COMO FOI FEITO O HOMEM

Índio Xucuru de Palmeira dos Índios (Foto: Rayrã Selestino / Blog Retrato Nordeste)

Quando giramos por algumas religiões espalhadas pelo mundo, sempre notamos algumas diferenças. E quando se fala da criação de mundo, de como surgiu o homem e a mulher, surgem opiniões interessantes que passam para a tradição de cada povo.

As opiniões estão em todas as partes, mesmo nas aldeias indígenas ou negras africanas. Mas a beleza dessas narrativas chama atenção pelo lado poético. Assim apresentamos no momento um texto sobre o assunto, para sairmos da rotina de tantas notícias péssimas. Vejamos abaixo:

“O Criador, cujo coração é o Sol, tataravô desse Sol que vemos, soprou seu cachimbo sagrado e da fumaça desse cachimbo se fez a Mãe Terra. Chamou sete anciões e disse: ”gostaria que criassem ali uma humanidade”. Os anciões navegaram em uma canoa que era como uma cobra de fogo, pelo céu. E a cobra-canoa levou-os até a Terra. Logo ali depois colocaram os desenhos-sementes de tudo o que viria a existir. Então eles criaram o primeiro ser humano e disseram: “Você é o guardião da roça”. Estava criado o homem. O primeiro homem desceu do céu através do arco-íris em que os anciões se transformaram. Se nome era Nanderuvuçu, o nosso pai antepassado, o que viria a ser o Sol. E logo os anciões fizeram surgir das águas do grande rio Nanderykeicy, a nossa Mãe Antepassada. Depois que eles geraram a humanidade, um se transformou no Sol, a outra na lua e são nossos tataravôs”.

JECUPÉ, Kaka Werá. A terra dos mil povos: história indígena contada por um índio. São Paulo. Petrópolis, 1998. P. 5. (Série Educação para todos).

RESERVA TOCAIA

Santana do Ipanema também possui Reserva deixada por comerciante Alberto Agra (Foto: Alagoas na Net)

“Defronte o lugar onde aconteceu o episódio narrado da história do município de Santana do Ipanema, nasceu à primeira RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural) de Alagoas, localizada no bioma caatinga. Recebeu a denominação de Reserva Tocaia, pois ali defronte houve apenas uma tocaia, mas o povo denominou o lugar no plural: Tocaias.

A Reserva foi oferecida ao estado sob certas condições pelo, então, ex-pracinha, professor, comerciante e fazendeiro Alberto Nepomuceno Agra, hoje sob direção do seu filho Alberto Nepomuceno Agra Filho.

Ela possui uma área de 21.7 ha. Estar localizada na periferia sul da cidade, no final do Bairro Floresta em direção ao riacho João Gomes. É composta de parte alta com o serrote Pintado, um dos montes que circundam Santana. Na parte baixa, nasce o riacho Salgadinho que escorre durante as estações chuvosas, sendo pequeno afluente do rio Ipanema, após cruzar o Bairro Floresta, dividindo-o com o outro Bairro Domingos Acácio.

A Reserva Tocaia foi criada pela Portaria N0 018/2008, como meta de preservação integral.

Ali se encontra aroeira, angico, juazeiro, imbuzeiro, cedro, baraúna, entre outras espécies de grande e médio porte.

Em sua fauna registram-se a presença de gato-do-mato, pequenos roedores, aves típicas, serpentes e saguins.

Os pedidos de visitas vêm das escolas, de pesquisadores e curiosos, sempre acompanhados de perto pelo seu guardião, agrônomo, Alberto Nepomuceno Agra Filho (Albertinho)”.

Texto extraído de CHAGAS, Clerisvaldo B. A Igrejinha das tocaias; sua história. Santana do Ipanema, Impresgraf, 2017. 20. Edição. Capa de trás.

Duas RPPNs ainda são localizadas no município, mas a Reserva Tocaia é a mais conhecida, sendo avistada de vários pontos da cidade. O santanense sofre ao observá-la ressequida nos tempos de estiagens; vibra com ela e outros montes circundantes de Santana, com o verdume ocasionado pelas chuvas de inverno, das trovoadas ou ocasionais.

A RPPN Tocaia e as outras, são motivos de orgulho para o estado de Alagoas e para a consciência ambiental do planeta.

