Governo libera R$ 740 mil para pesquisas no Canal do Sertão

12 mar 2014 - 13:03


Edital lançado pela Fapeal beneficia projetos nas áreas de agricultura e pecuária na região que margeia a obra.

Foto: Paulo Rios / Agência Alagoas

Foto: Paulo Rios / Agência Alagoas

O Governo do Estado de Alagoas, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal), e em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCTI), assina, nesta quarta-feira (12), os termos de outorga de concessão de recursos com os coordenadores das pesquisas contempladas no Edital n° 05/2013 – Seleção Pública de Propostas Para Apoio à Pesquisa, desenvolvimento e inovação voltadas para a região do semiárido em universidades e órgãos de pesquisa, ou, como ficou conhecido, Edital Canal do Sertão. Serão disponibilizados R$ 740 mil.

A iniciativa está alinhada ao Plano Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação 2013-2023 e vai beneficiar projetos de universidades e outros órgãos de pesquisa que promovam a exploração racional e sustentável da agricultura e pecuária na região que margeia o Canal.

Considerada a maior obra de infraestrutura hídrica no Estado de Alagoas, quando concluído, terá 250 km, entre Delmiro Gouveia e Arapiraca, e atenderá a 42 municípios alagoanos, transportando água captada no Rio São Francisco e disponibilizando para consumo humano e atividades agropecuárias.

Manejo do solo

Sessenta e cinco quilômetros já estão prontos. A Fapeal vai disponibilizar, ao todo, R$ 739.945,00 (setecentos e trinta e nove mil, novecentos e quarenta e cinco reais) para três projetos selecionados no edital lançado em outubro. Para Stoécio Maia, coordenador de um dos projetos vencedores, “Indicadores de uso do solo para a região do Canal do Sertão no semiárido alagoano: vulnerabilidade ao aquecimento global, matéria orgânica, fertilidade do solo e balanço hídrico”, apresentado pelo Instituto Federal de Alagoas (Ifal), em parceria com Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a iniciativa da Fapeal é fundamental por focalizar uma região carente. “É uma área que realmente precisa. A ideia do nosso projeto é utilizar os indicadores para o manejo correto do solo”, explica.

O objetivo é gerar uma série de indicadores de atributos do solo com o intuito de disponibilizá-los aos produtores rurais e aos tomadores de decisão, principalmente do setor público, contribuindo para o planejamento e adoção de sistemas agrícolas sustentáveis e com maior potencial agrícola, além da formulação de políticas públicas.

As possibilidades de otimização da irrigação foram o tema de outro projeto contemplado, “Sistema de irrigação automático e autossustentável para a região do semiárido alagoano que margeia o Canal do Sertão”, que tem como instituição executora a Universidade Estadual de Alagoas (Uneal), em parceria com a Ufal e o Ifal. Para o coordenador, Dácio Rocha, os investimentos compensam a economia que será gerada após a implantação do sistema.

“O nosso projeto busca funcionar para o produtor da região de tal forma que ele não precise de energia elétrica. Uma das vantagens do sistema automático é facilitar a vida do produtor no uso do sistema de irrigação”, destaca.

Inovação

Uma das inovações do Edital Canal do Sertão é a exigência da atuação em rede pelas instituições. Os grupos de pesquisadores devem ter produção técnico-científica consolidada nas diferentes áreas do conhecimento envolvidas em cada pesquisa.

“O projeto tem uma abordagem multidisciplinar e envolve instituições diferentes, na promoção da difusão do conhecimento e das técnicas desenvolvidas no nosso plano de trabalho”, informa João Gomes da Costa, coordenador da terceira proposta selecionada, “Desenvolvimento de um sistema integrado lavoura x floresta para as condições do semiárido alagoano”, da Embrapa com a Ufal, o Ifal e participação do Instituto de Inovação para o Desenvolvimento Rural Sustentável (Emater).

Segundo ele, a ideia do trabalho em rede proporciona parcerias interessantes. “Nossa proposta é trabalhar a lavoura, pecuária e floresta de forma sustentável. A água nós já temos. Agora precisamos utilizá-la de maneira adequada para proporcionar o desenvolvimento da região”, comenta. As pesquisas serão desenvolvidas durante o período de um ano, renovável por mais um. Os repasses financeiros serão realizados pelo Governo do Estado, por meio da Fapeal, e pelo CNPq, e já estão garantidos.

“Esse edital significa um ganho significativo para Alagoas. É uma contribuição da pesquisa para a obra mais importante do Estado, o que vai contribuir para o desenvolvimento das políticas de uso do Canal depois de pronto. Esses resultados podem inclusive ampliar a quantidade de beneficiários da obra, que tem uma importância inquestionável para os alagoanos, ainda mais clara em épocas de seca como a que estamos vivendo. Além disso, para a prática científica especificamente, é uma oportunidade de bolsistas de diversos níveis, tipos e áreas serem engajados em um trabalho com grandes possibilidades de aplicação. Há, ainda, o trabalho em rede, que pode maximizar os resultados e não podemos esquecer da interiorização das atividades científicas, inclusive com o protagonismo da nossa universidade estadual”, explica a presidenta da Fapeal, Janesmar Cavalcanti.

A assinatura dos termos de outorga entre representantes da Fapeal e das instituições executoras das pesquisas ocorrerá às 10h30 desta quarta-feira, na Sala da Presidência da fundação.

Por Shirley Nascimento / Agência Alagoas

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