naquela região poderia ser formada uma nova Santana, desde que essa nova cidade fosse planejada com toda estrutura. Agora vem uma surpresa jamais pensada antes, que vai muito mais além dos meus planos de geógrafo.

Trata-se de ideia do DNIT em fazer um contorno da BR-316, em Santana, desde o 7º Batalhão de Polícia num semicírculo pela região norte até além da saída de Santana para o Carié. È um projeto grandioso, “fila da puta” de arrojado! Se o pensamento do DNIT é somente desafogar o trânsito urbano poderá se sustentar até uns 15 ou 20 anos. Se for para desenvolver a região do seu traçado, acertou em cheio.

Explico: caso seja construído esse contorno, as zonas de Santana, Nordeste, Norte, Noroeste e Oeste, se expandirão até topar na linha vermelha, engolindo os sítios Riacho do Bode, Baixio (do Ivan), Timbaúba, Baixio (Abílio Pereira), Imburana do Bicho, Camonga, Barroso, Água Fria e Mata Verde. Logo, logo, pelas necessidades naturais, a prefeitura terá que asfaltar avenidas, e saídas de Santana até a linha vermelha do semicírculo proposto pelo DNIT.

Quer dizer, tudo hoje que é sítio, no prazo dito acima, será zona urbana, mais ou menos como aconteceu em Garanhuns e Caruaru. Finalmente a cidade quebrará suas correntes de confinamento pela região Norte. Inúmeras oportunidades serão oferecidas a diversos tipos de empreendedores. Será um impacto tão grande quanto o que foi no passado a construção do grande bairro Camoxinga, com a diferença de que esta foi mais lenta. 

Se o, então, prefeito Nenoí Pinto tivesse aplicado o seu plano de puxar a AL-130 pela região do Bairro Floresta até sair após a Barragem na BR-316, a parte Sul do Santana já estaria consolidada. É isso que vai precisar agora com a estátua sacra mais alta do mundo, que chegue até ela diretamente a AL-130 e continuação até a BR-316. Assim Santana do Ipanema, terá um gigantesco avanço pelo Norte e pelo Sul, podendo até pensar no asfalto da Serra Aguda a Senador Rui Palmeira, pela Lagoa do João Gomes, beneficiando a Região do Olho d’Água do Amaro.

Cabeça é para pensar.

Clerisvaldo B. Chagas, 27 de agosto de 2018

Crônica: 1.972 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

REPENTISTAS

Repentistas Clerisvaldo Braga e Zé Almeida, na Matriz. (Foto: Arquivo do autor)

Repentista filosofando sobre seca no Piauí:

“Eu tava me sustentando

De fruta de macaúba

Mas o galho ficou alto

Eu não conheço quem suba

De vara ninguém alcança

De pedra ninguém derruba”.

 

Repentista, após receber bom dinheiro de prostituta, na feira:

 

“Muito obrigado dona

Pela paga verdadeira

Mal empregado esse nome

Que lhe dão, mulher solteira

Rapariga é essas pestes

Que andam lisas na feira”.

 

Repentista recebendo no prato dinheiro mínimo de um pobre:

 

“Parece que seu Joaquim

Passou a noite no mato

Com uma faca amolada

Tirando couro do rato

Deixou o rato sem couro

Botou o couro no prato”

 

Repentista Zé de Almeida em Paulo Afonso:

 

“Já cantei com Manoel

Agora canto com Jó

Um é cobra caninana

Outro é cobra de cipó

Eu no mei me defendendo

C’um taco de mororó”.

 

Repentista de ganzá, cego Zequinha Quelé, do sítio Travessão, pedindo dinheiro na feira: “Perdoe, ceguinho”.

 

A bacia do perdoe

Deixei lá no Travessão

Sou homem não sou menino

Todo ser é assassino

Só meu padre Ciço, não.

 

Clerisvaldo B. Chagas, 24 de agosto de 2018

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 1.971

BAOBÁ


Árvore de baobá australiano Adansonia gibbosa em Derby, Austrália Ocidental (Foto: Nachoman-au / Reprodução / Wikipédia)

Para quem deseja vida longa pode se inspirar em Matusalém e outros personagens bíblicos. Mas também pode voltar sua atenção para algumas espécies vegetais, entre elas o baobá. Adansonia é um gênero de plantas com flor que agrupa as espécies de árvores das regiões tropicais áridas e semiáridas conhecidas por baobás, embondeiros, imbondeiros ou calabaceiras.

