A Páscoa no Meio Evangélico

29 mar 2013 - 07:10


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Foto: Ilustração

A ORIGEM…

Se fôssemos ver a origem da páscoa, isto é, a verdadeira páscoa, que é bíblica, ela se encontra no livro de Êxodo, capítulo 12, onde o Senhor declara uma série de ordenanças ao seu povo, Israel, para ser lembrada à posteridade, e cumprida. Isto é, a páscoa foi instituída por Deus para Israel. E o significado desta festa se encontra no versículo 12, onde se diz o seguinte:

“Porque naquela noite passarei pela terra do Egito, e ferirei todos os primogênitos na terra do Egito, tanto dos homens como dos animais; e sobre todos os deuses do Egito executarei juízos; eu sou o Senhor”.

Tem-se aí portanto, o motivo da páscoa: A morte dos primogênitos dos egípcios, e a execução do juízo de Deus sobre todos os deuses egípcios. E em outras passagens, são reforçadas o sentido da Páscoa:

“Quando, pois, tiverdes entrado na terra que o Senhor vos dará, como tem prometido, guardareis este culto. E quando vossos filhos vos perguntarem:

Que quereis dizer com este culto?

“Respondereis: Este é o sacrifício da páscoa do Senhor, que passou as casas dos filhos de Israel no Egito, quando feriram os Egípcios, e livrou as nossas casas.” (Êxodo 12:26, 27).

O significado da páscoa também é a da libertação do jugo dos egípcios (Êxodo 12:42): “Esta é uma noite que se deve guardar ao Senhor, porque os tirou da terra do Egito…”. Como se vê, o seu significado é bem diverso daquele que o mundo vê: a ressurreição do Senhor Jesus; pois, não existem bases sólidas para tal argumento, visto que a ressurreição foi uma consequência da perfeição do Senhor Jesus, uma vez que ele não cometeu nenhum pecado, portanto, não poderia permanecer morto. E também, a garantia da Sua vitória sobre a Morte, fazendo valer assim a Sua promessa de vida eterna, a plena, para todos aqueles que creram e se entregaram a Ele. Mas em nenhuma parte das Escrituras diz que a páscoa é a comemoração da ressurreição do Senhor; nem no Velho, quanto mais no Novo Testamento.

Portanto, ao se tratar de definir um sentido diferente daquilo que Deus estabeleceu para uma festa por Ele ordenada, é o mesmo que estivesse torcendo e distorcendo a Sua Palavra. Sejam quais os motivos apresentados.

A razão de tudo isso é pelo fato de que o calendário hebraico é lunar, isto é, baseado no ciclo da Lua; enquanto que o calendário dos católicos – o gregoriano – é solar. Trazendo assim complicações no estabelecimento de datas, visto que a páscoa judaica “moveria” dentro do calendário gregoriano, podendo coincidir dessa forma, com a páscoa dos católicos. Principalmente levando em conta de que a páscoa judaica duraria uma semana, tornando mais fácil essa coincidência. E é o que eles não querem. Pois, senão, de outra forma, não teria justificativa, visto que é mais fácil adotar a páscoa dos judeus. Isto é, aparentemente fizeram a questão de não seguir os preceitos bíblicos da páscoa, pois, teriam de respeitar rigorosamente a data, e o motivo da comemoração (e que é bem diferente a da tradição católica, onde a páscoa é a ressurreição, e não a morte do Cordeiro, nem tão pouco era considerado a saída do Egito).

PÁSCOA, OU A CEIA DO SENHOR?

O próprio Senhor Jesus, quando instituiu a Ceia do Senhor, se deu no dia da páscoa (Mateus 26:17-19; Marcos 14:12-16; Lucas 22:7-13), e não foi pela Sua ressurreição que Ele a instituiu, e sim, em memorial a Ele, e anunciando a Sua morte, até que Ele venha a nos buscar (I Coríntios 11:26).

Isto é, a Ceia do Senhor se deu justamente na páscoa porque, a verdadeira páscoa era Ele (I Coríntios 5:7), que estava preparado para morrer pelos nossos pecados – a de ser crucificado. Por isso que foi chamado de Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo (João 1:29), porque Ele é o Cordeiro a ser sacrificado, a páscoa, para derramar o Seu sangue pelos nossos pecados; pois, sem tal sacrifício, nenhum homem poderia aproximar de Deus, e entrar em comunhão com Ele, ganhando assim a vida eterna.

Razão pelo qual, uma vez feito tal sacrifício, o único verdadeiro e perfeito, deixaria de ter sentido a páscoa, uma vez que o antigo pacto foi consumado. Foi por essa razão que o Senhor Jesus se reuniu com os seus discípulos, para realizar a última páscoa – a válida – e estabelecer o novo pacto, mais abrangente, e debaixo da graça: a Ceia do Senhor.

