Programa de Avicultura Familiar é sucesso em Santana do Ipanema

03 jun 2013 - 13:45


Com apoio do Governo, município do Alto Sertão já tem associação com 100 pequenos produtores que fornecem produção à merenda escolar

Santana

O Programa de Avicultura Familiar (PAF) desponta como uma das grandes alternativas ao pequeno e médio produtor em Alagoas. Em municípios como Palmeira dos Índios, Santana do Ipanema, São José da Tapera, Pão de Açúcar e Olivença, ele têm proporcionado às famílias uma forma lucrativa de sobrevivência e, principalmente, a fixação do homem no campo. Nas cinco cidades, cerca de mil famílias de produtores já foram beneficiadas.

No Estado, com investimento de R$ 1,4 milhão, o PAF foi implantado há dois anos de forma experimental em Santana do Ipanema, com apoio da prefeitura local e do Governo de Alagoas, por meio da Universidade Estadual de Alagoas (Uneal) e da Secretaria de Estado da Agricultura e Desenvolvimento Agrário (Seagri), além do Instituto Globoaves e das empresas Globoaves e Novus.

O melhor exemplo do PAF até o momento é na cidade de Santana do Ipanema. Devido ao sucesso do programa no município, que fica no Alto Sertão, a 204 quilômetros de Maceió, os agricultores já fundaram até a Associação de Avicultores do Sertão e, agora, servem de modelo para a expansão do programa para mais 14 municípios, de acordo com o planejamento elaborado.

“É muito importante para um Estado como Alagoas ter a fixação do homem no campo e a otimização da agricultura familiar. No Estado, temos vários programas nesse sentido. No PAF, cada família recebe 60 aves, metade para corte e a outra metade para postura (produção de ovos), além de receberem 100kg de ração”, explica o coordenador técnico do PAF e pertencente ao Instituto para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Estado de Alagoas (Ictal), Leandro Basile.

“Como projeto-piloto, esse programa nasceu há quase dois anos, mas como programa de Governo iniciamos em janeiro de 2013”, complementa o gestor do programa pela Seagri, Dennis Calheiros, acrescentando que a iniciativa tem dois objetivos fundamentais. “A primeira é que toda a produção, carnes e ovos, seja adquirida pelas prefeituras para fins de merenda escolar. E a outra é que o excedente da produção sirva para o produtor na venda”, ressalta.

As aves são repassadas aos agricultores familiares já cadastrados em dois municípios a cada mês. Ao todo, mil produtores da agricultura familiar em 14 municípios serão incluídos no PAF. Para isso, a cada mês a Seagri recebe novos lotes de pintinhos e ração. Além das 60 aves iniciais, após 90 dias eles recebem mais 40 aves de corte, além de ração.

O presidente da associação de Santana do Ipanema, José Ademir Soares, destaca o crescimento do PAF. “Aqui em Santana, tínhamos 78 produtores cadastrados, mas nesta última semana de maio fechamos em 100 associados”, diz. “Depois do projeto-piloto, a avicultura está mais do que aprovada. Hoje já estamos caminhando com nossos próprios pés”.

Seguindo à risca o que preceitua a assistência técnica, um pequeno produtor com uma estrutura mínima para a criação de aves negocia um frango a R$ 9. “Isso quer dizer que o produtor pode tirar, em média, algo em torno de R$ 1. 500 livres ao mês”, informa o presidente.

A Associação dos Avicultores do Sertão, acrescenta José Ademir, comprou recentemente – graças aos primeiros dividendos e capacidade de investimento da produção – uma câmara fria, com capacidade de armazenar 4,5 mil kg de aves.

Qualidade garantida

Para começar a atividade, os agricultores também recebem assistência técnica específica e têm prioridade para vender ovos e frangos abatidos ao Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e ao Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) em seu município.

“Os produtores associados têm a garantia da qualidade e mercado, com uma produção estimada em 20 mil quilos da carne só de um lote”, explica José Ademir, ressaltando ainda a importância da ração fornecida aos produtores, composta de soja, milho e complementada com núcleo, espécie de vitamina concentrada. “Somente um caminhão fornece 28,8 mil quilos de milho”, diz o presidente da associação.

Para se habilitar, é necessário que o produtor interessado construa um galpão aviário com três metros de largura por seis metros de cumprimento. Ele deverá incluir uma área de pastejo conhecido por piquet, que se constitui em um cercado para que as aves não comam sujeira e nem se misturem a outros animais.

“Esse é o mínimo que exigimos para que tenhamos a garantia de qualidade para quem quer escoar sua produção”, explica o técnico responsável pela assistência aos trabalhadores, Fabiano Damasceno.

Perspectivas positivas

O trabalhador rural Ivan Soares, de 32 anos, vive no Povoado Batatau, nos arredores de Santana do Ipanema. Com um pedaço de terra de quatro tarefas, ele afirma que foi uma das melhores opções que fez na vida. “Estou muito feliz, pois, depois que aderi ao programa de avicultura, meus ganhos aumentaram e têm ajudado a manter minha família com mais fartura”, relata o trabalhador rural.

Somente com o cultivo de aves de postura, Ivan diz tirar pelo menos três bandejas de ovos por dia. A sensação de quem encontrou o trabalho ideal para aumentar o faturamento familiar também é compartilhada pelas irmãs Ângela Maria França e Maria José, que moram no povoado Quadrado do Rio, em Santa do Ipanema. “Vivíamos da produção de leite, mas não era muito rentável. O leite é vendido muito barato”, revelou Ângela.

“Começamos com 30 aves de corte e 30 de postura e, hoje, nossa produção está cada dia melhor. O primeiro e o segundo lotes já foram suficientes para investirmos no nosso aviário”, confessa Ângela, que possui um aviário maior que o mínimo exigido para aderir ao PAF.

No cercado de Ângela e Maria José, as aves de postura colocam em média 35 ovos por dia. “No auge da produção, a gente recolhe 90 ao dia”, conta a agricultora, que dá dicas para quem quer aumentar a produção. “Uma galinha necessita de 17 horas de luz e a ração tem que ser dada na mesma quantidade, na mesma hora, todos os dias”, ensina.

Uma galinha bem cuidada, segundo as orientações passadas por por Ângela, pode sair entre R$ 25 e R$ 30 a unidade.

Agência Alagoas

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