Marcelo Ricardo Almeida

Só há escola havendo leitura, sem leitura não há escola

Inferir é deduzir ou concluir. Sem a interferência do mundo imaginário não há
aprendizagem real à vida humana.
O aluno que convive, entre os muros da escola e além dos muros,
com o texto literário, é aquele que vai mais longe.
Até quando a escola que se conhece existirá? Esta é a pergunta dia após dia pela inteligência artificial generativa. O acendedor de lampiões, de Jorge de Lima, substituído pela cachoeira de Paulo Afonso no mundo de microplásticos e metais pesados.
O papel do aluno que lê e escreve vai mais longe? O exemplo do aluno que lê, espontaneamente, é o exemplo a ser seguido por todos os alunos.
Classes gramaticais de novo? As aulas de Língua Portuguesa não são tão-só classes de palavras. Convive-se com aprendizado supervisionado, não supervisionado, semissupervisionado e por reforço.
Biblioteca! ocupe a sala principal, o espaço que recepciona quem chega à escola, terra entre rios que sobrevive desde os povos mesopotâmicos.
Há um acordo tácito entre o aluno que lê (sem que ninguém peça que leia, sem ser uma obrigação escolar, sem ter uma compensação, uma nota) e o seu papel na comunidade escolar e também além dos muros escolares.
Afinal, o mundo é construído por bibliotecas. Borges fala sobre isto em La biblioteca de Babel.
Na arquitetura escolar, o espaço da biblioteca não é apenas mais um setor pedagógico; nela, aluno e professor estabelecem parcerias.
Aonde vai o aluno? Como é, no fim, é no princípio, e o princípio da aprendizagem colaborativa, no ensino, age na integração entre os envolvidos no processo educacional. É aqui onde ressurgem inferências, sem elas não se deduz resultados nem interpretação das informações recebidas na escola.
Anteontem, o acendedor de lampiões ficou desempregado. Ontem, foi a vez do cobrador de ônibus. Hoje, quem perderá o emprego?
Nos orienta a segunda competência, entre as dez competências gerais da BNCC (2017), sobre o valor social de
se apropriar da linguagem escrita.
Ou seja:
Reconhecendo-a como forma de interação nos diferentes campos
de atuação da vida social e utilizando-a para ampliar suas
possibilidades de participar da cultura letrada, de construir
conhecimentos (inclusive escolares) e de se envolver com maior
autonomia e protagonismo na vida social.
E a nona competência geral da BNCC:
Envolver-se em práticas de leitura literária que possibilitem o
desenvolvimento do senso estético para fruição, valorizando a
literatura e outras manifestações artístico-culturais como formas de
acesso às dimensões lúdicas, de imaginário e encantamento,
reconhecendo o potencial transformador e humanizador da
experiência com a literatura.
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