ESPECIAL DE CARNAVAL “Bloco Santana dos Meus Amores”

Cobertura completa no “BLOCO SANTANA DOS MEUS AMORES”  – Onde abriu o Carnaval de Santana do Ipanema, no último dia 26 de janeiro de 2013 – Percorrendo diversas ruas de nossa cidade, dando maior brilho ao Carnaval, com arrastão de mulheres, trio elétrico e com muita animação. O Bloco com exclusividade só para mulheres.

Andréia e a Organizadora do Bloco Santana dos meus amores – Rosiane Bastos

Chiara, Vanda e Andréia

Turma Mara Isadora, Andréia, Ellen, Vanda e Eurides

Chiara e Evânia funcionária da ESSE/UNEAL

Eu com Neidinha – Zootecninista

Chiara e Rosiane Bastos

Luana Queiroz – Trabalha no INSS – Santana com Amigas

Rosiane Bastos com amiga – Professoras Lúcia Barbosa, Edivânia Amaral e Namcy Melo

Eu, Juliana Alencar Fisio, Jovem Jeane e amiga

Edilene Barbosa, Marinete Cabral e Jicélia – do CLube da Melhor Idade

Eu e Ilcleber estudante de Direito e sua mãe

Cleudson Nobre e Tatiana

Nossa querida Ex-vereadora Eliana e amigos

Nancy Melo, Vereadora Dora e Terezinha Carvalho

Luana do INSS, Carleane e seu esposo

Enfermeira Joyce Aquino e namorado

Dedinha, Simone e amigas

Eu e minha amiga Enfermeira Jacqueline

Presidente do CMDCA – Évio Carvalho e amigos

Isadora Amaral e sua mãe Edivânia

Minha querida Professora Maria José – Baé

Enfermeira Sibele Arroxelas e a Psicologa Ana Paula F. Queiroz

Poliana e amigas

Vereadora Dora de Ubiratan

Betinho e amigas

Serginho Cavalcante e amigo

Daniela, Viviane, Everton , Túlio, Jr Meirica, Jr Gu e amigos

Eu, Rosiane Bastos, esposo Edivan da EMATER e amigo

Toninho Dentista, Normanda, filhos e esposo e Mércia Lúcia

Galera Taninha, Andréia, Eu e amigos

Rosiane Bastos e amiga

Aninha Monteiro, Eunice do Hospital e Maria Helena

Josineide machado, esposo e Telma Tavares

Miria Lane e Lucineide Araújo

Clara, Professora Kaka Santana, Eu e a Enfermeira Adriana Damasceno

Procurador Jurídico da Prefeitura Paulo Fernando e namorada

Família Queiroz e Ferreira

Iran do Ferrageiro e Vanda

Enfermeiro Gilson Lopes e amigas

Rosiane Bastos e amigas

Eu com amigos

Daniela e amigos

Lucineide Araújo e amigos

Sibele Arroxelas e amigas

Eu, Joseane Soares – Josy Boutique e filha

Foto acima Eu Mist Willys, Bruno Bezerra e amigos / foto Rosiane, Dinha e amigas

Galera no Bloco Santana dos Meus Amores

Reminho, Namorada e amiga

Eliana e Aricleo

Eliana e amiga

Terezinha carvalho e amigas

Terezinha Carvalho e amigas

Terezinha Carvalho, Baé e amigas

 

Entrevista com ROSIANE BASTOS Organizadora do “Bloco Santana do Meus Amores”

ROSIANE BASTOS – Santanense criadora e organizadora do “BLOCO SANTANA DOS MEUS AMORES” Onde abre o Carnaval de Santana do Ipanema. Visando dar maior brilho ao Carnaval de nossa cidade, onde desfilam pelas principais ruas de Santana do Ipanema, com arrastão de mulheres, trio elétrico e com muita animação todos os anos. O Bloco com exclusividade só para mulheres, onde elas participam vestidas de ABADÁ.

CELEBRIDADE IN FOCO: Como surgiu o Bloco Santana dos Meus Amores, e porque é um bloco com exclusividade só para mulheres?

ROSIANE BASTOS: Na verdade sempre tive esse sonho de fazer um bloco só para mulheres. No ano de 2010 convidei algumas santanenses para fazer um bloco e como elas ficaram interessadas, daí venho o interesse e formar-lo, com trabalho e dedicação foi formado, e hoje vem fazendo um grande sucesso em nossa cidade.

CELEBRIDADE IN FOCO: No início como foi? Pois moramos em uma cidade que não temos apoio, principalmente nestes projetos. Sabemos que para organizarmos um bloco tão grande que é o “Santana dos meus amores” onde precisamos de apoio tanto da Prefeitura, como do comércio e da própria sociedade, onde na maioria não acreditam, como foi para você torná-lo sucesso?

ROSIANE BASTOS: (RISOS) Realmente como sempre tive o sonho de criar esse bloco, numa festa da juventude, comentando com santanenses que moram em outras cidades, tive o prazer de ser incentivada daí venho à realização do mesmo, onde comecei com 250 mulheres, no próximo com 300 mulheres e esse ano quero levar as ruas de nossa cidade mais de 600 mulheres.

CELEBRIDADE IN FOCO: qual a sua expectativa para 2013, o que o bloco tem oferecer as mulheres que participam dele?

ROSIANE BASTOS: A minha expectativa é boa, neste ano temos o nosso tradicional picolé de cachaça, trio elétrico, orquestra e muita animação, porque já temos um público de mulheres santanenses e outras amigas de estados vizinhos como: Pernambuco e Sergipe e de outras cidades alagoanas como Maceió, Arapiraca, Palmeira dos Índios, Poço das Trincheiras, Olho D’água das Flores.

CELEBRIDADE IN FOCO: Observemos que todos os anos têm crescido bastante o bloco, e os homens não podem participar, porque não fazer um bloco para todos?

ROSIANE BASTOS: No momento não queremos homens, e sim continuamos só com mulheres, pois sabemos que homem dá um pouco de trabalho e não temos interesse.

CELEBRIDADE IN FOCO: Vejo que neste bloco ter uma característica de um bloco com discriminação, pois os homens santanenses se comportam muito bem e gostam de participar de carnavais, festas de nossa cidade, mais todos os anos uma multidão de homens acompanham fora das cordas, o que você acha disso?

