Sobre Sérgio Campos

Sérgio Soares de Campos, nasceu em 11 de novembro de 1961, em Santana do Ipanema, Alagoas. Possui crônicas publicadas em sites e livros como: À Sombra do Umbuzeiro e À Sombra do Juazeiro. É membro idealizador e cofundador da Associação Guardiões do Rio Ipanema (Agripa). Criou o projeto musical Canteiro da Cultura, lançado dia 14 de dezembro de 2019.


Uma modinha para recordar

11 março 2018


Cine Alvorada (Foto: Arquivo IBGE)

Achei interessante a nova modinha do Facebook, “Diz que é de…”. Ela mostra o quanto somos saudosistas, nos fazendo recordar de lugares, momentos marcantes ou mesmo de figuras importantes em nossas vidas.

No embalo do “Diz que é de…”, me recordei de algumas passagens referentes ao Cine Alvorada. Para os mais novos, este valoroso empreendimento foi possível através da sapiência do empresário Tibúrcio Soares.

O empreendimento de Seu Tibúrcio marcou uma geração de crianças e adultos de Santana do Ipanema. É bem verdade que este não foi o primeiro cinema da cidade, mas ele foi um dos maiores pontos de encontro dos santanenses, na área do entretenimento.

Vale salientar que o Cine Alvorada não foi apenas um cinema, mas uma casa de shows artísticos. Grandes nomes da música nacional se apresentaram, tais como: Agnaldo Timóteo, Odair José, Nelson Ned, Altermar Dutra, José Augusto Sergipano, Patrick Dimon. Esses são só alguns exemplos.

Outra grande atração do local eram os programas de auditório, momento em a juventude convergia nas manhãs de domingo. Entre os locutores que passaram ali destaco: Welington Costa, Cícero Lopreu, Adeilson Dantas, José Arlindo, Antônio Silva, o conhecido “Coronel Ludru”.

No entanto, ninguém marcou mais este evento do que o radialista Francisco Soares, o popular “Chico Soares”.

Também vale lembrar os artistas que se tornaram populares em nossa cidade através dos programas de auditório, entre eles: Waldo Santana, à época “Pangaré”, Denis Marques, Dotinha, Agnaldo Santana, sempre embalados pelas bandas Os Tremendões e MC7.

Mas voltando à moda do Facebook, decidi entrar na onda e aqui compartilho com vocês:

“Diz que é de Santana, mas nunca foi barrado por Seu Costinha, por ter menos de 18 anos”. Seu Costinha era um comissário de menor. Tinham outros, mas nenhuma era tão impiedoso como ele. Se não provasse a idade, já sabia, era barrado.

“Diz que é de Santana, mas nunca foi surpreendido por Zé de Tatá com uma lanterna nos seus olhos, durante a exibição de uma película”. O primo Zé de Tatá era funcionário do Alvorada e, uma das suas funções era identificar quem bagunçava durante o filme. Era constrangedor receber a luz de uma lanterna no rosto, pois ali a pessoa já sabia que iria ser colocado para fora do cinema.

“Diz que é de Santana, mas nunca comprou uva passa a Chica Boa”. Dona Francisca, era uma vendedora de guloseimas, que atraia pela diversidade e novidades da época. Ela nunca aceitou o apelido e não gostava nenhum pouco que assim lhe chamassem. Foi ai que valeu a criatividade do nosso vizinho Márcio Santos, “Macinho”. Uma noite, ele e outro amigo se aproximaram do carrinho de Dona Francisca, ele pediu uma xícara de castanha. Quando a vendedora enchia a xícara, Macinho fez uma observação: Dona Francisca, faça uma xícara bem boa… Bem boa, tá? Ela desatenta, não percebeu a ironia do freguês.

“Diz que é Santana, mas nunca conferiu um cartaz de um filme, na hora da saída”. Na frente do Cine Alvorada tinha uma vitrine em que exibia a propaganda do filme daquele dia. Neste cartaz continha algumas cenas do filme. Era comum, ao final da exibição, juntar uma garotada e ficar verificando se aquelas cenas realmente conferiram com o filme que acabou de assistir.

Uma simples modinha de uma rede social nos mostra o quanto é importante relembramos da nossa história, ainda que seja em tom de brincadeira. Vale como distração, bem como pode servir como terapia, pois, como bem diz um adágio popular: “recordar é viver”.

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