A importância dos 5 anos da UFAL em Santana do Ipanema: descobrir caminhos

04 ago 2015 - 08:30


Foto: Divulgação / Ufal Santana

Foto: Divulgação / Ufal Santana

A Universidade Federal de Alagoas (UFAL) completa na quarta-feira (05) 5 anos de atividades em Santana do Ipanema, a partir de sua unidade educacional vinculada ao Campus Sertão. Ainda com muito por vir, com um prédio próprio tendo obras iniciadas em março deste ano, 5 anos é tempo suficiente para pessoas de diferentes origens e histórias se encontrarem no dia a dia, sejam professores, técnicos, estudantes ou trabalhadores terceirizados.

Por conta disso, resolvemos pedir para que algumas pessoas relatassem a sua experiência na UFAL em Santana, a importância da entrada na universidade, os problemas enfrentados e as expectativas de futuro. Entendemos que quem constrói esta história é que deve comentar sobre.

Neste texto, trazemos o relato de Emerson de Lima Menezes. Emerson é um caso excepcional na unidade. Estudante de Ciências Contábeis até maio deste ano, quando defendeu seu Trabalho de Conclusão de Curso, desde agosto de 2014 é técnico da Biblioteca, vivenciando a universidade sob duas perspectivas.

Ele é um dos 365 estudantes matriculados na unidade, representando os 204 matriculados em Ciências Contábeis neste semestre, mas também é um dos 11 técnicos que trabalham na administração da mesma. Emerson tem a origem de 12,05% dos matriculados, a vizinha Palmeira dos Índios, que também conta com unidade de ensino da universidade, mas vinculada ao Campus Arapiraca e com outros cursos.

Ele trocou Matemática na universidade estadual em sua cidade pela então desconhecida Ciências Contábeis, tendo enfrentado novidades numa vida caminhando para ser adulta. Pioneiro com ensino superior na família, conta a seguir sua história e que almeja alçar voos maiores.

Emerson Lima de Menezes- Relatos

“Terminar o Ensino Médio pode ser um alívio, mas é um momento bem intenso também. Saber o que se quer poderia até parecer algo simples, mas para alguns, como eu, não muito. Acabei escolhendo Matemática, na UNEAL de Palmeira dos Índios. Fiz o vestibular e passei. Foi bem emocionante. Mais emocionante ainda foi passar em Ciências Contábeis na UFAL. Troquei Matemática por Ciências Contábeis. Troquei o Agreste pelo Sertão, em Santana do Ipanema. Mas o que era para mim Ciências Contábeis naquele momento?

Havia pesquisado, conversado com algumas pessoas sobre o curso antes de escolhê-lo, não entendia bem, desde ‘é para contar dinheiro’ a ‘é para trabalhar controlando as empresas’; algumas coisas eu havia escutado. Mas naquele momento Ciências Contábeis era algo em especial: a oportunidade de mudar, de crescer, ou até mesmo de realizar um sonho antigo de minha mãe, de ver seus filhos formados. Eu a entendia. Muito inteligente, sempre se destacou em tudo que fazia, mas nem só de oportunidades vivera.

Assim, no início de 2011, comecei a estudar na Universidade Federal de Alagoas, no Campus Sertão, Unidade Educacional Santana do Ipanema. E qual é a importância da Ufal/Santana para mim?

Definitivamente foi a melhor oportunidade que já tive. Iniciei os estudos morando na casa de conhecidos de parentes, nunca tinha morado fora de casa e não conhecia Santana do Ipanema. Ainda tinha as semanas finais dos meus 15 anos.

Com um orçamento familiar um pouco apertado, a UFAL começou a dar-me meios de permanência na universidade através de uma bolsa (a até então bolsa permanência). Com ela, os gastos para me manter na cidade puderam ser cobertos. Comprei até um notebook que me ajudou bastante nos estudos.

Um ano depois, precisei deixar a casa dos conhecidos de meus parentes, que me acolheram por um ano mesmo sem conhecer-me, e fui morar sozinho. Ainda tinha 16 anos, faria 17 poucos meses depois. Geralmente pessoas com esta idade não moram sozinhas, mas era algo que realmente eu estava querendo, sempre gostei de ser independente.

Outra coisa que a UFAL Santana pôde me propiciar foi descobrir o que realmente eu queria com meu futuro título de Bacharel em Ciências Contábeis. Através de dois anos sendo monitor cheguei à conclusão do que eu queria ser: professor!

Depois de passado um pouco mais da metade do curso, fui aprovado em uma seleção de estágio na Justiça Federal de Alagoas em Santana do Ipanema, voltado exclusivamente para alunos de Ciências Contábeis. Foi uma espécie de concurso, através de prova objetiva. Com os conhecimentos adquiridos em sala de aula e estudos pessoais consegui ser aprovado. Mais uma experiência proporcionada pelo curso.

Quando revejo as dificuldades encontradas até aqui, vejo que foram mais em relação à permanência na cidade. Em relação às disciplinas sempre tive algo na cabeça: ‘eu não entendi, pergunto. Eu não sei, peço ajuda. Eu estudo, eu passo’. Assim funcionou comigo. Apesar de em uma ou outra disciplina ficar com nota mínima, não tive reprovações até o final do curso.

Esses anos na UFAL puderam me proporcionar uma evolução muito grande. Não só questões ligadas ao curso, mas senso crítico, capacidade de comunicação e expressão. Como fui um dos representantes discentes no colegiado do curso de Ciências Contábeis e no Centro Acadêmico, pude acompanhar de perto várias questões importantes para a universidade, principalmente para os alunos. Fui me familiarizando com as reuniões, formalidades, etc. Isso me ajudou bastante. Sempre estava envolvido em algo durante todos esses anos, nunca fiquei somente na sala de aula.

Por isso formei um laço forte com a UFAL, a qual hoje sou servidor técnico na mesma unidade em que estudei, e atualmente estou estudando a fim de trabalhar na área de Ciências Contábeis no Setor Público. Meu objetivo é ser aprovado em mestrado de Contabilidade e ser professor na própria UFAL, a qual desde o início estive como discente, agora como servidor-técnico, e futuramente como professor.

Sou o primeiro da família a ter nível superior. Mesmo considerando meus pais, meu irmão, todos os meus tios e filhos dos meus tios, avós e bisavós. Estou sentindo-me em direção ao caminho certo. Estou muito empolgado com a minha formação e estou estudando para em breve colocá-la em prática. Fico muito feliz em estar podendo protagonizar uma inédita história em minha família”.

Por Anderson Santos/UFAL Santana do Ipanema – colaboração

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