Sobre Clerisvaldo Chagas

Romancista, historiador, poeta, cronista. Escritor Símbolo do Sertão Alagoano.


HOTÉIS NO SERTÃO DE ALAGOAS

14 outubro 2017


Hotel Central (Foto: Clerisvaldo B. Chagas)

O sistema de hospedagem é bastante antigo na história universal. Representa a maneira pensada e agradável de receber pessoas de outros lugares com eficiência, respeito e agrado.

É navegando pelas fotos antigas, dialogando, rindo e chorando pelo pretérito que a lembrança medra. Assim revemos o nosso sertão velho de guerra que mesmo em passado de mais de uma centena de anos, já era versado na arte de hospedar.

Claro que o conforto era de acordo com a época e do desdobramento do hospedeiro. Em todas as cidades do Sertão alagoano, sempre havia pelo menos um pequeno hotel ou a chamada “pensão” que representava uma espécie de segunda classe do hotel.

Em Santana do Ipanema, representando todo o semiárido, alcançamos ainda alguns hotéis nos moldes tradicionais. O mais antigo às nossas lembranças é o hotel, cujo nome não lembramos. Funcionava no casario da Rua Barão do Rio Branco, perto ou talvez no lugar onde foi construído o prédio do Cine Alvorada.

Pertencia a Maria Sabão. Posteriormente, Maria Sabão mudou-se para o até hoje denominado “Casarão da Esquina” com o Hotel Central (talvez com o mesmo nome do anterior) e que atravessou décadas, como o mais procurado da cidade.

Depois, funcionando pela ordem, veio primeiro o “Hotel Santanense”, no Bairro Monumento, apontado também como o hotel de Dona Beatriz. Mais à frente mudou de dono, até fechar.

Ainda no Bairro Monumento, defronte os Correios, foi instalado o “Hotel Avenida”, cujo proprietário era o senhor Leuzinger Melo. Como era uma pessoa excêntrica, várias anedotas verdadeiras foram contadas sobre o dia a dia de Leuzinger e seus hóspedes.

Ainda no Bairro Monumento, por trás do banco do Brasil, funcionava o hotel de Maria Valério e, no Bairro Camoxinga, uma hospedaria no edifício da Churrascaria Maracanã, pertencente ao chamado “Seu Neguinho”.

Havia ainda nas imediações do quadro da feira, a pensão de Dona Rosa. Falar nisso, um  caixeiro-viajante que sempre se hospedava ali, gostava de expor à pensão:

“Seu Mané

Como é que pode

Seu Mané

Como é que pode

Na pensão de Dona Rosa

Só tem bode

Só tem bode”.

Na penúltima fase, para substituição de todos os hotéis que fecharam, surgiram em Santana as pousadas espalhadas por diversos lugares. Finalmente volta à moda dos hotéis, desta feita com um quatro estrelas representando o que há de mais moderno em hospedagem, no Bairro São Vicente.

Até o sono chegou, vamos guardar o amontoado de fotos.

Clerisvaldo B. Chagas, 13 de outubro de 2017

Crônica 1.758 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

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