Policial que atirou em crianças no Sertão vai a Júri Popular nesta quinta (17) O episódio ocorreu em setembro de 2020, em Senador Rui Palmeira, município situado no Médio Sertão de Alagoas.

Lucas Malta / Da Redação

16 ago 2023 - 20:30


Arte: Clara Almeida / Assessoria TJ-AL

O sargento da reserva da Polícia Militar, Jorge Vieira Ramos, de 57 anos, irá encarar o Tribunal do Júri, nesta quinta-feira (17), após ter sido denunciado pelo Ministério Público de Alagoas (MP-AL), por ter atirado contra três crianças, episódio ocorrido no ano de 2020, em Senador Rui Palmeira, município situado no Médio Sertão de Alagoas.

Segundo a denúncia ofertada pelo MP-AL, o sargento Ramos é acusado de três tentativas de homicídio com uma qualificadora (quando se constatou impossibilidade da defesa das vítimas). A ação havia imputado outras duas qualificadoras pelo crime, contudo, a defesa do PM conseguiu, através de recurso, derrubá-las no Tribunal de Justiça de Alagoas.

O Júri Popular está marcado para começar às 9h, no Fórum de São José da Tapera, que é a Comarca responsável pelos casos de Senador Rui Palmeira, além de Carneiros. O magistrado Leandro de Castro Folly presidirá a sessão que tem o Promotor de Justiça Fábio Bastos como representante do MP-AL e o advogado Iran Nunes como titular da defesa do pm. Vale lembrar que Ramos esta preso desde setembro de 2020.

DIA FATÍDICO

Um adolescente de 13 anos e duas crianças, uma de 11 e 10 anos, foram vítimas de um atentado à bala no dia 10 de setembro de 2020, na Rua Divaldo Suruagy, centro de Senador Rui Palmeira. Os tiros foram disparados pelo policial Ramos.

À época do ocorrido, o site Alagoas na Net conversou, com exclusividade, com uma tia das crianças. Ela explicou que os meninos estavam na rua, na presença do seu irmão, o adolescente de 13 anos, quando um homem em um carro branco chegou e atirou contra os menores.

O adolescente foi atingido no tórax, enquanto as duas crianças os disparos pegaram nas pernas. Os três menores foram levados ao Hospital Regional de Santana do Ipanema. O mais velho passou por uma cirurgia e chegou a ficar internado. As crianças logo tiveram alta.

VERSÃO DO PM

Três dias após o caso, o policial militar procurou a reportagem do site e decidiu dar sua versão do que aconteceu. Ramos classificou o ocorrido como uma fatalidade e disse que acabou atirando nos menores após perseguir outra pessoa.

“Eu estava próximo ao local, quando fui atacado por dois homens, um deles atirou contra mim, daí persegui ele, chegando na rua onde estavam as crianças e atirei. Estava muito escuro e não as vi”, explicou o militar.

Ramos disse que, o que o fez se pronunciar pela imprensa foi ter visto informações suas circulando nas redes sociais. Ele refutou um áudio em que fala de uma briga por conta de uma senha do wifi. “Não tem nenhum cabimento essa conversa, até porque moro distante das crianças”, resumiu.

Relembre a entrevista do acusado CLICANDO AQUI.

PRISÃO

A exatos 10 dias após o PM falar do caso, ele acabou sendo preso pela Polícia Civil, em cumprimento a um mandado judicial.Ramos foi detido em sua chácara, situada em Olho d’Água das Flores. Ele foi abordado pela equipe da Delegacia de São José da Tapera e não ofereceu resistência.

O pm havia se apresentado à Polícia Civil no dia anterior da prisão e prestou depoimento sobre o episódio.

“No local fomos recebidos pelo próprio sargento, que abriu a porta e ouviu a voz de prisão do Delegado, em cumprimento ao mandado judicial. Ele foi conduzido ao CISP”, relatou um agente civil que participou da prisão.

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