ROSIANE BASTOS: (RISO) Não estamos discriminando, apenas é um bloco só para mulheres, e não queremos abrir para todo o público, desde criação até hoje foi só para mulheres e continuará. Mais sempre temos a presença de homens fora das cortas animando mais sem nenhuma responsabilidade nossa.

CELEBRIDADE IN FOCO: Tenho visto a presença de crianças no bloco, como é feito essa permissão?

ROSIANE BASTOS: As crianças que vão ao bloco só serão permitidas na companhia da mãe, e não temos nenhuma responsabilidade do que venha acontecer com as mesmas.

CELEBRIDADE IN FOCO: Considerações finais.

ROSIANE BASTOS: Agradeço a Coluna Celebridade In Foco pela entrevista, pois a coluna vem fazendo sucesso a cada entrevista, a minha família, meu esposo Edivan, meu filho e minhas filhas, e a todas as mulheres que abrilhantam o Bloco Santana dos Meus Amores.

 

Mais um médico santanense Rendreson Damasceno Ferreira

Rendreson Damasceno Ferreira, natural de Santana do Ipanema-AL, formado em Pedagogia pela Universidade Estadual de Alagoas – UNEAL, e agora em medicina pela Faculdades Integraas Aparício Carvalho – FIMCA, no estado de Rondônia.

CELEBRIDADE IN FOCO: Como surgiu essa vontade de você ser médico, sabemos que em Alagoas é muito competitivo, e que só existem apenas duas instituições que oferece o curso de medicina?

RENDRESON DAMASCENO: Desde criança tinha a vontade de ser um médico, quando terminei meu ensino médio fui morar em Maceió, e fazer vestibular, onde fui aprovado no curso de Fisioterapia, chegando a concluir no ano de 2006, como nunca foi meu sonho, foi para Rondônia prestar vestibular para medicina, graças a Deus fui aprovado, daí comecei a realizar meu sonho e hoje estou aqui formado em medicina

CELEBRIDADE IN FOCO: O que significa hoje você está formado em médico?

RENDRESON DAMASCENO: Para mim é muito importante, hoje ser mais um médico filho de Santana do Ipanema, com muito esforço e dedicação, ter concluindo o curso de medicina, mais para eu conseguir me formar e chegar a realizar esse sonho foi por causa do apoio da minha família, principalmente da minha querida mãe JONADIR DAMASCENO FERREIRA, que sempre acreditou e incentivou na realização do mesmo.

CELEBRIDADE IN FOCO: Sabe que hoje as dificuldades para serem médicos, são grandes, e por ser um curso mais concorrido no Brasil. Qual é o conselho que daria para um jovem que busca esse sonho?

RENDRESON DAMASCENO: Estudar, dedicar e nunca desistir dos seus sonhos.

CELEBRIDADE IN FOCO: Depois que você se tornou um médico, o que mudou na sua vida? e o que pretende fazer no futuro?

RENDRESON DAMASCENO: (RISOS) primeiro ter mais responsabilidade por ser uma profissão muito importante, digo todas são importantes, mais a de médico e mais por cuidar de VIDAS, e está sempre em busca de especialização, para atender com mais qualidades aos que procuram.

CELEBRIDADE IN FOCO: Suas considerações finais:

RENDRESON DAMASCENO: Sempre acreditar em nossos sonhos, pois para ter sucesso e preciso ter fé em Deus!

 

Somos seres dependentes da natureza

Não estamos meramente na Terra; antes disso, somos a Terra. Não ocupamos a natureza como meros participantes; somos a própria natureza, feitos de poeira das estrelas. Todo o material de que nós somos feitos (exceto hidrogênio e parte do hélio) foram manufaturados nas estrelas que morreram antes do sistema solar se formar. Portanto, nada mais somos do que produto das estrelas. Nas palavras do astrônomo Carl Sagan (1934 – 1996), somos “poeira das estrelas”.

Dependemos da natureza, das terras, da água, do ar, do sol, da chuva, das abelhas (sem elas não haveria alimentos), do fitoplâncton (algas microscópicas unicelulares responsáveis por 98% do oxigênio presente na atmosfera. O oxigênio produzido por estas microalgas através da fotossíntese é o mesmo oxigênio que respiramos na atmosfera, já que há troca de gases entre a água e o ar, daí a importância destas microalgas para a vida no nosso planeta) e dependemos muito das estrelas. Isso tudo não é prosa nem verso; é fato! São as estrelas com sua capacidade ímpar de brilhar que geram energia fundindo hidrogênio em hélio e, dessa combinação, permite-se aflorar o nitrogênio, o oxigênio, o carbono, o ferro que se localizam nos aminoácidos (unidades químicas que compõem as proteínas) e nas proteínas (que formam os músculos, os ligamentos, os tendões, as glândulas, enfim, que permitem o crescimento ósseo). Sem isso, a vida não seria possível. Somos, por consequência, a própria natureza ainda por razões filológicas. Não por acaso, somos originários do Adão bíblico (em hebraico, Adam significa “Filho da Terra”), ainda que isso seja puramente uma metáfora. Somos natureza ainda quando nos damos conta de que pelo aspecto filológico as palavras homem/humano vem de “húmus”, cujo significado é “terra fértil”.

Apenas por esse aspecto, cuidar da natureza é, antes de tudo, cuidar da vida em seu sentido mais literal possível. Lamentavelmente, para atender as solicitações do mercado de consumo, a atividade econômica, em especial, tem patrocinado a mais severa destruição das teias da natureza que conformam a capacidade de sustentação da vida. Destruir a natureza em troca dos apelos da voracidade do consumo de bens é, antes disso, destruir a própria vida em seu conjunto. O mercado, assim como toda a economia, e a nossa sobrevivência dependem do conjunto dos recursos naturais. A economia, enquanto atividade produtiva é apenas um subproduto do ambiente natural e depende escandalosamente dos mais variados recursos que a natureza emana. É importante salientar que nós, como todos os seres vivos, somos partes e não o todo desse ambiente natural que contempla essa riqueza chamada “viver”.

As demandas humanas se vinculam à capacidade da terra, contudo, essa é a conta que não fecha. “Em 1961, precisávamos de metade da Terra para atender às demandas humanas. Em 1981, empatávamos: precisávamos de uma Terra inteira. Em 1995, ultrapassamos em 10% sua capacidade de reposição, mas era ainda suportável”, quem diz isso é Leonardo Boff.

