MERCOSUL MAIS FORTE

Clerisvaldo B. Chagas, 17 de julho de 2014

Crônica Nº 1.452

EVO MORALES NA POSSE DE DILMA (Foto: divulgação)

EVO MORALES NA POSSE DE DILMA (Foto: divulgação) 

Uma das maiores notícias das Américas, quase passa despercebida no Brasil, pelas manobras de jornais tendenciosos. Vejamos abaixo alguns trechos de divulgação da cúpula Mercosul.

“Os chanceleres do Mercosul estão reunidos nesta quinta-feira em Brasília, em uma reunião prévia à cúpula de amanhã, que deve marcar a entrada da Bolívia como sócio pleno do bloco.

Com a perspectiva de uma troca de ofertas com a União Europeia (UE) até o final do ano, o encontro foi precedido pelos pedidos, do Brasil e do Uruguai, de maior abertura da união aduaneira, que têm poucos acordos comerciais com o resto do mundo.

Pouco depois do primeiro encontro, pela manhã, o secretário de Relações Econômicas Internacionais da Argentina, Carlos Bianco, disse à imprensa que nada disso foi pedido formalmente.

‘Na mesa de negociações, ninguém, em nenhum momento, pediu para se flexibilizar o Mercosul’, afirmou o diplomata, que representa a Argentina diante da ausência do chanceler Héctor Timerman.

O ministro argentino das Relações Exteriores está em Buenos Aires, onde se recupera de uma cirurgia (…)

(…) Além da anfitriã, Dilma Rousseff, são esperados Cristina Kirchner, da Argentina, Horacio Cartes, do Paraguai, Tabaré Vázquez, do Uruguai, e Nicolás Maduro, da Venezuela, para a cúpula de sexta-feira.

Também está prevista a participação do presidente da Bolívia, Evo Morales, para selar formalmente a entrada de seu país como membro pleno do bloco, que representa mais de 70% da população e do PIB da região, segundo dados do Itamaraty.

Evo, apesar das diversas polêmicas em que tem se envolvido, é elogiado até pelo FMI em razão da condução que dá à economia boliviana.

A principal conquista dessa presidência ‘pro tempore’ brasileira é a adesão definitiva como membro pleno da Bolívia, algo muito positivo, porque vai permitir aumentar a diversidade das opiniões e trazer um novo sócio que pode contribuir muito com sua experiência em matéria de crescimento e inclusão social”, disse Bianco.

A IGREJA COMEMORA

Clerisvaldo B. Chagas, 16 de julho de 2015

Crônica Nº 1.451 

Altar da Matriz S. Santana. Foto: (Clerisvaldo)

Altar da Matriz S. Santana. Foto: (Clerisvaldo)

Este ano a Igreja Matriz de Senhora Santa Ana (Santana) assinala 228 anos de fundação, continuando a ser ainda o mais importante cartão postal da cidade de Santana do Ipanema, sertão de Alagoas.

Não é somente a Igreja que aniversaria, mas também todo o município, cuja cidade nasceu junto à construção do templo católico.

Há 228 anos chegou a nossa região, o santo, milagreiro e visionário, padre Francisco José Correia de Albuquerque, conhecido como Santo padre Francisco. Naquele longínquo ano de 1787, ficou o santo padre hospedado na casa do fazendeiro Martinho Rodrigues Gaia, que chegara em 1771, após adquirir uma sesmaria, cuja sede passou a ser a sua fazenda. Francisco trouxe na bagagem uma imagem de São Joaquim e outra de Santa Ana, diretamente da Bahia, a pedido da esposa de Martinho, Ana Teresa. Ainda a pedido da primeira devota da santa nessa região, o padre fez erguer uma capela nas terras do fazendeiro, contando bastante com sua ajuda.

Erguida a capela, Francisco dourou o altar e esculpiu em madeira a imagem do Cristo Crucificado. Terminado o serviço, o padre colocou no altar as imagens de São Joaquim, Senhora Santana e o Cristo por ele confeccionado. A capela foi inaugurada em 1787, mesmo ano em que o sacerdote chegara ao lugar. Daí em diante, o arraial de mamelucos formado entre 1771 e 1787, passou a ser chamado de SANT’ANNA DA RIBEIRA DO PANEMA.