Clerisvaldo B. Chagas, 18 de abril de 2018

Crônica 1.882 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

ESPANTANDO MORCEGOS

Ilustração (Ciência Hoje)

Gosta do que é bom? Veja que maravilha de texto:

Os morcegos são mamíferos que possuem uma alimentação variada. São conhecidas cerca de 1.100 espécies de morcegos. Entre elas apenas três espécies se alimentam de sangue. Os morcegos das demais espécies podem se alimentar de: frutos (manga, banana, mamão, goiaba, por exemplo); néctar e pólen de flores, como a do ipê e maracujá-de-restinga; folhas diversas; animais diversos como certos insetos, ratos, pássaros, lagartos e rãs.

Os morcegos podem auxiliar na manutenção da vida em cavernas escuras. Nesses ambientes, em virtude da ausência de luz solar, não se desenvolvem seres fotossintetizantes. Os morcegos saem da caverna em busca do seu alimento. Quando retornam, eliminam fezes ricas em nutrientes, que se acumulam no piso das cavernas. As fezes dos morcegos podem então alimentar animais, como certas espécies de grilos, moscas e besouros que habitam as cavernas. Esses animais, por sua vez, podem servir de alimento para outras espécies desse mesmo ambiente, como certas aranhas e centopeias.

Se os morcegos abandonarem as cavernas à procura de outro local em que possam se instalar, grilos, besouros, aranhas e centopeias, entre outros animais, ficam à míngua de alimentos, e a vida corre o risco de desaparecer pouco a pouco nesse ambiente.

Assim, trazendo matéria e energia do mundo banhado de luz para o interior das cavernas escuras, os morcegos atuam como o elo entre o mundo iluminado e o mundo das trevas”.

BARROS, Carlos & PAULINO, Wilson. Ciências, o meio ambiente. São Paulo, Ática, 2011. Pág. 36.

Diz o dicionário sobre morcego: “Nome comum aos mamíferos da ordem dos quirópteros, de corpo semelhante ao de um rato, e que têm os membros anteriores dotados de patágio, o que lhes permite funcionar como asas.

Clerisvaldo B. Chagas. 17 de abril de 2018

Crônica 1.881 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

230: DEVER COMPRIDO E CUMPRIDO

Livro 230, do escritor Clerivaldo B. Chagas (Foto: Divulgação)

O livro/enciclopédia 230, que homenageia a cidade de Santana do Ipanema, nos seus 230 anos de fundação, atingiu plenamente a sua meta. Prédios históricos, lugares e situações agora estão ao alcance de professores, pesquisadores, estudantes de todos os níveis e povo santanense em geral.

A parceria costurada entre cem pessoas acaba de encerrar o “Ciclo dos 100”, com todas as obras vendidas, edição especial e histórica esgotada e, o ciclo quite com a gráfica responsável pela impressão da obra. Todos tiveram a oportunidade da parceria.

Alguns poucos se excluíram por seus problemas pessoais, mas nós superamos os percalços e cumprimos com a nossa palavra. Substituímos os compromissos capengas, repassando a obra para outros adquirentes, sem problema algum.

Estamos agradecendo a todos os parceiros comprometidos com o livro histórico iconográfico, cuja força reunida permitiu entregar à sociedade essa obra que se transformou em relíquia do nosso município.

Apresentadores da enciclopédia, gráfica, cada um dos membros do Ciclo dos 100, adquirentes, clube da AABB e seus funcionários, Imperador do Forró, violonista, Escola Helena Braga, Departamento Municipal de Cultura, mestre de cerimônia, recepcionistas, dono do som e, em particular, ao escritor e parceiro literário Marcello Fausto, que foi um gigante em todas as etapas e o segundo responsável pela chegada à luz do 230.

Todos que estavam em dia receberam a obra e um brinde de dois ou três livros outros do autor, assinando diretamente ou através de terceiros, o recebimento da encomenda. Praticamente todas as escolas da cidade, oficiais ou particulares, adquiriram o “230”, como guardiãs da cultura santanense e multiplicadoras da nossa história. Algumas delas já estão trabalhando com seus professores e alunos debruçadas no livro 230.

Quanta satisfação no peito em poder servir a nossa terra com um trabalho dessa magnitude!

Em breve estaremos nos movimentando com mais nove livros que estão na fila, entre eles: “O boi, a bota e a batina; história completa de Santana do Ipanema”, o maior documentário jamais produzido no interior do estado. O DNA de Santana. Fique em alerta!

Caso queira adquirir o 230, poderemos arranjar dois ou três ainda, na Escola Helena Braga, turno matutino.

Clerisvaldo B. Chagas, 16 de abril de 2018

Crônica 1.880 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

UFAL E HOSPITAL TRAZEM COMÉRCIO

Construção da ufal, em 11.04.2018. Foto: (b. Chagas).

