Cerca de sete em cada dez municípios alagoanos não têm serviço de esgoto

22 jul 2020 - 19:30


A pesquisa foi divulgada nesta quarta-feira (22) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil)

Uma pesquisa divulgada nesta quarta-feira (22) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou que 33 dos 102 municípios alagoanos tinham serviço de esgotamento sanitário por rede coletora em funcionamento no ano de 2017, o que corresponde a um percentual de 32,3%. 

Os dados são da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB), que investiga informações sobre água e esgotamento sanitário diretamente com as entidades prestadoras do serviço.

O estudo também aponta que esses serviços são distribuídos de forma desigual entre as grandes regiões do país. Enquanto no Sudeste, mais de 90% dos municípios possuíam esse serviço desde 1989, no Norte essa proporção era de apenas 16,2% em 2017.

A abrangência de serviços de esgotamento sanitário mais que dobrou em quase trinta anos na região Nordeste, passando de 26,1%, em 1989, para 52,7%, em 2017. A região Centro-Oeste também acompanhou o avanço: de 12,9% passou a 43% dos municípios com serviço de esgotamento sanitário. No Brasil, o percentual de municípios com serviço de esgoto foi de 60,3% em 2017.

“A gente pode observar pela série histórica que houve um avanço no esgotamento sanitário, mas ainda é incipiente. Para o total do país, em 1989, 47,3% dos municípios tinham o serviço e em 2017 somente 60,3% alcançaram esse patamar”, afirma a gerente da PNSB, Fernanda Malta.

“Quando falamos que o município tem o serviço, apontamos que ele tem ao menos uma prestadora do serviço de esgotamento sanitário. Com isso não estamos dizendo que todos os domicílios têm o atendimento quando o serviço existe no município. Pode haver uma executora naquele município sem que haja a universalização do serviço”, explica Fernanda.

Em Alagoas, 72,7% dos municípios trataram o esgoto em 2017

Entre os 33 municípios alagoanos com rede coletora de esgoto em 2017, 24 possuíam Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) em operação (72,7%), índice superior à média do Brasil (62,8%) e do Nordeste (51,2%).

Quanto ao volume, apenas 27% do esgoto gerado é coletado por rede, percentual abaixo dos 41,4% da média do Nordeste. Na metodologia da pesquisa, a coleta é o afastamento do esgoto gerado nos domicílios e estabelecimentos comerciais e empresariais através de tubulação fechada, conduzindo-o até a ETE ou ponto de lançamento final, sem tratamento adequado. Do volume de esgoto coletado por rede em Alagoas, 90,9% recebe tratamento em ETEs.

Fernanda Malta destaca a importância do tratamento do esgoto para a saúde da população: “A OMS diz que a cada dólar investido no saneamento você economiza mais de três em custos de saúde. Então se temos um esgotamento bom, ou seja, se há o tratamento, a coleta e a destinação final desse esgoto, isso vai refletir justamente na saúde e na qualidade de vida da população. Tem diversos estudos que apontam que se pessoa vive em um local com saneamento adequado, ela tem melhor condição de vida, estuda melhor e tem uma saúde melhor”, exemplifica.

Fiscalização para implantação de esgotamento sanitário em novos loteamentos existe em 61,6% dos municípios com rede

Em 2017, dos 36 municípios alagoanos com rede de esgotamento, 52,8% tinham fiscalização para implementação de sistema de esgotamento sanitário em loteamentos novos, percentual acima da média do Nordeste (41,4%). 

No Brasil, a existência desse tipo de fiscalização ocorria com mais frequência em cidades maiores. Mais de 80% dos municípios com mais de 50 mil habitantes possuíam esse tipo de vistoria. Entre as grandes regiões, a proporção de localidades com fiscalização foi menor no Norte (32,8%) e Nordeste (41,4%), enquanto no Sul (71,3%) foi a maior. Os dados são do Suplemento de Saneamento da Pesquisa de Informações Básicas Municipais (Munic 2017), também divulgado nesta quarta-feira (22) pelo IBGE.

“Seja um loteamento de baixa ou de alta renda, quando não há fiscalização para instalação desses loteamentos novos, pode haver, por exemplo, uma ligação de esgoto clandestino ou direcionamento do esgoto para lugares indevidos. É por isso que essa fiscalização é tão importante”, destaca a gerente de Estudos e Pesquisas Sociais, Vânia Pacheco.

Os dados completos das pesquisas podem ser encontrados no site da Agência de Notícias do IBGE.

Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil

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