A capela fundada pelo padre Francisco Correia, recebeu sua primeira reforma em 1900, através do pároco de Santana, Capitulino de Carvalho, natural de Piaçabuçu (AL). Sua segunda grande reforma teve início em 1947, quando estava à frente dos seus trabalhos o cônego José Bulhões, natural do povoado sanfranciscano de Entremontes (AL).

Vai ter início a grande festa de Senhora Santana, a maior festa religiosa do interior de Alagoas, em cima dos seus 228 anos.

* baseado no livro: “O boi, a bota e a batina, história completa de Santana do Ipanema. Foto do livro inédito: “228”.

O TOMBO NA BARRA DO IPANEMA

Igreja N. S. dos Prazeres,  erguida em 1624 (Foto: Clerisvaldo / 2014)

Igreja N. S. dos Prazeres, erguida em 1624 (Foto: Clerisvaldo / 2014)

Clerisvaldo B. Chagas, 15 de julho de 2015

Crônica nº 1.450

Muito me alegrou a notícia de que uma filha do povoado Barra do Ipanema, iniciou um trabalho para tombamento da igreja do alto do morro-ilha de Nossa Senhora dos Prazeres, no rio São Francisco. O morro está diante da foz do rio Ipanema, o mais importante rio periódico de Alagoas e afluente do Velho Chico. É ali naquele povoado do município de Belo Monte que se destaca no cimo do morro, a igreja erguida em 1624. Domina o cenário paradisíaco da região, a igreja em que o padre Francisco José Correia de Albuquerque, um dos fundadores de Santana do Ipanema, pregava suas missões.

A senhora Girlene Monteiro, ausente da sua terra, agora pretende resgatar a história e a cultura do seu povo, quando assim procedeu trazendo de volta o esquecido padroeiro São João, para uma noite memorável de autoestima e magnífica festividade no povoado Barra do Ipanema.

Pesquisando incessantemente sobre a origem da igreja do morro, leu o livro “Ipanema, um rio macho” e procurou descobrir o autor até encontrá-lo através de celular. Tudo indica estar se formando uma parceria em prol de um resgate cultural, histórico, geográfico, sociológico e econômico do lugar que apaixonou o autor do livro.

Estamos trocando informações que por certo serão de grande valia para os destinos, não só da igrejinha de Nossa Senhora dos Prazeres (estive lá cerca de cinco vezes) como para o povoado num todo. O potencial turístico continua firme na região, aguardando a sua vez desde a construção da igreja, em 1624.

Além das pessoas que estão ao lado da senhora Girlene, inclusive um pároco da região, convidei o escritor Marcello Fausto (elaborando o seu livro: (“Lucena, o coronel proibido”) para fazermos outra visita à Barra, desta vez com os mesmos objetivos culturais, tendo o professor de História aceito no ato. Quem sabe, mais tarde poderemos convidar outros profissionais interessados em colaborar com projetos importantes para ajudar Girlene Monteiro a tombar a igreja, fundar biblioteca, museu e um centro local para desenvolver as potencialidades que a Natureza oferece.

Barra do Ipanema, um paraíso perdido em Alagoas. Recentemente a TV Gazeta, ganhou um prêmio pela reportagem que fizemos juntos sobre o rio Ipanema em Alagoas, inclusive com cenas no povoado Barra do Ipanema.

