Conheça a personalidade que dá nome a comenda do Dia da Mulher em Santana Apesar da homenagem, pouco registro histórico foi feito na hora da criação do decreto legislativo.

08 mar 2017 - 16:24


Primeira Comenda Sihá Rodrigues entregue em Santana (Foto: Reprodução / José Malta Fontes)

Primeira Comenda Sihá Rodrigues entregue em Santana (Foto: Reprodução / José Malta Fontes)

A Câmara de Vereadores de Santana do Ipanema entrega durante a noite desta quarta-feira (8), em sua sede, mais uma placa da Comenda Maria Izabel Gonçalves da Rocha “Sinhá Rodrigues”.

O ato se tornou tradição nos últimos 11 anos, no qual homenageia figuras femininas dentro e fora do município que se destacaram em seus trabalhos ou vida pessoal. A comenda deste ano honra a médica e vice-prefeita da cidade, Christiane Bulhões.

O decreto que criou a comenda explica como deve ser escolhida e entregue a honraria às homenageadas. Entretanto a proposta legislativa peca num dos fundamentos mais básicos na criação de uma homenagem: a lembrança histórica de quem foi a ‘dona da comenda’.

Ocorre que, analisando o documento aprovado em 2006 não se encontra um devido registro histórico da Sinhá Rodrigues, seus parentes e até suas atividades na vida pública e privada. Na justificativa apresentada, a autora considera importante a criação da comenda, cujo o patronato trata-se de uma santanense que se destacou no panorama municipal, cujas ideias inovadoras, rendem respeito. CLIQUE AQUI e veja a proposta na íntegra.

Para além dos elogios e a fim de tirar parte das dúvidas, o site Alagoas na Net buscou auxílio do professor e historiador santanense Marcelo Fausto, que além de alguns dados básicos, nos indicou passagens de obras literárias sobre o assunto.

Mulher do Coronel

Dona Isabel nasceu em sete de abril de 1876 e viveu até o dia 20 de novembro de 1966. Para aqueles que pensam que ela é filha natural de Santana do Ipanema, se enganam. Segundo os poucos registros encontrados a antiga moradora é natural do estado de Sergipe. E foi neste estado, mais precisamente na capital Aracajú, que ela teve parte dos seus estudos, coincidentemente intitulada de Escola Santana, uma das mais conceituadas da cidade. O mesmo colégio ainda receberia seus futuros filhos.

Ainda pelo que se foi pesquisado, a nomenclatura de ‘Sinhá’ se popularizou a partir do casamento com seu companheiro, o coronel Manoel Rodrigues da Rocha, cidadão que hoje divide o nome da praça central de Santana, com o senador Enéas Araújo. “Os registros mostram que ela foi quem tomou conta dos negócios do marido, após seu falecimento, em 1920. Sua família negociava com tecido, couro e outros”, diz Marcelo.

Praça do centro de Santana leva o nome do esposo da Sinhá Rodrigues, o Coronel Manoel Rodrigues da Rocha (Foto: Sergio Campos / Cortesia)

Praça do centro de Santana leva o nome do esposo da Sinhá Rodrigues, o Coronel Manoel Rodrigues da Rocha (Foto: Sergio Campos / Cortesia)

Outro detalhe importante foi encontrado no livro “Santana do Ipanema conta sua história”, dos escritores Floro de Araújo Melo e Darci de Araújo Melo. É nesta obra que existe uma passagem modesta, mas que fala especialmente da Sinhá. “Uma criatura simples, bondosa, amiga das famílias da elite santanense. Ela e seu marido mantinham por sua conta um serviço de assistência social para os necessitados e distribuíam o natal para os pobres anualmente”, descreve os autores da obra.

Apesar da busca por informações o historiador sertanejo ressalta que a maioria das informações em relação a Sinhá fazem referência a seus esposo. “Isso demonstra como a história e seus contadores, desde o passado, ainda priorizavam os feitos e acontecidos dos homens. Hoje fazendo essa busca se percebe que pouco se diz dos atos e costumes unicamente da Dona Izabel”, destacou.

Parentescos

Além do esposo, que tem uma praça em seu nome, outros parentes da Sinhá também podem ser mais conhecidos da população sertaneja e região. Um dos seus filhos se tornou um escritor de várias obras, Tadeu Rocha. E quem também seguiu pelos caminhos da literatura foi o neto de Sinhá Rodrigues, o escritor Breno Accioly, romancista que dá nome a uma das bibliotecas da cidade. Breno é descendente de Maria de Lourdes Rocha Accioly, uma das filhas mais cultas de Sinhá Rodrigues.

O historiador santanense indica para aqueles que queiram saber um pouco mais da história de Sinhá Rodrigues, se debruçar em algumas das obras do seu filho. “O Tadeu Rocha escreveu muito sobre Santana do Ipanema. Um dos seus livros, ‘Modernismo e tradicionalismo’ ele apresenta figuras históricas da cidade”, explica ele.

Por Lucas Malta / Da Redação

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