Hospital de Campanha recupera 100 pacientes num mês de funcionamento Unidade de saúde foi reaberta no dia 30 de março, ampliando a rede hospitalar em 142 leitos clínicos.

30 abr 2021 - 22:52


Damião Cerqueira Santos e a esposa Elisabeth Cerqueira Santos foram tratados da Covid-19 no Hospital de Campanha Dr Ceso Tavares (Foto: Thiago Duarte / Agência Alagoas)

Tosse e dores na garganta. Esses foram os primeiros sinais que o casal de baianos, Damião Cerqueira Santos, 63 anos, e Elisabeth Cerqueira Santos, 59 anos, sentiu antes de ir até à farmácia para fazer um teste rápido e receber o resultado positivo para Covid-19. Imediatamente, eles foram até a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Francês, em Marechal Deodoro, município localizado na região metropolitana de Maceió, onde residem há oito meses.

Como Damião e Elisabeth estavam com sintomas leves e um bom nível de saturação, a médica da unidade de saúde medicou os dois, pediu para retornarem para casa, cumprirem o período de isolamento e recomendou que observassem os sintomas. Caso houvesse piora no quadro de saúde, a profissional de saúde orientou que retornassem até a UPA.

“Depois de quatro dias, começamos a ter diarreia, fortes dores de cabeça e muito cansaço. Voltamos para a UPA e, como os níveis de saturação tinham diminuído, a médica nos avisou que seríamos transferidos até um hospital, para dar continuidade ao tratamento da doença”, contou Elisabeth Cerqueira dos Santos.

A transferência aconteceu no dia 30 de março para o Hospital de Campanha Drº. Celso Tavares, data em que a unidade de saúde foi reaberta, no bairro Jaraguá, em Maceió. Os baianos residem em Alagoas desde 2014 e foram um dos primeiros pacientes recebidos pela equipe do hospital, que em um mês de funcionamento, completados nesta sexta-feira (30), atendeu 218 pessoas diagnosticadas com a Covid-19.

Neste período de assistência exclusiva a pacientes infectados com a Covid-19, o Hospital de Campanha concedeu alta médica a 100 pacientes. Para Claubiano Moura, diretor geral da unidade hospitalar, é motivo de felicidade recuperar os pacientes e devolvê-los ao convívio familiar.

“Passamos por momentos difíceis, às vezes ficamos esgotados nessa luta diária, mas, ver a felicidade dos familiares quando os pacientes estão retornando para casa não tem preço. É isso que o Hospital de Campanha tem feito: devolver o cidadão recuperado para a família. O hospital foi reaberto em um momento crucial, aliviando o sistema público de saúde com a abertura de novos leitos”, afirmou o médico.

A referência feita sobre o atendimento pelo diretor do Hospital de Campanha tem como exemplo a batalha pela vida enfrentada pelo casal Damião e Elisabeth, unidos há mais de 39 anos, que não ficaram separados nem durante o internamento na unidade. “A nossa transferência aconteceu no mesmo momento, e quando chegamos no hospital, os médicos nos colocaram em leitos um em frente do outro. Durante o período ficamos internados, estávamos sempre nos dando força, apoiando um ao outro”, contou Damião, reforçando que o atendimento humanizado da equipe ficou marcado para o casal.

“Desde o momento que chegamos ao hospital fomos recebidos por anjos que vieram nos ajudar nesse momento tão horrível. Todos da equipe estão de parabéns, dos médicos, ao pessoal do serviço geral. Nos deram tanto amor e carinho que seremos eternamente gratos por isso. O que também nos ajudou bastante durante o tratamento foram as vídeochamadas que tivemos com nossa família, que não podia estar ao nosso lado naquele momento”, lembrou.

Alta hospitalar – Damião recebeu alta do Hospital de Campanha primeiro que a esposa, depois de nove dias internado. Elisabeth, por sua vez, teve uma piora no quadro clínico, precisou ser entubada pela equipe do hospital e transferida para um leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no Hospital Veredas, que tem leitos Covid-19 contratualizados junto à Sesau. Na outra unidade hospitalar, Elisabeth passou mais 16 dias internada entre UTI e enfermaria, até receber alta no dia 23 de abril e voltar para perto das três filhas, dos dois netos e do marido.

“Os médicos pediram permissão ao meu esposo para eu ser entubada. Eles fizeram o procedimento no momento certo. O Hospital de Campanha salvou a minha vida e era pensar nos meus netos que me dava ainda mais força, e eu precisava sair daquela situação para vê-los crescer”, disse Elisabeth.

O casal ainda está se recuperando das sequelas deixadas pela doença. Damião ainda sente cansaço ao fazer algumas atividades domésticas, e a esposa quando deixou o hospital, não conseguia falar, andar e mexer os braços. Após uma semana de recuperação, Elisabeth já consegue falar com certa dificuldade, movimentar normalmente os braços, e a força nas pernas está retornando aos poucos.

Estrutura hospitalar

Essa é mais uma das histórias de superação na batalha diária contra a Covid-19 enfrentada pelos mais de 500 profissionais que atuam no Hospital de Campanha Dr. Celso Tavares.

O hospital foi aberto com 142 leitos de clínicos e oito salas de estabilização, para tratar os pacientes com um quadro clínico mais grave. O diferencial da unidade hospitalar é a usina de oxigênio, que abastece durante 24 horas todos os leitos e que tem capacidade de gerar 13 mil litros do gás medicinal por hora, sem a necessidade de utilizar dos cilindros de oxigênio.

Por João Victor Barroso / Agência Alagoas

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