O gênero agrupa nove espécies validamente descritas, das quais seis têm distribuição natural restrita à ilha de Madagáscar, uma ao continente africano e Médio Oriente e outra à Austrália. O nome genérico é uma homenagem a Michel Adanson (1727-1806), o naturalista e explorador francês que descreveu a espécie africana Adansonia digitata.

O baobá é a árvore nacional de Madagáscar e o emblema nacional do Senegal.

Alguns indivíduos podem até chegar aos mil anos de existência.

Na África, existem os contadores de história e são considerados com muito respeito o que equivale por aqui ao título de Patrimônio vivo do lugar. O sábio, aquele que sabe da vida mais do que os outros. Não temos a informação se o costume continua, mas ao falecer um desses sábios das tribos, eram sepultados no tronco do baobá. Isso mesmo, quando o baobá fica muito velho, torna-se oco, servindo, inclusive, para a armazenagem de água. Outras pessoas de profissões distintas, também eram ali sepultadas.

Existe um respeito grande e profundo pela terra, pelos montes, pelas árvores, emanadas dos nativos de cada região. Não poucas vezes esse respeito e costumes são ignorados por outros povos que nem sequer estudam as culturas diferentes das do seu território. Assim como o baobá, a jurema tão encontrada em nossa região seca, tem muito significado para rituais de religiões afros.

O mundo precisa de mais cultura, civilização, humanidade e tolerância. Mas o que dizer de um planeta de expiação como o nosso? Não somos o mais atrasado e nem o mais adiantado. Estamos buscando a evolução nessa mistura do bom e do ruim. Muitas vezem somos baobá, outras vezes somos machado.

Clerisvaldo B. Chagas, 23 de agosto de 2018

Crônica: 1.970 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

AMOR AO PRÓXIMO E À NATUREZA

São Francisco de Assis (Foto: Ilustração)

Mesmo diante de tempos agitados, pensamos que não existem mais pessoas boas, servidoras, sem interesse e iluminadas. Mas quando Deus espalhou as sementes no mundo deixou que elas germinassem sem distinção e nem épocas determinadas. Certo que os homens se misturam na filosofia, umas trazidas dos antigos, outras elaboradas no concreto das metrópoles, nos picos dos montes naturais, à beira de gigantescos oceanos ou mesmo nos corações de florestas palpitantes. Uns querem roubar eternamente, outros querem doar amor e bens, outros ainda procuram aumentar a fortuna e muitos, nem sempre percebidos, procuram se doar ao próximo numa caridade iluminada pelo Divino Espírito Santo.

Eles estão mesmo até invisíveis nas multidões, nos hospitais, na periferia, no campo ou na cidade, fazendo o bem sem saber a quem. Mas vejamos abaixo um pequeno texto sobre uma pessoa incomum. O texto pode não mudar sua vida, mas com certeza deixará a sua pessoa mais observadora. Encontrado no livro BOULOS, de História:

“Filho de um rico comerciante de tecidos, Francisco nasceu em 1.182, em uma pequena cidade da Itália chamada Assis.

Quando jovem, ficou gravemente enfermo e, refletindo sobre sua vida, decidiu que, ao se restabelecer, se dedicaria aos pobres, aos leprosos e a todos que dele necessitassem. E foi o que de fato fez. Com 27 anos, escreveu para os seus seguidores uma regra com dois princípios: pobreza e humildade. Era o início da Ordem dos Franciscanos. Essa ordem logo foi aprovada pelo Papa e, em pouco tempo, tinha milhares de membros espalhados por toda a Europa.

De acordo com as pessoas que o conheceram, o amor de Francisco não conhecia limites: doentes ou sadios, cristãos, muçulmanos ou judeus, ricos ou pobres, peixes e aves, Lua, Sol, todos eram considerados por ele como seus irmãos.