O TOMBO NA BARRA DO IPANEMA

O ARQUITETO DO MUNDO E O AMAZONAS

Clerisvaldo B. Chagas, 14 de julho de 2015

Crônica Nº 1.449

Rio Amazonas (Foto: relacionar naturezaehomem)

Rio Amazonas (Foto: relacionar naturezaehomem)

Com as exibições de documentários cada vez mais frequentes na televisão, sobre Natureza, vem ao nosso crânio o rio Amazonas. Ligados ao maior conjunto de serras da América do Sul, inúmeros grandes rios da Amazônia tinham o Oceano Pacífico e o Caribe como vertentes, antes da Cordilheira dos Andes. Formada há milhões de ano, a Cordilheira, ao se erguer, bloqueou o escoamento das águas para o Pacífico. Os grandes rios, não encontrando saída, formaram ali o maior lago do planeta. Somente muito tempo depois, com as diversas transformações geológicas, o Criador permitiu que o imenso lago arranjasse uma saída pelo lado oposto do que era antes. As águas, ao invés de seguirem para o oeste (Pacífico), escorreram para leste (Oceano Atlântico), beneficiando o que seria no futuro o consolidado território brasileiro.

Descem da Cordilheira inúmeros rios, entre ele o Amazonas. O rio Amazonas vai descendo no Brasil em média 2 centímetros a cada 1 quilômetro, sendo sempre empurrado pelas águas que vêm de trás.

Após a descida da Cordilheira andina, o amazonas é reforçado com 1.100 afluentes e forma uma massa líquida jamais vista na terra.

Entre os seus afluentes está o rio Negro, considerado o quarto rio do mundo. Esse afluente do Amazonas, nas imediações de Manaus, capital do estado do Amazonas, chega ao incrível 100 metros de profundidade. Mesmo assim, para a pujança do rio Amazonas, há em torno de 20 rios que beiram o tamanho do rio Negro como afluentes do principal.

Foi graças aos trabalhos artísticos do Arquiteto do Mundo que o Brasil tem na cabeça a maior rede hidrográfica do planeta. Mesmo assim os grandes cataclismos continuam modificando a paisagem em várias partes do globo como terremotos, maremotos e as ações vulcânicas. Nesse trabalho da natureza, desaparecem terras e surgem outras numa dinâmica real diante da impotência humana.

Enquanto isso, vamos estudando e tentando sobreviver às grandes e insistentes transformações.

COROA-DE-FRADE

                     Clerisvaldo B. Chagas, 10 de julho de 2015 

Crônica Nº 1.447

coroa-de-frade

Foto: Coisa do Sertão

Entre tantas e tantas belezas sertanejas cantadas e decantadas pelos seus amantes, sem dúvida alguma, figura a coroa-de-frade. Planta, cujo nome científico é Melocactus bahiensis, representa um cacto do bioma caatinga que aprecia exibir-se em frestas de lajeiros. Chama atenção pela sua beleza exótica de forma arredondada com espinhos finos e grossos e altura modesta de até 12 centímetros. O cefálio (espécie de coroa bem rosada ou vermelha) é o que mais atrai os passantes e que parece sentar sobre a cabeça calva de um frade franciscano.

A coroa-de-frade é muito apreciada pela sua beleza, mas também utilizada para outros fins além da simples contemplação. Há quem use a planta para tratar dos rins e dos intestinos através de chás. Mesmo sendo rara, criadores a transformam em alimento para animais domésticos devido a sua reserva de proteínas e água. Pessoas mais experientes do bioma caatinga procuram transformar a espécie em bolos, doces e biscoitos.

Tem gente que usa o Melocactus na entrada do jardim de casa como planta ornamental, mas também contra demandas que, segundo a crença, se engancham em seus espinhos não conseguindo penetrar na residência.

Seu fruto é rosa e aparenta uma amêndoa. Em alguns lugares também é chamada cabeça-de-frade, é originária da América do Sul e gosta bastante do clima semiárido. Seu doce é apreciado em Sergipe, no sertão do Rio São Francisco, feito com água, açúcar, canela em pó e cravo. Suas flores surgem na coroa e são bastante procuradas pelas abelhas.

Como a coroa-de-frade, arrebatada para diversos fins, continua a caatinga sendo devastada, basta dá uma olhada nos quintais das padarias do interior.

Homem é bicho destruidor. O maior predador de si mesmo.

