Copa do Mundo: quem ganha é o melhor futebol e a melhor infraestrutura

Jean Ferrari* - colaboração

21 Maio 2022 - 15:06


Foto: Furknsaglam / Pexels

A Copa do Mundo de 2022 tem data para começar e terminar e até já se sabe quem vai jogar com quem, pelos menos nas primeiras fases. Em novembro, as atenções de todo o mundo se voltam mais uma vez para o continente asiático, mais especificamente Catar, uma das nações mais ricas do mundo, país sede do torneio neste ano.

O país, que não tem tradição em futebol, é referência em outras áreas e, justamente por conta disso, atrai a atenção do mundo, que espera um dos maiores eventos esportivos da história da modalidade. O Catar é um dos maiores produtores de gás natural do mundo.

Em meados dos anos 1970, uma empresa do país assumiu a exploração e controle do petróleo existente no país, o que alavancou a economia. O material, juntamente com petrolíferos refinados, polímeros de etileno e alumínio em formas brutas  são as principais exportações do país, que em 2017 registrou o valor superior a US$ 52 bilhões em exportações.

E por conta da inovação que faz jus à fama da região, onde dinheiro e desenvolvimento andam lado a lado, espera-se ver mais do que um espetáculo com a bola nos pés. A infraestrutura e as inovações da construção civil também serão destaque. Legado, conforto, acessibilidade e sustentabilidade – essas são as palavras chave por trás do desenvolvimento da infraestrutura do evento futebolístico no país de 11.571 metros quadrados e 2,88 milhões de habitantes.

Dos doze estádios, nove foram construídos do zero e três passaram por reformas. A equipe pretende conseguir um certificado especial do chamado GSAS (em tradução livre, Sistema Global de Avaliação de Sustentabilidade) para todos eles garantindo selo de inovação com tecnologias como o resfriamento sustentável dos estádios, uso de equipamentos e materiais reciclados e ecologicamente corretos e outras soluções sustentáveis.

Por falar em sustentabilidade, uma tendência dos estádios do Catar é a redução do espaço usado e doação de equipamentos e materiais para outras áreas que necessitem de investimento esportivo após a Copa. Arenas como a Al Bayt Stadium e Al Rayyan Stadium, por exemplo, que passaram por reformas e têm capacidade para 60 mil e 40 mil pessoas respectivamente, terão grande parte de suas arquibancadas removidas e doadas.

Por se situar em uma região de clima árido, as temperaturas no Catar são geralmente bastante elevadas, uma preocupação que foi levada em conta ao escolher a data dos jogos – tradicionalmente em junho e julho – entre novembro e dezembro deste ano. Mesmo assim, os estádios contam com sistemas de resfriamento ecologicamente corretos.

Arquitetura planejada para manter ou preservar a temperatura agradável naturalmente – sem necessitar de artifícios extras e desperdício de energia, construções feitas com materiais reaproveitados e até mesmo estádios construídos do zero em cidades que também surgiram e cresceram “do nada” no meio do deserto. Até mesmo a logística de circulação de delegações e turistas foi pensada, com criação de linhas de metrô para evitar emissão de carbono e garantir, assim, selos de qualidade e sustentabilidade dos órgãos responsáveis.

A Copa do Mundo do Catar pode se tornar um exemplo de aplicação do conceito de smart cities, as cidades inteligentes que garantem praticidade, conforto e sustentabilidade, a palavra do momento.

O país sede do maior evento de futebol do mundo conta com oito subdivisões, com distância máxima de 55 quilômetros entre elas, percurso que, lá, é facilmente percorrido por linhas de metrô. Ou seja: já vive e respira o conceito de smart city. 

Com pensamento inovativo e voltado a fazer a diferença, a infraestrutura no Catar desenvolvida não apenas pensando na Copa do Mundo, mas também nos benefícios que essas construções podem gerar para a população após o evento, é um legado que se torna referência em boas práticas aqui no Brasil. Um dos estádios construídos do zero para os jogos, o Estádio de Lusail, deve ser remodelado internamente após o Mundial para dar lugar a escolas, hospital e centro comercial.

Práticas ESG, como a preocupação com o resfriamento dos ambientes de forma natural, reaproveitamento de materiais e sustentabilidade, transformação digital e novos produtos devem ganhar mais destaque, sendo essa uma Copa incomum, com atenção voltada também à práticas de inovação, tendências para além do futebol.

A Copa do Mundo é um evento que gera apenas entretenimento para grande parte da população, mas que neste ano, as atenções se voltem também para o planejamento – já que alguns estádios começaram a ser construídos ou reformados assim que Catar foi definido como sede – e também para a inovação e sustentabilidade, que não devem ser temas falados em “webinars”, mas sim colocados em prática para o bem geral da nação.
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*Jean Ferrari engenheiro civil e CEO da FastBuilt

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