Por que colunistas não debatem as mazelas de Alagoas e não nominam os seus responsáveis?

08 nov 2012 - 00:38


Recentemente, em Jirau do Ponciano, onde vive e convive a minha mamãe, participava de mais uma preparação para a realização de mais uma edição do Sobam (Seminário sobre Orçamento e Balanço Municipais), após as eleições municipais de outubro.

Dentre outros, um tema será “Estender a Toda a Sociedade a Luta pela Democratização e Produção da Comunicação”.

Durante as falas sobre a necessidade de universalizar a compreensão sobre o tema, alguém pergunta o porquê de os colunistas de jornais alagoanos praticamente não escrevem sobre as malezas alagoanas e principalmente sobre os seus produtores e responsáveis.

Esses colunistas quase sempre escrevem nas páginas de “Opinião” e focam temas variados, mas quase sempre de forte substrato político ou mesmo só eleitoral. Percebi a surpresa de algumas pessoas presentes e constatei que a maioria nunca leu alguns desses colunistas. Até alguns que eu os considero dos mais importantes, na dimensão da evolução dos direitos humanos.

Realmente, a grande maioria dos escritos desses colunistas foge do debate sobre as péssimas questões alagoanas. Silenciam totalmente sobre quem são os produtores das malezas e os responsáveis sobre os péssimos índices das políticas públicas. Os jornais alagoanos, além de trazerem notícias produzidas por conhecidas e distantes fontes, publicam sempre artigos que tratam de algo “de fora” ou de temas alheios à problemática alagoana, bem como são blindantes quanto a divulgarem os nomes dos responsáveis, permitindo até que estes façam forte discurso contra as malezas e compactuem para tudo continuar praticamente no mesmo.

Reflexivamente, provoquei: “Por que eles fazem isso?”

A resposta da professora presente foi certeira e surpreendeu-me. Em escrito – o mais verdadeiro que a memória permite – reproduzo-a, “Porque esses colunistas são escolarizados, não participam das lutas populares e muitos deles são os próprios responsáveis sobre os tais índices; também compõem a elite alagoana e muitos vivem à custa do dinheiro público estadual e municipal alagoanos, e por serem amigos, eleitores e correligionários dos causadores das malezas, produzem desonestidade ética e ficam constrangidos em dar nome aos bois.”

A questão e a resposta focadas são fatos. Algo verdadeiro, podendo ser constatado por todos e todas que leem os artigos. Realmente preferem escrever sobre a bem distante realidade alagoana e assim omitir os nomes dos responsáveis pela mesma.

E, portanto, nada a mudar!

No entanto, a resposta da professora de Geografia deixa-nos uma completa reflexão e a permanente necessidade de perceber o esperançar no amanhã talvez, diria algum poeta.

José Paulo do Bomfim – reside em São Sebastião e trabalha em Santana do Ipanema; como voluntário, facilita o Curso de Noções sobre Direito Previdenciário e Direito Assistencial; texto escrito em 8-9-2012.

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