Clerisvaldo B. Chagas

OS DESONRADOS

Clerisvaldo B. Chagas, 9 de julho de 2015

Crônica Nº 1.446

Foto: Imagens Google

Foto: Imagens Google

FAÇO MINHA AS PALAVRAS DA TRIBUNA DE ALAGOAS, SITE, COM O TÍTULO: “DILMA CHAMOU GOLPISTAS PARA BRIGA. VÃO ENCARAR”. 8.7.2015.

Eis na íntegra com título nosso da crônica

A entrevista da presidente Dilma Rousseff aos jornalistas Maria Cristina Frias, Valdo Cruz e Natuza Nery, da Folha de S. Paulo, teve um grande mérito: usou a palavra correta para denunciar o movimento antidemocrático que vem sendo liderado por determinada ala da oposição.

Ao ser questionada sobre se terminará ou não o mandato, Dilma foi direto ao ponto e disse que isso representa apenas o desejo de uma certa oposição “golpista”.

O acerto só não foi completo porque Dilma evitou citar os nomes dos principais generais do golpe, que são Aécio Neves (PSDB-MG), Carlos Sampaio (PSDB-SP), Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), Ronaldo Caiado (DEM-GO), Agripino Maia (DEM-RN) e Roberto Freire (PPS-SP), que ainda contam com o apoio discreto do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

“Confundiram seus desejos com a realidade”, disse Dilma. No último fim de semana, em entrevista ao Globo, Aécio falou abertamente em abreviar o mandato de Dilma, depois de usar como porta-voz seus mais fiéis aliados, que são Sampaio e Cunha Lima. No PPS, Freire afirmou que as “forças democráticas” resgatariam o País, ao justificar seu golpe. No DEM, a indignação parte de personagens como Ronaldo Caiado, acusado de caixa dois por Demóstenes Torres e Carlos Cachoeira, assim como Agripino Maia, investigado por receber propina de R$ 1,1 milhão.

A todos esses, Dilma lançou um desafio no terreno da ética, quando foi questionada pela Folha sobre eventuais ataques à sua biografia. “Vão reescrever? Vão provar que algum dia peguei um tostão? Vão? Quero ver algum deles provar. Todo mundo neste país sabe que não. Quando eles corrompem, eles sabem que é corrompido”.

Na entrevista, Dilma fez jus ao aposto “coração valente” e sinalizou que está pronta para a briga. “Eu não quis me suicidar na hora que eles estavam querendo me matar”, fazendo uma referência ao tempo em que foi presa política durante a ditadura militar. “A troco de quê eu iria me suicidar agora?”

Dilma também apontou as fragilidades da tropa golpista. “Não acho que toda oposição seja assim”, afirmou. Governadores tucanos, como Geraldo Alckmin, de São Paulo, e Marconi Perillo, de Goiás, pretendem seguir o relógio da democracia, que prevê eleições apenas em 2018. Governadores aliados, como Flávio Dino, do Maranhão, já começaram a se manifestar em defesa da presidente.

Ao longo desta terça-feira, a fala de Dilma repercutirá e será respondida pelos artífices do golpe, que, cada vez mais, terão que explicitar seus movimentos à luz do dia.

AINDA PELO SERTÃO ALAGOANO

Clerisvaldo B. Chagas, 10 de junho de 2015

Crônica Nº 1.442

Não só tínhamos ido excursionar em Canapi, Inhapi, Mata Grande, Água Branca e Delmiro Gouveia. Fomos também esbarrar no Sertão do São Francisco, precisamente em Piranhas, antes da construção da hidrelétrica do Xingó, que é um bairro deste município. A intenção de dois casais era degustarmos uma peixada naquela cidade.

Ficamos o dia inteiro quase em lua de mel nas alvas areias da prainha. Naquela época, mesmo ainda sem a hidrelétrica, o peixe já se tornara escasso. Fomos apreciando a “cidade presépio”, título dado por mim ao avistá-la pela primeira vez. O povo tinha um orgulho grande em falar do meu cantor preferido, Altemar Dutra, que sempre ia a Piranhas para descansar e fazer serestas iluminadas pelas luzes dos postes pequenos e os reflexos na próxima superfície do rio.

De Piranhas partiram as três volantes que puseram fim a Lampião e Maria Bonita na madrugada de 28 de julho de 1938. Mas nós, eu, minha esposa Irene; meu compadre, professor Marques (já partiu) e sua esposa Terrana, não tínhamos ido a Piranhas para pesquisar cangaço e volante. Fomos apreciar as belezas da cidade, encravada entre o rio e as escarpas do raso de caatinga. Após a peixada, aguardamos o entardecer conversando nas estreitas calçadas do comércio, até o retorno a Santana do Ipanema.

Nas proximidades de São José da Tapera, pegamos chuva. O carro deu um problema e fomos obrigados a pernoitar naquela simpática cidade. Ficamos em um hotel modesto, limpo e bom. Na cidade estava havendo festa, fomos caminhar pela praça comprida. Os jovens divertiam-se numa noite muito agradável que compensou demais a nossa parada.

Mais uma vez constatamos que uma excursão pelos sertões é tão boa quanto um passeio pelo litoral repleto de praias paradisíacas.

O QUARTETO ARQUITETÔNICO DE SANTANA DO IPANEMA

Clerisvaldo B. Chagas, 12 de junho de 2015

Crônica Nº 1.441

Tênis Clube Santanense. Foto: (Clerisvaldo)

Tênis Clube Santanense. Foto: (Clerisvaldo)

Com a destruição simples, ignorante e arrogante de vários patrimônios arquitetônicos de Santana do Ipanema, Alagoas, quatro deles se mantém de pé. Estão localizados próximos um dos outros no chamado Bairro do Monumento.

A Igrejinha de Nossa Senhora Assunção, foi construída como marco de passagem do século XIX para o século XX. Ó prédio é curto, delgado e alto, erguido pelo, então, padre Manoel Capitulino, proveniente de Piaçabuçu que foi pároco de Santana, prefeito e governador interino de Alagoas. Foi ele como governador que elevou a vila de Santana à cidade. Como marco do século XIX para o século XX também foi erguida no morro da Goiabeira que circunda Santana, um cruzeiro de madeira, mudando o nome popular para serrote do Cruzeiro. Com o monumento da igrejinha, o local ficou conhecido até hoje como Bairro do Monumento. Nos degraus daquela igrejinha foram expostas as cabeças dos onze cangaceiros mortos em Angicos (SE), inclusive a de Lampião e Maria Bonita, em 1938.

Entre 1937 e 1938 o interventor de Santana, Joaquim Ferreira da Silva, construiu um prédio para se tornar hospital. A dificuldade, depois, para se arranjar mão de obra e equipamento fez com que o prédio ficasse ocioso até ser ocupado pelo 2º Batalhão de Polícia de Alagoas que funcionou em Santana a partir de 1936. Esse prédio construído com mão de obra Fulni-ô (índios de Águas Belas-PE), ficou ocioso novamente quando o batalhão foi embora. Em 1950, o prédio passou à escola e assim funciona até hoje.

Ainda no ano de 1938, o mesmo interventor, Joaquim Ferreira da Silva, junto ao governo do estado, construiu o Grupo Escolar Padre Francisco Correia, para funcionar até a quarta série. Foi a primeira escola pública de porte, em Santana. Continua funcionando na arquitetura original como os demais prédios.

Em 1953, foi fundado o Tênis Clube Santanense, entre as duas escolas acima citadas, permanecendo com arquitetura básica até os nossos dias.

Esse quarteto arquitetônico, tanto faz parte da história santanense quanto da história do sertão alagoano.

