Caso Fábio Acioli, três anos e nenhuma solução

03 jan 2013 - 09:45


Julgamento dos acusados de execução está marcado para o próximo dia 15. Não há mandantes pronunciados.

Fábio foi morto brutalmente em um canavial (Foto: Reprodução Orkut)

Um dos mais emblemáticos casos policiais dos últimos anos em Alagoas parece ainda estar longe de chegar a um desfecho que venha convencer a sociedade.

O caso Fábio Acioli vem sendo amplamente destacado pela imprensa alagoana desde o dia em que o jovem universitário, de 21 anos, foi sequestrado e brutalmente queimado, depois de ser espancado, no dia 11 de agosto de 2009, em Maceió.

Depois de quinze dias internado no Hospital de Restauração, no Recife, Fábio, que teve 85% do seu corpo queimado, não resistiu aos ferimentos e morreu.

Desde então não pararam as muitas versões e controvérsias em tono deste caso, entre a Polícia Civil de Alagoas e a Justiça.

As primeiras investigações da polícia já apontavam para um possível crime de mando, porém muita coisa ainda estava para acontecer.

As delegadas Fabiana Leão, Luci Mônica e Rebeca Cordeiro, convocadas para investigarem o caso e logo realizaram as prisões de cinco acusados de envolvimento no assassinato do estudante. Foram presos os paulistas Márcio Fernando Inácio, Nelson Luiz de Andrade, Wanderley do Nascimento, Carlos Eduardo de Souza e o funcionário da Prefeitura de Maceió, Rafael Cícero de França.

Na oportunidade, em entrevista coletiva à imprensa alagoana foi dito pela delegada Fabiana Leão: “As investigações estão sendo aprofundadas e novas prisões não estão descartadas”. O primeiro a ser preso foi Rafael de França, que, de acordo com as investigações, estava na companhia de Fábio Acioli num coqueiral em Cruz das Almas, no dia do sequestro. Rafael chegou a ser baleado no ombro durante a abordagem dos sequestradores e foi socorrido para o Hospital Geral do Estado (HGE).

Wanderley do Nascimento Ferreira (Foto: Assessoria PC)

A prisão de Rafael se deu, principalmente, pelo fato dele ter mentido ao dar entrada no hospital, alegando que havia sido vítima de um assalto, não se referindo ao sequestro de Fábio. Esse fato acabou sendo fundamental para que ele acabasse tendo a prisão temporária decretada pelo juiz Geraldo Amorim, da 17ª Vara Criminal, a pedido das delegadas. Rafael de França confirmou, em depoimento, que já havia se encontrado por outras quatro vezes com Fábio Acioli no coqueiral e disse que mentiu por ser um homem casado e temer a repercussão do sequestro. Com base nos retratos falados de dois suspeitos confeccionados pela Polícia Civil, chegou-se aos quatro paulistas.

Três dos presos paulistas respondem a processo criminal em São Paulo. Nelson Andrade foi condenado por estelionato, Carlos Eduardo, por assalto a posto de combustíveis, e Wanderley Nascimento, por porte ilegal de arma. Quanto aos motivos que levaram ao crime, as delegadas explicaram que ainda estão sendo investigados e que não se pode descartar nenhuma hipótese, inclusive, a de crime passional.

A delegada Fabiana Leão ressaltou ainda a crueldade cometida pelos criminosos, “Provavelmente foi vingança, pois quem cometeu o crime estava com muita raiva da vítima”.

Rafael estava com a vítima no momento do sequestro (Foto: Maíra Vilela/Gazeta de Alagoas)

Mandantes

Apesar da divulgação, pela própria polícia, de nomes de possíveis mandantes do bárbaro assassinato, considerado por muitos como crime homofóbico, ninguém foi indiciado como autor intelectual.

E mais grave: quando ainda estava na prisão, Cícero Rafael denunciou ao jornal Extra ter sido vítima de tortura psicológica para “reconhecer” os presos Wanderley Nascimento Ferreira e Carlos Eduardo Souza como sendo os matadores de Fábio Acioli.

Ministério Público

Logo que entrou no caso e após tomar pé das investigações policiais, o promotor de Justiça, José Antonio Malta Marques, disse à imprensa que os autores intelectuais do crime poderiam ser identificados após oitiva marcadas com os empresários Marcio Raposo, Tereza Raposo, Márcio Nuteis e Vânia Nuteis.

Na oportunidade o advogado do casal e irmão de Márcio Raposo, Marcos Raposo declarou que o seu irmão e sua cunhada não conheciam o estudante, portanto, “essa acusação é um absurdo”.

Juiz Geraldo Amorim, da 9ª Vara Criminal de Maceió(Foto: Gazetaweb)

Os nomes do casal Raposo teriam sido citados pelo garçom do “Beta’s Bar”, em Cruz das Almas, Maceió, que vive hoje com outra identidade, em outro estado, incluído d Programa de Proteção a Testemunhas (Provita).

O julgamento

O juiz Geraldo Amorim, da 9ª Vara Criminal, marcou para o dia 15 de janeiro, o julgamento dos supostos matadores do universitário Fábio Acioli, quando o estudante foi sequestrado e queimado vivo.

Os acusados são Wanderley Nascimento Ferreira e Carlos Eduardo Souza, presos ainda em 2009.

O terceiro acusado era Cícero Rafael de França, funcionário da prefeitura de Maceió, que após vários meses na cadeia, esperava o julgamento em liberdade. Rafael morreu recentemente vítima de um acidente vascular cerebral.

Da Redação

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