Em relação a isso, parece não haver dúvidas de que estamos falando de uma perspectiva que envolve essencialmente a manutenção da vida pelos íntimos laços que temos para com a Mãe Terra. Nesse pormenor, é oportuno resgatarmos a argumentação do educador canadense Herbert M. McLuhan (1911-1980): “Na espaçonave Terra não há passageiros. Todos somos tripulantes”.

A economia sendo um espaço de conhecimento das ciências humanas não pode prescindir em ajudar na disseminação de um discurso em prol da vida, e não a favor do deus mercado como tem sido freqüente desde o surgimento da Escola Clássica no século XVIII. Pelas lentes das ciências econômicas, discutir desenvolvimento econômico, confundindo-o com crescimento é o mais absurdo dos equívocos, pois a economia tradicional nos leva a pensar apenas em aspectos quantitativos, e não nos qualitativos. Por isso, para abastecer as prateleiras do mercado de consumo patrocina-se a destruição dos recursos naturais sem piedade. Perceber a economia apenas pela quantidade de coisas produzidas é um erro abissal que somente tem feito provocar ainda mais a cultura do desperdício e da falta de parcimônia em matéria de regular a atividade produtiva, ao passo que isso tudo aprofunda o consumismo, essa chaga do sistema capitalista que põe as teias da vida, da Mãe Natureza, sob o constante risco da dilapidação completa.

(*) Professor de economia. Especialista em Política Internacional e Mestre em Integração da América Latina (USP).

Urubus e carcarás aguardam o momento certo para o bote

(Foto: Arquivo Google)

Tem sido comum e quase uma praxe observar as figuras chamadas “carimbadas”, as quais se acham oniscientes e parecem onipresentes, pois aparecem em todas as administrações, como num passe de mágica.

Não importa quem essa figura tenha defendido nas últimas eleições, mas ao final lá está ela, novamente, se lambuzando nas benesses do poder, com a velha desculpa de que: “agora o palanque acabou”.

São verdadeiros artistas, na arte de representar, daqueles de causar inveja aos grandes protagonistas das novelas globais, quiçá Christopher Lee, o eterno intérprete de o Conde Drácula.

Muito se comenta sobre a cara de pau dos políticos, no entanto se esquece dos eleitores sem pudor. E da mesma forma que certos políticos acabam convencendo os eleitores de que não foi bem aquilo que ele quis dizer durante o período eleitoral, esses eleitores acabam usando da mesma artimanha para convencer e persuadir os políticos eleitos.

Não é preciso muita sapiência para identificar esses apaniguados “urubus e carcarás administrativos”. Em geral são puxa-sacos, dedos-duros e traidores. No momento em que seu chefe passa à condição de ex essa desprezível figura é a primeira a pular fora, tipo aquela velha história dos ratos, os primeiros a abandonarem o convés no momento do naufrágio.

Os urubus e carcarás administrativos são, em sua maioria de classes mais abastadas, entre a média e a alta, apesar de existirem os de menor poder aquisitivo. Quando estão desempenhado funções de baixo escalão os seus chefes são semideuses e pessoas hiper-competentes. Entre muitos exemplos de bajulações, esses nauseabundos chegam a fazer as compras dos seus comandados mesmo sem ser a sua função, escolher os seus perfumes e até a trocar as fraudas de seus filhos.

Quando o carcará se encontra numa função de destaque, é comum trocar as pessoas competentes pelas bajuladoras, além de pisotear e humilhar as de menos poder aquisitivo.

Ao longo da história política mundial se verificou que poucos governantes deram uma maior atenção a esse fato, no entanto poucos sobreviveram por muito tempo quando agiram de forma a beneficiar mais os adversários do que os aliados, mesmo admitindo que existam aliados traidores. E nesse caso não pode haver maior aliado de um governante posto pelo povo do que o próprio povo.

Santana do Ipanema tem demonstrado possuir um histórico de resistência política, ainda que desorganizada. Revelando assim ter uma célula de independência. Nas vezes em que agiu dessa forma teve uma maciça participação popular. E mesmo quando os governantes não atenderam aos seus anseios, a classe popular desta cidade sertaneja voltou a agir contra a opressão e a ostentação de poder, demonstrando a sua insatisfação.

Toda revolução requer tempo, paciência, além de trazer bastante sofrimento para a população, especialmente a mais pobre. Pois ela tem consciência da sua importância na hora de eleger e defender o seu administrador, e continua acreditando que agindo dessa forma, um dia, algo vai mudar para melhor.

Por outro lado, a classe dominante, em menor número, acaba abarcando a maior fatia do bolo.

A Revolução Francesa ainda pode ser vista como um dos maiores exemplos de insatisfação popular de todos os tempos, onde rei, rainha e vassalos foram guilhotinados. O problema foi que, durante muitos anos, após a revolução, a burguesia, que tinha um maior poderio aquisitivo, acabou não beneficiando os trabalhadores, os quais tiveram que continuar lutando e adquirindo as suas conquistas.

Exemplo ainda maior do que o da Revolução Francesa aconteceu na pequena ilha de Cuba. A poucos quilômetros do país mais poderoso do mundo, Cuba deu exemplo ao mundo de como o povo unido pode vencer os seus opressores, por mais poderosos que pareçam. Onde um grupo de pouco mais de oitenta guerrilheiros conseguiu derrubar um governo corrupto e tirano.

Mas, numa análise mais profunda vamos verificar que, para que isso desse certo o líder da Revolução Cubana, Fidel Castro, contou com o apoio do povo oprimido, que de uma forma ou de outra lhe deu ampla ajuda, e depois desta importante conquista os cubanos contaram com o apoio da então União Soviética, dando-lhe suporte para evitar uma possível invasão dos Estados Unidos.

A pergunta é: por que ainda hoje, mesmo sendo um país pobre, o povo cubano reverencia e dá apoio aos seus heróis, liderados por Fidel Castro, Camilo Cienfuegos e Ernesto Che Guevara?

Para conquistar o apoio popular, os guerrilheiros que lutaram pela liberdade de Cuba prometeram, durante a campanha, que fariam uma ampla reforma agrária, que o povo teria educação e saúde de qualidade, além de outros benefícios, desfrutados apenas naquele momento por uma minoria. A resposta é simples: a promessa foi cumprida e o povo beneficiado, mesmo com uma das mais covardes atitudes imposta a um país, que é o bloqueio econômico liderado pelos Estados Unidos, que ainda hoje vigora.

Sem luta não há vitória e sem participação popular não há conquista verdadeira e o que resta é a opressão.

