Calvície pode estar relacionada a problemas cardíacos

08 abr 2013 - 10:46


Foto: Thinkstock

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Um time de pesquisadores japoneses revisou diversos estudos sobre a relação entre calvície e problemas no coração e concluiu que, de fato, a queda de cabelo, especialmente quando ocorre no topo da cabeça (a ‘coroa’), aumenta o risco de doenças cardíacas entre os homens. O trabalho, feito na Faculdade de Medicina da Universidade de Tóquio, no Japão, foi publicado nesta quinta-feira no periódico BMJ Open.

A pesquisa japonesa levou em consideração seis estudos feitos entre 1993 e 2008 que, ao todo, envolveram mais de 40.000 homens. Três desses trabalhos acompanharam voluntários por mais de dez anos. Segundo suas conclusões, os homens que, ao longo desse período, perderam a maior parte de seus fios de cabelo, em comparação com os que os mantiveram, apresentaram um risco cerca de 30% maior de ter uma doença coronariana. Essa condição ocorre quando o transporte que leva o sangue ao músculo cardíaco está bloqueado parcial ou completamente em consequência do depósito de colesterol e outras gorduras nas artérias.

Região específica — A revisão também concluiu que o risco de uma doença coronariana é mais elevado conforme a gravidade da calvície. Porém, segundo os autores, essa relação somente é válida se a queda de cabelo começa no topo da cabeça. Um homem com calvície grave no topo da cabeça pode ser quase 50% mais propenso a sofrer de uma doença coronariana do que um indivíduo que não sofre com a perda dos fios, por exemplo. Por outro lado, essa chance é 18% maior entre homens com calvície menos grave nessa região da cabeça.

Além disso, segundo o estudo, o risco de doença coronariana aumenta ainda mais caso o homem tenha calvície tanto na parte da frente, ou nas ‘entradas’, quanto no topo da cabeça — indivíduos com essas características são quase 70% mais propensos a desenvolver a condição do que homens sem calvície.

As outras três pesquisas analisadas pelo time da Universidade de Tóquio observaram a saúde cardíaca de homens que já estavam carecas, ou então que caminhavam para isso, e a compararam com os resultados de saúde de homens que não haviam perdido seus fios de cabelo. De acordo como esses estudos, o primeiro grupo foi 70% mais propenso a apresentar alguma doença cardíaca em comparação com o restante dos homens. Esse risco foi maior entre os participantes mais novos, que apresentaram uma probabilidade 84% maior de ter problemas de saúde no coração.

Para os autores da revisão, é possível que a calvície masculina seja um indicador de resistência à insulina, um percursor do diabetes, um estado de inflamação crônica ou então que esteja associada a um aumento da sensibilidade à testosterona. Todos esses fatores estão direta ou indiretamente associados ao surgimento de doenças cardiovasculares.

Opinião do especialista

Luiz Antonio Machado César

Cardiologista e diretor da Unidade Clínica de Coronariopatia Crônica do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da USP (Incor)

“Há centenas de fatores que estão associados à doença coronariana. Essa relação que o estudo encontrou entre calvície e o problema cardíaco é relevante, mas não substitui os outros fatores de risco. Ou seja, o fato de um homem ser ou não calvo não faz com que um médico deixe de considerar outros fatores, como tabagismo, sedentarismo, obesidade e hipertensão, na hora de avaliar se o paciente tem risco de uma doença coronariana.

O estudo tem um problema que é o fato de ele não ter levado em consideração esses outros fatores de risco para doenças cardíacas. Então não é possível dizer quem um homem calvo necessariamente terá uma doença coronariana ou então que um indivíduo sem calvície esteja livre do problema.

É possível que, além do fator genético, problemas como obesidade, diabetes, altos níveis de glicose no sangue e sedentarismo favoreçam a calvície. Por isso, uma forma de interpretar esses resultados é pensar que homens calvos, especialmente os mais jovens, com menos de 50 anos, já são propensos a ter doenças cardíacas.

O estudo é relevante, mas ele pode dar um peso para a calvície que, em relação ao risco de doença cardíaca, não é real na prática.”

Por Veja

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