Ilustração (Foto: Freepik)
Blocos de exploração de petróleo e gás fóssil perto de paisagens naturais que são símbolos do Nordeste, como Fernando de Noronha (PE) e Atol das Rocas (RN), estão sendo oferecidos a petroleiras no 4o ciclo de oferta permanente de concessão promovido pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), que acontece na manhã de hoje (13) no Rio.
Ao todo, são 603 blocos ofertados. Mesmo que não sejam todos arrematados, eles continuarão disponíveis a qualquer empresa que demonstre interesse, a qualquer momento.
Além dos dois arquipélagos, berço de biodiversidade marinha, outras regiões de extrema sensibilidade ambiental e social estão na lista, como Abrolhos (BA) e a APA Costa dos Corais (PE e AL).
Há ainda um bloco localizado a apenas 2,4 quilômetros da área de mineração de sal-gema da Braskem em Maceió, onde bairros estão afundando devido à exploração mineral, com efeitos imprevisíveis.
Segundo levantamento feito pelo Instituto Arayara, as áreas ofertadas colocam 366 quilômetros quadrados de unidades de conservação sob risco direto, além de potencialmente afetar 23 terras indígenas e cinco territórios quilombolas. Além disso, se todos os blocos forem licitados e explorados, as emissões de gases estufa serão superiores a 1 bilhão de toneladas equivalentes de gás carbônico (GtCO2e), o que corresponde a 43,5% das emissões atuais do país.
“É irresponsabilidade e desrespeito realizar um leilão que traz risco para a natureza e para a economia local. O vazamento de óleo que atingiu o Nordeste em 2019, e que permanece impune até hoje, devia ter ensinado uma lição, mas pelo visto a ANP preferiu não aprender nada”, diz Délcio Rodrigues, diretor-executivo do Instituto Climainfo.
A oferta ainda acontece no último dia da 28ª Conferência do Clima (COP28), que reúne em Dubai representantes dos países para enfrentar as mudanças climáticas, em especial reduzir as emissões de gases estufa provenientes de combustíveis fósseis – como os que a ANP coloca à venda agora.