Francisco morreu em 1.226 e foi enterrado na igreja que tem o seu nome. Sua vida continua inspirando gestos de amor ao próximo e de respeito à natureza”.

[FICOU ADIADO O NOSSO ENCONTRO DE HOJE NA ESCOLA HELENA BRAGA, PARA O DIA 30 AS 8.30 NA SEXTA GERE].

Clerisvaldo B. Chagas, 22 de agosto de 2018

Escritor Símbolo do sertão Alagoano Crônica: 1.969

A FELICIDADE E O REI

Ilustração: (Ana Walls)

Quem não conhece uma das versões sobre a felicidade e o rei? Para se falar em felicidade existem bilhões de filósofos no mundo, é somente perguntar a um deles o que é aquilo e a resposta logo vem. Talvez seja como as histórias do lobisomem que todos acreditam, mas nunca viram. Gregos, egípcios, romanos, chineses, indianos e tibetanos falam de tudo e cada qual vê a felicidade à sua maneira. Para tirar a prova, certo rei que o povo inventa, resolveu estipular um grande prêmio para qualquer pessoa da terra que provasse ser feliz. E não é que apareceram mesmo vários indivíduos seguros que a danada morava com eles. Danada é força de expressão, mas será que a felicidade dormia no mesmo travesseiro?

Pois bem, dizem que inúmeros candidatos apareceram, mas diante das perguntas maliciosas do rei, os pretendentes iam se retirando sem conseguir mostrar o diploma dado pela tal Felicidade. E lá para as tantas a esperança estava com o último candidato. O rei então indagou ao cidadão que estava muito confiante: “E então, meu amigo, o senhor é mesmo feliz?”. E o cabra, mais animado do que pinto no lixo, começou a desenrolar o carretel guardado: “Sou formado, bem casado, tenho filhos maravilhosos, ganho bem, nunca tive necessidade de ir a um médico, como do melhor, durmo relaxado e até os sonhos são belíssimos. Tenho minha casa própria, bastantes animais na fazenda, saio e volto quando quero e nem uma coisa do mundo me perturba. Posso dizer ao meu rei, que sou um homem feliz”.

O monarca ainda lhe fez algumas perguntas, mas o homem continuava defendendo a maravilha em que vivia. A multidão mesmo aplaudia aquele estranho, dando como certa a entrega do prêmio prometido. Quando o interrogatório estava terminando, o candidato estendeu a mão ao rei pedindo a recompensa. “Que recompensa?” Indagou o rei. Se o senhor fosse de fato um homem feliz, não viria atrás do meu dinheiro. A ambição lhe dominou e, um indivíduo ambicioso não pode ser feliz.

O homem se remexeu, pensou rápido e deu razão ao rei.

E você, o que pensa da felicidade?

Clerisvaldo B. Chagas, 21 de agosto de 2018

Crônica: 1.968 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

SANTANA – ÁGUAS BELAS

ÁGUAS BELAS. (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Em 1938 o progresso andava de gatinhas.  No dia 28 de julho, Santana do Ipanema recebia o senhor Pedro Gaia, proveniente de Palmeira dos Índios, como novo interventor. Havia muito pouca gente na festa, segundo o saudoso escritor, Oscar Silva. Mas, por coincidência, foi naquele mesmo dia que chegou de Piranhas um telegrama dando conta da morte de Lampião, Maria Bonita e mais nove sequazes. A festa que estava morna reanimou-se e passou a ser o maior evento nacional. De repente chegou a Imprensa de quase todo o país com seus repórteres e fotógrafos e mais multidão vinda da própria Alagoas e de estados limítrofes.  E assim começava a administração do senhor Pedro Gaia com o pé direito e prenúncio de bom governo.

Mesmo com as dificuldades da época, o interventor fez a primeira reforma da prefeitura e abriu a estrada para Águas Belas, cidade vizinha do lado pernambucano. Saiu rasgando caminho pela região serrana de Santana até a terra dos índios Fulni-ô ou Carnijós, primeiros habitantes da região. Pedro Gaia reconheceu a importância do intercâmbio entre as duas cidades amigas e bicentenárias. As visitas mútuas entre seus habitantes passaram a ser mais frequentes e refletiam nas feiras semanais de ambas. Quando o time do Ipanema foi criado na década de 50, sempre jogava em Águas Belas, aumentando a amizade entre as duas, a ponto de o torcedor santanense ter todas as despesas pagas pela população daquele lugar.

