Serial killer de Maceió é condenado a 24 anos e 6 meses por assassinato de mulher trans
A jovem foi morta a tiros na noite de 11 de novembro de 2023, no bairro Vergel do Lago.

Albino Santos de Lima, conhecido como o serial killer de Maceió, foi condenado a 24 anos e seis meses de reclusão em regime inicialmente fechado pelo assassinato de Louise Gbyson Vieira de Melo. A jovem foi morta a tiros na noite de 11 de novembro de 2023, no bairro Vergel do Lago.
A condenação foi proferida durante o júri popular realizado na sexta-feira (6), no Fórum do Barro Duro, em Maceió. Albino foi condenado pelos crimes de feminicídio, motivação torpe e uso de recurso que impossibilitou a defesa da vítima.
“Entendi que a pena aplicada foi justa. Não havia motivo para aumentar ainda mais a pena, mesmo considerando a vida pregressa do réu. Foi aplicada uma pena justa, e parabenizei a sociedade alagoana e os jurados, que desempenharam um papel brilhante e tomaram uma decisão muito justa”, afirmou o promotor de Justiça Vilas Boas, do Ministério Público de Alagoas (MPAL).
Após a condenação, Albino irá retornar ao sistema penitenciário, onde já cumpria pena pelo assassinato de Emerson Wagner da Silva e pela tentativa de homicídio contra outra jovem.
“Fui escolhido por minha habilidade para matar”, disse serial killer durante júri
Durante o júri, Albino afirmou que matou Louise após ter sido tomado pelo que chamou de “fogo do arcanjo Miguel”. Segundo ele, seu corpo teria sido apenas um instrumento, cabendo ao arcanjo a responsabilidade intelectual pelo crime. Acrescentou ainda que fora guiado e recebera ordens do arcanjo, que o teria escolhido por sua “habilidade para matar”.
No entanto, o promotor Vilas Boas apresentou aos jurados o laudo pericial que comprovou que o réu era plenamente imputável — ou seja, tinha total consciência de seus atos no momento do crime. Com isso, desmontou a tese da defesa, que alegava que o acusado não poderia ser responsabilizado integralmente.
O MP também reforçou que Albino apresentava traços de psicopatia e não possuía valores morais. Em tom crítico, o promotor ironizou a estratégia da defesa, que pedia a condenação “filosófica do arcanjo Miguel”. “O tribunal do júri não é lugar para se fazer filosofia”, rebateu.
Promotor sustentou condenação por feminicídio e destacou perfil psicopata do réu
O promotor Vilas Boas sustentou a condenação por feminicídio, com qualificadoras graves: motivo torpe, decorrente de um sentimento perverso de justiçamento, e o uso de recurso que impossibilitou a defesa da vítima, que foi pega de surpresa.
“A expectativa era que, ao final, a justiça fosse feita com a condenação do réu. O argumento da defesa não tinha nenhuma sustentação. Não fazia o menor sentido”, afirmou.
Sobre a alegação de doença mental, o promotor esclareceu que a tese fora derrubada por um laudo psiquiátrico que comprovou a plena consciência do réu no momento.
“O que ele tinha, na realidade — e esse era o entendimento do Ministério Público — era um perfil psicopata. Albino era indiferente ao sofrimento alheio, não demonstrava qualquer sentimento de culpa e possuía traços de personalidade antissocial, típicos de um psicopata. O que ele apresentava era um transtorno de personalidade, não uma doença mental”, concluiu Vilas Boas.
“Foi de uma brutalidade indescritível”, disse avó da vítima
“Hoje, o que a gente quer é justiça. Primeiro, a justiça de Deus. Depois, a dos homens”, desabafou Giovânia Ferreira, avó de Louise, que acompanhou o júri.
“Estávamos falando de uma pessoa fria e calculista. Ele precisava pagar pela frieza e crueldade com que tirou a vida da minha neta. Foi algo de uma brutalidade indescritível, sem palavras”, completou.
A avó da vítima ainda declarou que o réu precisava ser responsabilizado pela frieza e crueldade com que tirou a vida da neta.“Estamos falando de uma pessoa fria e calculista. Ele precisa pagar pela frieza e pela crueldade com que tirou a vida da minha neta. Foi algo de uma brutalidade indescritível, sem palavras”, desabafou.
O caso Louise
Louise Gbyson Vieira de Melo foi perseguida e assassinada a tiros em 11 de novembro de 2023, no bairro Vergel do Lago, enquanto voltava da escola. Ela desconfiou estar sendo seguida e tentou se proteger. Testemunhas viram o atirador, e investigações integradas identificaram Albino como autor do crime. Provas balísticas confirmaram que a arma usada pertencia a ele.
Segundo o promotor, Albino perseguiu Louise por cerca de sete meses, monitorando suas redes sociais e planejando o ataque de forma obsessiva e calculista. O crime foi caracterizado como feminicídio, motivado por ódio ao gênero feminino e desejo de dominação.
Conhecido como o “serial killer de Maceió”, Albino respondia por 18 assassinatos e outras sete denúncias, segundo o Ministério Público. Desta vez, foi julgado pelo feminicídio de Louise, uma mulher trans assassinada na noite de 11 de novembro de 2023.
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