Sobre Sérgio Campos

Sérgio Soares de Campos, nasceu em 11 de novembro de 1961, em Santana do Ipanema, Alagoas. Possui crônicas publicadas em sites e livros como: À Sombra do Umbuzeiro e À Sombra do Juazeiro. É membro idealizador e cofundador da Associação Guardiões do Rio Ipanema (Agripa). Criou o projeto musical Canteiro da Cultura, lançado dia 14 de dezembro de 2019.


Carnaval tradicional de Santana: eu fiz parte desta história

13 fevereiro 2018


“Mexicanos” usavam carroça para percorrer as ruas de Santana (Foto: Cortesia / Cristóvão Ferreira)

Durante 10 anos consecutivos, eu e um grupo de amigos saímos pelas ruas de Santana do Ipanema, durante o período carnavalesco, com o bloco “Os Mexicanos”.

O ano era 1978, e o primeiro a encarar a brincadeira comigo foi o advogado Paulo Fernando Oliveira. Depois vieram o empresário Cristóvão Ferreira e o jornalista José Malta, além dos músicos Índio e José Djalma.

A ideia era se fantasiar de tradicionais mexicanos, com sombreiro e poncho. O motivo da homenagem aos irmãos latinos era a vitoria da seleção brasileira na Copa de 1970, no México. Na época os donos da casa se mostraram imensamente simpáticos a equipe brasileira.

Foram 10 anos de pura alegria e muita animação. Durante o dia a gente visitava as residências de pessoa conhecidas (costume da época). Parte da noite a gente se divertia na Maratona (nome dedicado à folia da praça), com animação da Orquestra de Frevo do Maestro Miguel Bulhões, a qual eu tive a grata satisfação de tocar tarol por dois anos.

Depois da meia noite chegava hora de se divertir no baile do Tênis Clube Santanense, sempre embalado por uma excelente orquestra de frevo, que também tocava músicas de sucessos do momento.

A aquisição dos trajes para o bloco se dava a partir do nosso salário, passando por uma rápida arrecadação no comércio local, que nunca se furtou a colaborar.

Nós fomos o primeiro bloco carnavalesco de Santana do Ipanema a confeccionar uma camiseta com a marca do bloco. A ideia não era se vestir com a camiseta, mas vender para arrecadar fundos para pagar as nossas despesas.

Camisas eram confeccionadas para ajudar no bloco (Foto: Cortesia / Sergio Campos)

No ano seguinte às vendas das camisetas (diga-se de passagem, um sucesso), mandamos confeccionar o primeiro adesivo de um bloco carnavalesco, em nossa cidade. Tanto a camisa, quanto o adesivo foram feitos por Adeilson Dantas, pioneiro no serviço de serigrafia no Sertão.

Trinta anos se passaram desde a última vez que “Os Mexicanos” saíram pelas ruas de Santana do Ipanema para animar o Carnaval. Fica em nossa memória os bons tempos em que colaborávamos para que esta festa fosse realmente um movimento popular em nossa cidade.

No entanto, não éramos os únicos a fazer esta festa ficar animada e sustentar a tradição mais popular do Brasil. Contávamos com muitos blocos tradicionais, que há algum tempo não vimos mais pelas ruas de nossa cidade.

Recordamos de alguns deles: Os Cangaceiros, Bumba-Meu-Boi, Bloco do Urso Preto, Bloco do Urso Branco, Intimidade Com a Sogra, Bloco do Sapo, As Pastorinhas, Os Magnatas, SWAT, Os T Arados, As Damas de Ouro, BrasilGas, Bloco do Passarinho, Pau d’Arco, Bloco Taxi, Os Piratas, As Pecinhas, Pitú Kom Limão,  Os Cãos, Bloco O Firminão.

Essa história a gente conta para que a nova geração saiba que Santana do Ipanema já teve um bom e animado Carnaval de rua, onde prevalecia a manifestação popular.

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