Servidores tentam impedir família de enterrar parente em cemitério de União

15 jan 2013 - 13:59


Foto: Assessoria

Familiares que lamentavam a morte de um de seus entes na capela do principal cemitério de União dos Palmares quase não consegue fazer o sepultamento na noite desta segunda-feira, 14, devido a paralisação das atividades dos funcionários municipais que se recusavam a cavar as covas, caso os salários atrasados não fossem pagos pela prefeitura.

A família ainda esperou cerca de uma hora e o corpo só foi enterrado a noite, após a negociação entre o secretário de finanças, Roberto Carnaúba, e o sindicato que representa a categoria. Três servidores estavam no local, mas se negavam a abrir a cova para sepultar o morto.

Com duas semanas na liderança de União dos Palmares, o prefeito Beto Baía (PSD) já enfrenta a pressão por parte dos servidores públicos municipais, que prometem parar suas atividades caso os salários atrasados pela outra gestão não sejam pagos. Ainda ontem, 14, uma faixa foi colocada na porta da Secretaria de Finanças, em protesto pelo atraso.

O impasse também quer alcançar outros setores de serviços. Correntes foram utilizadas para impedir que o lixo fosse recolhido no município e parte dos servidores na área da saúde também ameaçavam paralisar suas atividades.

De acordo com Roberto Carnaúba, ainda é cedo para colocar todas as contas em dia. “Estamos fazendo um mapeamento da real situação em que a prefeitura nos foi entregue”, explicou o Secretário. “A situação está muito pior do que imaginamos, temos um caixa zerado e mais de R$ 2 milhões em débito”, acrescentou. “Faremos o pagamento do servidores, é a nossa prioridade, mas para isso precisamos dos recursos”, disse Carnaúba.

Ainda segundo o Secretário, a prefeitura está completamente sucateada. “Mais de 20 imóveis alugados pela prefeitura estão com alugueis atrasados em mais de três meses, as ambulâncias não têm condições de uso, assim como os computadores que pertencem à prefeitura”, comentou Roberto.

Em negociação com os servidores, o atual prefeito garantiu o pagamento da folha salarial de janeiro até o dia 31, com o parcelamento dos salários atrasados de novembro e dezembro. A categoria, no entanto, rejeitou a proposta e decidiu decretar a paralisação.

Inicialmente, o atual prefeito Beto Baía propôs à liderança que pagaria aos servidores até o fim de janeiro o mês trabalhado e que parcelaria os meses da antiga gestão, o que foi rejeitado pelos servidores, levando à paralisação. “Queremos resolver, mas nada será feito da noite para o dia”, alertou. “Existe muita coisa que ainda precisa ser averiguada, temos gastos da gestão anterior com gratificações aparentemente ilegais”, denunciou. “Canalizar o dinheiro público e colocar as contas em ordem levará, no mínimo, uns seis meses”, previu o prefeito. “O pagamento dos servidores será prioridade, mas para isso, precisamos dos recursos”, acrescentou Beto Baía.

No decreto de emergência publicado na última quinta-feira, por 180 dias, a prefeitura justificou que faltam medicamentos essenciais nos postos de saúde, merenda escolar, além de condições mínimas de atendimento ao público. Também foi denunciado furto de materiais utilizado nos expedientes pelos funcionários.

Por Ascom JL

Comentários