Escassez de água pode afetar saúde no futuro, afirma Secretaria de Saúde

26 abr 2015 - 15:04


Caso não haja uma mudança no quadro, o resultado é o surgimento de doenças.

Muitos alagoanos já enfrentam dificuldades para ter acesso a água potável (Fotos: Olival Santos)

Muitos alagoanos já enfrentam dificuldades para ter acesso a água potável (Fotos: Olival Santos)

A escassez de água é um dos temas mais debatidos em todo planeta. A questão está sempre presente nas discussões pelo mundo, tendo em vista que a crise hídrica é uma ameaça para a sobrevivência da humanidade. As consequências podem ser as mais dramáticas possíveis, inclusive alterar a saúde da população, pelo consumo do líquido contaminado e provocar o aumento de doenças.

A ameaça de extinção das reservas de água doce no mundo, devido à ausência de saneamento básico, ação do homem e as alterações climáticas, podem transformar o líquido em um produto de disputa entre as nações. Alguns países enfrentam o problema, a exemplo dos que se localizam no continente Africano. E, caso não haja uma mudança no quadro, o resultado é o surgimento de doenças, que poderiam ser evitadas, como diarreia, cólera e desidratação.

A diretora de Vigilância Ambiental, Elizabeth Rocha, admite que o momento é de alerta e preocupação, e todos devem ficar atentos aos sinais que estão surgindo em alguns países e estados brasileiros como aqueles localizados no Sudeste, que enfrentam racionamento. O clima também é outro inimigo nos municípios nordestinos que historicamente enfrentam dificuldade em função da ausência do líquido em suas torneiras.

Para a diretora há possibilidade de futuramente ter aumento de algumas doenças, devido à escassez de água. Isso porque, sem o acesso ao líquido de qualidade, a alternativa dos moradores é consumir alimentos contaminados, o que poderá elevar algumas doenças.” O corpo é formado por 70% de água, a ausência da mesma causa vários problemas. Nos lugares onde há carência de água potável fica muito mais evidente o surgimento de problemas devido ao consumo de um produto muitas vezes contaminado por matéria orgânica, que favorecem o surgimento de bactérias e toxinas”, frisou.

O quadro que se desenha para o futuro, se o desperdício de água continuar, os mananciais continuarem sendo afetados pela poluição será desanimador, principalmente em relação à saúde. As doenças de veiculação hídrica poderão se potencializar e afetar um número maior de pessoas. Sem o volume de água necessário, os rios aos poucos vão se transformando e, esse líquido composto por parasitas é utilizado na irrigação de alimentos e até mesmo para saciar a sede.

A diarreia é um tipo de doença que poderá afetar a população nos próximos anos. Ela já está presente nos municípios afetados pela seca, que muitas vezes são abastecidos por água de procedência duvidosa, e até mesmo por caminhões que não são higienizados corretamente.

Em 2013, Alagoas viveu uma situação crítica com o registro de 115.683 casos de diarreia. No ano seguinte houve uma redução, chegando a 86.819. Depois das diarreias, a hepatite tipo A, a cólera, a dengue e também as doenças de pele, podem surgir com mais intensidade.

Dados da Secretaria de Estado da Saúde relativos aos anos de 2013 e 2014, mostram que as doenças de veiculação hídrica ainda são registradas em Alagoas, mesmo com as ações que são realizadas nos municípios. A diarreia ainda ocupa o primeiro lugar, seguida de ascaridíase, esquistossomose e a tricuríase ( tipo de verme).

Em pleno século XXI ainda é possível ver a cena de mulheres carregando baldes, para utilizar nas suas tarefas domésticas, cozinhar os alimentos e beber. E, não é apenas nos municípios afetados pela seca, em Maceió pode ser visto nas comunidades da periferia que não são beneficiadas pelo saneamento básica. Nas favelas instaladas ao longo do Dique Estrada, donas de casa se aglomeram em torno de um cano, onde jorra águaque nem mesmo sabem a sua origem.

Luta pela água – A marisqueira Rosilene Maria da Silva, 36 anos, mãe de cinco filhos, todos os dias tem como missão ir em busca da água que sai de um cano sujo. Sem saber de onde vem o líquido, a dona de casa utiliza para lavar a louça, cozinhar alimentos e beber. Mesmo temendo pela sua saúde e das crianças, a dona de casa consome sem pelo menos se preocupar em ferver ou filtrar. E, essa é a realidade de várias famílias que residem no local.

Como não existe vacina para esses tipos de doenças, a prevenção é o caminho para quem deseja que as gerações futuras não sejam afetadas pelos transtornos, que a falta de água poderá causar. Prevenir, não desperdiçar e cuidar dos mananciais de água doce é a saída, para garantir a sobrevivência da humanidade.

Por Mônica Lima / Agência Alagoas

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