Pesquisa inédita mostra como famílias brasileiras enfrentam a fome

19 dez 2014 - 13:30


Foto: Ilustração

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A falta de comida em casa tem afetado seriamente milhares de brasileiros. Como reflexo disso, a maioria comprou fiado no ano passado. É o que demonstra pesquisa inédita promovida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre as estratégias que as famílias brasileiras em situação de insegurança alimentar usaram para enfrentar o problema. Os dados constam no suplemento de Segurança Alimentar da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2013.

Cerca de 40% dos domicílios brasileiros pagou depois pelo alimento consumido para não passar fome. Outros 27,8% pediram alimentos emprestados a parentes, vizinhos ou amigos. Os que receberam alimentos da comunidade, vizinhos, parentes e amigos representavam 3,3%, e 2,8% prestaram pequenos serviços a parentes e amigos em troca de alimentos.

Dentre algumas medidas para contornar a questão, muitas famílias decidiram deixar de comprar itens supérfluos e pediram dinheiro emprestado para quitar as dívidas. Um dos alimentos que mais teve impacto no orçamento familiar foi a carne, retirada da dieta de 3,5% desse público para que não faltasse comida na mesa.

Em uma análise regional, o estudo aponta que comprar fiado foi a opção principal das famílias nordestinas em situação de risco: 53,8%. Na região Norte, esse percentual cai para 50,2% e no Centro-Oeste 37,3%. Porém, pedir alimentos emprestados foi a medida utilizada por esse público no Sul (34,2%) e Sudeste (33,5%).

Perfil

Sobre a ocupação do público-alvo da pesquisa, os dados revelam que, no ano 2013, 54,7% dos 14,3 milhões de moradores em situação de insegurança alimentar moderada ou grave, com 10 anos de idade ou mais, estavam ocupados. Entre o grupo dos ocupados, foi registrado que 31,5% praticavam atividades agrícolas.

A respeito da posse de bens, a quase totalidade (98,3%) dos domicílios em segurança alimentar tinham geladeira, enquanto nos lares com insegurança grave esse percentual caía 85,8%. A pesquisa identificou uma proporção: quanto mais intensa a situação de insegurança, menor a proporção de domicílios com refrigeradores.

Eletrodomésticos

Se comparado com a última edição do Suplemento de Segurança Alimentar, de 2009, houve aumento na proporção dos lares com eletrodomésticos como máquina de lavar, computador e telefone – mesmo entre os domicílios em insegurança alimentar grave. Cerca de 10% dos domicílios com pessoas em situação grave de insegurança alimentar tinham microcomputador com acesso à internet.

Outro dado importante sinalizado pela pesquisa aponta que os domicílios com situação de insegurança maior tem menos acesso aos serviços de saneamento básico: 34,4% dos domicílios de pessoas em situação de insegurança alimentar grave eram atendidos por rede de coleta de esgoto; 73,6%, por rede geral de abastecimento de água e 75,2%, por coleta de lixo.

Rendimento

Além disso, 78,9% dos domicílios com insegurança alimentar tinham rendimento per capita até um salário mínimo – excluindo os sem rendimento – e 2,2%, mais de dois salários mínimos. Por outro lado, 53,5% dos domicílios com segurança alimentar têm rendimento per capita acima de um salário mínimo e 23,9% mais de dois salários mínimos.

Por CNM / Com EBC

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