Foto: Neno Canuto
A paisagem acinzentada da caatinga, típica da época de seca, aos poucos vai ganhando retoques de verde, graças ao plantio de forrageiras com uso da água do Canal do Sertão. Palma, capim, sorgo e cana-de-açúcar, essenciais para bois, vacas, ovelhas e cabras, estão entre as forrageiras plantadas numa propriedade do Sítio Poços Salgados, em Olho D’Água do Casado, no quilômetro 65 do Canal do Sertão. A área que pertence a um agricultor familiar foi escolhida pela Secretaria de Estado da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário (Seagri) para servir como unidade modelo.
De acordo com o secretário José Marinho Júnior, R$ 500 mil já estão garantidos para a instalação de outras 50 unidades de irrigação para produção de forrageiras. “Com isso, garantimos alimento para os animais e, assim, a produção de leite, carne e couro. Mas nessas áreas também é possível plantar grãos, hortaliças e fruteiras”, destacou. Ainda segundo ele, outros R$ 500 mil serão usados para implantar uma central de produção de forragens, que vai atender às demandas de cooperativas, associações e grupos organizados dos municípios do semiárido.
“O Estado cumpre seu papel de indutor do desenvolvimento. Outros produtores da região, baseados em nossa unidade demonstrativa, já estão planejando fazer sua irrigação, por conta própria, e isso é muito positivo”, analisou Marinho.
“A água do Canal do Sertão vai aumentar a produção e melhorar a vida dos sertanejos”, salientou José Marinho Júnior, que destacou também a realização de um Zoneamento Agropecuário de Alagoas (Zaal), encomendado pela Seagri à Embrapa Solos. “Esse trabalho identifica as áreas propícias para irrigação no entorno do Canal e em todo o Estado, além das culturas melhor adaptadas a cada região. Assim, nossos projetos serão adequados e personalizados para cada área, respeitando a vocação de cada lugar e as características ambientais”, frisou o secretário.
“O governador Teotonio Vilela entende a importância da participação das famílias do campo no desenvolvimento de Alagoas, e a Seagri trabalha para garantir autonomia, inclusão produtiva e agregação de valor às atividades agropecuárias. Temos total apoio do governador para nossos projetos, bem como do governo federal e de instituições parceiras”, lembrou José Marinho Júnior.
Bacia Leiteira – Os produtores de leite vinculados a cooperativas e associações que estão em áreas distantes dos primeiros 65 quilômetros do Canal do Sertão também estão esperançosos quanto às mudanças que o empreendimento vai proporcionar. É o caso de Aldemar Monteiro, presidente da Cooperativa de Produção Leiteira de Alagoas (CPLA). Segundo ele, a cooperativa também será beneficiada pela água do Canal, à medida que áreas no entorno sejam usadas para produção de forrageiras, como sorgo e palma.
“Faremos uma parceria com o Governo do Estado e com outros produtores para uso dessas áreas. Queremos garantir alimento para o gado o ano inteiro, e para isso vamos utilizar a água do Canal por meio da irrigação. Vale destacar que garantir alimento para o gado é também garantir alimento para as pessoas, que vão trabalhar e gerar renda com a atividade”, frisou Monteiro.
O interesse dele é o mesmo de Antônio Gérson, membro da Cooperativa dos Pequenos Produtores de Leite da Bacia Leiteira de Alagoas (Coopaz), que participou da visita feita pelo governador Teotonio Vilela à unidade modelo de irrigação instalada no Sítio Poços Salgados, em Olho D’água do Casado. “Aqui dá pra ver o resultado do trabalho, do uso da água do Canal, e sabemos que isso vai ser importante pra gente também, lá na Bacia Leiteira, que vamos pode usar essa água”, comemorou Antônio Gérson, que na ocasião estava acompanhado do produtor Jilvan Medeiros, da comunidade Paus Pretos, de Monteirópolis.
Fortalecimento da economia
Para o superintendente de Desenvolvimento Agropecuário da Seagri, Hibernon Cavalcante, o Canal do Sertão vai fortalecer a economia da região semiárida. “À medida que apoiamos a agricultura e os produtores de leite, estamos incentivando a geração de renda. Com isso, mais dinheiro vai circular no comércio das cidades, nas lojas, mercados, entre outros estabelecimentos”, avaliou.
Para garantir condições aos agricultores interessados em fazer irrigação e investimentos na área do Canal, instituições financeiras vão oferecer linhas de crédito especiais. Com esse objetivo, técnicos do Bando do Brasil e da Seagri se reuniram para discutir o plano de irrigação.
“O plano de irrigação será mais uma ação do Governo em busca de modificar a qualidade socioeconômica dos municípios do Sertão alagoano. O projeto se baseia em exemplos de cidades que utilizam áreas irrigadas para plantio de produtos em quantidade e com visão comercial, como em Rio Pardo, no estado do Rio Grande do Sul, onde o sucesso já é visto”, exemplificou o superintendente Hibernon Cavalcante.
Ele acredita que os impactos do Canal serão imediatos, do ponto de vista do otimismo e dos investimentos, mas “em até cinco anos sentiremos essa mudança em termos produtivos, com geração de milhares de empregos e diversificação produtiva”. Segundo Hibernon, alguns municípios se tornarão pólos na produção de forrageiras e frutas. Ele também lembra que diversos projetos para irrigação estão sendo elaborados por produtores e empresas, a partir da indução promovida pelo Estado.
Por Ascom Seagri