Collor denuncia o que chama de “conluio” entre Procuradoria Geral e a revista Veja

29 jun 2015 - 18:56


‘Queiram ou não, ninguém me impedirá de cumprir minha missão pública e institucional’, declarou senador

Collor

Foto: Agência Senado

Há 25 anos, o Brasil promovia a abertura da economia ao mercado mundial. E essa conquista só foi possível porque o presidente da República Fernando Collor decidiu enxugar o peso da máquina pública, incentivar a produção industrial e valorizar o trabalhador. Na tarde desta segunda-feira (29), em discurso, o senador Fernando Collor (PTB) relembrou alguns deste fatos e aproveitou para mostrar, mais uma vez, o conluio que diz existir entre integrantes da Procuradoria-Geral da República e a revista Veja. “Novos obstáculos se impõem nessa minha luta solitária, em que esse Pasquim forma um conluio com setores da PGR”, disse ele.

Collor lembrou que, numa época em que já era visível uma aceleração da economia mundial cada vez mais assentada em processos industriais de alta tecnologia, o Brasil se mantinha em fogo baixo, impedindo a atração de capitais disponíveis fora do seu território. Para o senador, o cenário de 25 anos atrás mostra que o País isolava seu mercado interno com medidas excessivamente protecionistas, dominado por obsoletas indústrias nacionais, que mantinham o brasileiro alheio às conquistas dos consumidores dos outros países.

“Para esse contexto, propus uma nova visão do papel do Estado brasileiro. Um novo caminho para o crescimento econômico, uma nova proposta de inserção do Brasil no panorama internacional, ombro a ombro com as grandes nações ocidentais e novas formas de, rapidamente, alcançar resultados sociais. Um novo caminho para o crescimento econômico, uma nova proposta de inserção do Brasil no panorama internacional. Novas formas de, rapidamente, alcançar resultados sociais significativos para a nossa população mais carente”, destacou o senador.

Collor apontou que o enxugamento da máquina estatal que executou não deve ser confundido com a ideia de estado mínimo. Ele lembrou que o Estado brasileiro mantinha até ali, por exemplo, milhares de imóveis e carros oficiais para seus funcionários, além de um número excessivo de ministérios e estatais. Como presidente, Collor determinou várias fusões, reduzindo para 12 o número de ministérios e extinguiu dezenas de empresas e órgãos públicos desnecessários.

O senador lembrou que com essas medidas foi dado o pontapé inicial para o programa de privatização, para livrar o Estado do ônus de investir em áreas onde o setor privado já demonstrava maior eficiência e maior capacidade de andar com as próprias pernas, sem o custoso abrigo dos recursos públicos. Desse período, lembra Collor, resultaram histórias vitoriosas como a Usiminas, a Aços Finos Piratini e a Siderúrgica de Tubarão, entre outras. O parlamentar recordou que elas recuperaram e ampliaram suas operações sob o controle do capital privado, deixando de onerar o caixa público e passando a recolher significativos impostos para benefício geral.

“O Estado do tamanho adequado às suas verdadeiras funções e capitalizado pelas vendas e pela redução de despesas, poderia se concentrar, então, nas atividades onde realmente era necessário, na saúde, educação, regulação econômica e áreas de infraestrutura. Tenho orgulho de, no meu governo, nos dois anos e seis meses em que tive a honra e o privilégio de governar o País, em nome do povo brasileiro, de ter apresentado, em cada um dos meses em que exerci a presidência, mensalmente, superavit fiscal. Em nenhum dos meses do meu governo apresentei qualquer tipo de déficit na execução orçamentária”, apontou o senador.

Com a abertura do mercado brasileiro, Collor declarou que eliminou as restrições não tarifárias e criou uma gradual liberalização dos fluxos financeiros entre o Brasil e o exterior, permitindo a integração do Brasil aos novos caminhos do comércio internacional. As medidas do governo Collor fizeram crescer as reservas líquidas em moeda estrangeira, de US$ 9,5 bilhões para US$ 32 bilhões, em 1993. Para o senador, os números mostram que as medidas estavam corretas, a ponto de servir de lastro para o futuro plano de estabilização econômica e de controle da inflação.

A história comprova que o conjunto de medidas do governo Collor permitiu ao consumidor brasileiro acesso a produtos nacionais e internacionais, em uma quadra que ganhou protagonismo o carro importado, o cartão de crédito internacional e, posteriormente, montadoras de inúmeras marcas nunca antes acessíveis à população. Para as indústrias, houve um forte empurrão na competitividade.