Como sugestão de reflexão segue abaixo a música Capim Guiné, de Raul Seixas. Dá pra ter uma ideia do que seja lutar pelo social e depois se ver obrigado a ser atropelado pelos urubus e carcarás.

Capim Guiné

 

Plantei um sítio

No sertão de Piritiba

Dois pés de guataiba

Caju, manga e cajá

 

Peguei na enxada

Como pega um catingueiro

Fiz acero, botei fogo

“Vá ver como é que tá”

 

Tem abacate, jenipapo

E bananeira

Milho verde, macaxeira

Como diz no Ceará

 

Cebola, coentro

Andu, feijão-de-corda

Vinte porco na engorda

Até o gado no currá

 

Com muita raça

Fiz tudo aqui sozinho

Nem um pé de passarinho

Veio a terra semeá

 

Agora veja

Cumpadi, a safadeza

Cumeçô a marvadeza

Todo bicho vem prá cá

 

Num planto capim-guiné

Pra boi abaná rabo

Eu tô virado no diabo

Eu tô retado cum você

 

Tá vendo tudo

E fica aí parado

Cum cara de viado

Que viu caxinguelê

 

Suçuarana só fez perversidade

Pardal foi pra cidade

Piruá minha saqüé

Qüé! Qüé!

 

Dona raposa

Só vive na mardade

Me faça a caridade

Se vire e dê no pé

 

Sagüi trepado

No pé da goiabeira

Sariguê na macaxeira

Tem inté tamanduá…

 

Minhas galinha

Já num fica mais parada

E o galo de madrugada

Tem medo de cantá.

A vida é bela

O sol iluminando, e acendendo as cores das coisas. O céu, infinitamente azul, as folhas das árvores esplendorosamente verde, o passarinho cantando docemente, muito além do fio de alta tensão. Pense nossa história como se ouvisse música. Uma bela canção, chamada vida. Como que embalados por uma melodia cotidiana, vamos contar dum tempo, especial. Início dos anos sessenta na cidade de Santana do Ipanema. É preciso que recordemos que à época, estávamos a apenas uma dezena e meia de anos, do término da Segunda Guerra Mundial. O mundo se recuperava fisicamente, dos horrores da guerra. Recuperava-se ainda mais, emocionalmente. Talvez por conta disso, as pessoas estivessem ainda mais sensíveis, mais humanas. Depois duma tragédia. As coisas adquirem novo sentido, novo significado. Santana, era parte desse mundo ressurgido das cinzas.

Um oceano inteirinho, milhares de quilômetros de espaço aéreo, centenas de quilômetros de estradas de rodagem e outro tanto de pistas asfaltadas, separava os sertões das Alagoas donde ocorreram os fronts de combates, os pelotões em ordem de batalha, as trincheiras, dos combates sangrentos. No entanto tudo isto estava muito presente, em nós. Como nuvem sombria, pairava sobre as mentes, sobre as ações. Ainda que cem décadas se passassem, não seriam suficientes para cicatrizar, as feridas de uma guerra mundial. Ainda mais que vivíamos, a espelho do resto do mundo, sob um sistema totalitário, o regime militar.

A escola copiava o sistema vigente. A farda, a disciplina, o amor a pátria. Cantar o hino nacional antes de adentrar as aulas. Ter respeito aos símbolos nacionais, a bandeira, o brasão da república. Todo soldado era símbolo de dedicação, honradez e disciplina. Na semana da pátria um militar era convidado à escola para instruir os estudantes como deviam se comportar por ocasião do desfile cívico. Nas casas vivia-se o modelo patriarcal de viver. O pai era a figura central da família, a ele se devia todo respeito. A mãe era símbolo de amor, de dedicação a sua prole. A mulher ao se casar, no mais das vezes renunciava de qualquer ideal puramente seu, para dedicar-se exclusivamente a família.

A vida é bela, se nobres são os ideais. Tecnologia de ponta era máquina de costura Singer, onde em casa, se fazia as roupas. Um rádio receptor anunciando o “Repórter Esso”. Uma geladeira arredondada nas curvas de puxador engraçado, com um pinguim capitaneando por cima. Televisão em preto e branco era pra poucos. O melhor programa para a tarde, era ir até a casa da vizinha, conversar, falar da saúde dos filhos, de uma receita de bolo, um remédio caseiro, pra tosse, óleo de rícino e mastruz com leite pros vermes, banho de Samba Caitá pra cicatrizar mais rápido as brotoejas e o sarampo. Rever cartas à muito guardadas, amarradas com fita de filó, cheirando a Colônia de Alfazema. A vitrola ABC “a voz de ouro”, tocando Dalva de Oliveira.

“Vê estão voltando as flores

Vê nesta manhã tão linda

Vê o sol iluminando

Vê há esperança ainda”

Sobre a cristaleira a compota com doce de goiaba em calda, semeado de cravos da Índia. Peças de porcelana esmaltada com desenhos que lembram a aristocrática corte francesa de Luiz XV. Na parede o retrato do pai a cryon. Biscuit na copa e a “Santa Ceia” na cozinha. Um cena bucólica da caça a raposa ao estilo inglês. O álbum de fotografias com capa dura, plastificada, com gravura de um buquê de rosas vermelhas sobre um lenço violeta. Ao ser aberto acabava deixando cair uma foto velha desbotada, em preto e branco, picotada nas bordas, largada das cantoneiras. Uma bela moça com cabelo em coque olhava sabe Deus pra onde, talvez pro futuro, pois sorria. No verso escrito a lápis grafite: “Cara irmã! Guarde esta lembrança que lhe dou com muito carinho. Daquela que muito te ama! Ass. Maura 12.12.63”. Noutras fotos várias moças pousam num lugar público, uma praça talvez. Vestido tubinho, um lenço entrelaçado no queixo, óculos de grandes lentes escuras, bolsa de mão a tiracolo, laquê no cabelo. Lembravam Jacqueline Kennedy, ao fundo um aero willys conversível, rabo de peixe .