Vai acontecendo o que prevíamos desde a fundação do Hospital Dr. Clodolfo Rodrigues de Melo, o Gigante da Colina, também chamado Hospital da Cajarana. A parte alta do Bairro Floresta, onde não havia perspectiva nenhuma de progresso por ser um recanto isolado e fim de linha urbana, estar mudando. É ali onde estão o Alto dos Negros, o Conjunto Residencial Marinho e o lugar Cajarana. Uma pobreza, que só você vendo! Com a construção do Hospital, os casebres da rua principal, defronte, começaram a se valorizar. Foi surgindo um comércio miúdo de barracas de madeira e nas salas dos casebres, para atender aos familiares e visitantes do Gigante. A princípio um comércio acanhado à base de café e fracos complementos.

Ultimamente, porém, os casebres foram transformados em modernos pontos comerciais que vão rapidamente se espalhando pela rua principal, Abdias Teodósio. A construção dos edifícios da UFAL, defronte a casa hospitalar, acelerou o ritmo do comércio emergente, visando à estudantada e professores como futuros clientes. Ótimas residências vão surgindo, várias com primeiro andar e nos parece que até pousadas também chegam. Como grandes empreendimentos trazem novos empreendimentos, ainda veremos boas surpresas por ali. Além do Hospital, colado a ele na parte de cima, o Conjunto Marinho e, por trás, o lugar Cajarana, continuam, entretanto, abandonados numa pobreza sem fim.

Esperamos que quando a UFAL estiver funcionando a pleno vapor, possa transformar o físico e o social desses dois últimos lugares.

Passando-se pelo Hospital Dr. Clodolfo Rodrigues de Melo e pelo Conjunto Marinho, inicia-se a estrada rural que leva até a serra e ao sítio Remetedeira. Estivemos ali, ontem, eu e o professor Marcello Fausto, como geógrafo e historiadores, inspecionando por conta própria a terra em que nascemos.

Continuamos louvando o cenário dos arredores visto da frente do hospital, como excelente colírio para olhos empoeirados.

Em breve, morar no cimo da colina será chique. Para que duvidar?

Clerisvaldo B. Chagas, 13 de abril de 2018

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica 1.879

CASSIMIRO COCO VOLTA OU NÃO VOLTA?

Cassimiro Coco. (Foto: Granja Ceará).

“Mão mole, molenga, mamulenga. Parece ser esta a origem etimológica do mamulengo, teatro de boneco nordestino em que se usa como técnica de manipulação luvas ou varetas. Apesar de, no resto do país, ser usado para definir essa linguagem nordestina do teatro de bonecos, o termo mamulengo é tipicamente pernambucano, sendo que cada Estado da região tem sua própria designação – Cassimiro Coco no Ceará, João Redondo no Rio Grande do Norte, Babau na Paraíba”.

Na década de 50, assisti ao Cassimiro Coco, teatro de bonecos, na minha Rua Cleto Campelo (atual Antônio Tavares). A pessoa que mexia com essa arte, chegou a morar na casa vizinha a nossa por algum tempo. Depois, lembro-me de apresentações na Rua São Pedro e na Rua Delmiro Gouveia. Nunca vi nada tão divertido do que o Cassimiro Coco. Nós, os meninos, sentávamos no chão, diante de uma lona vertical, onde os bonecos apareciam na parte superior. Era uma sequência de peças curtas cujas presepadas faziam a plateia mirim se esbaldar em gargalhadas. Lembro-me apenas de uma dessas peças em que havia um negrão lustroso vestido de cangaceiro e um magrelo amarelado que se desafiavam e brigavam entre si.

Quando a confusão rolava, o apresentador dos bonecos batia em qualquer coisa como se fosse abrindo e fechando mala de madeira, com força, para provocar bastante zoada.

Recentemente o Cassemiro Coco, quase extinto no Nordeste, teve um momento de glória quando foi apresentado em uma novela da Rede Globo.

No caso de Santana do Ipanema, assistíamos aos bonecos apresentados nas suas formas mais antigas e rudes. Mas cada um daqueles personagens de pau de aparência em exagero conquistava danadamente à meninada.

Não consigo lembrar nem os nomes nem as feições de proprietários de Cassemiro Coco. Será que ainda existe algum artista em nosso município capaz de reviver o nosso teatro de bonecos?