“Tudo isso sem falar na quebra de monopólios e de reservas de mercado em setores primordiais ao desenvolvimento do País, como foi o caso do setor de informática, que permitiu, desde então, o avanço tecnológico hoje constatado não só nesse segmento, mas também no de telecomunicações em geral, incluindo a telefonia celular, já naquela época, e mais recentemente, com o trabalho executado pelos governos que me sucederam, a TV digital”, exemplificou o parlamentar.

Outros marcos do governo Collor

Na questão do meio ambiente, o Brasil foi sede, em junho de 1992, da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, a Rio 92, de onde derivou um autêntico paradigma para o setor, com um novo quadro jurídico para a cooperação internacional na área, colocando o Brasil reconhecidamente na vanguarda. Na área administrativa, o governo Collor participou ativamente na aprovação e sansão do Regime Jurídico Único dos Servidores Públicos Federais. Collor também foi responsável pela sanção da Lei dos Crimes Hediondos e do Estatuto da Criança e do Adolescente.

A criação do seguro-desemprego para os pescadores na época do defeso, alterações na regulamentação do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e do aumento do benefício para os aposentados rurais, um dos setores mais esquecidos do povo brasileiro, também foram outras conquistas do governo Collor, que até hoje asseguram direito e vantagens trabalhistas a milhões de profissionais.

“Também foi no meu governo que as grandes centrais, como a CUT e sindicatos, como o dos metalúrgicos de São Bernardo, passaram a participar ativamente das câmaras setoriais instituídas pelo Programa de Política Industrial e Comércio Exterior. Essas instâncias definiam políticas para a reestruturação dos vários setores industriais, visando à sua recuperação e ao aumento de competitividade, e mostraram mais uma vez o acerto da criação daqueles novos espaços de entendimento entre capital e trabalho”, reforçou Collor.

‘Continuo às claras’

O senador relembrou que o Supremo Tribunal Federal, no ano passado, se encarregou de dirimir, pela segunda vez, qualquer dúvida que restasse, inocentando-o de todos os processos abertos contra ele. O senador disse que jamais temeu o julgamento dos tribunais ou da própria história, por ter certeza da retidão da minha trajetória. Hoje, disse o senador, amadurecido nesses 25 anos de combate, ele apresenta várias realizações de apenas dois anos do governo, tocando, assim, em temas que atualmente permanecem caros ao cidadão brasileiro, recolocando propostas e análises que ainda fazem sentido, não para reivindicar simplesmente autoria, mas para adensar o tecido da narrativa histórica do período.

Ainda no pronunciamento, Collor considera que novos obstáculos se impõem em seu caminho. Ele disse que tem toda a certeza que vai superar essas dificuldades. “Minha luta, como todos sabem, é uma luta solitária, mas continuo às claras, como tenho demonstrado aqui mesmo desta tribuna, ao revelar sistematicamente a verdadeira face daqueles que tentam mais uma vez denegrir minha imagem, atingir minha honra e me impedir de desnudar e romper com os interesses mais escusos e inalcançáveis ao simples olhar da maioria da população”, expressou o senador.

Collor destacou que novamente se faz presente de forma nítida o conluio entre setores do Ministério Público e o Pasquim semanal, a revista Veja. Ele lembrou que, desde a época do “prevaricador geral” da República Roberto Gurgel, vem denunciando a conduta que prevalece nessa relação promíscua entre a Procuradoria-Geral e grande parte dos meios de comunicação. Relação esta continuada, reforçou o senador, sob o comando do atual Procurador-geral Rodrigo Janot, concebida nos subterrâneos de suas algemas, além daqueles dois toletes envidraçados, onde se entoca o seu “grupelho”.

“A Veja mantém-se com suas páginas pútridas pungueando os seus leitores e com sua pretensa credibilidade, já de baixíssima densidade. No fundo, eles, procurador-geral e Veja se merecem, pois se completam e se misturam no que há de pior e mais profundo da vida política e privada. Queiram ou não, ninguém me impedirá de cumprir minha missão pública e institucional. As dificuldades que se apresentam em minha trajetória jamais arrefecerão a minha determinação. Enquanto alguns insistem em narrar ou mesmo impor a história a seu modo, eu, daqui, continuarei fazendo e traduzindo a sua verdadeira narrativa. Por isso volto a repetir que o tempo é e sempre será o senhor da razão e que a história, como sempre foi, é o corpo do tempo”, concluiu o senador.

Assessoria

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