(Fonte:”O boi, a bota e a batina; história completa de Santana do Ipanema” – AL)

O JUMENTO E OS CACHORROS

Clerisvaldo B. Chagas, 11 de junho de 2015

Crônica Nº 1. 440

Foto: (tribunamoxoto.com)

Foto: (tribunamoxoto.com)

Interessante são as conversas do dia a dia nos aglomerados humanos. Um cidadão muito conhecido no mundo dos transportes nos falava sobre sua admiração ao assistir a uma “pegadinha” na TV. Dizia ele, querendo provar que jumento não é burro (como se o burro fosse burro) que o jumento estava querendo se alimentar. Não estava conseguindo. É que um cachorro se apodera da sua comida (do jumento) e não deixava o asinino encostar. Por três vezes o jumento tentou alcançar a comida, mas o cão latia sempre ameaçador. O jumento, certamente, receava ser mordido no focinho e recuava. Mas, após a terceira vez, o quadrúpede maior virou-se com a traseira para o cachorro e aplicou-lhe tremenda patada que o cão saiu gritando, segundo o cidadão: “Ganhei!… Ganhei!… Ganhei!…”. Com isso, o cantador do caso, procurava elogiar a inteligência ou instinto do bicho bruto.

O jumento queria comer a sua própria comida, mas o cão a roubava e ameaçava o dono.

Imediatamente nos chega à cabeça o que os brasileiros fazem com seus compatriotas, sem um pingo de ética e compaixão. Os corruptos, os ladrões que, descaradamente, roubam as verbas dos hospitais, permitindo o caos mostrado todos os santos dias pela imprensa nacional. As humilhações de centenas e centenas de escolas públicas, cuja verba é desviada pelos “goelas”. A força poderosa do roubo que não permite que o Magistério tenha salário decente. Os assaltos sem piedade das obras públicas. Os escândalos do dinheiro do País que só dá para os políticos que se apoderam das Minas de Salomão.

Enquanto isso, as leis brandas formuladas por eles mesmos, parecem gargalhar sem interrupção como o diabo gosta.

E ao lembrar a conversa da “pegadinha” do cidadão, não nos resta outra coisa senão comparar os corruptos, ladrões, aos cachorros. Os jegues assaltados em suas comidas, seus direitos, suas dignidades, somos nós o povo. Está faltando apenas viramos de costas para eles e fazer o que o jumento nos ensinou

SÃO JOÃO E O PROCURADO

Clerisvaldo B. Chagas, 24 de junho de 2015

Crônica Nº 1.439

Foto: Divulgação

Foto: Divulgação

Matemos um pratarraz de canjica e atestemos um São João decente. Ninguém pode colocar defeito na festa da capital Maceió que vem exibindo um clima junino desde o final do mês de maio. Inúmeros estabelecimentos comerciais grandes, pequenos e minúsculos, investiram nas bandeirolas de papel e no fundo musical de pé de serra. Nunca se viu tantas atrações entre cantores forrozeiros e tocadores de sanfona que saíram de todas as bibocas do estado. Não ficou uma só escola que não fizesse sua brincadeira com a criançada. A quadrilha e o tradicional coco das Alagoas foram valorizados nos mais diferentes lugares num resgate espontâneo e impressionante. Dias grandes em que Maceió vestiu totalmente a roupa do interior com seus pratos inigualáveis à base de milho.

Nos municípios, do sertão ao litoral, o São João pegou fogo, deixando em alta o forró pé de serra assistido pelo sanfoneiro bom ou remediado no cochilo do fole velho de guerra. Nos sítios, nas fazendas, nos povoados, todos esqueceram a ausência de um inverno cem por cento, preferindo fogueiras, bombas, rojões, foguetes, cerveja e cachaça que “ninguém é de ferro”.

A procura pelo principal componente das iguarias, o milho, não chegou a ser desesperador como se pensava. As chuvas desse ano não foram suficientes para toda a agricultura do estado. No sertão mesmo, as águas das chuvas não conseguiram penetrar bem nos terrenos mais duros, deixando o agricultor sem poder plantar. Apenas as partes mais arenosas aceitaram o jogo das sementes. Desse modo em Alagoas não saiu ainda o milho maduro que é o procurado. Contudo o milho verde e ainda novinho, veio das áreas sergipanas de irrigação, conseguindo abastecer todo o estado de Alagoas. A mão de milho (50 espigas) era encontrada nas cidades e ao longo da BR-316, a trinta reais, após a choradeira dos quarenta.

Com crise ou sem crise, nunca se brincou tanto o São João em Alagoas. Não queremos nem saber se o procurado veio de Sergipe. Viva o São João!!!