E se os tempos de Pedro Gaia eram difíceis, não podemos dizer a mesma coisa neste século XXI. Precisamos repensar a nossa política ultrapassada e beneficiar as regiões dos nossos povoados com o asfalto benfeitor. Pedra d’Água dos Alexandre, São Félix e São Raimundo precisam urgente desse benefício. No caso São Félix, o asfalto seria prorrogado até a nossa coirmã Águas Belas que fica apenas a um pulo de Santana do Ipanema. Essas regiões hoje esquecidas abraçariam de vez o progresso e passariam a contribuir muitas vezes mais com os impostos para o município, trazendo melhor qualidade de vida aos seus cidadãos.

Por que Pedro Gaia pode e o século XXI não pode?

Gestores… Pensem na proposta.

Clerisvaldo B. Chagas, 20 de agosto de 2018

Crônica: 1.967 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

NÓS E O TEMPO

Foto: Ilustração / Blog de Rocha 

Diz o povo do meu sertão que “mês miou, mês findou”. E para melhor entendimento do praciante, como o sertanejo também diz, é que chegou a primeira quinzena, pronto, o tempo parece correr para o final do mês. Os dias não miaram com o português do analfabeto, mas mearam. E de fato parece que quando a coisa não anda muito bem em nossas vidas, o tempo parece muito devagar e depois acelera a jornada quando chega tal dia 15. Quem vive da agricultura e de um pequeno criatório, fica desanimado e muito mais pobre quando as chuvas não chegam com precisão em nosso semiárido. No sertão nordestino pode-se falar em tudo, porém, o assunto principal naturalmente é o clima que reflete muito bem a doideira do hoje em dia.

O movimento é grande em diversas prefeituras do interior, visando à ajuda do governo central, contra a seca. Nem terminou ainda o nosso período chuvoso e se torna necessário o berro descomunal do homem do campo. É como dizia certo proprietário rural: “No Nordeste estamos sempre começando”. Amealha-se alguma coisa por certo tempo e depois se perde tudo para voltar ao ciclo vicioso que marca o agronegócio do pequeno. Mas nem todos conseguem persistir na resistência e migram. Migram para bem longe da terra natal, dando adeus à terra que lhe deu à luz. Tenta-se em outro canto conquistar a dignidade que as terras e os senhores da terra não quiseram dar. É assim que se ouve uma triste partida silenciosa e sem a melodia do Rei do Baião.

E volta-se à triste e necessária política do caminhão–pipa, tristeza para o Jeca, felicidade para o político viciado que esfrega as mãos com o contentamento da seca que lhe arranja escravos. A água mistura-se a humilhação diária, mata a sede, mas não anima. O caminhão-pipa não chega com o charque, o açúcar, a proteína… Nem a saúde combalida de velhos, crianças e adultos que batem com o desengano nos pratos lisos. Agosto “miou”, um miado gigante que destroça o coração do necessitado. Mas os rios de dinheiro tornam-se riachos para as necessidades da Justiça que procura um aumento do tamanho de um elefante.

Continuamos vivendo uma vida egípcia onde a desumanidade ainda reina nos cetros dos faraós.

Clerisvaldo B. Chagas, 17 de agosto de 2018

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 1.966

SERÁ DIA 22

HELENA BRAGA, PONTO DE ENCONTRO DO DIA 22 (FOTO: LIVRO 230, DE CLERISVALDO B. CHAGAS).

Agendamos para o dia 22 próximo, o nosso encontro para avaliação do livro “O Boi, a bota e a batina; história completa de Santana do Ipanema”, que foi escrito até 2006. Como escrever documentários da cidade, nunca foi compreendido pelas sucessivas autoridades, a urbe vai ficando sem a sua história real enquanto gasta-se o que não tem com um cantorzinho saído do buraco da onça, somente para fazer zoada na praça. O maior documentário jamais produzido no interior do estado não baterá mais à porta dos donos do poder que têm obrigação de publicar documentos úteis à população e existe verbas aos montes para isso. Sem questionar, estaremos na Escola Estadual Profa. Helena Braga das Chagas, apresentando em vídeo o nosso trabalho dia 22 próximo (quarta-feira) as l9 horas e 30 minutos.