Uma lata de biscoitos lembrança do natal passado, contendo sucrilhos caprichosamente feito de nata e manteiga, sobre a mesa. Os homens iam ao passeio matinal vestindo calças justas, de tecido, camisa tergal e volta-ao-mundo, no cabelo muita brilhantina pra imitar Elvis Presley. Papai ficava na cadeira de palhinha, folheando a revista Seleções de Reader’s Digest, o Almanaque da Fé, a Revista “O Cruzeiro”, sempre lia em alta voz, a coluna do Davi Nasser. As propagandas eram desenhos e mostravam pessoas felizes com suas famílias: Toddy, Arrozina e Maizena, sabonete Phebo Life Buoy, Creme Dental Kolynos, as pílulas da vida do Dr. Scholl, pomada Minâncora e Biotônico Fontoura. E o mundo, do pós-guerra se dividira em dois blocos, o Brasil ficou do lado dos norteamericanos. O presidente John Fitzgerald Kennedy combatia duramente o governo de Fidel Castro, na Ilha de Cuba, porque era comunista. Comunismo chegou pra nós como símbolo de anarquia. Seus simpatizantes eram perseguidos com mão de ferro. Versos considerados subversivos eram recitados às escondidas nos porões das reuniões secretas dos dissidentes políticos:

“Cuba sy! Cuba sy!

As fileiras americanas

Fidel Castro é comunista

Até disse que Batista

Matou vinte mil cubanos!”

A casa de Felício era vizinho a Bodega de Seu Ozéias. A gente estudava no Grupo Escolar Padre Francisco Correia. Um dia chamou-nos para mostrar mais um de seus inventos. Pois ele se considerava um cientista. Apelidavam-no cientista maluco. Era apenas um menino. Numa sala escura, fez passar o feixe de luz de uma lanterna através de um orifício numa caixa de sapatos, onde previamente havia inserido uma lâmpada de bulbo, cheia d’água. Interpondo um pedaço de película cinematográfica à luz e ao bulbo, projetou sobre a parede uma imagem gigantesca! Eureca! Felício reinventou o cinema.

Entrevista Exclusiva da Radialista Santanense Evânia Meires – Premiada com o “PRÊMIO RADIALISTA ODETE PACHECO 2012″

Evânia MeiresEntrevista Exclusiva da Radialista Santanense Evânia Meires, Formada em Pedagogia pela Universidade Estadual de Alagoas – UNEAL, Formada em Radialismo, hoje vem fazendo grande sucesso na Rádio Milênio FM – Sagrado Coração de Jesus em Santana do Ipanema-AL. Iniciou aos 18 anos de idade. E atualmente a frente do Programa Deus é 10, uma jovem radialista, que vem se destacado a cada dia, onde acabou de receber um dos maiores prêmios “O PRÊMIO RADIALISTA ODETE PACHECO 2012”. Pelo merecimento e reconhecimento das melhores Radialistas do Estado de Alagoas.

CELEBRIDADE IN FOCO: Como surgiu essa vontade de você ser radialista?

Evânia Meires – (Risos) Graças a Deus comecei ainda criança através de corais da Igreja, grupo de orações me ajudou bastante a chegar hoje a uma radialista de sucesso, também sempre gostei de cantar, fazia as leituras nas missas, e com o passar dos tempos, surgiu à oportunidade de um amigo me convidar para fazer um teste na emissora Santana FM e desde então já fiquei na Rádio como estagiária, mais como era meu sonho em ser uma radialista, fiz vários cursos e hoje estou na rádio desde 1994.

CELEBRIDADE IN FOCO: Qual foi a sua reação ao receber esta premiação, uma das mais importantes do Estado de Alagoas?

Evânia Meires – (RISO) Quando recebi a notícia que estava entre as melhores do Estado de Alagoas, e que iria receber, fiquei muito feliz, pois é uma premiação muito importante do ramo do rádio.

CELEBRIDADE IN FOCO: Quais foram as suas maiores dificuldades até hoje?

Evânia Meires. – Muitas, porque sempre fui uma pessoa batalhadora, e sim, digo com muita sorte, sempre me esforçando para conseguir, e que estou sempre realizando com meus esforços.

CELEBRIDADE IN FOCO: Você imaginava que o seu programa alcançasse esse sucesso, e que hoje você iria ser conhecida com essa importante premiação?

Evânia Meires – Nem tanto, mais sempre fui uma pessoa muito esforçada, e estava sempre em busca de conhecimentos, e hoje vejo o resultado de tudo isso.

CELEBRIDADE IN FOCO: O que você diria a uma pessoa que sonha em ser uma radialista?

Evânia Meires – Sabemos que no ramo do rádio, ainda são poucas as mulheres, e vejo uma profissão muito masculina, digo, são poucas as mulheres no ramos, e que as meninas que sonham em um dia ser uma radialista, sempre ir à busca dos seus sonhos e também se especializar, porque hoje o mercado está muito competitivo.

Evânia Meires

Evânia Meires

Uma história de geradores e de gerações

Colegas de todas as origens e de todas as profissões

Há algumas semanas estava este simples caeté assistindo um telejornal e eis que o apresentador anunciou a presença de um conhecido crítico de cinema comentando o filme “GONZAGA de pai pra filho”. O assunto imediatamente me interessou e seria de estranhar se ocorresse o contrário. Juro para vocês que ouvi com muito cuidado cada palavra do crítico e fiquei deveras curioso com aquilo que ouvi. O cidadão, no primeiro momento, foi logo dizendo que o filme era ruim, prosseguiu com comentários que detratavam a figura do personagem principal do filme e, ao final do comentário, procurando amenizar, optou por dizer que o ano não teve boas produções e que “Gonzaga” foi apenas o menos ruim, num ano de filmes ruins. Confesso que fiquei intrigado e, se apenas o título do filme já me motivaria a assistir, as palavras do crítico praticamente me empurraram em direção ao cinema, porque essa eu tinha que conferir.

Final de semana, tranquilidade, aconchego familiar e eis que este simples caeté resolveu ir com a esposa assistir o filme num cinema desses que funcionam em shopping centers. Comprei o ingresso com antecedência porque eu achava que tinha um bocado de gente querendo assistir a fita e essa providência se mostrou acertada porque, de fato, na hora de começar o cinema estava lotado. Do meu lado já estava sentado um senhor idoso segurando sua bengala. Começou o filme e quando eu vi as primeiras imagens e o som da música, senti logo um arrepio pelo corpo, um nó na garganta e uma emoção danada.

Não posso dizer que sou um profundo conhecedor da história de vida de Luiz Gonzaga, mas eu sabia de vários episódios e achei fantástico que a cada etapa do filme tudo aquilo que eu já sabia ia fazendo nexo. Senti muito ao ver retratado o seu drama familiar e fiquei entusiasmado ao ver as cenas em que o mesmo se embrenhava de Brasil adentro, dirigindo uma Rural e levando a música nordestina a todos os recantos do Brasil. Foi nessa parte que, num relance, me lembrei de uma história que aconteceu lá pras bandas de Paulo Afonso, no sertão da Bahia.

