Créditod do Banco do Nordeste impulsiona mandiocultura no Agreste Alagoano
Investimento para a atividade cresceu 41% e produção alagoana alcança mercado externo em parceria com cooperativa sergipana.
300 toneladas da mandioca alagoana é adquirida diariamente por cooperativa que exporta a farinha. As contratações do Banco do Nordeste (BNB) para mandiocultura de Alagoas somaram R$ 6,5 milhões, neste ano, até novembro, o que representa um aumento de 41% em relação ao mesmo período de 2024. A maior parte dos financiamentos ocorreram no agreste alagoano, região em que está sendo desenvolvido o Programa de Desenvolvimento Territorial (Prodeter), do BNB, com foco na atividade.
Além do apoio creditício, as ações do Programa estão promovendo o melhoramento genético de cultivares e parcerias, que já renderam a inserção dos produtores locais no mercado externo, por meio da comercialização da produção para a Cooperativa de Agricultores Familiares do município de Campo do Brito, no estado de Sergipe (Coofama). Cerca de 300 toneladas de mandioca de produtores alagoanos são compradas diariamente para o beneficiamento e produção de farinha, que depois é exportada para a Itália.
De acordo com o gerente de Desenvolvimento Territorial do BNB no estado, Manoel Roberto Muniz, o incremento do crédito e as ações de capacitação, parcerias e difusão de pesquisa e tecnologia implementadas pelo Prodeter têm impactado diretamente em avanços estruturais para a cadeia produtiva da mandiocultura. “Conseguimos ampliar a produtividade e promover o melhoramento genético das cultivares de produtores dos municípios de Arapiraca, Limoeiro de Anadia, Feira Grande e Lagoa da Canoa, que integram as ações deste Prodeter”, atesta.
Segundo Claudevan Silva, agente de desenvolvimento do BNB e responsável pelas ações do Prodeter da Mandiocultura do Agreste Alagoano, os últimos três anos de atividades desenvolvidas pelo Programa têm incentivado a qualificação técnica dos agentes econômicos do território, contribuindo para a integração entre instituições de pesquisa, assistência técnica no campo e mercado. “O Prodeter da Mandiocultura tem contribuído para o fortalecimento dos elos da cadeia produtiva, conectando produtores a grandes compradores e garantindo matéria-prima de qualidade. Essa articulação vem sendo feita há cerca de três anos, com visitas técnicas, negociações e contratos que asseguram preço mínimo para incentivar a produção”, destaca.
Melhoramento genético
Uma das ações do programa foi a implantação da Rede Nacional de Multiplicação e Transferência de Materiais Propagativos de Mandioca (Reniva). Iniciativa do Governo Federal, por meio do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o sistema Reniva é uma estratégia organizacional de produção de mandioca, que tem o objetivo de difundir a transferência de manivas-semente de mandioca com garantida de qualidade genética e fitossanitária para agricultores das principais regiões produtoras de mandioca em todo o território nacional.
Por meio do Prodeter em parceria com a Secretaria de Estado da Agricultura (Seagri), o sistema chegou à Alagoas em um evento promovido pela Embrapa, que reuniu produtores de mandioca do estado, técnicos especializados e órgãos públicos voltados à produção agrícola para um momento de capacitação e orientações sobre o plantio da maniva-semente.
Claudevan detalha que a próxima etapa do Programa consiste na criação de estufas na sede da Embrapa, implantação do melhoramento genético e irrigação das cultivares, com limpeza clonal do material para garantir variedades livres de doenças. Após testes em laboratório e campo, essas variedades serão distribuídas aos produtores, garantindo material rastreável, saudável e com alta produtividade.
“O objetivo é melhorar geneticamente as cultivares e aumentar a produtividade, permitindo que os produtores tenham acesso a material de qualidade sem custo adicional, por meio do programa de sementes do estado”, afirma o agente.
Coofama
As articulações promovidas pelo Prodeter também têm fortalecido a inserção da produção alagoana em mercados mais amplos, com destaque para a parceria com a Coofama, que utiliza, majoritariamente, a mandioca produzida em Alagoas como matéria-prima para a produção de farinha e fécula para exportação.
Segundo Claudevan Silva, essa integração é resultado direto do trabalho de fortalecimento dos elos da cadeia produtiva. “A Coofama é um exemplo de como a organização da produção e garantia de qualidade da matéria-prima permitem acessar grandes compradores e novos mercados, inclusive fora do país”, desenvolve.
O presidente da Câmara Setorial da Mandiocultura e Derivados do estado de Alagoas e responsável direto pelas negociações com a Coofama, Eloízio Lopes, afirma que o polo de Campo do Brito reúne cerca de 200 beneficiadores, que compram a mandioca dos produtores alagoanos. “Essa parceria com a Coofama tem mostrado que a mandioca alagoana tem qualidade e escala para atender mercados exigentes. Hoje já temos exportações em curso, especialmente para a Itália, e uma tendência clara de crescimento”, evidencia.
Ainda segundo Eloizio, somente em 2025, as exportações de farinha de mandioca para o mercado italiano superaram 100 toneladas, impulsionadas pela demanda por produtos sem glúten. Para Claudevan, o avanço é reflexo de um trabalho contínuo de articulação institucional e comercial. “O Prodeter atua para dar segurança ao produtor, garantindo mercado, preço mínimo e qualidade do produto. Isso cria um ambiente favorável para investimentos e abre espaço para que a mandiocultura alagoana avance também no cenário internacional”, conclui.
Prodeter
O Programa de Desenvolvimento Territorial é uma estratégia do BNB voltada para a estruturação das cadeias produtivas do estado, por meio da mobilização de parceiros e agentes econômicos, promovendo ações que vão além do crédito, a exemplo de palestras, capacitações, estímulo ao associativismo e cooperativismo, difusão de tecnologia e inovação, entre outras.
Para o gerente Manoel Roberto, as ações do Prodeter buscam maximizar a competitividade das atividades econômicas regionais, por meio da implementação de Planos de Ação Territorial (PATs). “Além da mandiocultura, em Alagoas temos várias atividades desenvolvidas com ações desse Programa, a exemplo de bovinocultura, bananicultura, turismo, apicultura e economia circular, com objetivos específicos que vão desde o incremento de produtividade, à redução de custos de produção, entre outros, de acordo com diagnóstico prévio de cada atividade e Plano de Ação elaborado de forma colaborativa entre parceiros e atores produtivos locais”, explica o executivo.





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