Se houvesse incentivo…

Clerisvaldo B. Chagas, 12 de abril de 2018

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica 1.878

A CHEIA DE 41

Última cheia do Rio Ipanema (Foto: Lucas Malta / Alagoas na Net)

A maior cheia registrada do rio Ipanema, anunciou o meu natal cinco anos antes. Naquela ocasião, o Panema veio com a sua força máxima trazendo tudo que encontrava pela frente. Passava boiando mortos na correnteza vários animais desde o gato ao boi. Baraúnas arrancadas pela cepa, vasos e mais vasos de flandres de guardar feijão, cercas de arame, móveis e até pedaços de casebres.

As águas chegaram até a perfuratriz, prédio de máquinas onde hoje estar localizada a sede da Associação Nossa Senhora de Fátima, na boca da Rua da Praia. Na época, a margem direita do rio era quase desabitada e, no lugar da Rua da Praia, havia um corredor de aveloz que ia até o beco seguinte, o último da Rua São Pedro que ia até o Ipanema.

Com a cheia de 41 e outras cheias, formou-se um enorme aglomerado de areia grossa na margem esquerda do rio, entre a antiga rodagem para Olho d’Água das Flores e o atual campinho de futebol do conhecido Luiz Euclides. Esse areal, posteriormente foi cercado pelo senhor Otávio Marchante. Depois, o senhor Euclides (pai), morador da margem do areal, adquiriu o terreno cercado. Resolveu construir um arruado de casas pequenas para alugar à pobreza.

O arruado ficou entre a margem do areal e o antigo corredor de aveloz. Estava assim fundada a chamada Rua da Praia, pelo próprio fundador. Fez igualmente ao senhor José Quirino, comerciante e fazendeiro que fundou a Rua Prof. Enéas com o nome popular de Rua de José Quirino. Este comerciante também fundou a Igreja Sagrada Família, através de doações.

Voltando a Rua da Praia, pode-se dizer que foi a expansão do Bairro São Pedro em direção sul, tendo como limite o rio Ipanema. No lado oposto da antiga rodagem, o rio fez o contrário, ao invés de acumular a areia grossa, escavou a margem, permitindo que no futuro se formasse um sítio de coqueiros pertencente ao cidadão José Cirilo. Este havia sido dono de uma das três antigas olarias da margem direita que ajudou no crescimento de Santana.

E para encerrar este resumo, a cheia de 1941 ficou conhecida popularmente como a “cheia de 41”. Foi imortalizada por um “pagode” escrito e cantado centenas de vezes a pedido, na região, pelo repentista santanense Rafael Paraibano da Costa. O título do pagode era o mesmo, “A Cheia de 41”, cujos fragmentos se encontram no livro ainda inédito: “O boi, a bota e a batina; história completa de Santana do Ipanema”, deste presente autor.

Clerisvaldo B. Chagas, 11 de abril de 2018

Crônica 1.877 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

A HISTÓRIA DO ATERRO

Região do aterro em Santana do Ipanema (Foto: Clerisvaldo B. Chagas)

No final dos anos 40 para o início dos anos 50, foi necessária a travessia da rodagem – atual BR-316 – por dentro da cidade de Santana do Ipanema. Para isso, inúmeras toneladas de terra foram usadas na baixada cortada pelo riacho Camoxinga, no seu trecho de chegada à foz.

Não sabemos de onde veio tanta terra para a obra viária. Após a construção do trecho que ainda constava de uma ponte sobre o próprio riacho, o lugar passou a ser denominado popularmente até a presente data, de Aterro. Parecia muito feio a cidade dividida por um grande muro.

Como ficaria posteriormente o lado oposto à região do comércio? Isto iria depender da disposição da cidade em se expandir também para aquelas bandas. Afinal era à maneira de uma rodagem federal chegar até nós.

O futuro foi delineando a paisagem insalubre da parte baixa após o Aterro. A própria dinâmica da região onde atualmente é o chamado Colégio Estadual, foi formando a seu modo as habitações independentes, como caminho para a serra do Poço e os sítios Barroso, Água Fria e Camoxinga dos Teodósio.

Por outro lado, a região do Maracanã se expandiu com algumas ruas e, o todo construído passou a se chamar Rua da Baraúna. Os dois núcleos, como era de se esperar, se encontraram, formando uma região conhecida por várias formas. Apesar da insalubridade, ali funcionam vários órgãos importantes da educação e da saúde.

Com o tempo, foi construído um viaduto no Aterro, que procura ligar a região periférica do comércio com a baixada das escolas. Isso veio facilitar os meios de transportes e a comunicação. O asfalto deu vida e beleza ao Aterro, mas ainda faltam outros cuidados desprezados como a jardinagem de encosta e um melhor serviço de drenagem das águas de toda a região em ambos os lados.

A parte baixa do Bairro Camoxinga, ainda precisa de novas alternativas da engenharia para o transporte até o comércio e estradas retas até o sítio Barroso.

Clerisvaldo B. Chagas, 10 de abril de 2018

Crônica 1.876 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

CAFÉ COM O QUEIJO ALAGOANO

Laticínio em Major Izidoro (Foto: Agência Alagoas)

Quem quiser que não ache, mas nenhuma comida típica sertaneja supera o café com queijo. Transportando a delícia para séculos passados, o queijo de coalho e de fogo surgiram em Alagoas com a ocupação do Sertão pelos rebanhos bovinos. Os fazendeiros das fazendas de criar passaram a ser autossuficientes em questões básicas de alimentos.

Entre outros produtos estava o queijo de coalho, fabricado com leite cru e o coalho natural. Essa iguaria vem varando o tempo, nas mesas da roça, nos bornais de cangaceiros, vaqueiros e forças volantes, significativa com farinha de mandioca e rapadura. Atualmente, devido aos apertos cada vez maior das autoridades em busca da saúde, o queijo de Alagoas passa por uma transformação espetacular.

As fábricas estão se organizando e, obrigadas por lei, procuram fabricar o produto com leite pasteurizado. Nos laticínios de Alagoas, são produzidos 30% do queijo de coalho. O sindicato da categoria estima que o estado produza 15 mil quilos de queijo de coalho/dia, 60 toneladas por mês. Existe até fábrica que desenvolveu o próprio queijo na fazenda, sem os estudos já existentes, atingindo uma qualidade superior.

Produtores batalham por uma identificação internacional do queijo de coalho de Alagoas, assim como de uma região específica do queijo mineiro. É uma espécie de identificação geográfica diferenciada: “selo referencial de qualidade”. Esse alimento apreciado pelo alagoano está em todo o território estadual, cada vez mais com selo de inspeção, municipal, estadual ou federal.

Diz uma das inúmeras canções de vaqueiros:

“Ela pergunta ao amado:

Você quer café com queijo?

Ele responde sorrindo:

Eu quero é lhe dá um beijo…”.

E assim vamos torcendo para que o nosso estado consiga logo esse tal selo referencial de qualidade, para que possamos nos orgulhar mais ainda dos nossos atrativos lácteos.

Por falar nisso, licença que um bom café e uma generosa fatia de queijo de coalho me aguardam.

Clerisvaldo B. Chagas, 9 de abril de 2018

Crônica 1.875 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Foto: Angêlo Rodrigues

A moda hoje é falar em desenvolvimento sustentável. Atualize-se:

“Desenvolvimento sustentável é aquele que ‘satisfaz as necessidades, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades’. Ou seja, é o desenvolvimento econômico, social, científico e cultural das sociedades, garantindo mais saúde, conforto e conhecimento, mas sem exaurir os recursos naturais do planeta.

Para isso, todas as formas de relação do homem com a natureza devem ocorrer como menor dano possível ao ambiente. As políticas, os sistemas de produção, transformação, comércio e serviço – agricultura, indústria, turismo, serviços básicos, mineração etc. – e o consumo têm de existir preservando a biodiversidade e as próprias pessoas, enfim, protegendo a vida no planeta.

Assim, sob a perspectiva do desenvolvimento sustentável, as indústrias devem controlar a emissão de gases poluentes na atmosfera e evitar lançar resíduos tóxicos no solo e rios; a agricultura deve buscar reduzir o uso de agrotóxicos e o desmatamento de áreas naturais – matas, cerrados etc.; as cidades devem respeitar as áreas de florestas e os rios que protegem seu mananciais e reduzir o volume de resíduo inaproveitado.

De modo geral, as pessoas devem tomar atitudes como não desperdiçar água, destinar corretamente seu lixo, consumir alimentos mais saudáveis, preservar bosques e todo tipo de área verde”.

HAMES, Valéria Sucena. O que é desenvolvimento sustentável. O Estado de São Paulo, São Paulo, 28 jul. 2004.

A consciência ecológica vai se expandindo pelo mundo e chegando desde o homem da roça ao consumidor. Nos supermercados é cada vez maior a exigência pelo alimento sem agrotóxico. O comércio exigente quer consumir madeira certificada. Os trabalhadores diversos lutam por um ambiente de trabalho mais saudável. Os povos da floresta aprendem técnicas de manejos sustentáveis. No mundo inteiro os ecologistas expandem a luta por um planeta melhor de se viver, afinal é esse o único que temos.

Clerisvaldo B. Chagas, 6 de abril de 2018

Crônica 1.874 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano