PMDB se articula para presidir Senado com Renan Calheiros

07 jan 2013 - 08:38


Apoiador de Renan Calheiros diz que senador já tem mais de 60 votos. Na Câmara, partido tem dois candidatos; Henrique Alves e Rose de Freitas.

Nome do alagoano tem sido o mais cotado para a presidência do Senado.

Com a maior bancada do Senado e a segunda maior na Câmara, o PMDB se prepara para controlar as duas Casas do Congresso em 2013. Se hoje detém o comando do Senado, com José Sarney (AP), o partido confia no cumprimento de um acordo com o PT para presidir também a Câmara nos dois últimos anos do mandato da presidente Dilma Rousseff. A eleição deve ocorrer no início de fevereiro, na volta do recesso legislativo.

No Senado, o nome mais cotado para a presidência é o do atual líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), que renunciou ao cargo em novembro de 2007, acuado por denúncias de que teria a pensão de uma filha paga por uma grande construtora. Nas negociações para voltar ao comando da Casa, ele tenta obter apoio das bancadas aliadas ao governo, que costuram há meses acordos em troca dos votos.

Na Câmara, o PMDB espera contar com apoio integral do PT, por ter abdicado, em favor do aliado, da disputa pela presidência no início de 2011. O nome apresentado pela direção do partido é o do líder Henrique Eduardo Alves (RN), veterano na Casa, com dez mandatos consecutivos no currículo.

Senado

O senador Gim Argelo (PTB-DF), um dos coordenadores da campanha de Renan Calheiros, calcula que o peemedebista já tenha apoio de cerca de 60 dos 81 senadores. “Somos muitos ajudando na campanha do Renan. Para presidir o Legislativo brasileiro, é o nome ideal, mas quem quiser pode colocar o nome na disputa”, afirma o petebista.

O episódio que levou à renúncia de Calheiros em 2011 promete ser um dos alvos das candidaturas de oposição que já começam a ser construídas na Casa. Mas Argelo argumenta que o caso se restringiu à esfera pessoal. “O caso do Renan foi pessoal. Não teve nenhuma relação com o Senado e é isso que vamos mostrar, caso seja preciso”, afirmou.

Adotando tom de cautela, Calheiros prefere ainda não falar como candidato, mas admite que as negociações que estão sendo feitas pelos que defendem sua candidatura.

“As pessoas falam que eu sou candidato, mas qualquer passo é precipitado. Como líder, eu tenho de ajudar na unidade do partido, mas não falar como candidato. E não tenho participado da campanha, deflagrado a campanha. Eu não posso inverter os papéis”, disse. Sobre o passado, Renan evita falar. “Prefiro não comentar esse assunto”, afirmou, ao ser indagado sobre a renúncia.

Enquanto a base governista estrutura a composição do Senado para os próximos dois anos, um grupo de senadores articula de forma paralela uma candidatura alternativa. Largaram na frente os senadores Pedro Taques (PDT-MT) e Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), que se notabilizaram pelo discurso anticorrupção.

Mesmo prevendo dificuldades para obter maioria, Randolfe defende uma alternativa. “Não há chance de não termos uma candidatura paralela. Nem que eu coloque meu nome sozinho […] Calculo que possamos ter entre 10 e 12 votos”, diz o senador.

Os acordos para a sucessão no Senado envolvem também o comando de comissões temáticas (colegiados onde os projetos de lei são formulados, alterados e negociados), além de postos na Mesa Diretora, que toma as principais decisões com o presidente.

O PMDB pretende se manter na presidência da Comissão de Constituição e Justiça, a mais importante. O nome indicado deve ser o do senador Vital do Rêgo (PB), que este ano presidiu a CPI do Cachoeira, que investigou as relações do contraventor com políticos e empresários, mas terminou os trabalhos sem sugerir o indiciamento de nenhum dos suspeitos.

A primeira vice-presidência do Senado, caso prevaleça o acordo em torno do nome de Calheiros, pode ficar com o senador Jorge Viana (PT-AC), que em 2012 foi um dos relatores do projeto do novo Código Florestal. O posto também é almejado por José Pimentel (PT-CE), líder do governo no Congresso.

O PT quer ainda se manter na presidência da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), com a indicação de Lindbergh Farias (PT-RJ). A primeira-secretaria, responsável pela administração, tende a ficar com o PSDB, passando de Cícero Lucena (PB) para Flexa Ribeiro (PA).

Câmara

Na Câmara, embora a direção do PMDB pretenda emplacar na presidência o deputado Henrique Eduardo Alves, líder da bancada do partido, atual vice-presidente da Casa, Rose de Freitas (PMDB-ES), lançou a candidatura em novembro, mesmo sem o aval da cúpula peemedebista. Na ocasião, ela pregou mudança. “Não pode continuar como está” disse.

“É um direito da deputada Rose de colocar seu nome na disputa. Acho legítimo, mas fico honrado com todos os apoios que tenho recebido para a minha candidatura”, afirmou Henrique Alves.

Mesmo diante da estrutura em torno do nome de Alves, Rose de Freitas afirma que não vai desistir de concorrer. Sem citar parttidos, ela afirma que cerca de 80 deputados já manifestaram apoio à sua candidatura.

“Eu pensei muito. Não é uma coisa fácil para mim. O acordo entre PT e PMDB é de partido, não de nome. Eu estou nesta briga pela Casa. Estamos muito desgastados e não vou abrir mão de concorrer”, diz a deputada.

Quem também já anunciou que participará da disputa é o deputado Júlio Delgado (PSB-MG). Sob receio de perder votos, ele prefere não falar sobre parlamentares que estão apoiando sua candidatura.

“Minha candidatura está confirmada e garantida […] Eu prefiro evitar falar os nomes das pessoas que me apoiam para evitar que outros busquem o apoio deles. Mas posso dizer que estamos trabalhando para levar esta eleição para o segundo turno”, afirmou o deputado.

Na Câmara, os nomes dos demais membros da Mesa ainda estão em negociação.

Por Iara Lemos / G1

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