Equatorial deve manter energia da residência de mulher que recebe tratamento em casa 'Direito à saúde e à vida deve ser privilegiado em detrimento de valores financeiros', afirmou desembargador Fábio Ferrario

Assessoria / TJ-AL

14 jul 2023 - 19:00


A Equatorial só deve cobrar da paciente valor baseado no consumo médio anterior ao início do home care. (Foto: Assessoria / Equatorial Alagoas / Arquivo)

O desembargador Fábio Ferrario, do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJAL), manteve a liminar que obriga a Equatorial a não suspender o fornecimento de energia da residência de uma mulher de 45 anos que realiza tratamento médico em casa. A empresa também não poderá inscrever a paciente em cadastro de inadimplentes em razão de dívidas na conta de energia decorrentes do serviço de home care, que começou em novembro de 2021. 

O incremento ocorrido no valor da conta de energia, decorrente da instalação dos equipamentos médicos na casa da mulher, deverá ser custeado pelo Estado de Alagoas, enquanto durar o tratamento. A Equatorial só deve cobrar da paciente valor baseado no consumo médio anterior ao início do home care.

A liminar havia sido concedida pela 18ª Vara Cível da Capital. Incorformada, a Equatorial ingressou com agravo de instrumento no TJAL. Sustentou que a obrigação imposta constitui ônus ilegítimo à empresa.

Afirma ainda que a paciente se enquadra como “cliente de uso especial da rede”, possuindo direito a um cadastro específico para a unidade consumidora (UC). No entanto, tal benefício não isentaria a mulher do adimplemento regular das faturas.

O pedido para suspender a liminar foi negado. De acordo com o desembargador Fábio Ferrario, inexistem dúvidas da imprescindibilidade do uso contínuo dos aparelhos hospitalares. “O desligamento dos equipamentos pode acarretar, prematuramente, o agravamento do quadro clínico, afetando diretamente a saúde da paciente”.

Segundo Ferrario, a postura mais adequada e justa a ser adotada, ao menos nesse momento processual, é manter a impossibilidade de suspensão do serviço público essencial, “considerando a imprescindibilidade da energia elétrica ao funcionamento dos aparelhos”.

Para o desembargador, o direito à saúde e à vida deve ser privilegiado em detrimento de valores financeiros. “Interromper o fornecimento de energia elétrica, tal como pretendido, foge a qualquer lógica jurídica e ao próprio bom senso das relações humanas”. 

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