Na década de 50, a região da Cachoeira de Paulo Afonso foi invadida por um mar de trabalhadores provenientes das mais diversas partes do mundo. Estava em curso a construção da obra que seria o divisor de águas da história do nordeste brasileiro, a Usina Hidro Elétrica de Paulo Afonso. No meio dessa gente toda, havia técnicos graduados do sul do Brasil e do exterior que procuravam a região em busca de melhores salários e das vantagens que a recém criada Companhia Hidro Elétrica do São Francisco oferecia, mas a grande maioria era composta de trabalhadores braçais de todo o sertão nordestino que, cansados da fome, da seca e do atraso econômico e social da região, buscavam através do trabalho conquistar uma vida melhor e mais digna, os denominados “cassacos”. Alguns desses trabalhadores vinham com suas famílias de modo que, dentro de poucos meses um lugar inicialmente ermo e desabitado passou a conter uma população de milhares de pessoas. Para garantir as condições mínimas para essa grande massa humana a CHESF instalou inicialmente um acampamento de barracas de lona que foram gradualmente suprimidas, conforme as casas de alvenaria iam sendo construídas. No acampamento tinha iluminação pública, escolas, hospital, ruas calçadas, cooperativa de consumo e até clubes para o lazer dos operários, um verdadeiro luxo por aquelas bandas. As casas todas tinham energia elétrica e água encanada, tudo fornecido de graça pela Companhia.

No meio dessa leva de trabalhadores estava Seu Joaquim Brito lá das bandas de Triunfo, a cidade de maior altitude do estado de Pernambuco, bem na linha de fronteira com a Paraíba. Filho de uma família de agricultores, desde cedo desenvolveu habilidade no trato da madeira tornando-se assim um hábil carpinteiro. Quando começaram as obras de Paulo Afonso, a notícia se espalhou por todo o sertão e, vislumbrando uma boa oportunidade na obra, Seu Joaquim partiu das serras de Triunfo e rapidamente encontrou colocação no setor de Carpintaria da CHESF. Apesar de não ser um homem letrado, sua competência e disposição para o trabalho foi de fundamental importância para que logo lhe fosse concedida uma casa, onde pôde se instalar com sua mulher Dina e os filhos. Um deles, Isaú Brito, que tive oportunidade de conhecer, aproveitou o acesso às boas escolas e formou-se em contabilidade, exercendo com louvor este ofício durante muitos anos, prestando seus serviços a diversas empresas. Em casa, a energia elétrica permitia não apenas o usufruto da iluminação, mas também a utilização de equipamentos como geladeira, ferro elétrico, liquidificador e o acesso ao maior veículo de comunicação de massas da época, o rádio.

Hoje em dia, depois que inventaram antena parabólica, a gente encontra televisão em qualquer lugar do Brasil, mas naquele tempo o rádio era a ponta de lança da comunicação. Era através do rádio que o sertanejo passava a ter acesso de maneira bastante rápida às notícias do país, ouvia músicas e até aos pronunciamentos do presidente da república. Dentre os cantores mais apreciados pela matutada encontrava-se um jovem pernambucano chamado Luiz Gonzaga. Dono de uma voz forte, tocando sanfona e cantando temas que tocavam bem no coração do povo do sertão, Luiz era sem sombra de dúvidas o mais apreciado dos cantores do rádio. Mas, naqueles tempos em que não existia televisão, os rostos das pessoas ilustres só eram acessíveis através de fotografias de revistas e como apenas uma parte da população tinha acesso à leitura, muitos artistas e até mesmo políticos eram conhecidos apenas pela sua voz.

A construção da Usina de Paulo Afonso caminhava em ritmo frenético e, finalmente, após 5 anos de muita luta e sofrimentos a primeira usina estava pronta, de modo que no dia primeiro de dezembro de 1954, o engenheiro Otávio Marcondes Ferraz em Recife acionou o primeiro circuito da CHESF iluminando a capital pernambucana e testando assim o sistema. A inauguração, por sua vez, foi marcada para o dia 15 de janeiro de 1955.

No dia da inauguração as ruas da localidade de Paulo Afonso estavam tomadas de gente vinda de toda a região, todos queriam ver a festa que contava com a presença garantida das duas maiores autoridades do país, o Presidente da República, Café Filho e o Rei do Baião, Luiz Gonzaga. No campo de futebol do Clube Operário Paulo Afonso foi montado um palanque para os pronunciamentos das autoridades e para a grande atração musical. O povo se aglomerava para ver essas pessoas ilustres, uma pelo poder em que estava investido e a outra pelo encanto da sua arte.

Sabendo que Dona Dina adorava ouvir Luiz Gonzaga, Seu Isaú resolveu que a levaria para ver o grande astro da música do nordeste. Esta, por sua vez, aprontou-se e, toda feliz, acompanhada do seu filho, juntou-se a multidão para assistir o show. Como a absoluta maioria dos presentes, ela nunca tinha visto o Rei do Baião. Encantada com suas músicas ela naturalmente idealizou a imagem de um sujeito galante, bem afeiçoado, mas o seu rosto ela nunca vira. Na abertura teve o tradicional falatório das autoridades até que finalmente chegou a hora do show começar. O povo se admirava e a satisfação era total, mas Dina olhava, olhava de novo, olhava mais uma vez e sem se aguentar perguntou:

– Isaú?

– Que foi mãe?

– E você me trouxe de casa pra eu ver um nego cantar?

– Mãe! Esse é Luiz Gonzaga.

Imaginem o tamanho do susto que a coitada levou?

Essa história me foi contada por minha amiga Adalva, bisneta de Mãe Dina. Disse-me que passado o choque do primeiro contato, sua bisavó continuou ouvindo as músicas de Gonzagão e que ela própria, quando contava essa história, ria de si mesma. Luiz Gonzaga por sua vez está presente até hoje no coração de todo o povo nordestino, graças a sua arte que tão bem representou a vida deste povo. Sua presença percebe-se no dia-a-dia, como o caso da própria mãe de Adalva que embalava sua filha cantando uma das tantas músicas compostas por Luiz e Zé Dantas, “A letra I”.

