Mão de obra feminina impulsiona produção de pimenta tabasco no Perímetro Irrigado do Marituba da Codevasf

08 mar 2013 - 07:20


Irmãs agricultoras cultivam pimenta tabasco no Perímetro do Marituba (Foto: Assessoria)

Irmãs agricultoras cultivam pimenta tabasco no Perímetro do Marituba (Foto: Assessoria)

A agricultura familiar é responsável por cerca de 70% dos alimentos consumidos pelos brasileiros. E a cada ano cresce o papel da mulher nessa atividade. No Perímetro Irrigado do Marituba, mantido pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) na zona rural de Penedo (AL), às margens do rio São Francisco, as famílias de agricultores estão inovando com a produção de pimenta tabasco cultivada com a participação ativa das mulheres, nos mesmos lotes em que se pratica a bovinocultura leiteira.

São seis famílias de agricultores familiares do Perímetro Irrigado do Marituba que integram a Cooperativa Marituba (Coomarituba) e que estão cultivando a pimenta tabasco com apoio da Codevasf e da Cooperativa Pindorama. Alguns, inclusive, já iniciaram a primeira colheita. O destaque são as mulheres que possuem participação ativa na produção como é o caso das irmãs Adriana Lúcio dos Santos, 22 anos, e Arlene Lúcio dos Santos, 26 anos, que utilizam o lote da família no perímetro para a atividade.

“O Sandoval, técnico da Codevasf, veio aqui e nos falou do projeto de cultivar pimenta tabasco. Nós vimos nossos vizinho entrarem nessa atividade e eu pensei em fazer. Então disse para minha irmã: Adriana, vamos entrar nesse projeto, porque mulher não é somente para ficar com a barriga no fogão. Tem também que se destacar. Não estou certa? ”, afirmou a jovem agricultora Arlene, que fez questão de frisar que esse é apenas o início de um produção de sucesso.

Adriana também se mostrou bastante entusiasmada com o cultivo de pimenta tabasco. “Vivo na roça há muito tempo ajudando minha família. E quero ver essa plantação crescer cada vez mais. Essa é nossa vida. Temos mais terra aqui para crescer a área plantada e já colocamos mais mudas. Se der certo, tudo isso aqui vai virar pimenteira”, declarou.

No lote da família, há ainda a criação de gado leiteiro que integra o projeto do Governo Federal, por meio do Ministério da Integração Nacional e da Codevasf, e do Governo de Alagoas para implantação de uma bacia leiteira na região sul do estado a partir do Perímetro Irrigado do Marituba.

A agricultora Maria do Socorro Santos, 59 anos, mora com o marido e três filhos em um dos lotes do Perímetro do Marituba, onde cultivam mandioca, macaxeira e frutas, além da criação de gado leiteiro. Há pouco tempo a família também entrou no projeto proposto pela Codevasf e pela Cooperativa Pindorama e já colhe as primeiras pimentas, tendo a força de trabalho de dona Socorro como fundamental. “Nunca tinha trabalhado com pimenta, mas estou gostando. Já estamos colhendo e isso é muito bom. Agora vamos ver o que vai dar daqui para frente”, explicou.

Dona Socorro mostra a força feminina na agricultura familiar (Foto: Assessoria)

Dona Socorro mostra a força feminina na agricultura familiar (Foto: Assessoria)

PRODUÇÃO DE PIMENTA TABASCO

De acordo com o técnico agrícola da Codevasf, Sandoval Leite, que atua no Perímetro Irrigado do Marituba, o projeto para estimular a produção de pimenta tabasco no local surgiu da necessidade de diversificar a produção dos agricultores irrigantes. “A Cooperativa Pindorama está responsável por estruturar o Perímetro do Marituba, após vencer licitação para isso. Assim, a principal estratégia de desenvolvimento do perímetro é a bovinocultura leiteira, na qual os agricultores produzem o leite que é completamente adquirido pela Pindorama. Com a produção de pimenta ocorrerá o mesmo. O agricultor familiar produzirá a pimenta tabasco, que será inteiramente adquirida pela Pindorama, gerando renda certa”, explicou.

