Lagarta destrói plantações e causa prejuízo no Sertão de Alagoas

17 jun 2013 - 06:58


Pequenos produtores estão perdendo lavouras de milho e feijão. Segundo Embrapa, falta de chuvas faz praga avançar na região.

G1

Agricultora Luzamira Ferreira mostra planta afetada pela lagarta (Foto: Jonathan Lins/G1)

Pequenos agricultores do Sertão alagoano estão preocupados com o ataque de lagartas nas lavouras de milho e feijão. Com retorno das chuvas neste ano, muitos se animaram e fizeram o replantio da cultura de subsistência, mas, além das chuvas não terem sido suficientes, o inseto tem devorado boa parte das plantações.

A lagarta do cartucho impede que as plantas desenvolvam. Já não bastasse os efeitos da estiagem prolongada, a preocupação dos agricultores com relação à praga tem sido grande. Os agricultores falam que, além do milho e feijão, o capim e outras culturas estão sendo devastadas.

Este é o caso da agricultora Luzamira Ferreira Silva, 55, moradora do Sítio Jurema, uma das comunidades do município de Olho d’Água das Flores. Ela disse que plantou depois das chuvas, mas muitas das plantas nem ao menos chegaram a nascer. “O que restou está sendo destruído pela lagarta”, conta.

A agricultora disse ainda que nem mesmo para o consumo será possível aproveitar o que foi plantado. Segundo ela, os moradores da localidade, que antes produziam os próprios alimentos agora têm que comprá-los. “Agora temos que gastar um dinheiro que não poderíamos para comprar comida para casa. O que tínhamos de milho e feijão não era muito, mas ajudava bastante aqui em casa”, disse.

O presidente da Associação Comunitária da Comunidade Nossa Senhora Aparecida, José Marciel, o “Bebé”, disse que a situação dos produtores só tende a piorar nos próximos dias. Ele, que também é produtor, disse que muitos agricultores não tem mais condições de plantar neste ano. “Mesmo que volte a chover, os agricultores estão sem sementes para plantar. Eles também gastaram muito dinheiro e não podem comprar produtos para evitar a praga”, falou.

Maciel disse que perdeu toda sua plantação de feijão e parte da de milho. Além disso, o capim para alimentar o gado também foi atingido pela lagarta. “Vemos os animais morrendo com fome e temos que racionar a comida que ainda conseguimos comprar”, falou.

Outro produtor que lamenta a perda da plantação é Luiz Ribeiro, o “Luizinho”. Ele tem uma propriedade de 15 hectares na zona rural do município de Santana do Ipanema, e conta que plantou milho e feijão no final de abril deste ano, mas que tudo foi perdido por causa do inseto.

“Logo que as primeiras folhas apareceram a lagarta foi comento tudo. Não tivemos tempo para cuidar. Como nos anos anteriores chovia, achávamos que o ataque não iria ser tão devastador. Agora vou esperar chover e tentar plantar alguma coisa, mas sei que não vai ser muito”, lamentou o produtor.

Falta de chuvas faz praga avançar

A gerente regional da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) no Agreste e Sertão de Alagoas, Alane Wanderley, disse que a forma mais eficaz para combater a praga da lagarta é o controle químico. “O problema é que a maioria dos pequenos agricultores não tem condições de pulverizar a plantação com veneno, pois o pulverizador custa caro e a venda da colheita não cobre o que foi investido”, expôs.

Lagarta

Alane disse que além de não estarem preparados para a proliferação da lagarta do cartucho, os produtores só percebem a presença dela quando já esta se alastrando. “Quando a lagarta ataca é muito rápido e quase não dá tempo de colocar mais produto químico. O ideal e que isso seja feito antes, mas normalmente os agricultores não estão preparados”, disse.

Para a gerente regional, a falta de chuvas associada a alta temperatura fez com que a lagarta se proliferasse com mais facilidade. “A lagarta não resiste a água. A tendência é que ela apareça, mas em menores proporções. Como a chuva foi pouca, não conseguiu combater a praga”, destacou.

Segundo Alane, esse tipo de problema já se tornou comum no Sertão do Estado e vem se agravando mais ao longo dos últimos anos. “A falta de cuidados pode comprometer toda a safra. Como as lagartas devoram as folhas, a planta perde a força e fica incapaz de produzir. O efeito disso é a quebra na produção. A Secretaria Estadual de Agricultura distribuiu sementes para o plantio, mas quando a plantação estava crescendo ela foi perdida”, disse.

G1/AL

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