A arte de Luiz Gonzaga até hoje encanta multidões, é passada de pais para filhos, de avós para netos, de geração a geração. Mais de vinte anos após sua morte mais de 1 milhão de pessoas foi assistir o filme que conta sua história. Lembram-se daquele senhor que estava no cinema, sentado ao meu lado, com uma bengala na mão? Durante o filme ele cantarolou todas as músicas. Eu tentei fazer a mesma coisa, mas, emocionado, confesso que não consegui. Nos dias que se seguiram, conversando com amigos e colegas de trabalho, todos diziam ter gostado do filme, mas eu não sei se suas opiniões, e a minha também, servem de parâmetro para classificar a obra, afinal de contas, nenhum de nós é crítico de cinema… Ainda bem.

Meus amigos, faz algumas semanas que não escrevo para vocês, se eu disser que isso se deve apenas ao trabalho estaria cometendo uma injustiça, na verdade eu tive uma pequena contusão no meu ombro esquerdo, razão pela qual, além de uma injeção e uma tipóia, recebi recomendação médica de não digitar nada. Passados alguns dias e já me sentindo melhor, resolvi voltar ao teclado para desejar a todos um feliz natal e um ano novo de muito sucesso, alegrias e boas emoções para todos, porque manter esse contato com vocês faz um bem danado para mim.

Saúde, luz e paz

Virgílio Agra

O sujeito que matou outro por causa de uma pecha

Essa é a história de como e porque um amigo matou o outro por causa de um apelido. Metódio Calixto nunca foi desses almofadinha saído das entranhas de escritor romancista, que nem sabe o que é sofrer na vida, não foi não. Seu Metódio foi gente de verdade, homem de carne e osso, cabra macho do sertão das Alagoas. Metódio rijo, substanciado. Substancial também, criado com leite de vaca no tempo comum, leite de cabra, no tempo da fartura, e leite de jumenta no tempo das vacas magras, ou mesmo pra tirar uma maleita do corpo. Esse caboclo lanzarino, de quem vos falo, tinha as mãos calejadas, e seus braços eram dois verbos chamados trabalho.

E quando vinham os dias grandes, de festas. Festa do feijão e da padroeira Senhora Santana. Seu Metódio e a família rumava pra cidade. Nessas ocasiões, punha traje caprichado. Tradição de pai pra filho. O homem colocava um terno de tecido azulão com uma camisa de manga comprida por dentro, uma gravata borboleta, uma flor na lapela. Na cabeça, um Prada enorme. De botas canos longos e espora montava em seu cavalo alazão e puxava o cortejo. Atrás vinha o carro de boi com os filhos e a esposa. Os meninos todos com camisas e calça de tecido dum azul claro, monocromático. Nos pés, alpercatas de couro cru, na cabeça chapéu de couro. A esposa com o filho mais no novo no braço, trajava um vestido de chita, com estampa de flores, uma sombrinha colorida. O eixo cantando, carro de boi avançando, deixando pra trás um rastro de bosta de boi e cheiro de água de colônia.

Eulâmpio Dorotheu também era homem do campo. Tão real que, se o que a gente escrevesse exalasse cheiro, só em falar dele, daria pra sentir o bodum, entranhado nele, dos bodes e dos porcos que criava. Galinhas de capoeira no terreiro, e se dessem chance entravam de casa adentro. E galinha sabe como é não é? Elas emporcalham tudo por onde passam. Na época da seca, se valia dumas tarefas de palmas que cevava o ano inteiro pra alimentar meia dúzia de cabeça de gado. Um silo de trincheira cheio de forrageira, capim búfeo, capim pangolão e guandu pra aplacar a fome dos bichos. Sua propriedade ficava vizinho a de Seu Metódio. Família numerosa tanto quanto. Se inverno era tudo fartura. Tudo verdinho, verdinho, no aceiro, pega-pinto, pião roxo, catingueira. Os meninos iam tudo na roça colher feijão. Por trás de casa se formavam grotas o que propiciava a semeadura de hortaliças. Esparramava que era uma beleza, tomate, abóbora, melancia. No dia de bater o feijão, os vizinhos juntavam todos os filhos e iam para o terreiro de casa era uma festa.

Os dois amigos vizinhos se conheciam desde pequeno. Ali nasceram e cresceram. Herdaram as propriedades dos seus pais. Estudaram na escola isolada de Olho D’água do Amaro, sem que chegassem a concluir o primário. Sabiam ler, malmente escrever um bilhete, porém cubar a área de uma propriedade os dois sabiam. Mas entre aqueles dois roceiros haviam lá suas diferenças. Seu Metódio era organizado pra tudo que fazia, e gostava da limpeza, já Seu Eulâmpio era um jeca, desleixado, e não se importava com a aparência. Isso dava pra notar olhando pra um e pro outro, pra suas casas, pros bichos que criavam e pra roça também. Dava gosto ir até a casa do primeiro, tudo muito simples, pois pobreza nunca foi sinônimo de miséria. As galinhas ficavam presas num Grajaú, o chiqueiro do porco bem cuidado. O curral limpo e a ordenha ele fazia observando toda uma técnica de higiene. Seu Metódio era metido a inteligente, quando recebia a visita do agrônomo do banco deitava conhecimento pra cima do homem. Dizia ele que todos os dias lia a Bíblia. Sempre que os dois amigos conversavam acabavam discordando um do outro. Sempre divergiam de opinião, fosse lá o fosse. Isso vinha desde a infância. Quando eram pequenos lá no pátio do grupo escolar, nas brincadeiras em que havia disputa, eles acabavam brigando. Quando isso acontecia, e sempre acontecia, eles não se intrigavam, porém inventavam apelidos um com o outro. E na primeira ocasião apelidavam-se mutuamente.

Aqueles homens severos, dados com a lida no campo. Tinham gosto em comum. Quer ver uma coisa que eles gostavam. Gostavam de corrida de vaquejada, da festa de apartação, de corrida de argola. De correr na pega de boi brabo solto na caatinga. E todo um ritual teria de haver antes de se embrenharem na mata. Um padre desses que gostam de dinheiro, de política e buchada de bode, era trazido pra rezar missa no terreiro da fazenda do prefeito, e recebia entre as oferendas, os paramentos do vaqueiro, chapéu de couro, perneira, peitoral e gibão, corda e chocalho. E em meio ao canto lamuriento do aboio, e o toque do berrante, sorviam grandes goles de aguardente, engoliam nacos de carne assada com farinha e punham um sinal da cruz sobre a fronte. Vida de gado não é adjetivo metido a besta, que vive de boca em boca todo boçal. Vida de gado é objeto direto. Espinho de mandacaru furando a carne, ferro e brasa. Assum preto cego dos olhos, goela seca, poeira vermelha entupindo as ventas, gosto de sangue pisado, na boca. Suor escorrendo na testa e moscas sobrevoando versos e pronomes.