A Escola Helena Braga enviou convites para esse encontro, às escolas, sem exceção, para que seus mestres possam apreciar, questionar e sugerir como publicá-lo. Não somente os professores de Geografia e História estão convidados, mas qualquer pessoa de Santana do Ipanema que esteja interessada em sua história. Após a apresentação e conclusões, será mostrado o “Projeto Resgate do Campo” que terá início no próximo mês de setembro e já possui a parte de gabinete bem adiantada. O nosso projeto é aberto e todos os cidadãos e cidadãs podem se engajar. Como? Indo ao encontro do dia 22 para se inteirar de tudo. Confirme sua presença com o professor Marcello Fausto, coordenador da Escola Helena.

Agradecemos o apoio do diretor e professor Ivanildo Ramalho que deseja uma escola modelo para o Helena e confia que o nosso trabalho no campo seja de qualidade e digna de primeiro mundo. Assim também esperamos o apoio desde o gari ao empresariado santanense e das demais unidades de ensino, Imprensa, pesquisadores e cidadãos comuns. Todos estão convidados para a noite do dia 22 (quarta-feira) às l9 horas e 30 minutos.

“A união faz a força”.

Clerisvaldo B. Chagas, 16 de agosto de 2018

Crônica: 1.965 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

FOI NA HISTÓRIA GERAL, FOI EM SANTANA

JURITI, RESISTÊNCIA DOS ÚLTIMOS SAPATEIROS (FOTO: CLERISVALDO B. CHAGAS)

“Antes da Revolução Industrial, as formas de produção predominante nas cidades europeias eram o artesanato e a manufatura.

No artesanato as tarefas eram feitas geralmente pela mesma pessoa. No caso de confecção de sapatos, por exemplo, era o sapateiro que inventava o modelo, cortava, costurava, colava o couro e dava acabamento. O artesão era dono da matéria-prima e das ferramentas e conhecia todas as fases da produção; a oficina ficava num cômodo da sua própria casa.

A partir do século XV, com as Grandes Navegações e as conquistas de mercado na África, na Ásia e na América, aumentou muito a procura por produtos europeus. Muitos negociantes da Europa passaram, então, a reunir trabalhadores em grandes oficinas e a oferecer-lhe a matéria-prima e uma remuneração pelo serviço realizado. Essa forma de produção é chamada de manufatura. Nela, a oficina e as ferramentas pertencem ao capitalista e ocorre uma divisão de trabalho, cada trabalhador realiza uma parte do trabalho.

Depois, com a criação de máquinas industriais movidas a vapor, ocorreram mudanças profundas. Cada uma dessas máquinas substitui diversas ferramentas e realiza o trabalho de várias pessoas. As pessoas foram deixando de trabalhar em casa, ou em oficinas e passaram a trabalhar em fábricas para um patrão em troca de salário. Essa nova forma de produção recebeu o nome de maquinofatura”

JÚNIOR, Alfredo Boulos. História, sociedade e cidadania. FTD, São Paulo, 2015. 3a. ed. Pag. 80.

Aqui, em nosso Sertão velho de guerra, sentimos essa mudança a partir dos anos 60, em Santana do Ipanema. Os sapateiros individuais foram convocados ao trabalho pelos patrões capitalistas, deixando assim o artesanato e formando a manufatura. Havia várias fabriquetas de calçados como a de Seu Elias, na Rua São Pedro; a de Seu Pim-Pim em pleno centro comercial (onde foi após, as Casas Lima) e a de Seu Evilásio Brito na Rua Barão do Rio Branco.

Sem querer falar mais no leite derramado, todas fecharam e a nossa cidade perdeu a oportunidade de ser no futuro um grande polo calçadista do País.

Haja ignorância no mundo.

Clerisvaldo B. Chagas, 15 de agosto de 2018

Crônica: 1.964 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano