GALOPANDO NA HISTÓRIA SANTANENSE

Ponte da barragem em uma das suas cheias (Foto: Lucas Malta / Alagoas na Net)

Para dirimir dúvidas sobre os títulos diversos recebidos pelo município sertanejo de Santana do Ipanema, passo a responder aos que me indagaram. E de fato para quem não sabe é muito complicado se for apenas examinar documentos de grafias diferentes. Podemos afirmar, no entanto, que o município santanense recebeu quatro títulos com os mesmos significados, mudando apenas a grafia, de acordo com a própria forma de escrever da época. No princípio era toda a região banhada pelo rio formador que se chamava “Ribeira do Panema”.  Ribeira no sertão nordestino é arcaica, ainda em uso e que significa rio. Panema é palavra indígena Ipanema, mais fácil de ser pronunciada sem a letra “I”.

A partir de 1787 quando o padre Francisco José Correia de Albuquerque construiu a capela no, então, arraial em terras do fazendeiro Martinho Rodrigues Gaia e ali colocou a imagem da avó do Cristo, o lugar que era parte de Ribeira do Panema, passou a ser chamado: “Sant’Anna da Ribeira do Panema”. Essa denominação perdurou até o Arraial ser elevado a povoado/freguesia (território dominado pela Igreja) em 1836. Enquanto povoado/freguesia, escrevia-se o nome assim: Sant’Anna do Panema”. Quer dizer, saiu apenas os nomes: “da Ribeira”.

Somente quando o povoado/freguesia foi elevado à vila, em 1875, utilizamos o nome “Ipanema”, retiramos um dos “N” de Anna e passamos a escrever: “Sant’Ana do Ipanema”. 

Esta denominação arrastou-se de vila até a elevação à cidade, em 1921quando finalmente foi retirado o apóstrofo e confirmado o restante, ficando definitivamente: “Santana do Ipanema”.  

Podemos encontrar em alguns documentos como na revista O Cruzeiro, em reportagem sobre Santana, em 1940, escrito como no tempo de povoado/freguesia, erroneamente.

Esperamos ter correspondido ao que nos foi indagado e que nos parece ter faltado apenas o significado da palavra Ipanema ou Panema, coisa que o santanense aprende logo cedo: água ruim, salobra (quando extraída das cacimbas do leito do rio).

Clerisvaldo B. Chagas, 3 de novembro de 2017

Crônica 1.773 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

O PARQUE NACIONAL DOS VEADEIROS

JARDIM DE MAYTRÉIA E O MORRO DA BALEIA. (Foto: Divulgação)

Nesses tempos em que se fala tanto na Mídia sobre o incêndio acontecido na Chapada dos Veadeiros, vem à mente o velho mestre Alberto Nepomuceno Agra, meu saudoso e querido professor de Geografia.

A chapada hoje é um parque chamado Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, com proteção integral à natureza. Está localizado na região centro-oeste do estado de Goiás. Abrange uma área de cerrado de altitude sendo que 60% ficam em Cavalcante e os demais 40% em Alto Paraíso de Goiás.

Este parque foi criado pelo então presidente da república, Juscelino Kubitschek em 11 de janeiro de 1961. Já em 2001 foi incluído na lista do Patrimônio Mundial pela UNESCO e, atualmente, está a cargo do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

Sua denominação vem de uma fazenda chamada de Fazenda dos Veadeiros, estabelecida ali em torno de 1750, para atividades como a pecuária e o cultivo do trigo e do café. E para recordarmos o que em Geografia e Geologia chamamos “chapada”, é uma forma de relevo montanhoso em que ocorrem extensões de solos elevadas e planas, vales profundos, cachoeiras e rios caudalosos.

Geralmente estão a mais de 500 metros de altura e suas extremidades são abruptas. Pela sua forma a chapada também é chamada de mesa ou meseta. A região atrai muitas pessoas dedicadas ao misticismo, pois além de tantas belezas naturais, a abundância de aflorações de quartzo é tida como centro de concentração de energia.

A organização no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros procura também proteger 17 espécies de flora e 32 espécies de fauna ameaçadas de extinção, como o lobo-guará, a onça-pintada e o pato-mergulhão. Também visa proteger 466 nascentes na região, que é conhecida como “a caixa d’água” do Planalto Central, com influência em bacias hisdrográficas como a Amazônica e a do São Francisco.

Mas se todo esse esforço para preservar a natureza demorou anos e anos a fio, o fogo destrói em poucas horas toda a conquista do homem. E quando o fogo é feito de forma proposital e criminosa, talvez não existam palavras para descrever a covardia.

Clerisvaldo B. Chagas, 2 de novembro de 2017

Crônica 1.772 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

OS GRITOS DE SOCORRO DO SANTO

Sobrevivência do Velho Chico está no centro da pauta (Foto: Sergio Campos / Alagoas na Net)

Não é de agora que os rios brasileiros vêm pedindo socorro desesperadamente. Alguns devidos aos problemas globais que afetam os climas do Globo, outros nacionais provocados pelo próprio homem e ainda os regionais que vão se revelando da nascente à foz.

E quando o socorro chega em forma de dinheiro para saneamento de cidades, quase sempre se perde no meio da corrupção enraizada e fulminante esfaqueadora do País. Continuamos sofrendo uma goleada de derrotas em tentar salvar a Natureza, cujos resultados estão à mostra em todas as Cinco Grandes Regiões Brasileiras.

Os que tentam abrandar os castigos humanos se defrontam com dois perigosos e implacáveis inimigos: a ignorância e a corrupção que jamais erguem para a verdade a bandeira branca do Tá Bom.

Está aí o exemplo com o rio Ipanema recebendo outro rio de fezes todos os dias, todas as horas, sem o mínimo do olhar de cima. O resultado é a situação caótica em que se encontra o seu grande coletor, o rio São Francisco, recebendo as imundícies próprias e de afluentes poderosos, além da coleira imposta pela baixa vazão.

É assim que o mar invade o rio penetrando pela sua desembocadura, outrora  cheia de abundância para a população ribeirinha. A água salgada vai penetrando cada vez mais forte rio acima causando prejuízo na economia local, arrasando povoados, destruindo plantações, salgando a corrente e contaminando o subsolo com as cacimbas da sobrevivência.

Agora mais essa denúncia sobre o povoado Potengy, no município de Piaçabuçu, onde os médicos dizem que uma população de cerca de 900 habitantes, vai ficando hipertensa devido ao sal da água consumida. Enquanto a salinidade tem um limite tolerável de meio grama por litro, a água contaminada pelo mar se apresenta com 27.

E quando o povo diz que “o cão está solto” é de se ficar imaginando se é o cão cachorro, o cão dos infernos ou o cão filho de Adão e Eva.

Clerisvaldo B. Chagas, 1 de novembro de 2017

Crônica 1.771- Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

SURGE EM SANTANA EMPRESA DE PALESTRAS

Professor Clerisvaldo em palestra no ultimo sábado sobre a gênese de Santana (Foto: Elvis Agra / Cortesia)

Surgiu em Santana do Ipanema à empresa Focus Binarius Palestras para atender o Sertão, o estado de Alagoas e em outro qualquer estado da União. Focus Binarius Palestras é formada por uma equipe idônea, tendo à frente o professor Clerisvaldo Braga das Chagas, escritor e especialista em Geo-História, o professor Marcello Fausto, a professora Maria Vilma Lima e Maria Inês Lima Carvalho com igual formação.

Inicialmente a Focus Binarius está oferecendo palestras sobre a Geografia e a História de Santana do Ipanema para multiplicadores da nossa Geo-História e para outros interessados. No primeiro momento, estamos nos dirigindo a professores dos cursos Fundamental, Médio e Superior e a alunos, notadamente, do Nono Ano em diante. Estamos abertos também para outros segmentos como o Comércio a Indústria, Serviços e órgãos culturais.

Em breve, a Focus Binarius (Fogo Duplo) estará divulgando lista de palestras com temas variados como: Padre Cícero, Frei Damião, O Mundo Encantado do Repente Nordestino, Cordel, Lampião em Alagoas, Negros em Santana, O Romance e Sua Urdidura, A Crônica, juntamente com as citadas A Gênese de Santana do Ipanema, a Geo-História de Santana do Ipanema, a História Iconográfica de Santana e O Rio Ipanema.

Neste presente momento, para os dois últimos temas, a Focus Binarius oferece ao contratante, três opções: Palestra de uma hora e meia com perguntas e respostas; seminário de 12 horas (três turnos); e aula viva com turnê pelo centro da cidade e periferia (20 horas – cinco turnos).

A Focus Binarius Palestras estreou a sua fase profissional no sábado passado na União Sertaneja de Escritores, com o tema “A Gênese de Santana do Ipanema”, com a presença de escritores de três estados nordestinos. Logo, logo teremos uma palestra sobre o Padre Cícero, provavelmente no Bairro Camoxinga ou Lajeiro Grande. Cachês e outros assuntos virão após os primeiros contatos com os clientes, cuja agenda para as palestras terá um espaço mínimo de 15 dias e pela ordem.

Contato: clerisvaldodaschagas@gmail.com

ACONTECEU NA AVENIDA

Palestra do escritor Clerisvaldo B. Chagas (Foto: Lícia Maciel / Assessoria)

Perto do Centro Comercial de Santana do Ipanema, foi aberta há muito, a Avenida Nossa Senhora de Fátima e inaugurada (ninguém sabe disso), pelo cidadão chamado Luís Fumeiro, o mesmo que fundou o time do Ipiranga, o bloco dos cangaceiros e a Avenida Pancrácio Rocha.

Quando falamos em inauguração, queremos dizer que foi ele o construtor das primeiras casas de ambas as avenidas. A Nossa Senhora de Fátima, recebeu de Luís Fumeiro (entrevista no “Boi, a Bota e a Batina, História Completa de Santana do Ipanema”) as cinco primeiras casas da sua formação.

E nesta mesma via foi construído um prédio especial com três compartimentos para receber a Empresa de Força e Luz, com força motriz. Depois que o prédio ficou ocioso, foi ocupado pelo Tribunal do Júri e depois pela atual Câmara de Vereadores.

Pois foi, então, no espaço da Câmara de Vereadores Tácio Chagas Duarte – cujo nome não consta na fachada do edifício – que aconteceu no sábado passado o lançamento do livro Antologia, pelas organizadoras Kélvia Vital e Lícia Maciel, através da União Sertaneja de Escritores.

Com a elite de escritores dos sertões, alagoano, sergipano e baiano, presentes, o evento teve início às nove horas e se prolongou durante toda o tarde, cheio de atrações tão coruscantes tal qual o Astro Rei que brilhava nos céus da terra de Senhora Santa Ana. Foi um prazer enorme em estar representando o nosso torrão com a palestra “A Gênese de Santana do Ipanema”, no que se refere ao aspecto habitacional e sua expansão.

Em vista de compromissos assumidos anteriormente, não tive o prazer de conviver com tantos intelectuais durante o turno vespertino, mas bastou à manhã para constatar a organização, a grandeza dentro da simplicidade, o encontro da nata literária de dezenas de escritores e convidados ilustres que até as próprias letras foram ofuscadas.

O que dizer diante de tão magnífica efeméride, se não parabenizar, encorajar e esquentar as mãos de tantos aplausos às duas jovens Kélvia Vital e Lícia Maciel? Agradecemos em público pela oportunidade da apresentação na orelha do livro “Antologia”, pelo espaço da crônica no compêndio: O Carro de Zé Limeira e pela palestra ministrada no início dos trabalhos.

Vida longa às fruteiras e aos frutos.

Clerisvaldo B. Chagas, 30 de outubro de 2017

Crônica 1.769 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

AMANHÃ NA CÂMARA

Livro será lançado neste sábado (Foto: Divulgação)

Grande expectativa aguarda o lançamento da Antologia, livro produzido pelas bravas defensoras da Literatura em terras santanenses, Kélvia Vital e Lícia Maciel. O gesto de grandeza e amor às letras em caçar talentos e lançá-los no mercado, seria mais para o papel de Instituições especializadas. Está aí o mérito das duas protagonistas em não aguardar o que não vem. Elas mesmas resolveram fazer acontecer, iniciando com êxito esse movimento que por certo faz mais forte a União Sertaneja de Escritores. Depois do primeiro encontro “poesia na mesa”, ficou evidente o sucesso e o caminho dessa nova fase que estar acontecendo em terras de Senhora Santa Ana.

Fico por demais agradecido em participar desse movimento a convite da cepa componente. Fazendo parte da Antologia, tanto com uma página literária: O Carro de Zé Limeira – crônica considerada peça histórica – quanto pela apresentação na orelha do livro, ainda continuo grato pela oportunidade de apresentar a minha terra amanhã (sábado 28) na Câmara de Vereadores Tácio Chagas Duarte, em palestra  matutina. É sangue novo que tenta revolver a terra fértil com esse movimento da prosa e da poesia.

Amanhã estaremos também experimentando algo novo, um dia completo dedicado à Cultura, coisa que não estamos habituados. É uma jornada longa para testar o fôlego literário dos presentes, mas salutar e festivo para o nosso sertão alagoano. E, compartimentando o evento, iremos falar de uma fração da longa história santanense (1771-2017) no que se refere à formação física da nossa cidade com seus blocos habitacionais e suas expansões. É um capítulo inédito do livro “O Boi, a Bota e Batina, História Completa de Santana do Ipanema”.

Aguardamos todos para esse encontro com as Letras na Rua Nossa Senhora de Fátima.

Clerisvaldo B. Chagas, 27 de outubro de 2017

Crônica 1.767 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

O SOBRADO DO MEIO DA RUA

Casarões no meio do centro de Santana (Foto: Acervo Darras Noya)

O chamado pelo povo, “sobrado do meio da rua”, em Santana do Ipanema, Alagoas, era muito elegante na sua arquitetura. Construído no tempo de vila para fins comerciais, funcionava com três lojas no térreo e um salão total que ocupava o primeiro andar.

Nos anos sessenta, as três lojas eram ocupadas da seguinte maneira: Na cabeça mais baixa, o comerciante José Constantino e depois Manoel Constantino, negociando com armarinho. No meio, Arquimedes, com vendas de autopeças e, na cabeça mais alta, Abílio Pereira de Melo negociando com armarinho.

A casa de José Constantino era chamada “A Triunfante”. A de Abílio Pereira, “Casa Atrativa”. As três lojas do sobrado tinham as portas voltadas para a Praça Manoel Rodrigues da Rocha, como fundos, estando sempre fechadas. Nos fundos do “sobrado do meio da rua”, acontecia nas festas da padroeira à soltura de balões e as armações da onda e do curre.

O curre era o carrossel, a onda, mais rústica, era uma tábua grande e redonda segura por vergalhões num mastro central e que rodava perigosamente com dezenas de pessoas sentadas. Um sanfoneiro tocava perto do mastro central à luz de um candeeiro. Os foguetes eram soltos no Beco São Sebastião.

No primeiro andar do sobrado, funcionou de acordo com a época, colégio, teatro, cinema e até o Tribunal do Júri. Era grande atração os debates que aconteciam entre advogados e promotores durante os julgamentos. Ninguém queria perder a contenda entre o advogado Aderval Tenório e o promotor Dr. Fernando. Combates de estremecer o prédio.

Entre a parte considerada da frente e o prédio vizinho denominado “prédio do meio da rua”, formava-se o espaço onde funcionava a feira do fumo, aos sábados. As tardes carnavalescas também eram realizadas neste mesmo espaço quando uma orquestra tocava para todos.

Ao mesmo tempo em que estava havendo a folia entre os dois casarões, estava também havendo Carnaval para jovens e crianças no salão do Tênis Clube Santanense. A Casa “Rainha do Norte”, loja de tecidos do empresário Tibúrcio Soares, ficava ao fundo e vendia tudo para Carnaval: confete, máscaras, lança-perfume e tudo o mais.

