Marcelo Ricardo Almeida
Rima não é poesia
A prática da escrita ajuda a organizar o pensamento, desenvolver capacidades.
Foto: Freepik Escrever (ou falar) em rimas não é poesia. Os tipos textuais não são os gêneros textuais; se o primeiro é a estrutura (organização interna), o segundo é a forma (organização externa). Rima é tão-só uma opção estilística na fonética do gênero poema; a antiga origem da rima limita em cada poeta o que o arame farpado faz ao interromper a mobilidade da criação (poíesis).
Utilizam-se rimas por fonemas em busca de sonoridade, de musicalidade entre os dez tipos gramaticais. Ou seja, do substantivo, do advérbio, da conjunção, até da interjeição, do numeral, do adjetivo, raramente da preposição ou do artigo, e comumente do verbo.
Os tipos textuais são identificados por ensinar ou orientar (injuntivo), explicar um conceito ou uma ideia (expositivo), contar (narrativo), descrever (descritivo) ou defender uma opinião (argumentativo-dissertativo). A exemplo da redação, o tipo usado é o argumentativo-dissertativo.
Uma redação é uma apresentação por escrito com argumentos sobre uma tese, com a capacidade de defender a autoria de uma opinião. A redação ocorre por conectivos (ademais, além disso, por exemplo, no entanto etc.). Sendo cada um de seus parágrafos possuidor de uma ideia principal, estes ligados a outros de forma coesa (ligação gramatical e estrutural entre as palavras, frases de forma fluida) e coerente (tenha sentido), linguagem clara, objetiva, e sem negligenciar a norma da língua; é um texto escrito na terceira pessoa; demonstração de um repertório sociocultural relevante, e sem frases prontas.
Desde as primeiras sete – das 30 linhas – a prática da reescrita organiza o pensamento ao: a) Reler; b) Corrigir; c) Evitar erros gramaticais, de ortografia, de pontuação. O primeiro parágrafo é o texto-guia da redação onde se apresenta a tese.
Tese-argumento representa a ideia central amparada por argumentos nos quais causas e efeitos são demonstrados diante de um problema-solução que busca: a) Solucionar com argumentos; – o quê? – b) Problema apresentado. Ocorre em quatro parágrafos; o primeiro com sete linhas (texto-guia), e desenvolvimento com 16 linhas, e sete linhas no último parágrafo.
Texto-guia: tese clara e concisa, sem senso comum, com reflexões autênticas. A autoria defende um ponto de vista onde apresenta e defende a opinião do tema proposto no enunciado. Utiliza argumentos e os sustenta com dados estatísticos, citações de especialistas e exemplos históricos. O desenvolvimento do texto-guia usa conectivos, é lógico, é coerente na comprovação da tese-argumento por meio de dados, fatos, exemplos, citações. Conclui-se ao retomar as ideias principais, sintetizar argumentos e reforçar a tese por meio de proposituras de intervenção, isto é, solução ao problema abordado.
Falar uma língua não é o mesmo que se comunicar por escrito. A escrita possui regras específicas. Mesmo quem as desconhece, às vezes consegue apresentar opiniões; uns usam versos (linhas de uma estrofe ou divisão do poema) e outros rimas.



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