Profissões do futuro
12 Maio 2016
O governo britânico encomendou ao grupo Fast Future a pesquisa The Shape of Jobs to Come (A forma dos empregos que virão), esse estudo foi realizado com 486 participantes de 58 países em 6 continentes para elencar quais seriam as profissões dominantes nos próximos 20 anos.
Segundo a pesquisa, uma das áreas que vai gerar mais empregos até 2030 será consultoria de bem-estar para idosos, profissionais capazes de articular diversas áreas da saúde para ajudar os idosos do futuro a viver melhor. Aliás, no mundo das novas profissões, articulador virou palavra-chave. Aqueles que souberem unir diferentes áreas do conhecimento para gerar novos serviços, passam a valer ouro. Segue então algumas profissões do futuro:
LlXÓLOGO
Também chamado gestor de resíduos, será o profissional especializado em propor soluções para os detritos do meio urbano, não só das empresas, transformando os em fontes energéticas que gerem gás e outras formas limpas de energia. Para se ter uma ideia, o volume de lixo produzido no mundo aumentou três vezes mais do que a população nos últimos 30 anos. Além disso. o aumento da qualidade de vida implica em consumo maior e aumento da montanha de lixo no planeta. Os salários para o gestor de resíduos nas empresas ficam entre R$1O mil e R$14 mil.
Já existem cursos de pós-graduação para gestão de resíduos, mas ainda não temos no Brasil cursos de graduação na área. O caminho mais fácil para quem quer trabalhar como lixólogo é a graduação em engenharia ambiental ou química e uma especialização nos cursos de pós-graduação focada em gestão de resíduos.
FAZENDEIRO VERTICAL
As fazendas verticais serão edifícios urbanos destinados à produção de hortifrutigranjeiros e os fazendeiros do futuro irão misturar planejamento urbano com agronomia. “Poderemos comer alimentos mais saudáveis e dos quais sabemos exatamente a procedência.” diz o arquiteto Rafael Grinberg Costa. que está trabalhando no projeto de revitalização de edifícios abandonados em São Paulo.
Alimentar a população de quase 9.1 bilhões de habitantes prevista para os próximos 40 anos será insustentável, segundo a ONU. Não há um curso específico para se tornar fazendeiro vertical, mas será necessária uma forte base em agronomia. conhecimentos de engenharia, arquitetura e urbanismo, todos cursos já existentes no Brasil.
FISCAL DE MUDANÇAS CLIMÁTICAS
Na previsão dos futurólogos. até o clima será espaço para disputas políticas. É aí que entra o fiscal de alterações climáticas, que irá monitorar empresas ou órgãos governamentais que tiverem permissão para fazer alterações meteorológicas. Seria também função dele conceder licenças para intervenções nos padrões climáticos e evitar ataques terroristas químicos na atmosfera, por exemplo.
Segundo a Fast Future, os primeiros da área devem aparecer por volta de 2020. Profissão que está apenas na previsões, os fiscais ainda não chegaram aos meios acadêmicos. Um ponto de partida seriam cursos de meteorologia ou gestão ambiental, mais noções de legislação na área.
CONSULTOR DE BEM-ESTAR AOS IDOSOS
Profissional da área de saúde disposto a construir pontes entre os pacientes da terceira idade e os serviços que podem trazer a eles melhor qualidade de vida. Os cuidados envolvem o contato com médicos, questões de moradia, treinamento esportivo e até de aconseIhamento financeiro.
De acordo com a ONU, idosos serão 19% da população em 2050. Por isso, novas doenças crônicas surgem, aumenta o uso de medicamentos e exames. A telemedicina, a transmissão digital de informações médicas, vai possibillitar gerenciar à distância a saúde do paciente e dar melhor atendimento aos idosos. Para Chao Lung Wen, presidente do Conselho Brasileiro de Telemedicina e Telessaúde, esses estrategistas irão também acompanhar deficientes físicos.
Na Europa, esse profissional já é uma realidade e a tendência deve aparecer por aqui em alguns anos, já que a população idosa aumenta. Oconsultor de bem-estar pode atuar como autônomo ou ser um associado dos sistemas de saúde.
É mais um articulador, por isso sua formação pode ser em qualquer ramo da saúde. O importante é que ele tenha conhecimentos das outras áreas. A Faculdade de Medicina da USP já estuda criar um curso de pós-graduação com esse fim.
PERITO FORENSE DIGITAL
Uma mistura de geek com Sherlock Holmes, o perito busca evidências digitais diante das acusações de ataques a servidores e contas bancárias, roubo de dados, pedofilia e outros crimes na rede. Os peritos também se ocupam de encontrar provas para crimes offline. No Brasil, são registrados 77 mil crimes cibernéticos por dia, segundo pesquisa da Norton. O país tem 40 milhões de usuários de internet, a oitava população cibernética do mundo, segundo a consultoria comScore.
A profissão já existe, mas vai crescer com o aumento do uso de serviços de e-commerce, transações bancárias virtuais e o alcance da rede de computadores no país. Os concursos da Polícia Federal para preenchimento dos cargos de peritos digitais ficam em torno dos 100 candidatos por vaga. Exigem curso superior em ciência da computação e os salários podem chegar aos R$ 14 mil. O perito tem mesmo que ser um geek, mas também ter uma boa base de direito.
ENGENHEIRO DE SIMULAÇÃO
Profissional responsável por coordenar testes virtuais que avaliam os riscos e benefícios de um projeto em um ambiente virtual, ou seja, antes que ele seja colocado em prática. Os testes em computadores reduzem o custo das operações em qualquer área.
Os processos de simulação já estão a todo vapor na indústria e tendem a se intensificar nos próximos 20 anos. O que ainda não existe são cargos especificos para essa função, que têm sido assumidos por engenheiros da computação. Fora do Brasil já existem. Segundo o Departamento de Trabalho Americano, os salários vão de US$ 67 mil a US$113 mil por ano.
É possível formar se engenheiro especializado em simulação por meio dos cursos de pós-graduação. Por exemplo, a USP, Unicamp, lTA e universidades federais do Rio Grande do Sul, Pernambuco. Minas Gerais e Rio Grande do Norte têm formações na área.
NANOMÉDICO
Vai ser o profissional responsável pela utilização de nanorrobôs e nanopartículas para curar, diagnosticar e prevenir doenças. Poderão atuar em pesquisas, atendimento em consultórios e diagnósticos. A nanomedicina vai desde a reparação de tecidos até as práticas de terapia genética.
Os primeiros nanomédicos aparecerão por volta de 2025. Mesmo assim, estudos avançam na área. Cientistas da Universidade da Califórnia já estão utilizando técnicas de nanotecnologia para construir “navios cargueiros” de nanômetros que flutuam pela corrente sanguínea a fim de identificar tipos de câncer. A complexidade da formação a coloca entre as profissões mais bem pagas do futuro, segundo a Fast Future.
O profissional deve ser amigável com a química, biologia, robótica e medicina. No Brasil já se pesquisa a aplicação da nanotecnologia na área médica, mas cursos de graduação ainda estão longe de acontecer. A Universidade de Londres tem um centro de estudos no assunto.