Pacientes vítimas de AVC terão tratamento específico pelo SUS em Alagoas

14 abr 2015 - 08:25


HGE será referência para o tratamento da doença já a partir desta terça-feira (14)

AVCO tratamento dos alagoanos com Acidente Vascular Cerebral (AVC) passará a ser realizado em um serviço exclusivo, dotado de uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). A partir de terça-feira (14), o Hospital Geral do Estado (HGE) será a primeira unidade do Sistema Único de Saúde (SUS) a funcionar em Alagoas designando um tratamento distinto aos pacientes com derrame.

A implantação da Unidade de AVC acontece em razão da doença ser a principal causa de morte na unidade hospitalar. Dados do Serviço de Arquivo Médico (Same) do HGE mostram que, em 2010, foram registrados 1.017 casos; em 2011, 1.023; 2012 foram registrados 1.587 atendimentos; em 2013, 1.445 e, 2014, foram 1.917 atendimentos.

A unidade contará com 10 leitos exclusivos aos pacientes vítimas de AVC’s. No local, os pacientes receberão um tratamento que proporcionará uma recuperação rápida e evitará as complicações que, muitas vezes, pode levar ao óbito. Para a secretária de Estado da Saúde, Rozangela Wyszomirska, o novo serviço qualificará o atendimento de urgência e emergência em Alagoas.

Na última semana, a gestora visitou a estrutura física do serviço e inspecionou o andamento para a implantação. Profissionais foram treinados e adequações foram feitas para atender aos pacientes. A unidade contará com uma equipe profissional exclusiva, formada especificamente para o tratamento do paciente, profissionais de enfermagem, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas, fonoterapeutas, clínicos e neurologistas, com médicos diaristas que darão suporte para os plantonistas.

A diretora do HGE, Verônica Omena, ressaltou que, complementando os 10 leitos para a internação, a unidade contará ainda com um leito de trombólise. Uma sala específica onde será usado um medicamento chamado “trombolítico”, destinado para o tratamento da fase aguda do AVC em pacientes que estão dentro da janela terapêutica, quando o quadro da doença se inicia até quatro horas e meia. O fármaco é utilizado para dissolver os trombos que obstruem a artéria.

O Acidente Vascular Cerebral é responsável pela maioria das mortes entre os idosos que dão entrada no HGE. No entanto, nos últimos anos, a doença tem acometido também os mais jovens, como foi o caso de Leandro Lima Gama, de apenas 13 anos, do município de Senador Rui Palmeira.

Seu pai, o agricultor José Arnaldo Lima, contou que, ao levantar, no último sábado (4), Leandro desmaiou e, após acordar ficou sem sentir pernas e braços. Levado para o hospital de Santana do Ipanema, o paciente foi transferido para o HGE, onde foi diagnosticado com um AVC isquêmico.

“Foi um susto. Agora Leandro é considerado um paciente estável, graças ao atendimento rápido e eficaz recebido. Ficamos surpresos porque não sabíamos que até crianças estão sujeitas a essa doença. Nosso filho sempre foi ativo e saudável e na nossa família nunca teve caso de derrames”, falou o pai, impressionado.

De acordo com o coordenador da unidade neurológica, o neurocirurgião Fabrício Avelino, o paciente terá um tratamento individualizado, “haverá monitoramento frequente dos sinais vitais, o que irá assegurar uma recuperação rápida e os pacientes mais graves terão mais chances de não desenvolver complicações”, destacou.

O neurocirurgião explicou que a doença se desenvolve, principalmente, pela ausência dos cuidados primários e preventivos, onde se ignora os fatores de riscos como hipertensão e diabetes. Além da má alimentação, do tabagismo, do sedentarismo e do não controle do colesterol, triglicerídeo e outros. O fator genético também contribui para o desencadeamento da doença.

“Os sintomas da doença ainda são negligenciados pelo doente e a família. E esta ainda é uma das dificuldades para se detectar o AVC no início, evitando que o quadro de saúde se agrave. Muitas vezes, o paciente é levado para o hospital com a doença instalada. O atendimento imediato proporcionará um tratamento diferenciado”, frisou Avelino.

O que é o AVC

O Acidente Vascular Cerebral, chamado também de derrame cerebral, é caracterizado pela perda rápida de função neurológica, decorrente do entupimento (isquemia) ou rompimento (hemorragia) de vasos sanguíneos cerebrais.

É uma doença de início súbito na qual o paciente pode apresentar paralisação ou dificuldade de movimentação dos membros de um mesmo lado do corpo, dificuldade na fala ou articulação das palavras e déficit visual súbito de uma parte do campo visual. Pode ainda evoluir com coma e outros sinais.

Os principais sintomas da doença são alteração da fala; perda de força ou sensibilidade de um dos lados do corpo; perda da visão unilateral; dor de cabeça súbita e alteração do equilíbrio. O AVC pode causar sequelas, principalmente, motoras e relacionadas à fala e deglutição.

Agência Alagoas

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