Teste do Pezinho detecta até seis doenças, alerta especialista

08 jun 2015 - 09:30


Exame é gratuito e deve ser realizado até o sétimo dia após o nascimento do bebê.

Exame é disponibilizado gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) (Foto: Carla Cleto / Agência Alagoas)

Exame é disponibilizado gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) (Foto: Carla Cleto / Agência Alagoas)

Anemia Falciforme, Hipotiroidismo Congênito, Fenilcetonúria, Fibrose Cística, Hiperplasia Adrenal Congênita e Deficiência de Biotinidase. Doenças que podem comprometer o desenvolvimento da criança e levar à morte, caso não sejam diagnosticadas precocemente por meio do Teste do Pezinho, segundo alerta a médica pediatra da Secretaria de Estado da Saúde, Sirmani Torres.

O problema é que muitos pais não sabem a importância do exame, que é disponibilizado gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em 705 unidades de saúde, graças à portaria 822, que implantou o Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN). Criado há 14 anos, o serviço assegura que todos os bebês tenham acesso ao exame, realizado por meio de coleta de sangue, com punção no calcanhar do recém-nascido.

Após coletar o material, ele é enviado a Casa do Pezinho, em Maceió, onde o exame é realizado e divulgado para os pais do bebê. Ao ser detectada alguma das seis doenças, os pais são convocados para iniciar o tratamento, melhorando a qualidade de vida das crianças e evitando algumas complicações ou sequela física ou mental. Ao receber o diagnóstico, os pais e as crianças recebem atendimento multiprofissional, como: pediatra, endocrinologista, hematologista, psicólogo, enfermeira, assistente social, fisioterapeuta.

“Realizar o Teste do Pezinho é um gesto de amor pelo filho. Por isso, nenhuma mãe deve deixar de levar sua criança para fazê-lo. Caso encontre alguma dificuldade, deve exigir que a Secretaria Municipal de Saúde da cidade de origem assegure esse direito. Por meio do exame, será possível verificar se a criança é portadora de Anemia Falciforme, Hipotiroidismo Congênito, Fenilcetonúria, Fibrose Cística, Hiperplasia Adrenal Congênita ou Deficiência de Biotinidase”, orientou a pediatra.

Ato de amor que foi praticado pela recepcionista Ariadna Cássia de Vasconcelos, que levou a pequena Hayra Maria de Vasconcelos, de apenas cinco dias de vida, para realizar o Teste do Pezinho.

“Ela é meu segundo filho. Fiz o teste do pezinho porque é importante para um diagnóstico preciso de diversas doenças. O atendimento é eficiente e o serviço prestado é de qualidade”, salientou.

Doenças

Além de causar problemas como as deficiências física e mental, as doenças diagnosticadas por meio do Teste do Pezinho podem incapacitar as crianças já nos primeiros meses de vida, caso o tratamento não seja instituído o mais precoce possível.

Entre estas doenças está a Fenilcetonúria, caracterizada por um distúrbio genético, onde uma deficiência enzimática acumula fenilalanina nos tecidos.

A doença, que acomete aproximadamente um em cada 10 mil indivíduos nascidos vivos, é caracterizada pelo acúmulo de fenilalanina nos tecidos e aumento da excreção urinária de ácido Fenilpirúvico. De acordo com especialistas, a patologia pode causar retardo mental, comportamento agitado, agressivo ou padrão autista, presença de convulsão sem causa definida.

Outra doença também detectada por meio do Teste do Pezinho é a Anemia Falciforme, que afeta um em cada mil nascidos vivos, caracterizando-se pela má formação das hemácias, que assumem forma de foices, dificultando o transporte de oxigênio para o sangue. Tratada no Hemocentro de Alagoas (Hemoal) e Regional de Arapiraca (Hemoar), a doença é hereditária e leva a uma deformação das hemácias, também conhecidas como glóbulos vermelhos.

Por esta razão, as células ficam rígidas ou endurecidas e tendem a formar grupos que podem fechar os pequenos vasos sanguíneos, dificultando a circulação do sangue. Como há vasos sanguíneos em todas as partes do corpo, pode ocorrer lesão em qualquer órgão, como o cérebro, pulmões e rins.

A doença é mais comum em indivíduos da raça negra, os portadores assintomáticos são mais de 20% da população mundial. No Brasil, o índice atinge 8% dos negros, como é o caso do psicólogo Sidney Santos, que não foi submetido ao Teste do Pezinho e seus pais enfrentaram dificuldades para detectar a doença. “O fato de não realizar o exame nos primeiros dias de vida causou sérios problemas à minha saúde, que poderiam ter sido evitados”, salienta.

Já o Hipotiroidismo Congênito, que atinge um em cada 4 mil nascidos vivos, pode causar retardo do desenvolvimento físico e mental, em razão da deficiência na produção de hormônio na glândula tireóide. Além de ocasionar atraso do crescimento, a doença desencadeia icterícia prolongada, letargia, anorexia, hipotermia e atraso na maturação óssea.

Além destas três doenças, o Teste do Pezinho também detecta a Fibrose Cística, que é hereditária e causa alteração nas glândulas exócrinas, responsáveis pela produção de muco corporal, que fica mais espesso e, consequentemente, leva a acúmulo de muco denso nos pulmões e afeta a absorção dos alimentos. Entre os problemas que acarreta, está o retardo no crescimento, dificuldade para ganhar peso, inflamação do pâncreas e infertilidade dos homens na idade adulta.

Também detectada pelo Teste do Pezinho, a Hiperplasia Adrenal Congênita é uma doença hereditária rara, onde ocorre o crescimento exagerado do córtex da glândula adrenal e um defeito hereditário na biossíntese do cortisol. A pessoa com essa doença produz em menor quantidade os hormônios cortisol e aldosterona e em excesso os androgênicos, que são hormônios masculinizantes.

É caracterizada pela manifestação,geralmente, a partir da sétima semana de vida, por meio de distúrbios neurológicos e cutâneos, como crises epiléticas, hipotonia, microcefalia, atraso do desenvolvimento neuropsicomotor, alopécia e dermatite eczematóide.

A Deficiência de Biotinidase é uma doença metabólica hereditária, na qual há um defeito no metabolismo da biotina. Nos pacientes com diagnóstico tardio, há frequentemente distúrbios visuais, auditivos, além de atraso no desenvolvimento neuro motor.

Por Josenildo Torres / Agência Alagoas

Comentários