Tradicional tela da Santa Ceia, feita pelo pintor Leonardo Da Vinci (Foto:Reprodução)

Tradicional tela da Santa Ceia, feita pelo pintor Leonardo Da Vinci (Foto:Reprodução)

Ora, se o irmão pretende celebrar a páscoa, ele deverá seguir à risca os mandamentos que Deus deu a Moisés!

Terá de deixar de participar da Ceia do Senhor periodicamente (geralmente mês a mês), pois, a páscoa só se dá por volta dos meses de março/abril de cada ano. Visto que era celebrada no mês de abibe, no dia 14 por diante, e deverá imolar um cordeiro, e comer por sete dias, pães ázimos e ervas amargas…(Êxodo 12:2-8-15).

Não imolando o cordeiro, mesmo assim, teria de ser com pães ázimos, e já terá transgredido a Lei de Deus!

Mas acontece que a páscoa é um mandamento somente para o povo de Israel, e não para os outros povos, quanto mais para a Igreja de Cristo, pois senão teriam de seguir à risca, todos os preceitos que Deus deu a este povo.

É uma celebração exclusiva do povo de Israel, pois nós temos em Êxodo 12:3 o seguinte:

“Falai a toda a congregação de Israel…”

É uma festa que deve ser guardada por todos os filhos de Israel (Êxodo 12:47).

E mais, o estrangeiro não deve comer dela (Êxodo 12:43). Se por acaso, um estrangeiro, um gentil, quiser participar da páscoa, deve ser circuncidado (Êxodo 12:43).

Circuncidará um salvo em Cristo Jesus para participar da páscoa?

É estar debaixo da Lei, e não da graça! E tanto pelo fato de estar debaixo da Lei que, caso um homem, filho de Israel, se não comemorou a páscoa, deve ser extirpado do povo de Deus; em outras palavras, executado (Números 9:13). Era portanto, um mandamento severo, um pacto feito entre Deus e Israel, assim como o mandamento de guardar o sábado. Logo, se nós fossemos comemorar a páscoa, nos colocaríamos ao mesmo pé de igualdade com os adventistas do sétimo dia.

A ORIGEM PAGÃ DA PÁSCOA ATUAL

A páscoa que se comemora no dia de hoje, não se assemelha nem um pouco com a páscoa bíblica, e que faz parte da Lei que Deus ordenou a Moisés, e que era destinada a todo o Israel. Pelo contrário, essa páscoa que conhecemos é completamente estranha aos preceitos bíblicos, e que se reveste de outros valores sob o disfarce do cristianismo nominal.

A páscoa judaica já há muito tempo deixou de ser bíblica visto que não tem mais eficácia, pois, a verdadeira páscoa – o Senhor Jesus – já foi consumado lá na cruz. Por esse motivo é que Deus permitiu a destruição do Templo de Salomão, cerca de 70 d.C., para que fosse impedido a comemoração da páscoa. Pois, tal comemoração, juntamente com outros preceitos, prenderiam os judeus à Lei, ao antigo pacto, e que deixou de ser válido. Além disso, os sacrifícios de holocausto (que fazem parte da Lei), só poderiam ser realizados no Templo, e não em outro lugar.

Tendo isso em conta: de que a própria páscoa, instituída por Deus, deixou de ser válida; quanto mais não seria antibíblica a comemoração da páscoa do mundo, cuja procedência é claramente pagã?

CONCLUSÃO

A páscoa que se comemora atualmente faz parte das chamadas festas cíclicas pagãs, onde se presta grande importância na guarda das datas, dias, meses, etc. E para esse caso, é bom nos lembrarmos da advertência data pelo apóstolo Paulo:

…”agora, porém, que já conheceis a Deus, ou melhor, sendo conhecidos por Deus, como tornais outra vez a esses rudimentos fracos e pobres, aos quais quereis servir?

Guardais dias, e meses, e tempos, e anos”… (Gálatas 4:9-10).

A verdadeira páscoa foi consumada quando o nosso Mestre e Senhor foi crucificado na cruz. Portanto, não tem mais sentido para nós a sua comemoração, visto que não representa sequer o ressurreição de Jesus, e sim, a revitalização de uma festa milenar e pagã de fertilidade.

O nosso alvo é a importância da morte do Senhor Jesus, e devemos nos lembrar disso, até a volta d’Ele, para nos buscar; isto é, devemos lembrar da Sua morte na Ceia do Senhor.

Fonte: Estudos Gospel

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