Marcelo Ricardo Almeida
Idadismo: um horizonte desmontável?
Fortalecimento da cooperação entre as gerações amplia os horizontes da sociedade. Onde há empatia, o outro está seguro; só persiste a insegurança onde não se compreende que o outro é um outro eu ou euotro.
Só quem andou pelo caminho conhece-o? Ignorar experiências resulta em repetir erros.
Se idadismo e etarismo são equidistantes. No campo do morfema, com o radical -et e o sufixo -ário, ei-lo etário, que concerne à idade; o sufixo -idade mais o outro sufixo -ismo chegam ao idadismo.
A escola, que é influenciada pela sociedade quais as peças de um quebra-cabeça, por fazer parte dela, não está imune ao fenômeno do idadismo como um horizonte desmontável. Quem transforma a escola são os afetos conscientes entre quem se propõe a ensinar e quem se propõe a aprender.
O idadismo manifesta-se ao referir-se às faixas etárias idosos ou jovens com hostilidade nas palavras cujo objetivo é ridicularizar. Não raras vezes, esse fenômeno provoca na vítima de idadismo isolamento, depressão etc.
Não é a escola parte da sociedade? O que ocorre na sociedade reflete de imediato na escola. É a sociedade quem transforma a escola ou esta modifica aquela? Há um horizonte desmontável em uma e outra.
Estabelecidas as compreensões ontológicas, as influências no âmbito da escola interferem mutuamente nos sujeitos envolvidos nas aprendências e nas ensinências presentes nos saberes exercitados na escola.
A escola enfrenta diferentes problemas internos e externos. Haja vista a influência dos problemas além dos muros escolares interferirem no cotidiano escolar. E o idadismo, que é a manifestação pública de preconceitos, surgem em salas de aula, que geram discriminações e realçam estereótipos.
Os Direitos Humanos devem ter assento aos bancos escolares por meio de letramento como bússola orientadora no processo educacional. A escola não pode ser um ambiente que se fragmenta pela rotina da hostilidade.
O papel humanizador, que deve ser a escola, não pode ser sucumbido pela maneira estereotipada que se pensa e discriminatória como se age, tampouco preconceituosa como se sente. A escola deve promover palestras que problematizam as situações de desigualdades.
A indicação da escola passa pela construção da cidadania, das relações harmoniosas. Tornar-se mais humana é dever da escola.
Propõe-se, para serem dirimidos os conflitos advindos do idadismo e das diferenças geracionais nas relações estabelecidas no contexto escolar, orientar os estudantes a praticarem a boa convivência no ambiente de aprendizagem. Porque a escola não é a arena da desumanização.
Não basta apenas o estudante adequar-se à pedagogia da escola, mas ser motivado pela perspectiva do letramento e compreender que a escola não é mera extensão das ruas. A escola é um espaço transformador e humanizador da sociedade.
O que escreveu o professor Antonio Candido, em “O direito à literatura”, cabe aludir ao direito à humanidade. Todos, na escola, têm o direito de ser respeitados pela sua humanidade.
Quanto a música pode fazer à escola, um Clube de Leitura de Literatura, um grupo estudantil de teatro, a criação de um jornal escolar? E a escola, frente ao idadismo como um horizonte desmontável, saiba apontar caminhos a serem caminhados. Nas situações complexas, transformar o intangível em tangível e lidar com os problemas difíceis por meio da educação do bem-estar.
Entre as gerações, a pedagogia dialógica permanente que se fortalece em projetos o respeito mútuo e a compreensão como bem coletivo. Problematização dos estereótipos, dos preconceitos, das discriminações geracionais por meio do letramento é lápis e papel da escola.



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