O técnico agrícola da Codevasf estima que para uma área plantada de 250 m2 cada família retire uma renda mensal média de até R$ 1.250,00. “Cada lote está produzindo em média 15 kg de pimenta por dia. Há cada quinze dias, um representante da Cooperativa Pindorama vem adquirir a produção e paga R$ 5,00 por kg. Assim, há uma compra certa de toda a produção”, informou. Ele acrescentou que somente a produção de pimenta tabasco dos 06 lotes iniciais deverá movimentar anualmente cerca de R$ 162 mil no perímetro irrigado.

Sandoval Leite explicou ainda que do plantio a colheita são 110 dias e que cada pimenteira tem um ciclo de vida útil de 2 anos. “Após esse ciclo, a pimenteira não tem mais a produtividade anterior e deve ser substituída. Para isso, os agricultores, com apoio da Codevasf, da Cooperativa Pindorama e da Coomarituba, já estão se organizando para criar um banco de sementes, que permitirá a continuidade da produtividade atual”, acrescentou.

Para iniciar a produção de pimenta tabasco, os agricultores familiares receberam a doação de mudas da Cooperativa Pindorama, que também forneceu os fertilizantes de forma subsidiada. Ao todo, são seis lotes que estão produzindo a pimenta.

O presidente da Coomarituba José Nilton Bento ressalta o intercooperativismo como experiência de sucesso no Baixo São Francisco alagoano que está mudando a realidade dos agricultores familiares do Perímetro Irrigado do Marituba. “Hoje temos uma parceria que vem dando certo entre a Cooperativa Pindorama e a Cooperativa Marituba, o que chamamos de intercooperativismo. Neste projeto, vinte produtores foram selecionados para a produção experimental da pimenta tabasco. Desse total, seis são cooperados da Coomarituba, que terão a garantia da compra aqui mesmo dentro do lote. É uma semente que está sendo plantada e dará muitos resultados”, afirmou. Ele ainda afirmou que pretende que mais agricultores cooperados da Coomarituba possam integrar o projeto após essa fase experimental.

Segundo o superintendente regional da Codevasf em Alagoas, Luiz Alberto Moreira, os primeiros resultados do projeto com a colheita da primeira safra de pimenta tabasco demonstram o potencial dos agricultores familiares do Perímetro do Marituba. “Quando desafiados a entrar numa cultura desconhecida pela maioria, os irrigantes do Marituba não mediram esforços e se lançaram nesta empreitada. Agora já colhem a primeira de muitas safras, comprovando que todo investimento realizado pela Codevasf para estruturação do perímetro irrigado estava no caminho certo”, declarou.

Presidente da Coomarituba e técnico da Codevasf comemoram primeiros resultados (Foto: Assessoria)

Presidente da Coomarituba e técnico da Codevasf comemoram primeiros resultados (Foto: Assessoria)

PERÍMETRO IRRIGADO DO MARITUBA

O perímetro está localizado no município de Penedo (AL) numa área de 1.801 hectares e abriga 316 lotes de colonos. A implantação do Perímetro Irrigado da Marituba pela Codevasf teve início na década de 1990. O objetivo era tornar a área um projeto modelo de aproveitamento dos recursos hídricos do Rio São Francisco para produção agropecuária.

Em 2010, a Codevasf decidiu apostar em um novo modelo de gestão que pudesse efetivar o novo perímetro irrigado tendo como base a Concessão de Direito Real de Uso (CDRU) para um empresa com comprovado conhecimento técnico e experiência no desenvolvimento de projetos agropecuários. Após processo licitatório, a Cooperativa Pindorama, considerada a maior cooperativa agroindustrial do Nordeste, venceu a disputa.

Como uma das obras prioritárias da Codevasf em Alagoas, o Perímetro Irrigado do Marituba recebeu investimento de cerca de R$ 8 milhões da primeira versão do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do Governo Federal.

A produção agropecuária está especialmente concentrada na bovinocultura do leite e integra a estratégia do Governo Federal e do Governo de Alagoas de implantação de uma bacia leiteira na região sul do estado. Para isso, em 2012, os produtores rurais do Perímetro Irrigado do Marituba receberam a cessão de 400 matrizes de bovinos leiteiros, tanques de resfriamento de leite, tratores e um veículo pick up a partir de um convênio assinado entre a Codevasf e o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário de Alagoas (Seagri/AL). Hoje o perímetro produz mensalmente cerca de 45 mil litros de leite, que são adquiridos integralmente pela Cooperativa Pindorama.

Por Ascom Codevasf

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