Tem um ditado que diz que Deus não dorme, e parece que o diabo fica lá longe espiando. E não é que os dois vizinhos se meteram em mais uma discussão e Seu Metódio num rompante de fúria, sem saber como, lembrou-se do apelido que o vizinho tinha na infância: “-Barrão coxo!”. É que Seu Eulâmpio realmente tinha um defeito que o fazia puxar duma perna. Pra ir pra cidade Seu Metódio tinha que passar na frente da casa de Seu Eulâmpio, e como permanecia a rixa, Seu Metódio sempre que passava apelidava o amigo desamigo. Uma semana, quinze dias, um mês e toda vez o apelido. E veio uma manhã de sábado que o homem amanheceu pelo avesso, no momento que o vizinho ia passando que o apelidou recebeu foi o tiro. De espingarda em punho Seu Eulâmpio saiu direto pra delegacia, foi se entregar as autoridades.

E eis que veio o dia do julgamento. O advogado de Seu Eulâmpio iniciou a defesa caprichando no pronome de tratamento do “Meritíssimo senhor juiz de direito!”. Até aí tudo bem, as formalidades no trato entre os integrantes das causas forenses exigia o protocolo. Ocorreu que o causídico continuou insistindo no pronome tratamentoso, não parando mais de repetir o tal jaculatório. O excelentíssimo senhor juiz, irritado de tanto repetência, do “Meritíssimo”, explodiu aos berros dizendo pra o advogado parar com os comprimentos iniciais, e prosseguir a defesa. Porém o jurisconsulto contra argumentou: “Meritíssimo Senhor juiz! Até o presente momento tudo o que tenho feito foi elogiá-lo, com um pronome de tratamento, que em muito enaltece, o nobre colega. No entanto vossa excelência se mostra profundamente irritado!” E virando-se pro corpo de jurados concluiu. “Agora imaginem senhores jurados, o Meritíssimo senhor juiz, que é um homem versado nas letras, se irritou com palavras polidas que só lhe teciam elogios. Agora imaginem este homem rude, trabalhador rural. Todos os dias apelidado, pelo seu vizinho. Todo dia sendo humilhado, diminuído na sua moral, com adjetivos depreciativos perante sua família. Quantos de vocês aguentariam isso?” Seu Eulâmpio foi absolvido.

Posse do Santanense Dr. José Carlos Malta Marques – Presidente do Tribunal de Justiça-AL

Posse do Santanense Dr. José Carlos Malta Marques. Presidente do tribunal de Justiça do Estado de Alagoas.
No discurso de posse, o novo presidente do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ/AL), desembargador José Carlos Malta Marques reiterou a importância do Poder Judiciário na conjuntura atual, fazendo referência ao papel do magistrado e da Justiça na construção de uma sociedade melhor.
“A quadra que a vida brasileira atravessa prenhe de dificuldades de toda ordem. Nascem a partir de uma grave crise econômica mundial, talvez originária de um arcaico e superado modelo capitalista de regência econômica da vida de diversos povos de todo mundo. (…) É nesse contexto que se posta de fora o Poder Judiciário brasileiro, no qual estamos inseridos. Temos um quadro de magistrados e servidores que dignificam as funções que exercem. Dedicados, revelam-se contra-prestadores da recompensa de que são credores, e paga pelo Estado” , disse o desembargador-presidente.

José Carlos Malta também lembrou do compromisso com as recomendações do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), no que diz respeito a formulação dos planos de ações administrativas para servir de norte à condução dos poderes. “Debruçamo-nos durante aproximadamente 120 dias, na realidade do nosso Poder. Atingimos suas entranhas. Perscrutamos todos os setores por meio de seus titulares, visitamos nossa realidade interna e procuramos saber qual a visão externa de nosso Poder e hoje dispomos de valioso instrumento de orientação”.

Compondo o pleno do TJ desde 2006, o atual presidente ascendeu à Corte estadual pelo quinto constitucional, ocupando a vaga destinada aos membros do Ministério Público. No biênio 2009/2010 foi corregedor-geral da Justiça. “A minha instituição primeira, o Ministério Público de Alagoas, também a provocação própria de um homem da casa, que agora em outra, tem também que compartilhar institucionalmente das preocupações ora enfocadas. E o faço bem à vontade, por saber mesmo que muito de minha visão da realidade social, tem origem na minha concepção de vida formada naquela instituição”, relatou.

Conduzido ao plenário do Tribunal ao som de Santana dos Meus Amores, o presidente José Carlos Malta Marques, não esconde, durante seu discurso, o apego às raízes do sertão. “Volto meus olhos para o para meu passado de vida. E me olho mais uma vez e ainda sem saber atingir a definição que tanto busco. Filho da minha querida Santana do Ipanema, mergulhador do rio Ipanema, lá incondicionalmente presente, sem jamais ter saído daquela terra e esquecido do seu povo, renovando sempre meus compromissos de amizade incondicional, seus valores, seus costumes rondo-me a esta condição e defino-me como um ‘Matuto Desembargador’”, confessou, lembrando de seus pais, Seu Abdon e Dona Enedina.

“O magistrado terá que estar sempre revestido da prudência sem covardia. Da simplicidade sem pobreza no julgar. Da frieza sem descuramento. Do equilíbrio sem uso de artifícios. Do sentimento de Justiça sem qualquer ranço de favorecimento. De autoridade sem arbítrio”, disse o atual presidente, fazendo uma releitura do seu discurso de posse como desembargador, há 6 anos.

Agradecimento

Durante o discurso José Carlos Malta Marques citou o desembargador Sebastião Costa Filho. “Digo-lhe ao final de seu mandato nesta presidência que agora ocupo que seu bom combate foi exitoso. Por isso, os aplausos que permeiam sua despedida. Receba nossos votos de muitas felicidades pessoas. (…) Que as novas alegrias da vida o envolvam, e na bancada da Câmara Criminal para onde retorna, mantenha a repetição constante de seu digno e honrado cabedal de exemplos, e de glórias como cidadão e como o magistrado reto e justo que sempre foi”, agradeceu.
Fernanda Lins – Dicom – TJ/AL