Líderes empresariais acreditam que economia precisa “descarbonizar” Quatro líderes de empresas de energia com atuação no Brasil disseram que é preciso acelerar agora o ritmo e a escala das mudanças necessárias para descarbonizar a economia.

24 jun 2020 - 17:00


Foto: Internacional Copper Associated Brazil

Quatro líderes de grandes empresas de energia com atuação no Brasil destacaram, nesta quarta-feira (24), que a Covid-19 eleva o senso de urgência no processo de transição dos modelos de negócios para a economia limpa.

Há mudanças em curso, mas é preciso acelerar o ritmo e a escala necessários para promover o acesso amplo, seguro e confiável a diferentes fontes de energia e descarbonizar a economia. As declarações foram dadas em webinar da série ReVisão 2050, promovida pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS).

André Araujo (Shell Brasil), André Clark (Siemens Energy Brasil), Solange Ribeiro (Neoenergia), e Tiago Alves (Sunew) participaram – ao lado de Heloísa Borges Esteves, diretora de Petróleo, Gás e Biocombustíveis, da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) –, do quinto encontro da série que visa planejar e construir uma visão de futuro pós-pandemia com vistas a 2050. Todos os encontros são transmitidos ao vivo pelo canal do CEBDS no Youtube.

“As lideranças empresariais têm claro que essas mudanças são inexoráveis e que há também muitas oportunidades para o desenvolvimento dos negócios em um novo modelo de economia, em que os limites do planeta são respeitados”, disse Marina Grossi, presidente do CEBDS, moderadora do debate.

Presidente e CEO da Siemens Energy Brasil, André Clark entende que é preciso ir além da descarbonização da matriz energética. “O tamanho dessa mudança é maior. A transformação energética é uma oportunidade singular para promover crescimento econômico de altíssima qualidade. E as empresas têm uma enorme responsabilidade nesse contexto”, disse Clark.

“O que temos agora é um sentimento muito forte de urgência”, destacou o CEO da Shell Brasil. Para Araujo, embora o Brasil tenha uma matriz energética limpa e diversificada – que proporciona vantagem competitiva global –, ainda há muito para fazer. “Não podemos nos acomodar. O Brasil tem um ‘pré-sal’ de oxigênio. Uma oportunidade que precisa de um viabilizador econômico (mecanismos de precificação de carbono)”, afirmou Araujo.

A presidente adjunta da Neoenergia, Solange Ribeiro, também defendeu a adoção de instrumentos de mercado que precifiquem os valores ambientais do Brasil. “Algumas mudanças passam, necessariamente, por políticas públicas, instrumentos regulatórios. É o que de fato vai permitir o desenvolvimento do setor energético”, disse Solange.

Além disso, a executiva lembrou que as cobranças de investidores e consumidores têm hoje impacto direto na tomada de decisão dos negócios. “Não é mais opcional, é mandatório. O processo de recuperação da economia pós-pandemia passa necessariamente pelo ‘verde’”, completou.

O CEO da Sunew foi outro que apontou o desenvolvimento de mecanismos de precificação de carbono como estratégico para o Brasil. “As transformações sistêmicas também passam por investimentos em educação, para que as pessoas possam ser empoderadas e liderar as transformações, e pelo disclosure, que é a cultura da informação e da transparência. É preciso levar as informações das empresas para além dos relatórios anuais”, acrescentou Alves.

Já a diretora de Petróleo, Gás e Biocombustíveis, da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) afirmou que há projeções de crescimento da demanda energética no Brasil até 2050 e que essa busca por energia passa pela redução na emissão de carbono.

“Importante observar que os investimentos em renováveis estão se mantendo resilientes mesmo no cenário da pandemia”, disse Heloísa, defendendo um esforço de convergência entre as agendas dos setores público e privado. “As empresas não vão liderar essas mudanças sozinhas. O Plano Nacional de Energia é um norte importante para promover o melhor uso dos nossos recursos com desenhos de mercados competitivos, que permitam que a gente navegue nessas transformações energéticas”, afirmou a executiva.

Próxima agenda

Com a crise do coronavírus, o CEBDS está realizando entre suas empresas associadas e especialistas multissetoriais discussões sobre a retomada dos negócios e o planejamento de longo prazo, revisitando os compromissos definidos no documento Visão Brasil 2050, lançado na Rio+20, em 2012. Estão previstas ainda webinares para discutir Biodiversidade e Florestas, Economia Circular e Cidades, com o intuito de pensar o futuro pós-coronavírus.

Os webinares contam com a participação de representantes do terceiro setor e são realizados quinzenalmente às quartas-feiras, de 8h às 9h30, de forma gratuita e abertos ao público em geral. A série de Webinares da Visão 2050 tem patrocínio da Vale, Itaú, e conta com o apoio do SESC, Sitawi, KPMG e ERM.

SOBRE O CEBDS

O Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) é uma associação civil sem fins lucrativos que promove o desenvolvimento sustentável por meio da articulação junto aos governos e a sociedade civil, além de divulgar os conceitos e práticas mais atuais do tema.

Fundado em 1997, reúne cerca de 60 dos maiores grupos empresariais do país, responsáveis por mais de 1 milhão de empregos diretos. Representa no Brasil a rede do World Business Council for Sustainable Development (WBCSD), que conta com quase 60 conselhos nacionais e regionais em 36 países e de 22 setores industriais, além de 200 grupos empresariais que atuam em todos os continentes.

Por Assessoria

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