Marcelo Ricardo Almeida

Educação Viva
Não é bicho de sete cabeças praticar Educação Viva no ensino. Apenas tornar o ensinar novidade satisfatória como atividade de estudo pela via do bem-estar.

Educação Viva é vivenciada pelo cotidiano. Difere da educação que sistematiza sem vivência, quando não se vive o que se aprende. Apenas copia palavras e os conceitos como exercício de decoração.
O conteudismo esgota os espaços nos cadernos, a resistência à leitura cansa o leitor, o dever de casa é negligenciado. Esta prática de aprendizagem avessa à própria aprendizagem. Educação copista é oposta à educação vivenciada.
O trabalho de educar pelo ensino equivale a atividade laboriosa em transformar. Não há o que se falar em ensino sem aprendizagem, isto é equivalente a falar o professor em aula e não transformar o ensino.
A ação praticada em aula reflete para além das vidas que se encontram em um ambiente no qual se pratica Educação Viva. Na resistência à Educação Viva, que transforma pela mão na massa, resta a lassidão porque há a perda de interesse, a indisciplina, a ausência de ética, o desconforto em aula, a bagunça, o barulho, a violência, o bullying, o tédio, o enfastiamento que impedem os que se propõe a aprender aprendam.
Não é preciso coragem em uma unidade escolar para que haja a experiência da prática da Educação Viva. Trazer à aula a voz que vivencia o conteúdo de estudo é proporcionar a quem estuda ir além das palavras escritas e às vezes lidas.
Os professores são modificadores das referências das matrizes curriculares. Na aula, os professores não se reduzem a meras repetições de palavras e, sim, às demandas no fluxo do trabalho.
Na prática educativa, quem se propõe a ensinar percebe quando a aula pratica Educação Viva, porque vivenciada por quem se propõe a aprender, e quando se perde a aura que mantém viva o interesse na aprendizagem. Quem se propõe a aprender se transforma com a Educação Viva, pois ocorre o fenômeno no agir e falar de fazer parte da aula pelas manifestações do comportamento; a facilidade em seguir o curso da aula se presentifica, cessam os ruídos, o respeito é mútuo, as regras são cumpridas, a aprendizagem flui com significado e participação.
Não é bicho de sete cabeças praticar Educação Viva no ensino. Apenas tornar o ensinar novidade satisfatória como atividade de estudo pela via do bem-estar. O tema da aula é geometria ou literatura, ouvir por videoconferência o que diz um escritor sobre a linguagem escrita caso o conteúdo precede ao tema literatura, e construir maquetes no processo do ensino de geometria. E isto não torna a aula complicada, não exige dos professores grandes esforços.
A prática da Educação Viva na escola, porque vivenciada por quem se propõe a aprender, é o conceito que apresento ao falar o que afasta a ideia de associar a escola ao desinteresse, indisciplina, disruptura, por exemplo. A Educação Viva é a importância da criatividade e da liberdade na escola.
O ensino da Gramática Normativa é importante? É. Como ensinar sem exigir de quem se propõe a aprender as multifacetadas regras da língua?
Não adianta conceituar Educação viva, porém, se afetos não se correspondem. Cabe ao mundo escolar a prática da protoafetivide. Observe a escola que motiva a criação e as sessões do Clube de Leitura; o hábito da leitura de literatura é o que aproxima a convivência com o outro pelas qualidades dos afetos conscientes cujas portas ao imaginário são acessadas; sem o que se reconhece por mundo imaginário não há aprendizagem real à vida humana. Cada afeto pertence a cada um, isto difere do aspecto coletivo do sentimento. Educação Viva é vivência da aprendizagem e não acumulação de conteúdos.
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