Benefícios do consumo do pescado vão além da Semana Santa

30 mar 2015 - 17:30


Segundo pesquisa, 90% das mulheres que consomem peixe regularmente têm menos chance de desenvolver problemas cardiovasculares.

Pescados representam uma tradição secular cristã, durante a Semana Santa; porém, requerem certos cuidados. (Foto: Carla Cleto)

Pescados representam uma tradição secular cristã, durante a Semana Santa; porém, requerem certos cuidados. (Foto: Carla Cleto)

Da infância à fase idosa, está comprovado cientificamente que o consumo do pescado traz inúmeros benefícios à saúde humana. Nesta época do ano, quando se aproxima a Semana Santa, muitos católicos abdicam de um dia (alguns até mais) para não consumir a carne vermelha e sim pescados, como salmão, bacalhau e outros tipos de peixes e mariscos.

Esta tradição religiosa, datada de mais de dois mil anos, foi incorporada ao calendário cristão por respeito a Jesus Cristo: para os católicos, o consumo de carne vermelha na ”Sexta-feira da Paixão” representaria a carne do filho de Deus. Mas estudos comprovam que o consumo do pescado ao longo da vida traz inúmeros benefícios à saúde.

Um deles é a presença do ômega 3 na maioria dos peixes. O nutriente é considerado precioso por médicos e nutricionistas porque promove a saúde cardíaca, e ajuda o cérebro humano em suas diversas funções. Os ácidos graxos poli-insaturados (ômega 3) são importantes para o desenvolvimento e a manutenção das funções do sistema nervosos central. Nos peixes, são encontrados, também, em espécies como a sardinha e o atum.

Por isso, a recomendação é do consumo frequente destes tipos de alimento: peixes frescos, congelados, salgado seco (bacalhau), crustáceos, como caranguejos e siris; e os mariscos, como polvo e lula. Em Maceió, o sururu e o massunim também são bastante procurados.

“O alerta está sempre para a forma de coleta, armazenamento e preparo destes alimentos, pois eles são altamente perecíveis. No caso do sururu, é sempre bom observar a coloração”, destacou a nutricionista e gerente de Serviços de Comércio de Alimentos da Vigilância Sanitária, da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), Márcia de Santana.

Epilepsia – Um estudo recente, coordenado por cientistas da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) comprovou que o ômega 3 é capaz de proteger os neurônios contra a epilepsia; o que não indica que as pessoas com a doença devem abolir o uso de seus medicamentos.

Já a Associação Americana do Coração (American Heart Association) divulgou os benefícios do consumo do peixe na saúde cardíaca das mulheres, com idade entre 15 a 49 anos. O estudo apontou que, no geral, as mulheres que consomem pouco, ou nenhum pescado, têm um risco de desenvolver problemas cardiovasculares superior a 90%, em comparação àquelas que consomem peixe semanalmente.

Os peixes possuem cerca de 20% em sua composição de proteínas consideradas de ótima qualidade, rica também em aminoácidos não essenciais, ou seja, não produzido pelo organismo humano. Assim como na carne vermelha, o teor de gordura encontrado nos peixes não deve ser visto com maus olhos. Comparado à carne de boi, por exemplo, o ômega 3, consumido de forma moderada, pode trazer diversos outros benefícios para o organismo.

Esse tipo de gordura encontrado nos peixes mostra que os nutrientes possuem ações anti-inflamatórias que auxiliam na redução do risco de doenças cardiovasculares, diminuição dos triglicerídeos, e colesterol, e até mesmo na obesidade. Além disso, os peixes possuem doses relevantes à saúde de vitaminas A, D, e E, como também de niacina e acido pantatênico, sódio, magnésio, cálcio, manganês, ferro e potássio.

No Brasil, país litorâneo, e em Alagoas, estado brasileiro com vasta oferta de peixes de águas doce e salgada, não fica difícil encontrar onde consumir pescados. À beira mar ou da lagoa, Maceió é frequentemente visitada por turistas do mundo inteiro em busca das iguarias da culinária local, e os restaurantes locais especializados em pescado são bastante procurados.

Nos últimos anos, também se espalhou pelo mundo o tradicional consumo da comida japonesa, onde um dos principais pratos é feito a base de peixe cru. Mas eles são realmente mais saudáveis? Especialistas afirmam que todo alimento submetido ao calor perde um pouco dos nutrientes, o que não significa que o consumo dos famosos “sushis” deva ser exagerado, afinal, existem alertas da Organização Mundial de Saúde para a forma de preparo dos alimentos considerados perecíveis, onde o índice de contaminação pode ser altíssimo.

O consumo do peixe também não indica que ele deve ser preparado à base de muita fritura. “Assim o que poderia ajudar termina por piorar a situação, pois o consumo da gordura em excesso provoca inúmeros malefícios à saúde humana”, reforçou a nutricionista Márcia Santana.

“Prefira os peixes preparados de forma assado, grelhado ou cozido e, se for comer o sushi observe bem o local, pois o cuidado é sempre o principal fator antes de ingerir qualquer alimento”, orientou.

Michele Silva (39) diz ser tradição o almoço da Semana Santa em família, e o pescado não pode faltar. “Trabalho como babá, mas nessa época do ano vou para a casa dos meus pais e sempre consumimos peixe e outros frutos do mar. Na hora da compra meu pai é o responsável pelas escolhas, e ele sempre procura locais de referência e observa bem a higiene do lugar. Seguimos essas orientações para depois não termos problemas”, afirmou.

Dados da OMS sugerem que o consumo do peixe deve ser feito, no mínimo, duas vezes na semana, sendo recomendado um consumo de aproximadamente 12kg anualmente por pessoa. E, mesmo sendo um país costeiro, o Brasil encontra-se abaixo da média, com apenas 7kg de consumo/ano.

Além de ser um alimento de fácil digestão, o ômega 3 possui componentes importantes para a formação da pele, dos cabelos e das unhas, previne osteoporose e, por ser uma boa fonte de ferro e vitamina B12, também auxilia no combate a anemia.

Por Repórter: Riane Rodrigues / Agência Alagoas

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