Primeiro foi demolido o prédio do meio da rua, depois o sobrado do meio da rua teve o mesmo destino. O vazio, antes ocupado pelos dois edifícios, fez um amplo silêncio de perda e de morte na tradição santanense.

Clerisvaldo B. Chagas, 26 de outubro de 2017

Crônica 1.767 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

OS SEGREDOS DE SANTANA DO IPANEMA

Riacho do João Gomes (Foto: Clerisvaldo B. Chagas)

Vez em quando vamos revelando os segredos da Geografia e da História de Santana do Ipanema. Eles estão no CPF do município, “Ipanema um Rio Macho”; na identidade municipal, “230, Monumento Iconográfico aos 230 anos de Santana do Ipanema”; e no seu DNA, “O Boi, a Bota e a Batina, História Completa de Santana do Ipanema”.

Vamos revelar hoje um acidente geográfico que os professores não conhecem e nunca foram lá. Trata-se da “ravina” do riacho João Gomes, localizada a três km do centro da cidade, na Al-130. A ravina muitas vezes confunde-se com os nomes: canyon ou cânion ou canhão, vala, ribanceira, riba, voçoroca, desfiladeiro, abismo.

A ravina é formada pelo fluxo de água doce em rios intermitentes, sobre determinado tipo de terreno. O riacho João Gomes, tem percurso pequeno, nasce, escorre e tem a sua foz ou barra no rio Ipanema, tudo dentro do próprio município.

Ao cortar a AL-130, forma sua ravina pequena, profunda e bela, escondida dos passantes. Contemplar a ravina de cima da ponte estreita é um perigo, iminente e real devido ao tráfego intenso da AL. Por outro lado, a vegetação exuberante das margens, impede a visão.

Existem árvores com mais de vinte metros margeando.  A ravina está situada em área de reserva e o riacho deve ter levado milhares de anos para escavá-la na rocha viva e deixá-la como hoje é vista com cerca de 15 ou 20 metros de altura por 10 a 12 de largura. Caminhar pelo fundo do canhão dá um prazer imenso para os pesquisadores. Infelizmente os nossos professores da área, não são estimulados para as pesquisas de campo.

O riacho Camoxinga também forma uma ravina perto da foz, no local denominado Ponte do Urubu. Entretanto, é uma ravina escavada em terreno plano e arenoso, inclusive nas próprias areias trazidas através de milhares de anos pelo riacho e acumuladas em toda a área da Ponte do Urubu. Já está em nosso livro “Repensando a Geografia de Alagoas”.

Esta semana estaremos oferecendo palestra, seminário e aulas vivas, sobre a nossa história e geografia para escolas, empresas e a quem se interessar, em termos profissionais. Trata-se da equipe FOCUS BINARIUS. Caso haja interesse, enviar email: (clerisvaldodaschagas@gmail. com).

Clerisvaldo B. Chagas, 25 de outubro de 2017

Crônica 1.766 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

TEATROS GREGOS E SANTANENSES

Um dos locais que abrigou um teatro em Santana (Foto: Domínio Público)

“O teatro grego nasceu de uma festa religiosa e cívica em homenagem ao seu deus Dionísio, o mais jovem deles. O ponto alto dessa festa era o concurso de teatro. As peças eram representadas ao ar livre, em um mesmo dia. Eram encenadas várias peças. Os espetáculos começavam pela manhã e reuniam milhares de pessoas. Todos eram incentivados a comparecer aos espetáculos teatrais. Os pobres podiam assistir gratuitamente. Em Atenas, todas as atividades eram interrompidas em dia de espetáculo. Os autores teatrais gregos escreveram peças que continuam sendo montadas hoje no mundo inteiro. Os gregos foram os inventores de dois gêneros teatrais consagrados: a Comédia e a Tragédia. A tragédia grega tinha como tema a mudança drástica do destino das pessoas. Já a comédia recorria aos costumes e aos políticos”.

JÚNIOR, Alfredo Boulos. História, Sociedade e Cidadania. FTD, São Paulo, 2015. Págs. 236-237.

Em Santana do Ipanema, cidade polo do sertão alagoano, tivemos três teatros em sua história. O primeiro foi fundado pelo coletor federal e maestro, Manoel Vieira de Queirós, ainda nos tempos de vila. Recebeu o nome de “Sociedade Musical Dramática Santanense” e funcionou no primeiro andar do “sobrado do meio da rua”.

O segundo teatro de Santana, no início da década de vinte, foi fundado por Valdemar Lima, José Limeira Filho e João Fialho. Funcionava no mesmo local do primeiro. O terceiro teatro da cidade foi fundado em 1952, pelo, então, universitário, Aderval Wanderley Tenório, denominado “Teatro de Amadores de Santana”.

O “quarto teatro e último de Santana do Ipanema foi fundado por Clerisvaldo Braga das Chagas e Albertina Agra com o nome de “Teatro de Amadores Augusto Almeida”. Funcionava no auditório do Ginásio Santana com a cortina vinho do terceiro teatro. O vestígio encontra-se em foto com o nome na fachada (livro: “230 Monumento Iconográfico aos 230 anos de Santana do Ipanema” que será lançado em breve); e também no gradeado – visto por quem passa e presta atenção – nas duas janelas do auditório, feito pelo marceneiro Antônio d’Arca e pintado por Clerisvaldo Braga das Chagas.

Infelizmente todos tiveram vida efêmera. Os detalhes estão no livro “O Boi, a Bota e a Batina, História Completa de Santana do Ipanema” cujo autor procura fontes alternativas para publicação do maior documentário jamais produzido no interior alagoano. (1771-2006).

Clerisvaldo B. Chagas, 24 de outubro de 2017

Crônica 1.765 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

MEMORIAL RIO IPANEMA

RIO IPANEMA EM AGOSTO DE 2017 (Foto: Clerisvaldo b. Chagas)

Mais uma vez vamos batendo na tecla referente ao rio Ipanema que conquistou o seu dia no calendário anual do município. Precisamos preservar a história do Panema desde a descoberta da sua foz no Século XVII. Nada mais justo, portanto, do que a construção do seu memorial Geo-Histórico e de Artes no prédio do antigo Matadouro Otacílio Bezerra, no Bairro Barragem.

Levando-se em conta que o local está condenado para continuar matadouro, a dimensão do prédio, o curral e seus arredores, podem ser transformados em museu com uma boa reforma arquitetônica, moderna e avançada. Honra-se assim a história do rio e do povo ribeirinho desde as nascentes, em Pesqueira (Pernambuco) a Belo Monte (Alagoas).

Ali conservaríamos para estas e as gerações futuras, todo o material de tradição do rio. Utensílios de pesca (tarrafa, litro, anzol, covos); restos das antigas canoas; artesanato (chapéu de palha e couro, ex-votos, caçuás, cangalhas, ancoretas, casa de taipa, cerâmica indígena, objetos usados na construção das pontes, da barragem…) E inúmeros outros objetos que as técnicas avançadas conseguem fazer com os museus dinâmicos.

O rio que fez nascerem em Alagoas importantes cidades como Santana do Ipanema, Poço das Trincheiras, Batalha e inúmeros povoados, precisa ser reconhecido, além do seu dia, com um Memorial à altura que seja um grandioso marco na cultura de Santana para toda a juventude estudiosa, turistas e pesquisadores.

E por falar em Museu, o antigo deveria ser reconstruído como casarão histórico (réplica) em outro local para desobstruir o centro, que não suporta mais a falta de espaço com o museu em lugar, hoje, impróprio. O casarão é histórico, mas nem tão histórico assim.

Voltando ao Memorial Rio Ipanema, O prefeito anterior prometeu, como resposta aos projetos da AGRIPA, mas não chegou junto com a transformação do matadouro em memorial, com a Estação Meteorológica, vizinha e, com uma estação de mudas para reflorestar nossas matas.

Acreditar mais em quem? É… Talvez o Guimarães (Facebook) esteja mesmo certo: “melhor é olhar estrelas”, aprender sobre Astronomia, Física e Poesia é menos complicado de que entender autoridades perras.

Clerisvaldo B. Chagas, 23 de outubro de 2017

Crônica 1.764 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano