Ex-deputado estadual cassado na ditadura depõe à Comissão da Verdade

23 jun 2016 - 11:00


Roberto Mendes garantiu que objetivo de seu depoimento é contribuir com o trabalho que a comissão vem desempenhando.

Em seu depoimento, o ex-deputado estadual falou a respeito do período de ditadura militar, dos assassinatos, dos desaparecimentos, da pressão daquele período angustiante para as famílias alagoanas (Foto: Adaílson Calheiros / Agência)

Ex-deputado falou a respeito do período de ditadura militar (Foto: Adaílson Calheiros / Agência Alagoas)

A Comissão Estadual da Memória e Verdade Jayme Miranda ouviu, nesta quarta-feira (22), mais depoimentos de vítimas alagoanas no período. Desta vez, o depoente foi Roberto Mendes, ex-deputado estadual cassado pela ditadura militar. A reunião foi realizada no Palácio República dos Palmares.

Roberto Mendes declarou que tem o objetivo de contribuir com esse trabalho que a Comissão de Verdade vem desempenhando. Em seu depoimento, o ex-deputado estadual falou a respeito do período de ditadura militar, dos assassinatos, dos desaparecimentos, da pressão daquele período angustiante para as famílias alagoanas, além da pressão do mundo capitalista – que comandava o período.

“A minha contribuição é pequena, mas é importante para a história futura das novas gerações, porque eu sei que muitos depoimentos de pessoas que vivenciaram aquele período foram mais importantes, porque foram aqueles que tiveram mais militância, eu apenas participei apenas em um curto período estudantil político. Trouxe alguns detalhes que a comissão ainda não tinha recebido para evidenciar aquele período terrível para a população brasileira”, disse Mendes.

Membro do Diretório Central dos Estudantes (DCE) participou de passeatas e movimentações, porque a juventude não concordava com as coisas que estavam acontecendo na época, como pressões e interrogatórios, além dos desaparecimentos inexplicáveis de pessoas, muito jovens. Ainda de acordo com Roberto Mendes, ele foi cassado do seu mandato de deputado estadual, tendo os direitos políticos suspensos. A partir daí, ele precisou ir embora para o Rio de Janeiro, onde permaneceu por 12 anos.

“Eu acredito que tenha sido o fator fundamental. E, além disso, pelo histórico da minha família, que era do segmento da política. Ainda houve meu envolvimento após a morte do meu pai da Assembleia Legislativa do Estado (ALE), Humberto Mendes, deputado estadual em 1957, envolvendo toda minha família nesse mundo escuro da pistolagem. Foi um período muito difícil, perdi dois irmãos. Foi um período complicado para a família, de muitas formas, a política e os problemas pessoais”, esclareceu Roberto Mendes.

Thomaz Beltrão, membro da Comissão da Verdade, explica que os trabalhos dentro da comissão estão transcorrendo normalmente, dando continuidade a fase de coleta de depoimentos. Segundo ele, a Comissão da Verdade conta com a participação do professor Élcio, da Fundação de Amparo à Pesquisa de Alagoas (Fapeal), para, ainda este ano, ter o relatório pronto e articulado para oferecer a sociedade alagoana.

Ele explica que a Fapeal disponibilizou uma comissão de técnicos que desempenha um papel muito importante. “A pesquisa é muito vasta, existe muito material para ser condensado, para ser colocado nesse relatório, e eles estão fazendo esse trabalho de nos ajudar para produzirmos o relatório final”, declarou Thomaz Beltrão.

“Nós queremos aproveitar a vida da comissão, ele vai ter uma vida longa, ainda temos mais um ano e meio pela frente, então temos todo um cronograma, inclusive trazendo pessoas que atualmente moram em outros estados para explorarmos o máximo e a maior riqueza possível está presente neste relatório”, finalizou o membro da comissão.

Por Paula Nunes / Agência Alagoas

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