Combate à obesidade na infância reduz gastos com a saúde

30 Maio 2013 - 13:03


obesidade2Combate à obesidade é uma questão de qualidade e expectativa de vida. Estimativas apontam que, só em 2011, o governo brasileiro gastou R$ 488 milhões com o tratamento de 26 doenças associadas à obesidade, como câncer, diabetes e problemas cardiovasculares. Tomando como base esse contexto de combate a essas doenças e a questão da prevenção, os estados membros da OMS aprovaram por consenso uma resolução que tem como meta reduzir a obesidade no mundo até 2020. Essa resolução estabelece um plano de ação contra uma série de fatores que podem agravar o quadro do paciente, incluindo-se aí a obesidade.

O diretor do Departamento de Nutrição para a Saúde e o Desenvolvimento da OMS, Francesco Branca relata que excesso de peso representa o quinto fator de risco de morte em nível mundial, matando cerca de 2,8 milhões de adultos anualmente. “A luta contra a obesidade é uma prioridade e um dos fatores mais importantes para combater as doenças não transmissíveis”, disse ele.

Além da resolução assinada pela OMS, surgem também iniciativas privadas com o objetivo de fazer com que as pessoas controlem seu próprio peso. É o caso do programa Meu Prato Saudável, lançado em outubro de 2012.

De acordo com a médica responsável e diretora executiva do programa, que atua em parceria com Hospital das Clínicas, Elisabete Almeida, o objetivo é fazer com que a população brasileira entre em forma. “De acordo com as últimas pesquisas do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mais de 50% da população brasileira está acima do peso.

Esses números são assustadores”, explica.A diretora conta que o programa utiliza uma metodologia simples e prática de ser seguida. “Este é um programa que orienta a população sobre quais alimentos ingerir e a quantidade que deve ser colocada no prato. Todas as ações realizadas em conjunto com a população são gratuitas”, relata.

Gastos

Ela explica que só em 2009, o Brasil gastou mais de 20 milhões com cirurgias bariátricas e 70% dos gastos do SUS são com doenças crônicas decorrentes da obesidade. “Se o enfoque do governo fosse o combate efetivo à obesidade, teríamos 70% de gastos a menos com a saúde. Com relação ao programa em si ainda não temos ideia de valores que isso representa em termos de custos”.

Nos eventos promovidos pelo “Meu prato Saudável”, além de mostrar os pratos que podem ser consumidos com base nas informações nutricionais, há uma interação com os consumidores para falar o que estão fazendo de certo e errado. “Disponibilizamos um aplicativo aonde as pessoas tiram fotos do que estão comendo e postam essas fotos com ênfase no valor nutricional da refeição”, relata.

Para Elisabethe, esse acordo assinado pela OMS deve beneficiar ainda mais a população. “É importante que haja adoção de programas como esse do meu prato saudável para que as pessoas saibam como fazer e incorporem o conceito no dia”, explica. “A população não teria câncer provocados pela má alimentação, sedentarismo e maus hábitos, se o problema da obesidade fosse combatido desde a infância.”

Planos de saúde

Já para José Cechin, diretor executivo da Fenasaúde, o combate à obesidade é, antes de tudo, uma questão de qualidade de vida. “Quem não cuida do problema de obesidade está propenso a ter um conjunto de problemas crônicos”, explica.

Ele explica que as operadoras de planos de saúde têm aderido ao programa “Promoção da Saúde e Prevenção de Riscos e Doenças”, instituído pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). “Esse programa é voluntário do lado das operadoras. E diz que as pessoas que praticarem as ações saudáveis determinadas pelo programa, terão direito à redução na mensalidade do plano de saúde”, conta.

O diretor executivo explica que o programa de participação voluntária foi lançado há dois anos. “Seguindo bons hábitos de vida as pessoas tem saúde melhor. Isso torna possível a redução do custo final repassado ao consumidor na contratação do plano”, analisa. “A obesidade é um determinante do índice de gastos com saúde.”

Cechin explica que a primeira motivação para o combate da obesidade é ter o cuidado do próprio corpo. “Como consequência, na medida em que estas pessoas se cuidarem, terão menos gastos com saúde. Ocasionando menos despesas, o custo com a saúde subirá menos. Tudo está interligado”, relata. “O objetivo é ter vida longa e saudável. Podemos chegar a uma idade avançada bem. Isso vale para o SUS também.”

Estatísticas

Um estudo realizado pelo Ministério da Saúde em 2011 revelou que a proporção de habitantes acima do peso cresceu de 42,7% em 2006 para 48,5% em 2011. Nesse mesmo período, a quantidade de obesos subiu de 11,4% para 15,8% da população.

Em 2009, a Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) mostrou que 21,7% dos brasileiros entre 10 e 19 anos apresentavam excesso de peso. Em 1970, esse percentual era de 3,7%. Além disso, 14,8% das pessoas no país estavam obesas, contra 20,5% dos argentinos, 25,1% dos chilenos e 27,6% dos americanos.

Por Jornal GGN

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